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COM AS ELEIÇÕES à vista, com o seu congresso em preparação e o refogado da moção de estratégia do José Sócrates Pinto de Sousa a receber os temperos finais, o PS prepara-se para um banho de descontaminação das políticas neoliberais em que andou mergulhado durante os últimos 4 anos. Agora que o trabalho mais pesado e sujo está feito, os meninos turbulentos que andaram a infernizar a vida dos portugueses, preparam-se para se transfigurarem política e ideologicamente, aparecendo aos nossos olhos como meninos de coro, incapazes de partirem um prato ou entornarem os frascos da compota.
Na campanha eleitoral que já se passeia pelo adro, o grande bombo da festa vai ser a tal crise financeira internacional que ninguém previa, as “off-shores”, os “fundos tóxicos” e a falência de um certo “capitalismo ganancioso” que os malvados dos banqueiros andaram a propagar (com a conivência e permissão da governação), e não o sistemático esvaziamento da administração pública, o desacerto ou inexistência de medidas para a recuperação económica, o estrangulamento fiscal dos contribuintes, a degradação dos salários e das pensões de reforma, a precariedade laboral sustentada e garantida pelo novo código de trabalho, tudo a contribuir para o generalizado empobrecimento dos portugueses, mais a negligência, a incompetência, o favorecimento e a corrupção que estão largamente disseminados por todos os estratos da vida pública, e ainda a patética obstinação do querido e iluminado líder, que não recua nem desarma, mesmo que seja evidente que está a cometer um erro descomunal. Além disso é preciso voltar a repetir até à exaustão, que os pessimistas, os profetas da desgraça e os Velhos do Restelo sempre foram os grandes inimigos do povo português, tornando-se também urgente passar uma esponja sobre aquelas notícias desagradáveis que prevêem - tal como diz a Economist Intelligence Unit - uma contracção da economia portuguesa de dois por cento em 2009 e de 0,1 por cento em 2010, com a taxa de desemprego a subir para 8,8 por cento já este ano e para 9 por cento no próximo, tudo coisas que só podem estragar as doses maciças de propaganda que se avizinham e a reconquista de uma mal cuidada credibilidade. Em resumo: ouviremos dizer que as águas passadas não movem moinhos, à mistura com mais umas toneladas de promessas a torto e a direito.
As eleições vão ser o pretexto para uma urgente lavagem das ideias e a recuperação de alguns chavões caros ao socialismo, que haviam sido emprateleirados, mas que funcionam sempre, se agitados na altura devida como causas imortais, tais como a solidariedade social, o direito ao trabalho, o combate à pobreza e às desigualdades sociais, culturais, económicas, políticas e cívicas, o apoio aos mais desprotegidos, a regionalização, os casamentos homossexuais e mais umas quantas bagatelas, tudo coisas que invocadas na altura própria, deixam o comum dos portugueses sensibilizados, direi mesmo, amansados nas suas cóleras de há uns quantos dias atrás. Se esta desinfecção for acompanhada de algumas oportunas autocríticas e confissões de “mea culpa”, por erros cometidos na governação, pronunciadas em tom coloquial, coisa que sensibiliza e cai sempre bem nos brandos costumes portugueses, e que serve para amaciar o caminho para a concessão da tão desejada segunda oportunidade, melhor ainda.
COM AS ELEIÇÕES à vista, com o seu congresso em preparação e o refogado da moção de estratégia do José Sócrates Pinto de Sousa a receber os temperos finais, o PS prepara-se para um banho de descontaminação das políticas neoliberais em que andou mergulhado durante os últimos 4 anos. Agora que o trabalho mais pesado e sujo está feito, os meninos turbulentos que andaram a infernizar a vida dos portugueses, preparam-se para se transfigurarem política e ideologicamente, aparecendo aos nossos olhos como meninos de coro, incapazes de partirem um prato ou entornarem os frascos da compota.
Na campanha eleitoral que já se passeia pelo adro, o grande bombo da festa vai ser a tal crise financeira internacional que ninguém previa, as “off-shores”, os “fundos tóxicos” e a falência de um certo “capitalismo ganancioso” que os malvados dos banqueiros andaram a propagar (com a conivência e permissão da governação), e não o sistemático esvaziamento da administração pública, o desacerto ou inexistência de medidas para a recuperação económica, o estrangulamento fiscal dos contribuintes, a degradação dos salários e das pensões de reforma, a precariedade laboral sustentada e garantida pelo novo código de trabalho, tudo a contribuir para o generalizado empobrecimento dos portugueses, mais a negligência, a incompetência, o favorecimento e a corrupção que estão largamente disseminados por todos os estratos da vida pública, e ainda a patética obstinação do querido e iluminado líder, que não recua nem desarma, mesmo que seja evidente que está a cometer um erro descomunal. Além disso é preciso voltar a repetir até à exaustão, que os pessimistas, os profetas da desgraça e os Velhos do Restelo sempre foram os grandes inimigos do povo português, tornando-se também urgente passar uma esponja sobre aquelas notícias desagradáveis que prevêem - tal como diz a Economist Intelligence Unit - uma contracção da economia portuguesa de dois por cento em 2009 e de 0,1 por cento em 2010, com a taxa de desemprego a subir para 8,8 por cento já este ano e para 9 por cento no próximo, tudo coisas que só podem estragar as doses maciças de propaganda que se avizinham e a reconquista de uma mal cuidada credibilidade. Em resumo: ouviremos dizer que as águas passadas não movem moinhos, à mistura com mais umas toneladas de promessas a torto e a direito.
As eleições vão ser o pretexto para uma urgente lavagem das ideias e a recuperação de alguns chavões caros ao socialismo, que haviam sido emprateleirados, mas que funcionam sempre, se agitados na altura devida como causas imortais, tais como a solidariedade social, o direito ao trabalho, o combate à pobreza e às desigualdades sociais, culturais, económicas, políticas e cívicas, o apoio aos mais desprotegidos, a regionalização, os casamentos homossexuais e mais umas quantas bagatelas, tudo coisas que invocadas na altura própria, deixam o comum dos portugueses sensibilizados, direi mesmo, amansados nas suas cóleras de há uns quantos dias atrás. Se esta desinfecção for acompanhada de algumas oportunas autocríticas e confissões de “mea culpa”, por erros cometidos na governação, pronunciadas em tom coloquial, coisa que sensibiliza e cai sempre bem nos brandos costumes portugueses, e que serve para amaciar o caminho para a concessão da tão desejada segunda oportunidade, melhor ainda.