A última reunião anual do Clube Bilderberg, que decorreu em Copenhague, nos passados dias 29 de Maio a 1 de Junho, já começou a dar resultados, pois sempre que o Clube Bilderberg se reúne, acontecem "coisas", apesar de nada transpirar das suas reuniões e conclusões. Para já, Jean-Claude Junker, delfim de Angela Merkel e membro de longa data daquela sociedade secreta das elites mundiais, desta vez foi "colegialmente eleito" presidente da Comissão Europeia, em vez de "consensualmente nomeado" como era habitual, fruto da geometria variável adoptada pelas "instâncias" europeias, como forma de superar a pseudo-birra eurocéptica de David Cameron de um Reino Unido, que não sendo membro do Eurogrupo, faz questão de andar aos ziguezagues com a União, umas vezes com um pé dentro, outras vezes com os dois pés de fora.
Com um cripto-consensual Jean-Claude Junker a substituir um insuportável José Manuel Durão Barroso, é quase certo que estão a caminho mais "coisas boas". Adivinham-se tempos complicados para os europeus, cada vez mais distanciados do que se vai tramando e cozinhando nos corredores e "capelinhas" de Bruxelas, sobretudo com o que vai resultar do famigerado acordo secreto com os Estados Unidos da América, um tal Tratado Transatlântico de Comércio e Investimento (TTIP), que tem a pretensão de estabelecer a maior zona de livre-concorrência do Mundo, e que a Wikileaks fez questão de divulgar.
O federalismo de que Juncker é adepto, tem muito a ver com a perda de soberania dos estados, que a eficácia do TTIP reclama. A cimeira EU-US, realizada em Bruxelas em Março de 2014, é quase certo que serviu para acertar agulhas. E a Europa incauta, pondo de lado todas as precauções, e entregando-se nos braços do capitalismo voraz, deixa-se arrastar por esta vaga. A sua entrada em vigor terá efeitos nefastos sobre as economias e os direitos dos trabalhadores dos dois lados do Atlântico. As "reformas", ajustamentos e reajustamentos que o Governo tem levado a cabo em Portugal, à sombra da resposta à nossa "crise" doméstica, dando prioridade ao privado, em prejuízo do que é público, só quem está distraído não vê que se ajustam, e não são alheios, às pretensões transnacionais do TTIP. Com efeito, e enquadradas pelas reestruturações e reajustamentos indispensáveis à implementação do tratado, prevê-se que entre 430 mil e 1,1 milhões de pessoas serão obrigadas a mudar de actividade, pois os negócios estão primeiro que as pessoas. Passando de cinzento a negro, o futuro não é risonho.