Um garatujador chamado Bruno Proença escreveu um comentário de grosso calibre no DIÁRIO ECONÓMICO sobre a greve dos professores. E fez a descoberta do século! No essencial, entre outras barbaridades, garante que Portugal faliu por causa de greves como esta, e que quando o governo capitula, os grandes derrotados são os contribuintes, pois os grevistas não produzem o suficiente para justificar o que custam, e com isso o Estado continua a acumular défice e dívida, e o País acaba às mãos da troika, a sofrer com as medidas de austeridade. Só faltou dizer que o bem intencionado ministro Nuno Crato, ao meter-se com os sindicatos, acabou todo emporcalhado. Nem mais! O garatujador disse isto tudo sem pestanejar nem titubear. Que foi por causa dos professores, e outros que tais, que Portugal está falido. Uma calamidade! Não foi por causa dos "swaps", nem das parcerias público-privadas, nem do BPP e do BPN, nem dos défices camuflados, nem dos cálculos mirabolantes do Victor Gaspar, nem da economia paralela, nem das fugas de capitais para os "paraísos fiscais", nem das fugas aos impostos, nem dos perdões fiscais, nem dos ajustes directos, nem dos estádios de futebol, nem da compra dos submarinos e dos blindados "pandur", nem da recapitalização dos bancos à custa dos contribuintes, nem da destruição do tecido económico, gerador de desemprego e pobreza, desprezo pelos pobres e roubo sistemático dos “remediados”, nem dos “furacões” sem fim à vista, nem da corrupção generalizada. Nada disso! As culpadas são as greves, e com isso, o persistente adiamento da tal reforma do Estado, uma medida tão necessária como um ataque de sarna. Em resumo: o rabiscador não resvalou, nem tropeçou, estatelou-se ao comprido e apenas resta desejar-lhe as melhoras. E quanto ao jornalismo situacionista e de meia-tigela, só lhe faltava emparceirar com o comentário rasca e acintoso. Haja muita paciência!