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segunda-feira, junho 13, 2011

Remendar a História Recente

DEPOIS de ler o artigo do Presidente Cavaco Silva no semanário EXPRESSO, onde aquele senhor explanou a sua ideia de repovoamento agrário e incentivo aos jovens agricultores, verifiquei que se esqueceu de assinalar – acreditando talvez na memória curta das pessoas - que foi ele um dos grandes responsáveis pela política de liquidação das actividades económicas básicas, de que agora se queixa sermos deficitários, e sabendo que aquelas suas novas ideias dificilmente encontrarão terreno para germinarem junto dos jovens, num cenário de desalento e descrédito, como é o caso presente, mesmo apelando à habitual expontaniedade, voluntarismo e iniciativa das novas gerações. Vai sendo altura de lembrar que na altura da adesão à CEE (1986) foi prometido aos portugueses desenvolvimento, crescimento económico, mais e melhor emprego, maior nível e qualidade de vida, mais riqueza e mais justiça, porém, entre 1985 e 1995, anos de governação de Cavaco Silva, e posteriormente de António Guterres, até 2001, foram os períodos em que se verificou o sistemático e gradual desmantelamento da agricultura, das pescas e da indústria transformadora, que são sectores produtivos primordiais, sem falarmos no escandaloso programa de privatizações, que retirou ao Estado o controlo de sectores fundamentais, vocacionados para o desenvolvimento da economia. Para saber um pouco mais sobre este período, basta consultar este documento. A par disso, vieram as imposições de quotas (na agricultura, pecuária e pescas) bem como os subsídios para serem arrancados vinhedos e olivais, e promovido o abstencionismo, cedendo às imposições da CEE, como compensação para a entrada de subsídios. Esses auxílios comunitários, na ordem dos 50.000 milhões de Euros, destinados à reconversão e modernização da agricultura e pescas, por inoperância, incompetência e a fatal corrupção que habitualmente anda associada a estas operações de financiamento, acabaram por ser delapidados e dispersarem-se inglóriamente, conduzindo o país para a dramática situação em que actualmente se encontra. Era bom que Cavaco Silva, quando fala agora lá dos aposentos do Palácio de Belém, percebesse que não é num ápice que se consegue restaurar a confiança, invertendo aquilo que levou um quarto de século a consumar, isto é, a sistemática destruição do tecido económico do país, e o crescimento do desânimo entre as suas forças produtivas, e que ostenta, bem visível, a sua marca. E não é muito curial passar por cima de factos, tentando remendar a História recente.