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domingo, maio 20, 2012

Sobre a Importância dos "Coisos" e das "Coisas"


O MINISTRO da Economia, Álvaro Santos Pereira, ao responder no Plenário da Assembleia da República a perguntas, a propósito da alta taxa de desemprego, e lutando com alguma dificuldade para se expressar com o rigor que o assunto merece, afirmou que está determinado a ultrapassar "o coiso". Ora se o tal "coiso" for o desemprego que assola Portugal e os portugueses, e que o ministro fez questão de tratar como "coisa" tão banal e sem importância - digamos, como qualquer ultrapassagem numa gincana rodoviária -, é bom que se prepare melhor para os debates das sessões parlamentares, e que se disponha a solucionar o cancro do desemprego, conforme prometeu, mas não em transgressão, como o tem feito até agora.

JÁ COM o ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, a "coisa" fia mais fino. Embora o que vou dizer não seja generalizável, o facto é que nunca simpatizei com pessoas que andam sempre com a "carinha na água", quer chova ou faça sol. Como dizia a minha madrinha Conceição, o rosto e os olhos de uma pessoa, porque são o espelho da alma, acabam por determinar, com mais ou menos fiabilidade, se uma pessoa é ou não recomendável. No caso do ministro Relvas, as minhas suspeitas confirmaram-se: atrás daquele permanente sorriso, entre matreiro e velhaco, esconde-se alguém que nos quer tramar, soando a falso tudo o que lhe sai pela boca fora.

A "coisa" conta-se em meia dúzia de palavras. O ministro Relvas foi responder à Comissão Parlamentar de Direitos, Liberdade e Garantias sobre o caso das “secretas”, e houve um aspecto que não ficou bem explicado. Com dúvidas, uma jornalista do jornal PÚBLICO pediu-lhe esclarecimentos, o Relvas não respondeu, e acto contínuo não foi de modas: ameaçou que se publicassem a não-notícia, enviava uma queixa para a ERC, promovia um "black out" de todos os ministros ao jornal PÚBLICO, e divulgava na Internet pormenores sobre a vida privada da jornalista. Assim mesmo, sem mais nem menos. Uma intolerável e desmedida pressão sobre o direito de informação e liberdade de expressão, seguida de uma asquerosa intromissão e chantagem sobre a vida privada da profissional.

O Conselho de Redacção manifestou-se escandalizado com a "coisa", redigiu um comunicado, contudo, a Direcção do jornal achou por bem não dar importância ao caso, diz ela que aquele tipo de pressões são o pão nosso de cada dia dos jornais, mas também acabou por não publicar a tal não-notícia, diz ela que por ser irrelevante e não adiantar nada ao caso em questão. As ministeriais ameaças chegaram ao domínio público e o Relvas acabou por vir pedir desculpa, não se sabe bem de quê, e a "coisa" ficou assim: nem o jornal publicou a tal não-notícia que de tão inofensiva que era, provocou a ira do intragável Relvas, nem o indigesto Relvas foi demitido por comportamento impróprio de uma figura de Estado, ao tentar condicionar, limitar e obstruir a publicação de notícias, com ameaças de boicote e chantagem.

Num cidadão comum, este tipo de procedimento é grave; num governante é gravíssimo. Com uma classe política decente, tão deplorável comportamento seria sancionado de imediato; entre nós, graças à memória curta e aos habituais brandos costumes, faz-se tábua rasa da “coisa”. Assim vai a liberdade de expressão e informação em Portugal, e já agora, gostava de saber o que é que o Paulo Rangel tem a dizer sobre este ambiente de condicionamento da liberdade de expressão e de opinião, tal como o fez em 2008, face a alguns atropelos do mesmo jaez, ocorridos durante o primeiro governo do emigrado José Sócrates.

Nota: Para melhor esclarecimento do assunto, leia aqui no CARTÓRIO DO ESCREVINHADOR os comunicados do Conselho de Redacção do Jornal PÚBLICO e do Sindicato dos Jornalistas.

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

Portugueses Para o Exílio, Já!


O DEPUTADO João Almeida do CDS, está exuberante com o seu protagonismo. Usa as instalações da Assembleia da República para destilar o seu ódio e malhar nos funcionários públicos, esses madraços, tecendo algumas considerações a propósito da mobilidade obrigatória a que os funcionários públicos vão ser sujeitos, e da contestação que a medida está a originar. Seguindo o exemplo de outros, como é o caso de Miguel Mestre, Paulo Rangel e Pedro Passos Coelho, que convidaram os jovens e desempregados a seguirem os caminhos da emigração, e de José Pedro Aguiar-Branco a sugerir que quem não se sente bem nas Forças Armadas devia escolher outra profissão, este gaiato desbocado do CDS, dizia eu, aconselha que os funcionários públicos que não se sentem bem com a mobilidade imposta, devem mudar-se para outro emprego. 

Não contentes com as acusações de pieguice, mais as outras violências e maus tratos do costume, com a desculpa dos sacrifícios para salvar Portugal, custe o que custar, ainda vêm as repetidas ameaças com o exílio, dentro e fora de portas. De facto, este Governo PSD/CDS-PP não gosta dos portugueses, e tudo faz para nos ver pelas costas. Embora saibamos que a batalha vai ser dura, é bom que não lhes façamos a vontade.

quinta-feira, janeiro 26, 2012

Gostava de Voltar a Ouvir o Paulo Rangel


RECORDO que em plena Assembleia da República, no dia 25 de Abril de 2008, a meio do consulado de José Sócrates, que já ia com três anos de manipulação mediática, ouvi Paulo Rangel, deputado do PSD, pronunciar as seguintes palavras:

“Nunca como hoje se sentiu este ambiente de condicionamento de liberdade, do ponto de vista dos valores processuais, da liberdade de opinião e de expressão, vivemos aqui e agora num tempo de verdadeira claustrofobia constitucional, de verdadeira claustrofobia democrática". 

Agora, quando o partido de Paulo Rangel (PSD) está no governo, e embora tenham passado apenas seis meses sobre esta “nova” experiência, gostava de o voltar a ouvir ripostar com ideias semelhantes, contra o condicionamento da opinião pública que está a ser levado a cabo pela RDP e RTP, no sentido de calar vozes incómodas, que criticam as opções governativas e os seus exercícios  manipuladores.

O “situacionismo”, expressão que significa alinhamento, concordância, contenção, aprovação ou neutralidade, face ao que o governo faz ou não faz, face ao que o governo acha bem ou não acha, tornou-se um “estado de alma” da comunicação social em geral, e da RTP e RDP em particular. Dou um exemplo: a assobiadela a Cavaco Silva em Guimarães, na sequência das suas polémicas declarações sobre as reformas, só começou a aparecer nos jornais e telejornais muitas horas depois de ter acontecido. É mais do que certo ter havido reuniões e discussões, a propósito deste assunto, entre as sumidades que fazem a respectiva assessoria de comunicação social ao Governo e à Presidência da República. É mais do que certo que foram pesados os prós e os contras de divulgar o acontecimento ou abafá-lo, este último como sinal evidente da existência de ingerência nos meios de comunicação social. O resultado está à vista: só mais de 24 horas depois da pateada, foi deixado passar cá para fora o som e as imagens da ocorrência. Como não somos imbecis, percebemos que andaram a tentar controlar os danos.
 
Do cancelamento de programas radiofónicos, como forma enviesada de censura, até à obtenção ilegal da lista de mensagens e contactos telefónicos do jornalista Nuno Simas, levada a cabo pelo Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), tudo converge para adensar o clima de intolerância e cerceamento das liberdades que se vive no país. Sobre este assunto, gostava de ouvir o que Paulo Rangel tem agora a dizer. Enquanto tal não acontece, lembremos que a liberdade trará "no ventre, a marca das idades e a inquietude dos pássaros libertos", como tão bem o soube expressar o poeta cabo-verdiano Manuel Lopes (1907-2005), no seu “Soneto à Liberdade”, tomado de empréstimo ao blog THE SOUND OF SILENCE.