terça-feira, março 02, 2010

Distrito 9

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Título original: District 9
Ano: 2009
Realizador: Neill Blomkamp
Argumento: Neill Blomkamp e Terri Tatchell
Género: Acção / Drama / Ficção Científica

Intérpretes:
Sharlto Copley ... Wikus Van De Merwe
Jason Cope ... Grey Bradnam - UKNR Chief Correspondent
Nathalie Boltt ... Sarah Livingstone - Sociologist
Sylvaine Strike ... Dr Katrina McKenzie
Elizabeth Mkandawie ... Interviewee
John Sumner ... Les Feldman - MIL Engineer
William Allen Young ... Dirk Michaels
Greg Melvill-Smith ... Interviewer
Nick Blake ... Francois Moraneu - CIV Engineer Team
Morena Busa Sesatsa ... Interviewee
Themba Nkosi ... Interviewee
Mzwandile Nqoba ... Interviewee
Barry Strydom ... Interviewee
Jed Brophy ... James Hope - Police Officer
Louis Minnaar ... Piet Smit

Duração:112 min
País:USA / Nova Zelândia
Idioma: Inglês / Nyanja / Afrikaans
Cor: Color
Formato:1.85 : 1
Audio: DTS / Dolby Digital / SDDS
Locais de filmagens: Johannesburgo, Gauteng, África do Sul

( Fonte: IMDB – The Internet Movie Data Base -
http://www.imdb.pt/ )

Meu comentário:
Nascido a partir de uma curta-metragem, “Distrito 9” é mais um falso filme do género ficção científica. O facto de o argumento gravitar à volta da invulgar aparição sobre a cidade de Johannesburgo, na África do Sul, de uma nave em dificuldades, vinda do espaço exterior, que mais parecia uma jangada à deriva, e a raça de extraterrestres que ela transportava, ter depois sobrevivido durante mais de 20 anos, num gueto da periferia da cidade, paredes meias com colossais lixeiras a céu aberto, sob apertado controle e em condições de subsistência infra-humanas, tal não passa de um álibi, um pretexto para abordar problemas que são do foro da natureza e condição humana. Fosse com uma nave recheada de extraterrestres, uma aldeia bosquímana ou uma tribo de pigmeus, o resultado seria sempre o mesmo (ou quase).
Sendo aquele o primeiro contacto com uma civilização vinda do espaço, um momento que se esperava ser um clímax imponente e triunfal, veio-se a constatar que a Humanidade não estava preparada para acolher o evento sob aquela forma, como uma operação de salvamento e acolhimento dos visitantes em risco. No entanto, as coisas aconteceram assim e não havia volta a dar-lhes: os visitantes em vez de nos virem ajudar com a sua cultura e bagagem tecnológica, eram eles que pediam ajuda à Humanidade, a qual, bem ou mal, tinha que assumir esse inesperado e frustrante papel, dando razão a quem costuma dizer que, quando menos se espera, o acaso prega destas partidas.
Aqueles extraterrestres, longe de serem seres super-evoluídos e dominadores, como sempre os concebera o imaginário popular, eram criaturas aparentadas com artrópodes que, embora detentores de um certo nível civilizacional, talvez não passassem de náufragos de uma nave danificada, de uma qualquer missão abortada ou mal sucedida, e agora entregues à benevolência e caridade dos humanos, e como tal, vulneráveis e susceptíveis de serem oprimidos e perseguidos. E os humanos, como nessa matéria, além de uma larga experiência, não costumam deixar os seus créditos por mãos alheias, não se fizeram rogados e cumpriram o que se esperava deles, fazendo a vida negra à comunidade de extraterrestres, reprimindo-os, explorando-os, multiplicando os conflitos e extravasando ódios desmedidos.
A intolerância humana chegou a tal extremo, que acabou por ser decidido efectuar o despejo dos extraterrestres daquela favela, deslocando-os para bem longe da cidade e da sua nave, que continuava a pairar imóvel lá no alto, há mais de 20 anos. E foi aí que começaram os problemas…
Com um ritmo e estrutura própria de uma reportagem televisiva, feita de câmara ao ombro, aliada a uma narrativa que oscila entre o objectivo e o caótico, recheada de opiniões avulsas e apontamentos de reportagem, colhidos aqui e ali, a fazer a marcação do território, dos acontecimentos, dos medos e dos interesses envolvidos, este filme acaba por fazer, num caldo de racismo e xenofobia, a actualização dos preconceitos e valores da nossa época, encurtando a distância que separa a ficção das realidades, sobretudo as que têm a ver com todos os apartheids deste mundo, extintos ou não.
Em alguns dos seus propósitos, comparo este “Distrito 9” de Neill Blomkamp com “Os Filhos do Homem” (Children of Men) de Alfonso Cuarón e com “O Fiel Jardineiro” (The Constant Gardener) de Fernando Meirelles. Assim sendo, dou nota quase máxima a esta obra que nos confronta com uma visão de nós mesmos, quando teimamos em não nos reconhecermos. E talvez por isso e com base nisso, assim se continuem a fazer grandes filmes. E por aqui me fico.

segunda-feira, março 01, 2010

Que Punição?

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O HONORÁVEL e holográfico bonzo da causa socretina, deputado europeu Vital Moreira, a propósito da notícia de um semanário (deve ser o SOL), que acusava o poder judicial de encobrimento do poder político (no caso das escutas mal explicadas), deixou no seu post "O freio nos dentes", do blog CAUSA NOSSA, a seguinte pergunta:
Será que um dislate destes pode passar sem consequências?
É a minha vez de perguntar:
Que consequências pensa Vital Moreira que seriam as mais adequadas?
Instauração da censura?
Encerramento do jornal?
Nacionalização do jornal?
Apreensão das edições?
Suspensão de publicação?
Acção judicial?
Diga lá de sua justiça que nós não levamos a mal.

Erros Antigos e Catástrofes Recentes

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O RIGOR e profissionalismo com que as obras públicas são encaradas na Madeira, está bem patente nas declarações do inenarrável e insubstituível régulo local, Alberto João Jardim, também ele sem diploma de engenheiro, quando disse, há dias, durante a visita a um dos lugares mais atingidos pela catástrofe, que não estava disposto a continuar a lutar contra a natureza, e sendo assim, ia mandar construir um túnel ali, ao mesmo tempo que apontava um local qualquer à sua escolha, na paisagem circundante, como se fosse dono e senhor de tudo aquilo, e a pessoa mais habilitada para o decidir.
Seja porque não sabe, porque não lhe interessa, ou porque outros interesses falam mais alto, há gente que não aprende nada, nem mesmo com os erros antigos e as catástrofes recentes, mesmo que isso traga avultados prejuízos e mais mortes pelo meio.

Lei das Compensações

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COM O TEMPORAL de sábado e as arremetidas da ventania, o meu jardim perdeu uma árvore de pequeno porte, mas como compensação ganhei 100 quilos de lenha para animar a lareira e enfrentar o frio que voltou a aparecer aqui, pelas bandas de Bucelas.

domingo, fevereiro 28, 2010

Enfim, é o Que Temos!

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EM DECLARAÇÕES para as televisões, ao estilo de apontamento de reportagem feito à saída de um qualquer evento, o senhor Almeida Santos, advogado e presidente do PS (partido Sócrates), do alto da sua experiência e conhecedor como é do potencial das novas tecnologias, avançou com uma rocambolesca e invejável teoria, sobre a violação do segredo de justiça. Na sua douta opinião, a coisa é facílima, direi mesmo SIMPLEX. Senão vejamos: polícias, magistrados, juízes, advogados e funcionários judiciais, isto é, as pessoas que têm acesso aos processos judiciais e outros elementos de investigação, assim como quem não quer a coisa, durante a consulta e manipulação dos documentos, puxariam do seu telemóvel equipado com câmara fotográfica de um quantos megapixeis, e bateriam uns quantos ciber-shots, e já está! As imagens dos documentos seriam posteriormente transferidas para um computador, melhoradas e calmamente transcritas, para virem a ser despachadas e usadas no futuro, com os mais maldosos intentos, contornando as precauções e acabando a violar o sacrossanto segredo de justiça. Como é óbvio, o doutor Santos não tem provas do que diz, mas como parece que anda a pôr em dia os seus conhecimentos sobre técnicas de espionagem, não vem grande mal ao mundo que entre em delírio, de vez em quando.
Por sua vez, o sociólogo António Barreto, em entrevista ao semanário EXPRESSO deu a entender que acredita piamente na existência de uma próspera indústria de escutas, associada com um promissor comércio de violações do segredo de justiça, e a coisa processa-se assim: os magistrados judiciais e do ministério público são os agentes que alimentam a imprensa com fugas de informação, que ainda por cima são pagas, e com isso ganham-se fortunas, mas como ninguém passa recibo, a coisa vai ser muito difícil de provar, digo eu, a não ser que se ponham os magistrados sob apertada vigilância e escuta, como sugeriu a preclaríssima doutora Cândida Almeida, ideia que, pelos vistos, o senhor Barreto subscreveria.
Nunca esperei que o lançamento e a colocação no domínio público do site PORDATA, de que António Barreto foi implementador, pudesse ficar manchado com declarações deste teor.
Almeida Santos e António Barreto, cada um na sua especialidade, bem podem juntar-se os dois à esquina, a tocar a concertina e a dançar o vira, a bem do combate contra as escutas e as violações do segredo de justiça, essas coisas que atentam contra a privacidade e mancham o bom nome de certas pessoas, verdadeiros mártires do serviço público, que só querem o nosso bem. Enfim, é o que temos!

Tónico para a Memória

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DURANTE a audição da Comissão Parlamentar de Ética, Sociedade e Cultura, o senhor doutor Rui Pedro Soares, o tal que não sabe bem quem representava e de quem recebia orientações como ex-administrador da PT, e que afirmou nunca ter tido o pelouro da publicidade, coisa que já foi contrariada por outro ex-administrador da empresa, tem, no entanto, uma convicção inabalável: é desde tenra idade um grande e destemido adepto do Futebol Clube do Porto, já foi galardoado com o troféu “Dragão de Ouro”, todos seus filhos menos um, comungam da mesma paixão, e ele até perde a vontade de jantar quando o seu clube perde algum jogo. Registada a preferência, acredito estarmos na presença de alguém cheio de convicções em termos de simpatias clubísticas, embora com alguns lapsos de enquadramento profissional. Assim sendo, daqui lhe envio um conselho: barriga sem bucha toda a noite estrebucha, portanto, mastigue sempre qualquer coisa antes dos jogos, e vai ver que o desgosto se torna muito mais fácil de suportar, além de que o alimento sempre foi um bom tónico para os problemas de memória.

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

"Os pobres que paguem a crise"

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Para recapitular e perceber a crise que vivemos à escala global, chamo a vossa atenção para o artigo do deputado ao Parlamento Europeu, Rui Tavares, publicado no jornal PÚBLICO de 19 de Fevereiro de 2010, com o título OS POBRES QUE PAGUEM A CRISE, e que também pode ser regularmente consultado nos links da banda esquerda deste blog.

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Obsessões, Pressões e Violações

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ONTEM, 24 de Fevereiro de 2010, em declarações prestadas à Comissão Parlamentar de Ética, Sociedade e Cultura, o director do semanário EXPRESSO, Henrique Monteiro, informou que na véspera da saída de um artigo que versava sobre a polémica licenciatura de José Sócrates, aquele lhe telefonou, não desmentindo nem corrigindo o artigo, mas pedindo encarecidamente para que a notícia não fosse publicada. Disse ainda que esta iniciativa do primeiro-ministro - uma pessoa que ele considera obcecada com a sua imagem - bem como a retirada de publicidade por parte do Banco Espírito Santo (BES), como retaliação pela publicação de um artigo de opinião, foram as maiores pressões que sofreu, no desempenho das suas funções como director do semanário.
Entretanto, hoje, o jornal PÚBLICO, informa que o sub-director do semanário SOL, Vítor Rainho e as jornalistas Felícia Cabrita e Ana Paula Azevedo, foram constituídos arguidos, no âmbito de um inquérito sobre a violação do segredo de justiça, ordenado pelo próprio procurador-geral da República, Pinto Monteiro. Este inquérito tem que ver com a publicação de despachos e escutas telefónicas, levadas a cabo pelo semanário, pelo que terão que ser interrogados, na semana que vem, pelo Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Lisboa. Em declarações ao jornal PÚBLICO, a jornalista Felícia Cabrita confirmou a notificação, tendo declarado que aquela iniciativa "não é nada que me espante. O procurador-geral da República é muito rápido para determinados processos".
Aliás, eu direi mais: a violação do segredo de justiça, e não propriamente o solucionamento dos casos que tem entre mãos, dos quais decorrem essas violações, diga-se em abono da verdade, algumas delas de origem altamente duvidosa, tornaram-se uma obsessão para este procurador-geral da República.
Sou de opinião que o segredo de justiça, embora glorificado por alguns, funciona como uma faca de dois gumes; quando bem salvaguardado, serve para garantir a protecção dos arguidos e da investigação, ao passo que se for “cirurgicamente” violado, serve para atrasar com expedientes, arrastar e, sobretudo, contestar e desacreditar a própria investigação, situação que apenas beneficia os arguidos, em especial os “grandes” arguidos. Agora, basta olhar para a natureza de alguns processos em curso, que têm sido objecto de alegadas violações, e cada um tirar as suas conclusões.

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Alegação Estupidamente Desnecessária

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A SENHORA Cândida Almeida, coordenadora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), declarou em entrevista ao JORNAL DE NEGÓCIOS (sempre as entrevistas!), que seria uma boa medida para combater as violações do segredo de justiça, estender aos magistrados a possibilidade de também aqueles virem a ser alvo de escutas.
Ora, chama-se a isto fazer uma alegação estupidamente desnecessária, pois acontece que aqueles magistrados sempre estiveram sujeitos a tal medida, pois a lei não distingue nem abre excepções, sendo aplicável a qualquer cidadão, independentemente da função ou lugar que desempenha.
As permanentes diatribes contra as violações do segredo de justiça, a par da reprovação dos chamados julgamentos na praça pública (leia-se, investigação jornalística, à falta da outra), tornaram-se a grande desculpa para que as investigações associadas aos grandes processos continuem a marcar passo (desacertado) e não produzam resultados.

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Dão-se Alvíssaras a Quem Souber o Paradeiro do CHEFE!

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EM ENTREVISTA (sempre as entrevistas!) ao jornalista Miguel Sousa Tavares, José Sócrates, também conhecido por engenheiro incompleto, ou menino de ouro, ou ainda Zézito, afirmou sem se rir, que ele não é o CHEFE, nem tão-pouco o CHEFE MÁXIMO a quem o “boy” Rui Pedro Soares se referia nas escutas relacionadas com o caso da compra da TVI pela PT. Continuando sem se rir, afirmou em tom muito convicto e solene, que como ele não é o CHEFE, esse tal CHEFE tem que ser outra pessoa, isto é, se branco não é, é porque não foi a galinha que o botou. Como o “boy” Soares ainda não explicou a quem se referia, quando mencionou o tal CHEFE, fiz alguns contactos e diligenciei saber qual seria o seu paradeiro.
Com tão ingrata tarefa, contactei o CHEFE Adrião da estação de Palhavã, o CHEFE Torcato, aposentado da guarda-fiscal, o CHEFE Ludovino, cozinheiro da casa de pasto O Retiro dos Alcatruzes, o CHEFE da banda do Grupo Folclórico da Aldeia dos Arrebenta, o Valente, CHEFE do balcão de reclamações da Loja do Cidadão de Alhos Verdes, o menino Vasco, CHEFE de turma da escola 2+S da zona oriental da freguesia de São Picoito, o Adérito, CHEFE dos Bombeiros Voluntários de Doze-Irmãos, e todos eles foram unânimes em dizer que, embora sejam ou tenham sido CHEFES, nunca se relacionaram com o menino Soares, todos cumpriram as suas obrigações, e quanto à PT, embora o serviço não seja famoso, não têm facturas em atraso. Quanto ao CHEFE da Protecção Civil exclamou que não respondia a provocações, e que se fosse preciso, despia o macaco, tirava o boné e fazia-me a cara num hamburger mal passado. Só não consultei a dona Cândida Almeida, responsável do DIAP, porque o rapaz Soares foi bem claro, quando afirmou que a entidade em questão era um CHEFE, e não uma CHEFA, e nestas coisas que envolvem chefias, não convém confundir os géneros.
Feitas as contas, e como os resultados não foram famosos, concluí que para esclarecer esta história da tentativa fracassada de compra da TVI pela PT, e acabar de vez com estas perseguições, conspirações, campanhas negras e assassinatos de carácter de pessoas inocentes, o melhor é pôr um anúncio e dar-se alvíssaras, a quem souber quem é o tal CHEFE, para ajudar a localizá-lo e tirar a coisa a limpo.

O Caderno 2 de Saramago

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COM CHANCELA da Caminho e um interessante prefácio de Umberto Eco, escrito para a edição italiana do primeiro volume do Caderno, o sempre prolífico José Saramago publicou o segundo volume do Caderno com os apontamentos que tem vindo a escrever, com alguma regularidade, no seu blog (apesar dos seus 87 anos), cujo link continua disponível na banda esquerda deste blog. É um trabalho sobre pessoas, casos, lugares e ideias, cinzelado com o talento enérgico e polémico a que o escritor sempre nos habituou.

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

25 de Novembro de 1967

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Alberto João Jardim, presidente da Região Autónoma da Madeira, recorrendo aos seus habituais tiques autoritários, advertiu os jornalistas para terem cuidado com as dramatizações do que aconteceu na ilha, na medida em que a economia madeirense depende do exterior, por via do turismo. Não consigo perceber a razão deste silenciamento, como se os operadores turísticos andassem distraídos, e não se inteirassem previamente das condições dos destinos que habitualmente oferecem. Tal como não percebo porque esse senhor insiste em estar pouco receptivo à declaração de estado de calamidade, por causa do eventual impacto negativo nos mercados turísticos, quando os meios de comunicação estrangeiros já deram notícia dos acontecimentos, e vai ser o próprio estado português que vai requerer auxílio à União Europeia, para fazer face aos efeitos da catástrofe, e isso é coisa que não passa despercebida.
Esta atitude faz-me lembrar o que aconteceu em 25 de Novembro de 1967, um sábado, já lá vão 42 anos, quando Lisboa e algumas das suas localidades limítrofes, foram atingidas por um grande temporal, que originou grandes inundações, com consequências catastróficas. Lembro-me perfeitamente de que chovia torrencialmente e de ver a Avenida da República, por alturas do Campo Pequeno, transformada num grande e caudaloso rio, já impossível de transpor, para eu chegar às instalações do Externato Crisfal, onde ia ter aulas, pelas nove e tal da noite. Encharcado até aos ossos, acabei por voltar para trás, rumo ao Campo Grande, atravessando a passagem de nível e escolhendo a Rua de Entrecampos como alternativa de regresso a casa.
Só nos dias seguintes nos começámos a aperceber da verdadeira extensão da tragédia. As chuvas diluvianas tinham atingido as zonas baixas e periféricas de Lisboa, Loures, Odivelas, Vila Franca de Xira e Alenquer. As cheias e enxurradas arrastaram carros, árvores, pessoas e animais, destruíram pontes, casas, estradas e condutas subterrâneas. As comunicações foram interrompidas e os transportes públicos ficaram paralisados. Bombeiros, Marinha, Exército e funcionários da Junta Autónoma de Estradas participaram nas operações de socorro, ao passo que os cadáveres das vítimas eram recolhidos nos quartéis dos bombeiros, lado a lado com os desalojados e sobreviventes da catástrofe.
À época, o regime autoritário de Oliveira Salazar e Américo Tomás, não estava interessado em divulgar as verdadeiras consequências daquela catástrofe, já que os principais atingidos tinham sido os grandes bairros periféricos e clandestinos da capital, plantados em leitos de cheia, de construção caótica, abarracada e com condições infra-humanas, habitados pelos estratos mais humildes da população. O número certo das vítimas nunca chegou a ser divulgado, já que o regime apertou a censura e decretou o fim da divulgação pública da contagem das vítimas. Depois do DIÁRIO DE NOTÍCIAS ter noticiado a 29 de Novembro de 1967 que até aquela data haviam sido contabilizados 427 mortos, a partir daí fez-se o silêncio, quando na realidade, os mortos foram mais de 700.
Naquela altura também o turismo era a quinta-essência das nossas actividades económicas, e a ditadura tinha que assegurar o prestígio possível, mantendo a miséria, e tudo o que com ela se relacionasse, arredada da boca de cena da paisagem e dos itinerários turísticos, recorrendo a grandes biombos de silêncio e desinformação.
Voltemos à Madeira e à catástrofe que agora tão tragicamente a assolou. Está na altura de Alberto João Jardim se convencer que aqueles tempos de 1967 já lá vão, que hoje a informação corre célere, é incompatível com isolacionismos patetas, e os mecanismos de recuperação das adversidades são bem mais humanos e surgem de onde menos se espera.

Mentirosos!

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Da autoria do jornalista Carlos Rodrigues Lima e publicadas no DIÁRIO DE NOTÍCIAS de 21 de Fevereiro, transcrevo algumas passagens do artigo que tem o título "PGR mentiu ao Parlamento". O título do post é da minha autoria.
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"PGR mentiu ao Parlamento.
Pinto Monteiro recusou ao PSD despacho, alegando que continha escutas de Sócrates. Mas estas não constam.
Durante os últimos meses, o procurador-geral da República recusou (até ao grupo parlamentar do PSD) o acesso aos despacho de arquivamento ao crime de atentado contra o Estado de direito, alegando que os documentos continham escutas entre Armando Vara e
José Sócrates, mandadas destruir pelo presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha do Nascimento. E, caso as revelasse, estaria a violar a decisão de destruição. Porém, num dos despachos em causa, a que o DN teve acesso, em lado algum aparecem as conversas entre Sócrates e Vara.
Aliás, na página 3 do despacho de 18 de Novembro, cujas conclusões foram reveladas esta semana pelo DN, Pinto Monteiro revela que nem levou em consideração as escutas entre Vara e Sócrates que, conjugadas com as restantes já conhecidas, levaram o procurador João Marques Vidal e o juiz de instrução António Costa Gomes a considerar que estava em causa um crime de atentado contra o Estado de direito.
Este dado novo, que consta do despacho do procurador-geral de 18 de Novembro de 2009, contraria frontalmente as informações por si prestadas nos últimos meses, quer em notas à comunicação social quer em resposta aos deputados do PSD, Fernando Negrão e José Pedro Aguiar-Branco. Refira-se que, por duas vezes, estes deputados requereram acesso aos despachos de Pinto Monteiro.
..."
Meu comentário: José Sócrates já não está sozinho. Tudo indica que o procurador-geral da República, Fernando Pinto Monteiro, também mentiu à Assembleia da República. Aguardam-se as consequências.

domingo, fevereiro 21, 2010

Madeira

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A MADEIRA esteve debaixo de um temporal que a deixou a chorar mortos e feridos, destroçada, mais frágil, mais pobre, fruto da ambição de meia dúzia de famílias e da avidez da especulação imobiliária, abençoada e consentida pelo régulo Alberto João Jardim, que a deixou transformada numa mortífera cascata de betão. Nós, por cá, não estamos melhor! Convivemos com uma miséria parecida, embora de outro tipo, mascarada de modernidade, alimentada com as falcatruas e idiotices do engenheiro incompleto, um mentiroso compulsivo, também conhecido por José Sócrates, que saiu de um comício propagandístico no Porto, destinado a mobilizar as tropas, para ir debitar para o Funchal, mais umas promessas e patranhas, à mistura com lágrimas de crocodilo.
Em qualquer país civilizado, numa emergência destas, o governo arregaça as mangas, manda equipar dois ou três aviões de transporte militar com pessoal e meios de socorro, para seguir à frente e atender as necessidades imediatas das populações. Cá em Portugal, mobiliza-se o Falcon ao serviço do governo, para levar até lá o primeiro-ministro e o ministro da administração interna, para “avaliarem os estragos” (coitados!), e já agora, posarem para as câmaras das televisões e retocarem o prestígio.

sábado, fevereiro 20, 2010

Lamentável

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NA PASSADA sexta-feira assisti (via ARTv) à sessão de audições da comissão parlamentar de Ética, Sociedade e Cultura que questionou a jornalista Felícia Cabrita, sobre as eventuais pressões que têm sido exercidas sobre os profissionais e os órgãos de comunicação social. Achei lamentável e pouco dignificante, enquanto decorria a sessão, o divertido espectáculo de caretas, galhofa, risadinhas e cochichos protagonizado entre a deputada do PS Inês de Medeiros, a tal senhora que todas as semanas anda cá e lá, entre Lisboa e Paris, e o seu sisudo colega de bancada João Serrano. Digo isto porque, por mais que me esforce, não consegui perceber onde estava a graça, na medida em que o assunto era sério e aquilo não era nenhum recreio.

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Perfil e Calibre

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QUANDO o sucesso das acções e iniciativas políticas (mesmo que em conversas ditas do foro privado) passam a ser medidas em subsídios de desemprego, fica bem definido o perfil e calibre dos políticos que nos andam a governar.

Chefe Máximo Dixit

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As conclusões não são minhas, mas do jornal CORREIO DA MANHÃ e do jornalista João Pedro Henriques, na sua edição de hoje, dia 19 de Fevereiro de 2010. E diz o seguinte, nos parágrafos que passo a transcrever:

"José Sócrates "explorou" ontem a entrevista do PGR à VISÃO e a revelação pela LUSA das razões que levaram Pinto Monteiro a não o incriminar por "atentado ao Estado de direito" com uma comunicação ao País, às 20.00, transmitida pelas televisões (excepto a SIC, que estava a dar futebol), em que se mostrou firme na disposição de continuar a governar."
...
"O primeiro-ministro reafirmou "três verdades claras e fáceis de compreender". Primeira: "Nem eu próprio nem o Governo demos qualquer orientação à PT, ou a qualquer dos seus administradores, para adquirir a TVI ou qualquer outra empresa de comunicação social". Segunda: "Nem o Governo nem eu próprio temos, nem tivemos, um plano para controlar ou condicionar os órgãos de comunicação social em Portugal" - uma suspeita que aliás considerou "rotundamente falsa", "infundada e até delirante". Terceira: "Temos em Portugal uma comunicação social livre, onde diariamente se exprimem, sem qualquer condicionamento, as mais diferentes e diversas correntes de opinião." Referiu ainda uma outra "falsidade": "Que alguma vez eu ou o Governo, à data da minha primeira declaração sobre o assunto na Assembleia da República, tenhamos sido informados pela PT, sobre as suas intenções de adquirir a TVI"."
"Sócrates garantiu que nada tem a "temer" da "divulgação criminosa de escutas" ou de violações do segredo de justiça. Considerou "especialmente condenável a indignidade daqueles que tentam aproveitar-se destes crimes para lançarem ataques de carácter aos seus adversários políticos", dando mostras de "não saber aceitar a escolha e o resultado das eleições legislativas". Agora, a sua prioridade é clara: "Discussão e aprovação final do Orçamento do Estado sem o desvirtuar e respeitando a sua coerência" e apresentar e discutir o PEC (Programa de Estabilidade e Crescimento)."

Meu comentário: Por aqui se vê que a ocorrência dos dois acontecimentos no mesmo dia (a publicação da entrevista do PGR e a dissertação do engenheiro incompleto para as televisões, no horário dos telejornais da noite), não foram concertados, tratando-se apenas de “meras coincidências”, muito embora, tanto numa como noutra estejam lá escarrapachadas as alusões às “conspirações” e às “armadilhas políticas”.

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Entrevista para “acalmar as hostes”

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SÓ AGORA consigo perceber, porque razão o Procurador-Geral da República, senhor Pinto Monteiro, levou mais de dois meses para vir repetir e confirmar, em entrevista à revista VISÃO (sempre as entrevistas!), agora de forma definitiva, o que anteriormente já havia decidido. Se querem saber, tenho uma desconfiança: depois de muita reflexão, aquele senhor aproveitou esta semana de intensa actividade partidária, por parte do PS, mobilizado no sentido de cerrar fileiras e renovar a confiança na liderança do engenheiro incompleto, para numa manobra de puro oportunismo político, voltar a repetir a lenga-lenga já conhecida e dar o assunto por encerrado, usando o expediente da entrevista descontraída (sempre as entrevistas!), assim como quem vai dizendo umas coisas, enquanto mastiga uma alheira de Mirandela. Também por isso, só agora percebo a quem se destinava o recado, quando disse em 14 de Novembro de 2009, que se fosse necessário divulgaria as escutas para “acalmar as hostes”...
Hoje, no entanto, vai mais longe, chegando ao ponto de afirmar, como uma punhalada florentina, que tem “muita consideração pelo senhor procurador de Aveiro, que é um bom magistrado, mas, obviamente, como procurador-geral da República, não estou obrigado a concordar com as suas opiniões jurídicas". Resta saber o que irá acontecer a esse magistrado, pelos vistos, desenquadrado, caprichoso e pouco entendido nestas matérias, depois deste senhor procurador-geral o ter acusado, de forma mais do que subentendida, de andar a propiciar o armadilhamento do sagrado território da Democracia e do Estado de Direito. Porque não tem condições para o exercício do cargo, se estivesse na minha mão, este era um motivo, mais do que suficiente, para "arquivar" este senhor procurador-geral. Só espero que amanhã, sexta-feira, o semanário SOL acrescente a divulgação de mais algumas “armadilhas” e “conspirações”, àquelas que já conhecemos.

MIL é Um Número Redondo

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NÃO É CASO para grandes festejos, pois continua a perpassar um fedor insuportável a corrupção, escórias, traficâncias, lixos e sucatas, combinado com falta de idoneidade, poucos escrúpulos, incompetência e negligência, oriunda de um bando de gente voraz, sedenta de poder e pouco respeitável, que arremete contra a liberdade de expressão e se esforça por tomar conta de Portugal.
Porém, ao fim dos 1.000 artigos publicados neste blog (no Blogger desde Agosto de 2005), e mesmo considerando que os tempos são de crise, verifico que a tinta da minha caneta ainda não se esgotou, embora a paciência deste escrevinhador tenha limites.
Sem estar preocupado em saber quantos são, e de que quadrante vêm (a minha exigência são a adopção das causas justas), desejo a todos os que comigo continuam a navegar neste oceano de liberdade de expressão e de opinião (os links deste blog são a manifestação, embora exígua e imperfeita, deste anseio), que não desistam, e que a sua rota seja um percurso sem fim, e sempre renovado.

Opiniões a Ter em Conta

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O NOVO e supostamente bem informado e convincente ministro das obras públicas, António Mendonça, afirmou ontem na Assembleia da República, que o Estado não teve qualquer influência nos fantasiosos planos de compra da TVI pela PT, que o governo não tem nada a ver com o caso dos administradores Rui Pedro Soares e Soares Carneiro, e que já estamos habituados a não acreditar em tudo o que vem na imprensa.
Complementar desta, temos a opinião do presidente do PS, senhor Almeida Santos, quando disse à porta da sede do PS no Largo do Rato, que esta questão das escutas e da TVI não vai dar em nada, ficando a dúvida no ar, sobre o aquele senhor quererá dizer com isso.