terça-feira, janeiro 27, 2009

A Máquina do Tempo (7)

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NO DIA 26 de Novembro de 2007, segunda-feira, este post do blog SABER A VERDADE, que aparece na lista de links aqui do lado esquerdo, dizia o seguinte:

Reality-check

A realidade chegou quase sem avisar aos mercados financeiros. Os bancos e os consumidores americanos têm finalmente algo em comum, estão afogados em dívidas e o mercado habitacional americano não os deixa vir à tona respirar.O Dow Jones está agora abaixo da média móvel dos 200 dias, o primeiro sinal de “venda”. Os analistas pensam que qualquer coisa abaixo dos 12500 poderá despoletar vendas automáticas por parte do software usado para automatizar as ordens de bolsa, com o consequente crash do mercado.Estamos a assistir a um colapso em tempo real.A tempestade do crédito que assolou os EUA assola agora já todo o mundo, com a Ásia a ser a última a reconhecer isso, tendo até agora passado ao lado desta crise mas revelando os primeiros sintomas da doença com os rendimentos de depósitos a prazo a três meses na China e na Coreia a descerem a pique nos últimos dias para perto de 1%, com o consequente pânico e a retirada do dinheiro de aplicações de mais alto risco.Terça-feira o governo chinês suspendeu totalmente o crédito bancário numa tentativa de parar a tempo uma autêntica bolha criada nos mercados financeiros.Na Europa, o mercado interbancário de baixo risco das “covered bonds” foi suspenso o que denota o imenso nervosismo que reina entre os protagonistas financeiros. Assim, o mecanismo de conversão de bonds em dinheiro colapsou.Jon Basile, economista do Credit Suisse afirma : “Existem imensas más notícias aí fora”.Na Califórnia o governador Schwarzenegger juntou-se a 4 entidades financeiras e congelou as taxas variáveis (ARM) para alguns dos devedores de maior risco. Tenta assim evitar um colapso do mercado imobiliário da Califórnia cuja liquidez desceu mais de 40% nos últimos 2 meses com uma queda de preços da ordem dos 12%.Com os preços das casas a descer e os empréstimos com carência de capital (onde só se paga juros e o capital em dívida permanece intacto) a subirem cada vez mais, não existe qualquer motivação para os que contraíram empréstimos os continuarem a pagar, pois nada da sua prestação está a amortizar o crédito pedido. Legislação vem a caminho juntamente com ajudas e mais ajudas que serão sempre os contribuintes a pagar em vez dos verdadeiros causadores da crise.
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Farei mais transcrições deste blog, devidamente autorizadas pelo autor.

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Caso Freeport (Acto 2)

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AO CONTRÁRIO do caso da licenciatura, Pinto de Sousa, também conhecido por José Sócrates, relativamente ao “caso Freeport”, adoptou uma estratégia diferente: mostra-se, exibe-se, expõe-se, grita, barafusta, indigna-se, demarca-se da família, diz que está a ser vítima de perseguição, que vai defender-se e esclarecer todos os portugueses. Estou perfeitamente de acordo com ele quando pede celeridade nas investigações, e digo isto porquê. Nos próximos dias, se não houver desenvolvimentos da investigação em curso, a RTP, a exemplo do que foi feito com o caso da duvidosa licenciatura, combina e prepara mais uma entrevista com o primeiro-ministro, para compor o ramalhete, e depois disso o “caso Freeport” volta a entrar em hibernação e a cair no esquecimento.

domingo, janeiro 25, 2009

Sem Comentário

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“O Papa Benedicto XVI [Bento XVI] reabilitou no sábado um bispo tradicionalista que nega o Holocausto, apesar das advertências dos líderes judaicos de que afectaria as relações entre católicos e judeus e fomentaria o antisemitismo.
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Richard Williamson, de origem britânica, efectuou uma série de declarações em que negou a extensão total do Holocausto, como é reconhecido pela maioria dos historiadores. Em declarações retransmitidas pela televisão sueca, disse que acreditava “que não houve câmaras de gás e que sómente 300.000 judeus pereceram nos campos de concentação nazis, em vez de seis milhões”.”

Minha tradução da notícia da Reuters de 24/01/2009, 15:48, publicada pelo diário espanhol PUBLICO.
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ADENDA:
Afinal sempre vou comentar.
Se Deus estivesse atento ao que aqui se passa e ao que se diz, cortaria a voz a este “sem-vergonha” e a quem o reabilita, quando se aceita que trezentos mil crimes, em vez de seis milhões, têm muita influência na contabilidade divina de pecados capitais.

A Máquina do Tempo (6)

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NO DIA 12 de Junho de 2007, terça-feira, este post do blog SABER A VERDADE, que aparece na lista de links aqui do lado esquerdo, dizia o seguinte:

R.I.P.

Depois de muito tempo sem escrever, os escritos anteriores podiam ter deixado de fazer sentido não fosse a realidade confirmar praticamente tudo o que se tem vindo a dizer. Mas o que me leva a voltar ao trabalho aqui no blog é o lançar de um novo grito de alerta para os tempos de mudança que temos andado a viver, mudanças de fundo no contexto geopolítico, económico e financeiro. De facto, urge perceber o que se passa para se entender o que se vai passar, pois os grandes ganhos vêm do entendimento dos sinais dos tempos antes dos tempos mudarem de vez. Assim, o mundo teimosamente insiste em seguir um caminho já antes trilhado, não vamos nós insistir também em só nos apercebermos disso quando já nada houver a ganhar com isso. Mas então, comecemos...
Da já afamada crise financeira global que tanto se tem falado aqui neste blog, temos sinais de tal modo fortes dados nos últimos 3 meses que não podia ter deixado passar em vão. Meus amigos, pela primeira vez desde a I Guerra Mundial os EUA perderam o estatuto de centro financeiro mundial. Os mercados financeiros no final de Março totalizavam 11760 biliões de euros nos EUA e 11819 biliões na Europa. Nos últimos anos os mercados americanos cresceram 70% contra os 160% dos mercados europeus. Claro que a depreciação do dólar não ajudou nada, mas esta tendência verifica-se também nas trocas comerciais mundiais, onde já em 2005 os europeus representavam mais de 50% de todo o comercio externo da Rússia, 65% da Argélia, 31% do Irão (seguido pelo Japão com 12%), 20% da Arábia Saudita (contra apenas 16% dos EUA), 30% do Kuwait (contra apenas 11% dos EUA) entre muitos outros. Note-se que os EUA detinham os primeiros lugares em todos estes mercados por larga margem de avanço. A China ultrapassou mesmo os EUA como o 1º importador na União Europeia. Este ajustar de forças geopolíticas e económicas está a acontecer agora e a uma velocidade estonteante, levando os habituais players do mercado a não reagir pois estão imobilizados com teorias e tendências que funcionaram durante quase um século e que agora começam a valer nada. Temos de juntar a isto a grave crise imobiliária nos EUA, que tem funcionado como uma caixa multibanco para cada família americana endividada até aos cabelos com empréstimos sobre a habitação na expectativa da subida de preço do imobiliário, que já todos agora percebem não vai acontecer. Algumas das maiores instituições financeiras americanas já estão a falir, a 2ª maior de todas, a New Century, foi a falencia mais badalada mas outras aconteceram e muitas mais se esperam acontecer. De facto o problema já é grave o suficiente para fazer manchete em todas as cadeias de media americanas, em programas como a Oprah e por todo o lado. Os únicos a não admitir o gravíssimo problema (gravíssimo porque tudo está baseado em consumo privado e sem dinheiro não há consumo, logo esta crise não tem resolução à vista) são os big players financeiros e a própria reserva federal americana, ambos com muito a perder caso o admitam publicamente. O Fed não admite a depressão pois isto obrigá-lo-ia a baixar as taxas de juro, depreciando ainda mais o dólar e fazendo a moeda americana colapsar ainda mais depressa do que se tem apregoado, os bigs das financeiras porque é nesta onda que têm surfado nas ultimas décadas e não sabem surfar noutras, alem disso ainda há muito dinheiro a ganhar com todo o maralhal que ainda acredita nos conselhos destes tubarões financeiros.
Com isto tudo vem o dizimar por completo da classe média americana empurrando-os para baixo e roubando-lhes as poupanças. Preocupante é também a analise do rácio de rendimentos entre os 0,01% mais ricos e os 90% mais pobres que desde 1950 tem andado entre os 170 a 180 e que de repente saltou para os 880 em 2005, níveis apenas vistos nos meses anteriores à grande depressão de 1929 em que o numero era de 891. O problema dos americanos é que 1929 aconteceu num contexto de crescimento da influencia dos EUA no mundo e hoje acontece exactamente o oposto. Por isso, em vez de termos uma grande depressão teremos uma enorme depressão. Num exemplo recente do deliberado esmagamento da classe média americana, a segunda maior cadeia de electrónica de consumo, a Circuit City Stores, despediu 3400 trabalhadores, 8,5% do seu pessoal de loja que ganhavam entre 10-11 dólares por hora para contratar o mesmo numero de trabalhadores a um preço de 8 dólares por hora. As novas contratações deram-se na América e com americanos, ou seja a classe média perdeu membros que passaram para a classe baixa, e a classe baixa ganhou trabalho pago como classe baixa e ainda recebeu mais membros fruto do desemprego ocorrido na classe média, um autentico downgrading social. Com toda esta crise as falências pessoais aumentaram exponencialmente, os casos de incumprimento bancário também e cada vez mais pessoas estão a perder as suas casas tomadas pelos bancos credores. Nos EUA o intervalo de tempo entre o incumprimento bancário e a perda do imóvel é em média de apenas 3 meses. Não tem havido novas compras de imobiliário, os impostos sobre o património e as transacções imobiliárias tem descido a pique bem como as receitas fiscais relacionadas com o consumo. Na Califórnia e na Florida as receitas fiscais diminuíram pela primeira vez em 30 anos. As receitas dos impostos sobre os lucros das empresas têm descido vertiginosamente também. Isto vai levar a mais endividamento publico a juntar ao já obsceno endividamento americano, levando a mais uma queda do dólar. Depois temos os iranianos a afirmar que mais de 60% das suas exportações já são feitas em moeda totalmente independente do dólar. Claro, temos o Irão fora todos os outros países que já só querem distancia do dolar, até mesmo da China. Mas se tudo isto não bastasse, são os próprios números estatísticos a darem-nos a dimensão do problema. De facto os EUA entraram em recessão técnica em Maio. Não de acordo com o seu PIB expresso em dólares, mas quando analisamos os mesmos dados mas com as contas feitas em Euros, Libras, Yenes ou Yuans, o resultado é o mesmo, a recessão técnica. Ou seja, para a América existe crescimento, para o resto do mundo existe recessão. É a magia dos números a funcionar.
Por isso meus amigos, esqueçam tudo o que lêem e ouvem nas noticias, e se estão à espera de um crash bolsista lembrem-se que a quando a bolsa crasha é porque tudo o resto já caiu também. Os EUA já eram, a missa já foi lida mas o mundo inteiro ainda mantém a ideia contrária e toma decisoes com esta base, ajudando os grandes tubarões a planearem a sua fuga e deixarem o menino nos braços da classe média cega por promessas de infalibilidade do sistema e incorruptibilidade do império americano. Conversa tal e qual a imposta nas vésperas de 1929. Nunca nenhum império sobreviveu para sempre nem nenhuma moeda sobreviveu mais do que 100 anos sem colapsar.
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Continuarei a fazer mais transcrições deste blog, devidamente autorizadas pelo autor.

sábado, janeiro 24, 2009

O Cerco Aperta-se!

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“NA SEMANA PASSADA chegou o aviso, ontem cumpriu-se a ameaça: a Standard & Poor's (S&P) baixou o rating que atribui a Portugal de "AA-" para "A+". Isto significa que a agência de notação financeira, uma das três maiores no mundo, passou a considerar que o risco de conceder crédito ao Estado português é agora mais elevado, o que pode vir a ter como resultado um agravamento dos juros a que o Estado obtém financiamento nos mercados internacionais, com consequências indirectas do mesmo tipo para os bancos, empresas e particulares.
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Trevor Cullinan, o analista da S&P para Portugal, fez ontem questão de esclarecer, numa conferência de imprensa por via telefónica, que "o plano anticrise lançado pelo Governo não é o motivo para a redução do défice". "Não olhamos só para o défice de um ano, quando tomamos estas decisões", afirmou, assinalando que "as fraquezas de Portugal já eram claras antes da crise, apenas se tornaram agora ainda mais claras".
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O grande problema, esclareceu o analista, é que "o crescimento potencial tem sido baixo e vai manter-se baixo", não permitindo que Portugal, nos próximos anos, apresente indicadores de crescimento, défice e dívida semelhantes aos outros países que têm um rating "AA". As reformas estruturais realizadas não chegaram para resolver os problemas de competitividade, baixa produtividade e elevado défice externo, que "terá mais tarde ou mais cedo de ser corrigido, limitando o ritmo de crescimento".
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Extracto do artigo do jornalista Sérgio Aníbal do jornal PÚBLICO publicado em 22 de Janeiro de 2009

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Caso Freeport (Acto 1)

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PINTO DE SOUSA, também conhecido por José Sócrates, à época ministro do Ambiente de António Guterres, foi co-autor de um despacho, assinado três dias antes das eleições de 2002, que reduziu a área da Zona Protegida do Estuário do Tejo, viabilizando a construção do empreendimento Freeport de Alcochete. Entretanto, havendo suspeitas de ter ocorrido tráfico de influências, actos de favorecimento e corrupção, a Polícia Judiciária iniciou uma investigação que acabou a ganhar ramificações com a “Operação Furacão”, e se estendeu até à actualidade.Ontem, o primeiro ministro num intervalo da cimeira entre Portugal e Espanha em Zamora, comentando as buscas ordenadas pelo Ministério Público e que a Polícia Judiciária levou a cabo, coadjuvada por um juiz - e que visaram um tio do primeiro-ministro, escritórios de arquitectos e advogados envolvidos no caso - fez questão de voltar a demarcar-se das investigações e recordar que o caso teve uma primeira versão aquando das eleições de 2005, sublinhando que o caso “volta agora [em 2009] quando vão novamente ser disputadas eleições". Fica no ar a ideia de os investigadores seriam sensíveis à proximidade das eleições para retomarem o caso. Deixo aqui uma pergunta: com esta evocação, será que o primeiro-ministro quis lançar suspeitas sobre a oportunidade ou lisura de tais diligências do Ministério Público e da Polícia Judiciária, deixando no ar a ideia de que estariam a soldo de alguém com malévolas intenções? Fico a aguardar os desenvolvimentos deste caso.

Amigo Disfarçado, Inimigo Dobrado

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O VENERÁVEL Vieira da Silva, obreiro do novo Código do Trabalho e nosso ministro do Trabalho e Solidariedade, fundamentando os apoios que o governo está a conceder à banca, disse há dias que "A banca tem um papel muito importante em qualquer economia, em qualquer país: é através dela que as poupanças das pessoas se transformam em investimento, e sem investimento não há crescimento económico, não há emprego, não há desenvolvimento". Depois desta tirada, a banca respondeu com medidas a preceito: se as taxas de juro do crédito à habitação estavam a descer, a banca logo correu a aumentar os “spreads”, porque ela anda cá para ganhar dinheiro e não para fazer filantropia, em concorrência directa com as Misericórdias. Ora bem, por aqui se vê as medidas que essa mesma banca toma para nos entusiasmar e deixar descansados sobre o seu curioso modo de enfrentar a crise.

Em Defesa da Liberdade de Manifestação

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Declaração política em defesa da liberdade de manifestação
Intervenção de António Filipe (deputado do PCP) na AR em 2009 Janeiro 22

“Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados,

Subimos hoje a esta tribuna em defesa da liberdade de manifestação. É insólito ter de o fazer quase 35 anos depois do 25 de Abril, mas a vida a isso nos obriga.

Teve lugar anteontem em Guimarães uma audiência de julgamento de um processo em que são arguidos quatro dirigentes da União dos Sindicatos de Braga, acusados de desobediência qualificada pelo Governador Civil, por alegadamente terem promovido uma manifestação ilegal.

O caso é que o Governador Civil de Braga, na véspera da realização de uma greve geral, e oito meses depois de uma acção popular de protesto contra a política do Governo em Guimarães, mandou a PSP processar criminalmente quatro dirigentes sindicais sob a acusação de terem promovido uma manifestação não autorizada. Perante o arquivamento do processo, o mesmo Governador Civil assumiu ter pressionado o Ministério Público para forçar a sua reabertura.

Também, anteontem mesmo, três cidadãos pertencentes ao Movimento de Utentes de Transportes Públicos da Área Metropolitana do Porto foram ouvidos pelo Ministério Público, por terem sido acusados pela governadora civil de terem promovido uma manifestação ilegal porque, alegadamente, o número de subscritores da comunicação ao Governo Civil seria inferior ao exigido por lei.

Também no Porto, três dirigentes da União dos Sindicatos, incluindo o respectivo coordenador, foram notificados de um processo que existe contra si por, alegadamente, terem participado numa manifestação ilegal, e esta semana, ainda no Porto, uma jovem estudante de 18 anos foi ouvida pela PSP e pelo Ministério Público sob a acusação de uma alegada desobediência, por terem promovido uma manifestação em que cumpriram todas as exigências legais. Simplesmente, a Governadora Civil do Porto arrogou-se o direito de ser ela a decidir o trajecto da manifestação e comunicou-o à PSP, sem sequer se ter dado ao trabalho de o comunicar aos manifestantes, que foram acusados de desobediência por se terem manifestado, seguindo o percurso que tinham comunicado ao Governo Civil.

Estes casos somam-se infelizmente a outros. Foi o caso da Governadora Civil de Lisboa, que pretendeu proibir a montagem simbólica de tendas por agricultores, junto da Assembleia da República, com o argumento caricato de que a montagem de tendas só pode ser feita em parques de campismo. Foi o caso da decisão tomada pelo comando da PSP de avançar com um processo-crime contra dois dirigentes do PCP, sob a acusação de terem promovido uma manifestação ilegal, por terem entregado um abaixo-assinado na residência oficial do Primeiro-Ministro. Foi o caso da Governadora Civil de Castelo Branco, que achou normal que a PSP se tenha deslocado ao Sindicato dos Professores na Covilhã para obter informações sobre a manifestação que reuniu em Lisboa mais de 100.000 professores contra o regime de avaliação. Foi o caso grotesco, passado em Montemor-o-Velho, onde o Secretário-Geral da FENFROF, Mário Nogueira, ao passar por uma manifestação de agricultores, foi identificado pela GNR, por ser conhecido, e foi constituído arguido.

Senhor Presidente,
Senhores Deputados,

A atitude persecutória dos governadores civis e de algumas autoridades policiais, por cuja actuação o Governo é inteiramente responsável, perante o exercício legítimo do direito de manifestação é absolutamente intolerável. A democracia não suporta estas atitudes prepotentes. O exercício do direito de manifestação tem uma protecção constitucional directa que não pode ser limitada por governantes agastados com o protesto popular contra as suas políticas ou por governadores civis que convivem mal com as liberdades democráticas e que pensam que o exercício do direito de manifestação depende da sua autorização.

Era bom que o Ministro da Administração Interna, enquanto responsável político pela actuação dos governadores civis, mandasse afixar na parede dos seus gabinetes, em local bem visível, o artigo 45.º da Constituição, onde se pode ler que os cidadãos têm o direito de se reunir, pacificamente e sem armas, mesmo em lugares abertos ao público, sem necessidade de qualquer autorização e que a todos os cidadãos é reconhecido o direito de manifestação.

O problema é que há governadores civis que se arrogam o direito de autorizar manifestações, de definir os respectivos trajectos, de questionar os manifestantes sobre as palavras de ordem e de ordenar actuações policiais contra cidadãos que se manifestam, e que não ignoram, porque não podem ignorar, que estão a actuar à da Constituição e da lei.

Não ignoram, porque não podem ignorar, que a lei que regula o direito de manifestação, e que fixa os respectivos trâmites legais, não foi feita para limitar ou condicionar o direito de manifestação, mas bem pelo contrário, foi feita para garantir o seu exercício. Em democracia, não há manifestações pacíficas que sejam ilegais ou que precisem de ser autorizadas seja por quem for.

O problema é que para o Governo e para os governadores civis a seu mando há dois tipos de manifestantes. Os que aplaudem os membros do Governo são manifestantes bons: podem manifestar-se sem autorização e têm direito a passadeira vermelha e protecção policial. Os que protestam contra as políticas do Governo, à mesma hora e no mesmo local, são manifestantes maus: cometem crimes de desobediência, são incomodados pela polícia, são alvo de intimidações policiais, são acusados e levados a tribunal porque se manifestaram sem autorização.

Não é tolerável que no Portugal democrático o legítimo protesto social seja levado ao banco dos réus por acção de responsáveis políticos.

A Assembleia da República, enquanto órgão de soberania representativo de todos os portugueses, não pode deixar de assumir as suas responsabilidades quando há cidadãos que são levados a tribunal sob a única acusação de terem cometido o crime de exercer os direitos cívicos e políticos que a Constituição lhes confere.

Anuncio por isso que o Grupo Parlamentar do PCP vai requerer a comparência dos governadores civis de Lisboa, Porto e Braga na Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, para os questionar sobre as atitudes persecutórias que têm vindo a desenvolver contra o legítimo exercício do direito de manifestação, e esperamos que esta iniciativa conte com o apoio de todos os Deputados que se prezam de respeitar as liberdades públicas e os direitos dos cidadãos.

Disse.”

A Máquina do Tempo (5)

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NO DIA 7 de Setembro de 2006, quinta-feira, este post do blog SABER A VERDADE, que aparece na lista de links aqui do lado esquerdo, dizia o seguinte:

Aviso de Tempestade

Aquilo que já venho a dizer há tanto tempo já está confirmado pelos media oficiais, ou seja passou de teoria endoidecida a aviso oficial. Quer o Bloomberg, quer a BBC e a Sky, bem como a CNN fizeram especiais de informação sobre o fim da bolha imobiliária e as suas consequências. Até a TF1 francesa o fez e apenas para o mercado francês. Parece que agora é que são elas, pelo menos para eles porque para mim isso já era claro há muito.
Depois temos o Dow Jones com valorizações das chamadas small caps (acções de empresas pequenas que ninguém conhece) na ordem dos 170% em 3 meses. Estas acções sao usadas puramente como especulativas pois por terem um valor tão baixo são facilmente influenciáveis e os ganhos são bem maiores. Uma valorização de 3 cêntimos numa acção que vale 50 cêntimos equivale a 6% ao passo que os mesmo 3 cêntimos de valorização numa bluechip, por exemplo que custe 50€ não passa de uma valorização de 0,00006%.
Ora, estas valorizações das small caps em conjunto acontecem sempre quando estamos ou no fim ou muito perto do fim de uma bolha e significa por isso que a bolha irá rebentar brevemente. Porquê? Porque no ultimo fôlego de uma bolha os investidores estão viciados em ganhar muito dinheiro com as suas transacções e as bluechips começam a enfraquecer os seus ganhos. Levados por este impulso de continuar a ganhar o mesmo que até aí viram-se para estas acções mais especulativas.
O aviso de tempestade está então lançado oficialmente. Procurem abrigo e mantimentos.
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Continuarei a fazer mais transcrições deste blog, devidamente autorizadas pelo autor.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Rumo ao Sul

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AO REBUSCAR na arca das memórias, fui descobrir algumas fotos com quase trinta e nove anos (FEV-1970), da época em que os jovens portugueses tinham que rumar ao sul, para manter viva uma certa ideia de “império”. Daquela viagem de oito dias guardo a lembrança de um nefasto acontecimento, que acabou por impressionar todos os militares embarcados. Pelo segundo ou terceiro dia de viagem, após o almoço, um dos militares, vá-se lá saber por que motivo, deslocou-se para a ré do navio, içou-se na amurada e lançou-se deliberadamente ao mar. Feito o alerta de “homem ao mar”, o navio inverteu a sua marcha, foram baixados os escaleres e iniciou-se a tentativa de resgate, que se prolongou quase até ao pôr-do-sol, com o navio a descrever círculos apertados na zona, sem qualquer sucesso. O grande mar oceano fechara-se sobre ele e tornara-se a sua derradeira morada. Ainda antes do jantar, foi feita uma chamada geral no convés, já sob a luz dos holofotes, para apurar a identidade do infeliz militar. A sua guerra tinha terminado ali, sem uma carta para a família, sem um tiro, mas provavelmente com muita raiva ou desespero. Aos que ficámos, esperavam-nos outras paragens muito mais ao sul.
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NOTA: Partilho da mesma intenção do blog DOTeCOMe_o BLOG, dedicando este post ao recente site GUERRA COLONIAL em
http://www.guerracolonial.org
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Lisboa – Luanda – Navio PÁTRIA em 18-FEV-1970
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Lisboa – Luanda – Navio PÁTRIA em 20-FEV-1970
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Lisboa – Luanda – Navio PÁTRIA em 22-FEV-1970

terça-feira, janeiro 20, 2009

Os Irmãos Metralha

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EM 30 DE DEZEMBRO de 2007 (já lá vai mais de um ano), entre outros considerandos que teci sobre a actividade governativa, disse, com um claro acento jocoso, que sem pretender obscurecer a persistência e combatividade do primeiro-ministro, era de toda a justiça louvar a excepcional qualidade dos seus ministros, pois se não o fizéssemos, correríamos o risco de praticar a mais ignóbil das injustiças, isto é, deixar na penumbra as excelsas qualidades e competências daqueles actores governativos, tantas vezes vilipendiados e incompreendidos, que por obras e actos valorosos em prol da democracia e do bem-estar do povo, mereciam (e continuam a merecer) serem referenciados e citados nos futuros manuais da boa governação. Por falta de espaço e não por vontade própria, referi apenas os mais notáveis, tais como Correia de Campos (que entretanto foi tratar da vidinha), Maria de Lurdes Rodrigues (a falsa anarquista), Mário Lino (o desencravador de fotocopiadoras), Rui Pereira (o robocop), Manuel Pinho (o 2+2=22) e Mariano Gago (o homem invisível), tudo gente que dando o peito às balas, mais se destacaram nesta legislatura, marcando-a de forma inolvidável, mudando o rosto do país e as estatísticas da União Europeia.
Passou um ano sobre estas considerações, e certo, certo, é que o país mudou, muito embora para pior. À lista poderia agora acrescentar outros nomes, como os secretários de estado Valter Lemos e Jorge Pedreira (Dupont e Dupont), e um certo Castilho dos Santos (o exterminador implacável), secretário de estado da administração pública, o tal que achou por bem ameaçar que os "trabalhadores, serviços e dirigentes que não estejam com a reforma serão trucidados", e que, apesar de tudo, continua a “ir a despacho” e a pavonear-se alegremente pelos corredores ministeriais. Porém, no topo da pirâmide, alinha-se a socretíssima trindade constituída por Pinto de Sousa, também conhecido por José Sócrates, Augusto Santos Silva e Pedro Silva Pereira, coadjuvados pelo amanuense Victor Constâncio (com doutorais aparições quinzenais), os quais se comportam como uma espécie de “irmãos metralha” em versão lusa, bem paga, bem vestida e bem barbeada, que em vez de tentarem cobrar do “tio patinhas”, escolheram o povo trabalhador como primeiríssima fonte de receita para as suas políticas “socialistas, modernas, moderadas e populares”. Quanto ao “avô metralha” Teixeira dos Santos cabe-lhe o papel de se desdobrar em lamentações, justificações e contradições. Avatares pseudo-políticos empoleirados no topo da pirâmide, eles são a cereja em cima do bolo de uma ideia que não é nova, funciona na perfeição e é a seguinte: para o primeiro-ministro Pinto de Sousa, também conhecido por José Sócrates (o animal feroz e chefe do bando), tanto lhe faz que a chefia dos ministérios esteja a cargo de A, B, C ou D, seja competente ou não, porque quem traça o caminho é ele, as opiniões dos outros são acessórias ou irrelevantes, e o que ele necessita é que para cada área de governação haja alguém que se disponha a ficar na linha da frente, debaixo de fogo, funcionando como amortecedor e escudo protector da sua sublime pessoa. A ele cabe-lhe o papel para o qual se encontra verdadeiramente vocacionado, isto é, andar a impingir o “magalhães” a torto e a direito, não cumprir promessas nem pagar as contas do estado, ser o cabeça de cartaz da propaganda política, bem iluminada, bem oleada e encenada, destinada a adormecer o eleitorado e a ocultar as verdades e as evidências. Para compor o quadro, deleita-se a escutar as “Janeiras” cantaroladas pelos “Meninos da Luz”.
Portanto, bater nos anões ministróides é tarefa inútil, condenada ao fracasso, uma pura perda de tempo. Não têm ideias, não argumentam, não ripostam, passam de largo com ar austero e convencido, sem prestarem declarações, à espera que a missão termine depressa e sejam contemplados com um “tacho” a preceito, na constelação de institutos e empresas públicas, onde possam facturar tranquilamente. Resumindo: não têm coluna vertebral. Tal como diz Baptista Bastos “é impossível ver qualquer membro deste Governo sem ser assaltado por uma repugnância visceral. O carácter desta gente é inexistente… há um ranço salazarista nesta gente. E, com a passagem dos dias, cada vez mais se me acentua a ideia de que a saída só reside na cultura da revolta.”
Eis em traços largos o tal “socialismo moderno, moderado e popular, avesso a vanguardas e elites ”, recheado de truques e mentiras propagadas pelo “menino de ouro do PS”, o líder dos “metralhas”, risonho, bem nutrido e encadernado. A mim não me vai ludibriar com juras de viragem à esquerda, e a minha promessa fica desde já aqui feita: até às eleições legislativas, pode ter garantido que também lhe vou cantar as “Janeiras”, embora de uma maneira muito especial.

A Máquina do Tempo (4)

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NO DIA 19 de Abril de 2006, quarta-feira, este post do blog SABER A VERDADE, que aparece na lista de links aqui do lado esquerdo, dizia o seguinte:

O guia final

Cada vez mais me fazem perguntas sobre a recente escalada do ouro e da prata e de como se poderá ganhar dinheiro com isso. Também cada vez mais vejo mais gente que não costuma acompanhar o assunto a interessar-se criando mesmo uma moda de investimento nas commodities pois ninguém quer ficar de fora do comboio do lucro fácil. Até há menos de 2 meses, o canal da TVCabo Bloomberg cotava o ouro duas vezes ao dia e a prata apenas uma vez por volta das 5 da manhã. Agora tem rubricas especiais sobre os metais preciosos em que divagam baboseiras sobre o recente boom do ouro. Para tentar ajudar quem está indeciso ou receoso deste investimento vou agora dissecá-lo de modo a esclarecer alguns aspectos menos conhecidos por detrás desta loucura de preços.
Em primeiro lugar não vão na conversa de economistas ou analistas de mercado que vos falam dos altos e baixos do mercado e de como agora estamos num baixo de modo que é bom comprar. É falso. Neste momento o ouro não está barato, pelo menos de um certo ponto de vista. O que se passa é algo muito diferente e quase imperceptível a quem tem os tiques da analise de mercados com a treta dos ciclos, rácios e lucros garantidos.
Tenho a certeza de que depois de lerem este texto a coisa ficará muito mais clara e perceberão que as ferramentas económicas usadas hoje em dia não vos vão servir de nada excepto para investir em ouro em tempo real, ou seja com as cotações diárias. Mas isso não é investir em commodities, isso é especular sem qualquer garantia associada pois apenas se está a comprar papel. O preço do ouro e da prata nada tem a ver com a economia dos analistas que todos os dias fingem aconselhar as pessoas nos seus investimentos. Em primeiro lugar vemos que o ouro, alem de ser uma commodity, uma matéria-prima, é também uma moeda, com cotação real e na qual se pode trocar os nossos euros, dólares ou dinares. Podemos trocar 100 euros por ouro à cotação do momento e chegar aos EUA e trocar esse ouro em dólares. Logo, pelo preço do ouro também se mede a fraqueza ou a força de uma moeda nacional. E a partir daqui temos a primeira grande constatação do que venho aqui dizendo ao longo destes anos de blog. Que o colapso do dólar está aí, basta ver que o dólar tem perdido muito para o euro mas muitíssimo mais para o ouro, com tendência a perder muito mais. E isto porquê? Porque a cotação de uma moeda é relativa à sua procura no mercado, logo quanto mais procurada é uma moeda mais valiosa ela se torna em relação a outras alternativas monetárias. Como a politica de credito pelo mundo ocidentalizado fora está a ser manipulado de modo a inundar o mercado de dinheiro e por conseguinte de dividas, o dólar e o euro estão a ser impressos a velocidades recorde e a procura começa a não ser assim tão grande para absorver tanta moeda na rua. Por outras palavras, os juros estão em baixo logo a impressão de notas está em alta, logo existe dinheiro para dar e vender. Com o ouro e a prata o mesmo já não se passa. A procura é relativamente estável e a oferta também, pelo que o seu preço não tem variado muito desde há muitos milénios a esta parte. No tempo de Jesus podia-se comprar mais ou menos as mesmas coisas que hoje em dia com o mesmo peso de ouro. Logo, e como a oferta de ouro é bastante rígida pois cada vez é mais caro e difícil extrair o metal dos confins da Terra, esta moeda mantém-se sempre valiosa relativamente aos dólares e euros que podem ser impressos apenas com o toque de um botão. De facto, e de certeza para surpresa de alguns, existem apenas 140.000 toneladas de ouro à superfície, ou seja, já extraídas. Para dar uma ideia, todo o ouro do mundo extraído desde sempre encheria apenas um cubo com arestas de 19 metros, mais ou menos um campo de ténis com 20 metros de altura. E é tudo. Dividido por todas as pessoas daria cerca de 23 gramas a cada um, a preços de hoje, 350 euros. O seu valor total mundial é de aproximadamente 1,9 triliões de dólares. A divida publica externa americana é de 8 triliões de dólares. Por isso não liguem a quem vos diz que está parcialmente coberta por ouro. Só cerca de 20% é que é detido por bancos centrais, sendo o resto joalharia, moedas e barras de propriedade particular. Cá está, quem faz o preço do ouro está a faze-lo na sombra, são as transacções de barras de ouro em Londres e Zurique que fazem o preço de mercado. E estas transacções só são feitas por poucos players que têm acesso ao mercado. O mínimo aceite nessas transacções são barras de 12,4 kilos mas o mínimo aceitável para atrair as atenções de alguém são cerca de 500.000 dólares. E mesmo que queira participar o acesso é-lhe vedado, sendo apenas possível entrar no mercado através de cinco casas para isso designadas. São estas casas que definem o mercado. Esqueça quem lhe diz que o preço do ouro é ditado pelas leis do mercado da oferta e da procura mundial num sistema tipo bolsa. É falso. Esse sistema existe apenas para o ouro em certificados, o ouro real não obedece a este tipo de transacção. Para os nossos simpáticos analistas de mercados é difícil perceber como se chega ao valor final do ouro diariamente mas vou tentar explicar. Em Londres estas casas autorizadas recebem as potenciais ordens de compra e de venda e só depois as tentam negociar com as outras casas. Assim resulta um sistema isolado, imune ao crash económico, às perturbações conjunturais que afectam o zé-povinho quando compra e vende acções. O preço do ouro é então afixado duas vezes ao dia, uma de manhã outra de tarde. O analista que vos aconselhar a comprar no mercado em tempo real não pode faze-lo com base em ferramentas económicas pois quem decide o preço são apenas 5 grandes casas e quem está por detrás delas. Depois há o mercado de certificados de ouro e prata, o Forex (mercado cambial), onde se aposta no preço do ouro mas que anda sempre colado ao preço do ouro físico combinado. Aqui se percebe que o ouro é a linguagem do mundo obscuro, da alta finança mundial, daqueles que efectivamente controlam o mundo por detrás das luzes da finança especulativa. Daí ser visto como um ultimo instrumento de conservação de riqueza. Em tempos de prosperidade ninguém investe em ouro pois a ideia é aumentar a riqueza. Em tempos de incerteza o ouro sempre foi amigo de quem o escolheu. E a minha opinião é de que os senhores da finança obscura estão a desviar a tradução da sua riqueza para unidades de
ouro e prata. Tendo já dominado a sistema produtivo mundial é altura de o deixar cair de modo a poder voltar a comprar por meros tostões a vida das pessoas. Já aconteceu antes e está prestes acontecer outra vez. E vamos já ver como vai ser isto tudo possível com uma pequena quantidade destes vis metais.
E chegamos agora ao principal ponto do comportamento do ouro. Existe uma organização chamada GATA, o Gold Anti Trust Action Comitee que nos avisa desde há anos para o completo logro que é o mercado do ouro mundial. Este comité tem como membros altos ex-responsáveis de bancos centrais e privados. Eles acusam os bancos centrais de estarem a fazer com o ouro o mesmo que fizeram com as moedas nacionais, ou seja, emprestar muito mais ouro do que o que realmente têm. Desde os anos 70, mas sobretudo quando o arqui-inimigo da boa saúde económica global, o senhor Alan Greenspan tomou conta do Fed, que se tem assistido a uma luta desenfreada contra o ouro. Este senhor era um dos principais defensores de uma moeda suportada por ouro nos cofres, embora se tenha tornado um acérrimo inimigo desta mesma ideia assim que entrou para o Fed. Desde então fez inúmeras declarações em que fala do ouro como um investimento em desuso e expandiu o dólar até níveis nunca vistos com esta bolha de credito que a América está a tentar engolir agora. Isto fez o ouro descer para níveis incrivelmente baixos. Fez também os bancos, baseados na relativa estabilidade do seu preço, oferecer o ouro dos seus cofres em leasing ou mesmo vendido. Assim, os clientes que depositavam o seu ouro nos cofres dos bancos não sabiam que o mesmo passava a ser um activo do banco e logo podia ser jogado no mercado internacional. E assim, mantendo o seu preço baixo poderia sempre voltar a comprar o ouro em leasing à medida que os depositantes o reclamassem. O problema é que quando o seu preço sobe poderá não haver liquidez para voltar a comprar o ouro vendido ou emprestado e será impossível devolve-lo aos clientes legítimos donos. Isto criará uma crise financeira mundial e é por isso que os bancos declararam uma guerra acérrima ao preço do ouro de modo a evitar tal cenário. Quando os bancos forem confrontados com os pedidos de resgate de ouro que não existe o grande publico tomará conta da conta desta conspiração. Se todo o ouro que existe em certificados fosse resgatado como a lei permite e garante, toda o ouro existente à face da Terra bem como a produção total dos próximos 25 anos não chegaria para cobrir os pedidos. Daí a conveniência do investimento em ouro físico cujo preço vai disparar para a Lua. Existe “provas” mais que consistentes de relatos de grandes responsáveis no assunto, especialmente do governador do Banco de Inglaterra, que afirma categoricamente estarem os bancos em guerra aberta contra o preço do ouro devido a estas razoes. Há também inúmeros relatos sombrios que nos afirmam que as reservas em ouro do Fed, do Credit Suisse, do BCE, do Banco de Inglaterra e do Banco Nacional Suíço já praticamente não existem, facto totalmente desconhecido do público. Esta alhada em que os bancos se meteram já tinha sido feita com as próprias reservas monetárias, daí não ser nada difícil acreditar que também será verdade para o ouro. O problema é que com a moeda basta baixar os juros e imprimir mais notas, com o ouro não dá para extrair mais do que o que existe e uma nova mina demora cerca de 10 anos a entrar em funcionamento e já não se descobrem grandes novos filões de ouro há mais de 30 anos. Quando esta história for uma realidade o preço do ouro irá atingir valores inimagináveis. Para terminar quero apenas dizer que o ouro sempre foi um guardador de riqueza. Quando em 1929 o crédito bancário estava tão facilitado como hoje em dia, o senhor médio da classe média julgava saber tudo e ia na maré investindo numa bolsa que não parava de subir. Sem razão aparente, não se produzia nada a mais, não havia nenhum avanço tecnológico, nada, simplesmente as acções subiam sem parar, muito ao jeito do que se passou no final dos anos 90 com as casas, em que as pessoas achavam que nunca uma casa podia perder valor. E os peritos em economia dos bancos aconselhavam isso mesmo, a pedir credito para investir na bolsa. O mercado caiu 10% na manha de segunda-feira em 1929 e todos entraram em pânico. Uns aproveitaram para comprar em baixa e o mercado voltou a subir 8%. Quem não conseguiu vender tudo, depois de ver esta nova subida decidiu não vender ainda. Mas como diz um ditado do mundo financeiro, mesmo um gato morto quando atirado do 10º andar ainda salta umas quantas vezes. Nunca mais o mercado recuperou desse máximo e os créditos precisavam de ser pagos. Alguns bancos ficaram com tudo. O mesmo se vai passar agora mas substituindo as acções por casas. Toda a gente penhora a sua casa de modo a conseguir ir buscar algum ao banco. A produção não chega nem para metade dos novos encargos pois este dinheiro tem ido maioritariamente para o consumo e não para o investimento. Mais uma vez os bancos vão ficar com tudo. A moeda colapsa pois ninguém quer pedaços de papel sem valor e é criada uma nova moeda, em principio mundial baseada no ouro. No ouro detido por aqueles poucos senhores que o estão a comprar agora em quantidades industriais. E essa gente é um clube muito restrito que se esconde no anonimato do sistema de transacções de ouro que é diferente de tudo o resto. Quando os teóricos da conspiração falavam disto há cerca de 6 anos atrás eram lunáticos. Hoje ainda são considerados lunáticos mas pelo menos têm os bolsos mais cheios. Tudo bateu certo. Sempre falámos de preços astronómicos, que podem chegar aos 40.000€ por onça, quando hoje ultrapassou pela primeira vez os 500 euros. Os pseudo analistas achavam impossível o ouro ultrapassar os 400 dólares. Tenho estudos impressos de grandes consultoras a dizer isso mesmo. Depois começaram a falar na mítica barreira dos 500 dólares. Em Novembro já falavam nos 600 dólares como máximo. Hoje já só falam dos 850. A S&P já anunciou um price target de 2000 dólares baseada na teoria da conspiração, documento delicioso que tenho a honra de possuir. Tenham calma que com o petróleo a subir sem parar ( e acreditem que não vai mesmo parar, também já o previ em 2004), dentro em breve estamos a falar de valores absurdos. É assim, o ouro está a tentar dizer-nos alguma coisa. Ninguém sabe bem o quê. Nós pelo menos temos uma teoria que vai funcionando. Outros limitam-se a ir onde os outros vão. Vamos assistir a uma volatilidade enorme no mercado. Subidas brutais, como a das ultimas semanas, e crashes enormes, de modo a assustar os menos confiantes. O ouro só vai levar com ele quem com ele estiver em sintonia. O ouro não é um mercado de lucro fácil, esses vão desistir na pior altura. O ouro não está a ser regido por nenhuma força conhecida de mercado. Lembrem-se apenas que o mundo mudou com o 11 de Setembro e as ferramentas de análise económica mudaram também. Não tentem investir com teorias obsoletas.
Vejam apenas estes dois exemplos: Há cerca de 2 semanas passou um programa na TSF sobre o que fazer ao nosso dinheiro onde se chegava à conclusão que o português gastava demais e pedia muitos créditos, enfim a treta do costume. O presidente da Associação Portuguesa de Bancos afirmou categoricamente que os consumidores deviam deixar nos bancos as decisões de investimento e citou como exemplo a espectacular subida do dólar em relação ao euro de há 6 meses atrás, tal como ele havia previsto. Eu tinha previsto exactamente o contrário. 6 meses depois, um teórico da conspiração teria ganho muito mais apostando contra o dólar do que a seu favor como queria o atrasado mental da associação dos bancos. Hoje o dólar já perdeu tudo o que tinha ganho e ainda desceu mais. Até fiquei parvo ao ouvir este energúmeno falar assim na rádio. E continuo a apostar no mesmo cavalo pois as razoes já foram mais que explicitadas neste blog. Num outro exemplo um senhor de um banco exclusivamente de investimento aconselhou-me a apostar em fundos ligados às acções americanas que estavam a ter um desempenho brutal. Isto foi no próprio dia dos atentados de Londres, em que decidi retirar o dinheiro de um fundo da UBS. Para mim, só um louco é que poderia propor uma coisa destas, apostar em acções americanas. Falei-lhe depois de investir em fundos ligados ao ouro e ao petróleo ao que me respondeu não terem qualquer futuro pois o petróleo já estava a estabilizar e o ouro nunca tinha grandes desempenhos. Desde o dia dos atentados de Londres até hoje, digam-me quem tinha razão. Embora muita gente nos ache catastrofistas, vemo-nos como aqueles que não embarcaram em euforias antes de 1929, que achavam que a prosperidade mundial tinha vindo para ficar em 1910, que não iam atrás de economistas malucos em 1989, que achavam que a subida do NASDAQ era completamente injustificada pois a Internet ainda não estava suficientemente desenvolvida antes do crash, ou como aqueles que ouviam o presidente Bush envidar todos os esforços diplomáticos para não atacar o Iraque e já afirmavam que o Iraque já estava derrubado. O grande consolo para mim é que todos os estudiosos deste grande logro em que vivemos e que tentam à sua custa avisar os outros da catástrofe que aí vem, ao menos encontram algum proveito nos investimentos que fazem. Como este texto já vai extremamente longo, falarei da prata noutra altura, embora possam ficar já com a ideia que o investimento em prata será ainda mais fabuloso do que em ouro.

Continuarei a fazer mais transcrições deste blog, devidamente autorizadas pelo autor.

Novo Provérbio

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A MOÇÃO de José Sócrates, também conhecido por Pinto de Sousa, ao congresso do PS, intitulada A FORÇA DA MUDANÇA, pretende assumir-se como programa de acção do PS, tendo em vista os próximos actos eleitorais, com especial destaque para as eleições legislativas. É um blá-blá-blá de 26 páginas, repleto de rebuçados, carregado de boas intenções e justas causas descongeladas, que nem um verdadeiro crente leva muito a sério, atendendo à passada experiência dos últimos 4 anos, em que este mesmo partido esteve no governo, mas quer dar a entender que não. Sustentado no adágio de que águas passadas não movem moinhos, Sócrates quer passar uma esponja sobre a memória colectiva, exibindo-se ao eleitorado com um santinho de pau carunchoso, e como se tal não bastasse, aí está mais um arrazoado de balelas e panaceias, com alguns pozinhos de mágica à mistura, para que acreditemos no seu PS, que como ele diz se apresenta moderno, moderado e popular, mas que na verdade, tem mais de situacionista que de socialista. Não se pode acreditar em tudo o que nos querem impingir, sobretudo em altura de eleições, vindo de gente pouco recomendável, que faz tábua rasa do estado lastimoso em que deixou o país e a generalidade dos portugueses. A pior coisa que nos pode acontecer é sermos levados a acreditar num malfeitor, cínico e mentiroso, que se quer fazer passar por gente decente, séria e virtuosa. Só os ingénuos e incautos embarcam nas suas promessas. Por isso, nada melhor que um provérbio reciclado para ilustrar tanto atrevimento:
Com Sócrates e palavreado se quer burlar o eleitorado.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

“Acordar do pesadelo”

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Da autoria do jornalista António José Teixeira, transcrevo o artigo publicado no Diário Económico de 16-JAN-2009, o qual subscrevo na totalidade. Antes das eleições americanas poderia ser considerado um aviso; depois delas é uma amarga constatação.

“A tragédia Bush fica para a história como um intervalo de irracionalidade onde a ganância de alguns arrastou multidões para a miséria.

Foram oito anos de profundo retrocesso civilizacional. A poucos dias de sair de cena, a herança de George W. Bush não poderia ser mais negativa. Provavelmente, com ou sem Bush, o rastilho do terrorismo teria sido suficiente para incendiar as relações internacionais e minar a confiança que se respirava antes do 11 de Setembro. Mas Bush conseguiu o impensável: piorar tudo o que foi possível piorar. Fortaleceu os fundamentalismos, a pretexto do combate ao terrorismo. Começou por desvalorizá-lo, ignorando repetidos avisos, acabou por lançar uma guerra desnecessária, palco para uma longa série de abusos. Limitou as liberdades no país da liberdade, aproveitou-se do medo e da insegurança para justificar prepotências. Desmascarou-se em Abu Ghraib e em Guantanamo. Fez crescer o Irão. Riu-se do aquecimento global. Alargou as desigualdades. Alheou-se das desgraças que se abateram sobre o seu próprio povo, como aconteceu com o furacão Katrina. Como se não bastasse, despede-se agora deixando a economia americana e mundial numa das mais graves recessões de sempre.
A tragédia Bush fica para a história como um intervalo de irracionalidade onde a ganância de alguns arrastou multidões para a miséria. Será muito para atribuir a um só homem. Será desgraça a mais para um presidente duvidosamente eleito em 2000, ainda assim reeleito em tempo de guerra. Será. Mas o vendaval que varre boa parte da Humanidade tem a sua impressão digital, por acção ou omissão.
O balanço não é original nem resulta de qualquer senha antiamericana. Está escrito na imprensa dos EUA, que demorou a aperceber-se da deriva irresponsável e autoritária da administração de George W. Bush. Não sobram defensores deste legado. Cá e lá, já não há quem se atreva a justificar o injustificável. Não há palavras brandas, delicadas, que possam dissimular a tragédia em mero azar da história.
"A história de Bush é uma história de Ícaro - um homem que se despenha porque não compreende os seus limites ou as suas motivações. Ser presidente era algo que estava além das suas capacidades e ele não teve noção disso." As palavras são de Jacob Weisberg, que examinou exaustivamente a família Bush e o seu círculo de conselheiros. Não é apenas um problema de impreparação, é um impulso de predestinação disparatado, e o desejo de afirmação de um homem vulgar imerso num círculo ideológico de neoconservadores revanchistas.
Não foi agora que se provou a tragédia Bush. O republicano Paul O'Neill, que W. Bush escolheu para seu primeiro secretário do Tesouro, não demorou a perceber que o presidente era como "um cego numa casa de surdos". Estava O'Neill ainda na administração americana e, ele que trabalhara com o pai, depressa se desiludiu com o filho. A descrição dos seus encontros com o presidente é constrangedora. Silêncios inexpressivos cruzam-se com uma extrema dificuldade de argumentação e uma inabalável vontade de subordinar a decisão política a interesses particulares. É impressionante reler o livro que Ron Suskind publicou em 2004, "O Preço da Lealdade", escrito a partir de um lote de 19 mil documentos que O'Neill entregou ao jornalista. Importante para perceber o perfil sombrio de Bush e para constatar até que ponto a degradação das finanças públicas americanas, a manipulação dos resultados das empresas, a pouca transparência dos mercados e a falta de independência dos auditores eram já constatáveis. Paul O'Neill falava em 2002 da necessidade de "restabelecer um sistema de responsabilidade e contabilidade orientados para um crescimento sustentado a longo-prazo, não para uma ganância de mercado a curto-prazo". E o seu amigo Alan Greenspan era ainda mais peremptório. Numa reunião, realizada em Fevereiro desse ano, o presidente da Reserva Federal não tinha dúvidas: "Brincou-se demasiado com o sistema, até que se rompeu. O capitalismo deixou de funcionar! Há uma corrupção do sistema capitalista". A diferença entre estes dois homens é que O'Neill apenas se demorou dois anos com Bush, enquanto que Greenspan foi conivente com boa parte deste consulado.
Não espanta que a insanidade necessite da catarse da literatura. Philip Roth, no seu último livro, fala do "vexame sem remissão que consiste em ser um cidadão consciente no reinado de George W. Bush"... O fantasma está a sair de cena. Oxalá Barack Obama tenha a clarividência e a audácia necessárias a tamanho desafio.”

domingo, janeiro 18, 2009

A Crise e o Despudor (4)

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O ORÇAMENTO de estado para 2009, foi aprovado pelo Presidente da República em 30 de Dezembro de 2008. Ele é quase unanimemente reconhecido como o instrumento mais desajustado à realidade portuguesa, que foi produzido nos últimos tempos pelos economistas de serviço à governação portuguesa, a tal senhora que andou ausente e distraída da realidade nacional e internacional, desde os fins de 2007. Tudo indica que aquele orçamento foi o produto final de uma enorme manobra de ocultação da crise económica portuguesa, levada a cabo pelo actual governo. Entretanto, e em abono desta suspeita, quinze dias passados, já foi revisto e objecto de orçamento rectificativo. Entretanto, o governo, em mais um passe de ilusionismo, apelida-o de orçamento suplementar, tudo isto para não reconhecer a sua desadequação à realidade nacional e aos ventos de crise que sopravam por todo o lado, e que vieram abalar ainda mais a já frágil economia portuguesa. Para a História ficam os inesquecíveis episódios protagonizados pelo ministro Teixeira dos Santos, quando num passe de inexplicável soberba, correu a assegurar que estávamos imunes aos ventos de crise que sopravam lá de fora, e garantiu que as nossas instituições financeiras respiravam saúde.

Invoicejacking

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UMA LEITURA atenta das facturas da EDP mostra-nos uma rubrica denominada Outros Débitos/Créditos que serve para nos facturar uma denominada Contribuição Audio-visual, pelo valor de 3,42 Euros (bimestral), valor que se destina a financiar os serviços de radiodifusão (RDP, Antena 1 e Antena 2) e televisão (RTP1 e Canal 2), ao abrigo da Lei n.º 30/2003, de 22 de Agosto alterada pelo Decreto-Lei n.º 169-A/2005, de 3 de Outubro.
Sem contar com o seu despropósito, já que a rádio e televisão se auto-financiam através das enormes receitas geradas pela publicidade, existem diversas situações em que esta taxa é completamente abusiva, para não dizer absurda, nomeadamente nas seguintes situações:

1) Quando o consumidor é subscritor de TV Cabo, Cabovisão, TVTel, Meo ou qualquer outro fornecedor de serviços do mesmo tipo;
2) Casas de campo para apoio agrícola;
3) Facturação relativa a consumos das partes comuns dos condomínios, tais como escadas, garagens, elevadores, bombas elevatórias e outros dispositivos.

Como se já não bastasse aquela tentativa de quererem pôr os clientes pagadores a arcarem com os valores incobráveis dos maus clientes (outro modelo inovador e simplex de meter as mãos aos bolsos dos respeitáveis cidadãos para ter receita assegurada), os especialistas do governo, em matéria de técnicas de extorsão, estão a refinar os seus processos, utilizando neste caso a interposta pessoa da EDP para efectuar mais um descarado assalto à carteira dos contribuintes. Já agora, porque não alcavalar a factura da electricidade com mais uma taxa para financiar as actividades do ministério da cultura? É fácil de perceber que 1 milhão de facturas gera, de dois em dois meses, sem mexer uma palha, uma receita limpa e garantida de mais de 3 milhões de Euros. Portanto, imaginem os milhões de Euros que brotarão deste expediente, se considerarmos a totalidade dos clientes da EDP multiplicada por 3,42 euros, e este produto multiplicado pelas seis facturações anuais.
Por força dos tempos que vivemos, e por termos uma predilecção especial pelas expressões inglesas, já tínhamos importado o “carjacking” e o “homejacking”; agora só nos faltava inventar esta coisa do “invoicejacking”, uma autêntica preciosidade com chancela governamental.
Se concorda com a extinção desta aberração, subscreva a petição que para o efeito se encontra disponível em:

Link: http://www.petitiononline.com/edp15/petition.html

O país que já não anda de candeeiro a petróleo, agradece reconhecido.

sábado, janeiro 17, 2009

Primeiras Previsões

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COM AS ELEIÇÕES à vista, com o seu congresso em preparação e o refogado da moção de estratégia do José Sócrates Pinto de Sousa a receber os temperos finais, o PS prepara-se para um banho de descontaminação das políticas neoliberais em que andou mergulhado durante os últimos 4 anos. Agora que o trabalho mais pesado e sujo está feito, os meninos turbulentos que andaram a infernizar a vida dos portugueses, preparam-se para se transfigurarem política e ideologicamente, aparecendo aos nossos olhos como meninos de coro, incapazes de partirem um prato ou entornarem os frascos da compota.
Na campanha eleitoral que já se passeia pelo adro, o grande bombo da festa vai ser a tal crise financeira internacional que ninguém previa, as “off-shores”, os “fundos tóxicos” e a falência de um certo “capitalismo ganancioso” que os malvados dos banqueiros andaram a propagar (com a conivência e permissão da governação), e não o sistemático esvaziamento da administração pública, o desacerto ou inexistência de medidas para a recuperação económica, o estrangulamento fiscal dos contribuintes, a degradação dos salários e das pensões de reforma, a precariedade laboral sustentada e garantida pelo novo código de trabalho, tudo a contribuir para o generalizado empobrecimento dos portugueses, mais a negligência, a incompetência, o favorecimento e a corrupção que estão largamente disseminados por todos os estratos da vida pública, e ainda a patética obstinação do querido e iluminado líder, que não recua nem desarma, mesmo que seja evidente que está a cometer um erro descomunal. Além disso é preciso voltar a repetir até à exaustão, que os pessimistas, os profetas da desgraça e os Velhos do Restelo sempre foram os grandes inimigos do povo português, tornando-se também urgente passar uma esponja sobre aquelas notícias desagradáveis que prevêem - tal como diz a Economist Intelligence Unit - uma contracção da economia portuguesa de dois por cento em 2009 e de 0,1 por cento em 2010, com a taxa de desemprego a subir para 8,8 por cento já este ano e para 9 por cento no próximo, tudo coisas que só podem estragar as doses maciças de propaganda que se avizinham e a reconquista de uma mal cuidada credibilidade. Em resumo: ouviremos dizer que as águas passadas não movem moinhos, à mistura com mais umas toneladas de promessas a torto e a direito.
As eleições vão ser o pretexto para uma urgente lavagem das ideias e a recuperação de alguns chavões caros ao socialismo, que haviam sido emprateleirados, mas que funcionam sempre, se agitados na altura devida como causas imortais, tais como a solidariedade social, o direito ao trabalho, o combate à pobreza e às desigualdades sociais, culturais, económicas, políticas e cívicas, o apoio aos mais desprotegidos, a regionalização, os casamentos homossexuais e mais umas quantas bagatelas, tudo coisas que invocadas na altura própria, deixam o comum dos portugueses sensibilizados, direi mesmo, amansados nas suas cóleras de há uns quantos dias atrás. Se esta desinfecção for acompanhada de algumas oportunas autocríticas e confissões de “mea culpa”, por erros cometidos na governação, pronunciadas em tom coloquial, coisa que sensibiliza e cai sempre bem nos brandos costumes portugueses, e que serve para amaciar o caminho para a concessão da tão desejada segunda oportunidade, melhor ainda.

sexta-feira, janeiro 16, 2009

Crise e Despudor (3)

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SE REPARAREM BEM, verão que de há três meses para cá, não há nenhuma declaração dos responsáveis do PS, dos ministros do governo PS e do sacristães que habitualmente ajudam às missas do PS, que sempre que falam, discursam ou fazem declarações políticas, não se sintam na obrigação de sublinhar com ênfase que a situação de crise que o país o país está a viver, é exclusivamente da responsabilidade da crise internacional, e não, como sabemos, também produto das políticas neo-liberais e liquidacionistas, desenvolvidas desde 2003 até à actualidade, tanto pelo PSD e CDS, mas especialmente pelo PS, o qual nos últimos quatro anos aprofundou a penúria social e económica do país, a pretexto de um vasto programa de pseudo-reformas mal alinhavadas. Esta técnica de desembaraçar-se de responsabilidades e tentar branquear a realidade, repetindo até à exaustão uma mentira, para que se converta numa verdade, é tão velha como a humanidade, e costuma estar associada aos maus políticos que por esta via pretendem ocultar os seus erros de governação, tal como o alvitrou o pouco recomendável G.W.Bush, quando disse que “se tiverem problemas culpem outra pessoa”.

A Máquina do Tempo (3)

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NO DIA 2 de Março de 2006, quinta-feira (já lá vão quase três anos), este post do blog SABER A VERDADE, que aparece na lista de links aqui do lado esquerdo, dizia o seguinte:

Começou...

Como já tenho vindo a tentar avisar desde que iniciei este blog em 2004, e como repito insistentemente desde o principio do Inverno, este mês será o principio do fim do mundo como nos habituamos a conhecê-lo. Ainda no meu texto do dia 8 de Fevereiro avisei especificamente para isso. Agora foi também o Laboratoire Européen d’Anticipation Politique Europe2020, que é uma organização detida por vários grupos económicos como poderão ver na página deles, que faz a derradeira afirmação.
www.europe2020.org tem o texto em inglês e em francês. Vou só colocar aqui o primeiro parágrafo em inglês. Se ainda não agiram façam qualquer coisa agora de modo a minorar o impacto financeiro que isto vai ter nas vossas vidas. O povo português é muito de falar disto e daquilo mas de nunca agir com antecipação. Agora têm a oportunidade. Libertem-se de dívidas bancárias que possam, comprem algum ouro ou prata transaccionável, não comprem casa nova, não comprem carro novo, libertem-se das acções que tenham em empresas que não sejam das áreas da energia, farmácia ou engenharia genética. Se o valor da vossa casa está próximo do valor de divida ao banco tentem vende-la, se tiver uma divida menor do que metade do valor da casa não a vendam e não pensem em comprar outra. Se tiverem casa já paga nunca se livrem dela. Vendam os carros que consumam mais enquanto é tempo. Para quem tiver estômago e coragem para vender a sua dívida, quer dizer, casa, é mais rentável viver numa casa alugada por uns tempos pois tem uma actualização de rendas sempre abaixo da inflação real e os juros a subir não garantem o mesmo, bem pelo contrario, é bem provável que subam desmesuradamente. Arrendando quase congelam o valor da renda por cinco anos, ao passo que em cinco anos quase não se amortiza nada na casa, especialmente se esta descer de valor. Se quiserem conselhos mais concretos o meu mail está aberto para isso.
E agora o primeiro paragrafo do tal texto:

The Laboratoire Européen d’Anticipation Politique Europe 2020 (LEAP/E2020) now estimates to over 80% the probability that the week of March 20-26, 2006 will be the beginning of the most significant political crisis the world has known since the Fall of the Iron Curtain in 1989, together with an economic and financial crisis of a scope comparable with that of 1929. This last week of March 2006 will be the turning-point of a number of critical developments, resulting in an acceleration of all the factors leading to a major crisis, disregard any American or Israeli military intervention against Iran. In case such an intervention is conducted, the probability of a major crisis to start rises up to 100%, according to LEAP/E2020.

Oportunamente voltarei a fazer mais transcrições deste blog, devidamente autorizadas pelo autor.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

O Circo Já Desceu à Cidade

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Com as eleições ainda longe, o circo desceu à cidade, já está a ser montada a tenda e o espectáculo promete. Para levar a cabo esse espectáculo que se prevê inesquecível, o Ministério das Obras Públicas fez um “mailing” para várias empresas e organismos públicos tutelados pelo ministério, a exigir que o informem com antecedência, qual o seu calendário de inaugurações, lançamento de obras, adjudicações ou apresentações à comunicação social. É óbvio que o governo, empenhado em “jardinizar” a vida política portuguesa, dispõe-se a aproveitar todos os eventos e iniciativas, para se introduzir em festa alheia, como qualquer atrevido “penetra”, a fim de com este suplemento propagandístico, colher os competentes dividendos eleitorais, pois toda a gente sabe que tais acontecimentos terão um peso muito importante no reforço da campanha eleitoral que se aproxima. Prevejo, portanto, que iremos ser agraciados com uma enxurrada de sessões solenes, recheadas de discursos e auto-elogios, cada vez que o elenco governativo é convidado para cortar a fita ou lançar a primeira pedra, seja ela de um simples fontanário ou de mais outro lanço de auto-estrada. Como já se suspeitava, o ministério recusa que haja objectivos políticos com esta medida, mas nas empresas o pedido foi recebido com surpresa, por não ser habitual.
Como se pode ver, a preocupação com as eleições já ocupa o topo da lista das prioridades deste governo, o qual não tem pejo em mobilizar toda a sua máquina, não em proveito da governação e do combate à crise, mas sim com os cinco sentidos virados para a permanência no poder.