sexta-feira, julho 05, 2013

Crise, Qual Crise?

CRISE, qual crise? Afinal, tudo não passou de um equívoco. O Portas, cuja demissão passou de irrevogável a negociável, provavelmente por razões "patrióticas, apenas queria negociar (tal como a sardinha na lota) o peso de CDS-PP no Governo. Só os mal-intencionados podem dizer que houve crise. Como se pode ver, as presidenciais diligências de Cavaco, continuam em passo de caracol e envoltas em mistério. Uns dizem que ele exige que o Portas se mantenha no Governo, outros que isso não é condição essencial. Entretanto, o que transpira cá para fora, diz que tudo continua na mesma, e que ele apenas exige que o Governo encontre e apresente soluções de estabilidade e durabilidade, tal como as pilhas "duracell", e que evitem perturbar a sua magistratura de influência.

quarta-feira, julho 03, 2013

De Surpresa em Surpresa


COMEÇAM a juntar-se as peças do puzzle e verifica-se que as palhaçadas e as anedotas extravasaram Belém e São Bento e começam a contaminar toda a cena política do país. Reparem, o Governo começa por dizer que a demissão de Victor Gaspar o apanhou de surpresa. Paulo Portas repete que foi uma surpresa a nomeação da Maria Albuquerque para ministra das Finanças, que não concorda com a solução e demite-se. O primeiro-ministro Coelho, a ver o governo ficar em fanicos e o poder a fugir-lhe por entre os dedos, acrescenta que foi para si uma surpresa o pedido de demissão do "guarda fronteiriço" Paulo Portas, e por isso não a aceitou, pedindo mais explicações e rejeitando demitir-se, garantindo que não abandona Portugal, ao passo que o senhor Cavaco, com uma leitura minimalista dos seus poderes institucionais, sem o mínimo sentido de Estado e indiferente a tudo o que se passa à sua volta, dava posse à ministra Maria Albuquerque e aos seus secretários de Estado, duas horas depois de já ser conhecida a demissão do Paulo Portas, segunda figura do Governo. E assim vamos de surpresa em surpresa até ao descalabro total.

Conclusão: Cavaco Silva prefere continuar a brincar com os binóculos, a ver passar os comboios, mantendo o neófito tiranete ligado ao ventilador, como se nada estivesse a acontecer, ao mesmo tempo que se começa a ouvir um coro de vozes de "gente importante", banqueiros, grandes empresários, marcelos e marcelinhos, politólogos da treta e comentadores de aviário (só falta pedir a opinião ao Papa Francisco e ao Durão Barroso) a repetirem, em sincronizada algazarra, que eleições antecipadas nem pensar, olhem que se perde a estabilidade e a luz ao fundo do túnel, que há o vazio do poder, que a reforma do Estado fica adiada, que os sacrifícios dos portugueses não podem ser desperdiçados, que a troika não vai gostar, que os mercados não vão gostar e os juros vão disparar, que logo virá um segundo resgate, que Portugal não é a Grécia, etecetera e tal. A propósito, já me esquecia, que será feito do Relvas?

segunda-feira, julho 01, 2013

Ai a Minha Imaginação!

APESAR do retumbante "sucesso do programa de ajustamento", do desemprego a continuar a fazer a sua escalada ascensional, com a dívida pública quase em 130% e o défice a passar para 10,6%, o glorioso Pedro Passos Coelho garante que desta vez é que vai ser, e que é no último trimestre deste ano, nem mais, que se vai operar a milagrosa "viragem da tendência económica".

Entre o caos harmonioso do Sócrates e a luminosa obscuridade do Coelho, como é usual dizer-se, que venha o diabo e escolha. Por isso há quem acredite que todos os tormentos que nos afligem, são obra do diabo, que anda por aí à solta. Nada mais errado, pois os diabretes são outros! O pérfido estado de excepção em que vivemos é bem humano, não tem nada de sobrenatural, muito embora nos seus contornos tenha todas as perversas características daquilo que seria uma parceria público-privada entre o Governo e satanás, para instalar aqui uma sucursal do inferno, salvaguardada com mais um “swap” especulativo.

Entretanto, a cambada governativa, com todos os argumentos e embustes esgotados, passou a aconselhar que procuremos na fé, na esperança e numa grande dose de "boa sorte", os remédios para os nossos males. Para consumar essa intenção, e à falta de um balcão para serem passados atestados de pobreza, o Coelho achou por bem inaugurar uma "sala de chuto" para atender diariamente a comunicação social, onde o ministro Poiares Maduro exercitará os seus dotes de anestesista. Entretanto, fico à espera que me venha dizer (ou repetir) que o ministro Gaspar já tinha pedido a demissão há oito (8) meses, e que o Coelho não aceitou. Que isto foi um contratempo, mas que vai voltar tudo a entrar nos eixos. Há oito (8) meses, quem diria! Como vingança, vejam só o que ele fez de lá para cá! E depois, para que a História se volte a repetir, só falta que o Coelho se demita, queixando-se de falta de apoio, e o Cavaco, sempre desejoso de manter a estabilidade política e governativa, chame a Belém o "mago das finanças" Victor Gaspar, para o convidar para primeiro-ministro e formar governo...

domingo, junho 30, 2013

Registo Para Memória Futura (88)


«A proposta de lei que reduz o cálculo das indemnizações em caso de despedimento para 12 dias por cada ana de trabalho foi hoje aprovada na generalidade. A proposta de lei do Governo Nº. 120/XII foi aprovada no Parlamento com os votos favoráveis das bancadas do PSD, CDS-PP e PS. PCP, Bloco de Esquerda e Verdes votaram contra.»

Notícia da Agência LUSA em 28 de Junho de 2013

Meu comentário: Despedir é cada vez mais fácil, acreditar nos partidos da "troika" (PSD, CDS-PP e PS), seja pelo que dizem ou pelo que fazem, é cada vez mais difícil, senão mesmo impossível.

sexta-feira, junho 28, 2013

Documento Essencial da História Recente


Título - Alcora - O Acordo Secreto do Colonialismo
Autores - Aniceto Afonso - Carlos de Matos Gomes
Prefácio - Fernando Rosas
Género - História de Portugal Contemporânea

Editor - Divina Comédia
Data da Edição – 2013
Capa – Patrícia Furtado
Paginação – Segundo Capítulo
Impressão - Rainho e Neves, Lda.
Páginas – 399

NOTA – Um documento de capital importância que faz a abordagem de uma importante, altamente secreta e contranatura aliança, em que o salazarismo e o marcelismo se envolveram, na desesperada tentativa de sobreviverem aos “ventos de mudança” que assolaram a última fase do colonialismo português, até ao desfecho do 25 de Abril de 1974.

Sindicalismo Ornamental

«Quem se mete com o governo leva, é a tradução jorgecoelhista desta proposta vinda de quem vive mal com a liberdade sindical e o direito à greve. Quem faz este tipo ataque é a favor do direito à greve se ele não for exercido, a favor do sindicalismo livre se ele não for viável e a favor da concertação social se ela resultar em acordos em que só um dos lados tem uma palavra a dizer.»

Conclusões de um artigo do comentador Daniel Oliveira. O título deste post é de minha autoria.

quinta-feira, junho 27, 2013

No Decurso da Greve Geral

“O país não está parado e a opinião do Governo é que é exactamente de trabalho que o país precisa”, disse Marques Guedes na conferência de imprensa que se seguiu à reunião de Conselho de Ministros, ocorrida em dia de Greve Geral.

NOTA - Reunião essa do Conselho de Ministros onde certamente foram aprovadas mais umas quantas medidas do seu catálogo de malfeitorias, que levarão à destruição de mais uns quantos postos de trabalho.

Hoje Estou em GREVE!

 
De produtivo, ESCREVER é a única coisa que farei para desancar nos malfeitores que nos querem (ou já conseguiram) perder.

quarta-feira, junho 26, 2013

Haja Muita Paciência!

Um garatujador chamado Bruno Proença escreveu um comentário de grosso calibre no DIÁRIO ECONÓMICO sobre a greve dos professores. E fez a descoberta do século! No essencial, entre outras barbaridades, garante que Portugal faliu por causa de greves como esta, e que quando o governo capitula, os grandes derrotados são os contribuintes, pois os grevistas não produzem o suficiente para justificar o que custam, e com isso o Estado continua a acumular défice e dívida, e o País acaba às mãos da troika, a sofrer com as medidas de austeridade. Só faltou dizer que o bem intencionado ministro Nuno Crato, ao meter-se com os sindicatos, acabou todo emporcalhado. Nem mais! O garatujador disse isto tudo sem pestanejar nem titubear. Que foi por causa dos professores, e outros que tais, que Portugal está falido. Uma calamidade! Não foi por causa dos "swaps", nem das parcerias público-privadas, nem do BPP e do BPN, nem dos défices camuflados, nem dos cálculos mirabolantes do Victor Gaspar, nem da economia paralela, nem das fugas de capitais para os "paraísos fiscais", nem das fugas aos impostos, nem dos perdões fiscais, nem dos ajustes directos, nem dos estádios de futebol, nem da compra dos submarinos e dos blindados "pandur", nem da recapitalização dos bancos à custa dos contribuintes, nem da destruição do tecido económico, gerador de desemprego e pobreza, desprezo pelos pobres e roubo sistemático dos “remediados”, nem dos “furacões” sem fim à vista, nem da corrupção generalizada. Nada disso! As culpadas são as greves, e com isso, o persistente adiamento da tal reforma do Estado, uma medida tão necessária como um ataque de sarna. Em resumo: o rabiscador não resvalou, nem tropeçou, estatelou-se ao comprido e apenas resta desejar-lhe as melhoras. E quanto ao jornalismo situacionista e de meia-tigela, só lhe faltava emparceirar com o comentário rasca e acintoso. Haja muita paciência!

Notícias às Três Pancadas

Reparem no "bom português" do jornal PÚBLICO on-line de 26 de Junho de 2013...

 
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segunda-feira, junho 24, 2013

O Anjinho Bom e os Diabinhos Maus

Miguel Poiares Maduro funciona no Governo como válvula de compensação, uma espécie de anjinho bom que se põe do nosso lado, e nos canta umas lérias ao ouvido, sempre que os diabinhos maus, fazem ou vão fazer das suas. Depois de nos ter confidenciado que o Governo "quer oferecer esperança aos portugueses", agora, para justificar os "castigos" e "penitências" que nos estão a ser impostos pelos diabinhos exterminadores da troika e do Governo, foi a vez de nos vir dizer que isso se deve ao facto de "durante muito tempo este país ter vivido fora da realidade", como podem ver, uma variante do já estafado argumento do termos vivido acima das nossas possibilidades. E que tal se fosse dar banho às pulgas...

domingo, junho 23, 2013

Registo Para Memória Futura (87)

«Está em implementação o Sistema Integrado de Informação Criminal, aprovado pelos "partidos do poder" (PSD e CDS-PP) com o indisfarçável propósito de controlar politicamente a investigação criminal e as informações que esta produz, aproveitando-as para fins que a Constituição não permite, como a "prevenção de ameaças graves e imediatas à segurança interna", conceito que, como temos visto, hoje tudo abarca, até meras manifestações cívicas.

Este sistema é "coordenado" por um secretário-geral que depende directamente do Primeiro Ministro.O Governo, que não pode ter acesso aos inquéritos-crime, administra a base dos dados que os mesmos produzem!

O Ministério Público, que por imposição constitucional dirige a investigação criminal e a quem todas as polícias criminais devem obediência funcional, está afastado da direcção deste sistema, tendo até um acesso muito mais limitado do que qualquer polícia.

Uma aberração que deve merecer a maior preocupação!»

Artigo de Rui Cardoso, Presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, em 4 de Março de 2013, no jornal CORREIO DA MANHÃ e com o título "A Aberração".

Meu comentário: É uma espécie de "Patriot Act", produzido pelas mentes diabólicas e alucinadas que moram no ministério da Administração Interna, e para aplicar aos indígenas da Ocidental Praia Lusitana, se eles deixarem, claro está.

quinta-feira, junho 20, 2013

Lei da Greve ou Outra Qualquer

SE O GOVERNO discorda da Lei da Greve (ou de outra qualquer), a solução é simples: altera-se a Lei! Daí até proibir as greves (ou outra coisa qualquer), vai um salto de curta distância. A fazer coro com alguns jagunços que andam por aí, o inenarrável Alberto João Jardim, já declarou que é insustentável o direito à greve em certos sectores, e defendeu a proibição da realização de greves na saúde, justiça, transportes, forças armadas e forças de segurança. Só faltou acrescentar que a seguir pode ir o resto, basta haver vontade para isso. E com o presidente da República que temos, que contra o que era habitual, passou a promulgar leis, vinte e quatro (24) horas depois de lhe terem sido enviadas para apreciação, a coisa está garantida. É preciso não esquecer que o inquilino de Belém, em tempos, também foi barreirista, e ultimamente, entusiasmado com o andar da carruagem, deve ter voltado aos treinos.

Acertar Agulhas

O Governo volta a reunir o Conselho de Ministros no próximo sábado dia 22, com dois pratos fortes: assinalar os dois anos da (des)governação em que hipotecou o país e fez a vida negra aos portugueses, e fazer a compilação das iniciativas políticas e legislativas associadas com a tão desejada "reforma do Estado", onde continuarão a delinear e acertar agulhas para aplicar mais um pacote de malfeitorias. Tanto o que foi feito como o que falta fazer, é garantido que têm uma característica comum: não constam do Programa de Governo com que se apresentaram às eleições de 2011. O receio de ser recebido com protestos, assobiadelas e "grandoladas" fez com o Governo tenha decidido reunir fora de Lisboa, em local mantido em segredo, e suspeita-se que não serão divulgadas conclusões pormenorizadas no fim da reunião.

quarta-feira, junho 19, 2013

Registo Para Memória Futura (86)

«(...) O Governo já cancelou os contratos de swap das empresas públicas com todos os bancos à exceção do Santander Totta, de acordo com informações avançadas hoje por fonte oficial do ministério das Finanças. Do total de perdas potenciais iniciais a rondar 3.000 milhões de euros, restam agora cerca de metade que dizem respeito apenas aos contratos celebrados com o banco espanhol que, entre os vários swaps contratados, tem seis casos "potencialmente especulativos".
Os números exatos da negociação com os bancos não foram divulgados mas o ministério de Vítor Gaspar refere que a poupança conseguida no cancelamento dos contratos rondou 30% - cerca de 500 milhões de euros -e que o Estado irá pagar os restantes 1.000 milhões de euros. (...)»

Excerto de notícia do EXPRESSO on-line de 18 de Junho de 2013, e que adopta o novo acordo ortográfico.

Meu comentário: E depois ainda continuam a repetir até à exaustão que é a saúde, a educação, as prestações sociais, as deficitárias empresas públicas e o nosso faustoso (des)nível de vida que são insustentáveis, sendo necessário passarmos de país pobre a país paupérrimo. A par disso, alguns dos figurões que negociaram os tais "contratos especulativos" foram "desobrigados" das suas funções governativas, vão passar uns tempos a "branquear-se", e depois, quando as fúrias acalmarem, lá voltarão ao circuito da gestão de topo das empresas privadas, depois de terem andado a treinar-se e a usar as empresas públicas como laboratórios de experiências de alto risco, espatifando-as com grande competência. Entretanto, continuo com grande curiosidade em saber pormenores sobre o tal inquérito às Parcerias Público-Privadas, que segundo consta deixou certas áreas na sombra, não apurando toda a extensão e totalidade das responsabilidades, limitando-se a fazer recair, exclusivamente, sobre José Sócrates e alguns dos seus ministros, o grosso das patifarias.

segunda-feira, junho 17, 2013

Euro-Pensadores

António José Seguro, líder do Partido Socialista português, afirmou pretender que o desemprego europeu fique abaixo dos 11% em 2020 e que a partir de 2021 exista uma "mutualização europeia do pagamento dos subsídios de desemprego" quando a taxa ultrapassar a média europeia. Avançou com estas propostas durante o Fórum dos Progressistas Europeus, encontro organizado pelo PS francês e pelas fundações Jean Jaurès e Européenne d'Études Progressistes.

Por sua vez, Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República portuguesa, durante a sua visita às instâncias da União Europeia, argumentou que é necessário repensar a participação do Fundo Monetário Internacional na constituição da troika, aquando da concepção e gestão dos programas de ajustamento dos países sob resgate.

Mantem-se entre os políticos portugueses, este hábito nada saudável de dizerem lá fora o que não se atrevem a dizer cá dentro.

Homens da Limpeza

Miguel Poiares Maduro, Ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, veio dizer que o Governo até queria marcar novas datas para os exames, para que aqueles não fossem afectados pela greve dos professores, mas parece que as coisas não se passaram bem assim. Em política estes cavalheiros também são eufemisticamente conhecidos por "homens da limpeza". Recorrendo ao verbo fácil e a uma postura que transmite credibilidade, mas usando vários estratagemas, servem para salvar a honra, controlar os danos, ocultar e eliminar provas das falcatruas da governação.

domingo, junho 16, 2013

Os Pesos e Medidas da Justiça


UM HOMEM de 25 anos, acompanhado pela mulher e dois filhos menores, foi detido em 9 de Junho de 2013, durante uma cerimónia oficial em Elvas, por agentes à paisana, da segurança do Presidente da República, Cavaco Silva, depois daquele o ter invectivado de gatuno (provavelmente por ter andado envolvido no tráfico de acções do BPN) e mandado trabalhar (se calhar por a expressão "deixem-me trabalhar" ser aquela que Cavaco habitualmente usava quando era questionado, na época em que era primeiro-ministro).

Entregue no posto da PSP, foi condenado em julgamento sumário pelo Tribunal de Elvas a 200 dias de multa, num total de 1.300 euros, embora tivesse reconhecido que se tinha excedido no seu desabafo político. O envio para julgamento ocorreu só depois de ter sido contactada a Presidência da República, caso contrário não seria levado a julgamento, limitando-se apenas a ser sujeito a mera identificação pelas autoridades.

Dois dias depois, em comunicado, o Ministério Público alegou a "nulidade insanável" deste caso de ofensa à honra do Presidente da República, por não ser admissível, no caso deste crime, o uso daquela forma, nos termos do artigo 381º, nº 2, do Código Processo Penal.

Em Portugal, a Justiça ou é tão lenta, ritualista e branda, que nos deixa atónitos e descrentes da sua eficácia, ou é tão célere, expedita e vesga, que até nos repugna e assusta.

quinta-feira, junho 13, 2013

Recado aos Figurões


OS ILUSTRES figurões que actualmente estão no poder bem podem ter a ousadia de privatizar os CTT, porém, não devem esquecer um pormenor: se tudo o que é público é privatizável, também tudo o que é privado é nacionalizável.

quarta-feira, junho 12, 2013

Os Fora-da-Lei

CONTRARIANDO a decisão do Tribunal Constitucional que reprovou o pagamento dos subsídios de férias apenas em Novembro, o Governo deu ordem aos serviços para que os mesmos não sejam pagos em Junho, argumentando que não estão previstos os meios necessários e suficientes para proceder a tal pagamento, isto é, não há cabimento orçamental para tal. Muito embora a decisão seja apontada como uma retaliação, na prática, à inconstitucionalidade o Governo responde com uma ilegalidade, atributo que se tornou a sua imagem de marca. Acresce que esta decisão foi deliberada pelo Conselho de Ministros do passado dia 6 de Junho, mas mantida sob sigilo até agora, talvez para não acicatar os ânimos, ensombrar ou deslustrar as cerimónias do 10 de Junho.

Em compensação, o Orçamento Rectificativo de 2013 foi reforçado em cerca de mil milhões de euros, verba essa que se destina a suportar os custos da liquidação (o Governo chama-lhe “operação de limpeza”) dos contratos “swap” especulativos, subscritos pelas empresas públicas Metropolitano de Lisboa, Metro do Porto e Refer, que utilizarão este dinheiro para pagar às instituições financeiras as perdas acumuladas com estes contratos. Temos, portanto, dois pesos e duas medidas. Para o primeiro caso, e porque estamos a tratar com pessoas, não há cabimento orçamental, para o segundo caso, e porque estamos a lidar com instituições financeiras, faz-se os possíveis e impossíveis. Isto apenas vem provar que o Governo não é incompetente, antes pelo contrário, sabe o que faz e recorre à subversão, sempre que necessário, servindo-se de todos os meios, mesmo os que roçam a ilegalidade, para atingir os seus objectivos, sendo para esse lado que Coelho, Gaspar & Companhia dormem melhor. Exactamente como qualquer fora-da-lei que se preze.