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O texto que a seguir reproduzo, dá uma ideia do que se passa nos Estados Unidos da América, mas podia perfeitamente adaptar-se ao caso português. Os maus exemplos são os que mais rapidamente se propagam e copiam.
“…
Quando se trata de enfrentar problemas culturais, os conservadores têm evidentemente os seus pontos fracos. Por exemplo, a questão dos salários dos executivos. Em 1980, um CEO (chief executive officer) médio levava para casa um salário quarenta e duas vezes superior ao de um trabalhador pago à hora. Em 2005, o rácio era de duzentos e sessenta e dois para um. Os media conservadores, como a página editorial do Wall Street Journal, tentam justificar os salários astronómicos e as stock options (1), considerando-os necessários para atrair os melhores talentos; e dão a entender que, quantos mais as chefias das empresas americanas andarem gordas e felizes, melhor funciona a economia. Só que a explosão dos salários dos CEO teve pouco a ver com melhorias de desempenho. De facto, os CEO do país mais recompensados na última década foram responsáveis por enormes quebras de rendimentos, perdas de valores de acções, despedimentos em massa e subfinanciamento dos fundos de pensão dos seus trabalhadores.
As alterações dos salários dos CEO não se justificam por qualquer imperativo de mercado. Trata-se de uma questão cultural. Numa altura em que os trabalhadores médios poucos ou nenhuns aumentos têm, muitos dos CEO perderam todo o pudor para se agarrarem a todas as benesses que as administrações, manipuláveis e escolhidas a dedo, permitirem. Os Americanos estão cientes dos danos que esta ética da ganância inflige nas nossas vida colectivas. Os conservadores podem ter razão quando afirmam que o Governo não deve tentar determinar os pacotes salariais dos executivos, mas deveriam ao menos estar dispostos a manifestar-se contra os comportamentos indecentes nas administrações das empresas, mostrando a mesma força moral e o mesmo sentido de revolta com que atacam as letras de rap mais obscenas.
…”
(1) Stock options são remunerações extraordinárias, em dinheiro ou espécie, entregues aos gestores e colaboradores de uma firma como forma de os remunerar, e de fazer alinhar os seus objectivos com os objectivos da empresa.
Extracto do livro “A Audácia da Esperança”, da autoria de Barack Obama, presidente eleito dos E.U.A.
O texto que a seguir reproduzo, dá uma ideia do que se passa nos Estados Unidos da América, mas podia perfeitamente adaptar-se ao caso português. Os maus exemplos são os que mais rapidamente se propagam e copiam.
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Quando se trata de enfrentar problemas culturais, os conservadores têm evidentemente os seus pontos fracos. Por exemplo, a questão dos salários dos executivos. Em 1980, um CEO (chief executive officer) médio levava para casa um salário quarenta e duas vezes superior ao de um trabalhador pago à hora. Em 2005, o rácio era de duzentos e sessenta e dois para um. Os media conservadores, como a página editorial do Wall Street Journal, tentam justificar os salários astronómicos e as stock options (1), considerando-os necessários para atrair os melhores talentos; e dão a entender que, quantos mais as chefias das empresas americanas andarem gordas e felizes, melhor funciona a economia. Só que a explosão dos salários dos CEO teve pouco a ver com melhorias de desempenho. De facto, os CEO do país mais recompensados na última década foram responsáveis por enormes quebras de rendimentos, perdas de valores de acções, despedimentos em massa e subfinanciamento dos fundos de pensão dos seus trabalhadores.
As alterações dos salários dos CEO não se justificam por qualquer imperativo de mercado. Trata-se de uma questão cultural. Numa altura em que os trabalhadores médios poucos ou nenhuns aumentos têm, muitos dos CEO perderam todo o pudor para se agarrarem a todas as benesses que as administrações, manipuláveis e escolhidas a dedo, permitirem. Os Americanos estão cientes dos danos que esta ética da ganância inflige nas nossas vida colectivas. Os conservadores podem ter razão quando afirmam que o Governo não deve tentar determinar os pacotes salariais dos executivos, mas deveriam ao menos estar dispostos a manifestar-se contra os comportamentos indecentes nas administrações das empresas, mostrando a mesma força moral e o mesmo sentido de revolta com que atacam as letras de rap mais obscenas.
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(1) Stock options são remunerações extraordinárias, em dinheiro ou espécie, entregues aos gestores e colaboradores de uma firma como forma de os remunerar, e de fazer alinhar os seus objectivos com os objectivos da empresa.
Extracto do livro “A Audácia da Esperança”, da autoria de Barack Obama, presidente eleito dos E.U.A.