sexta-feira, janeiro 03, 2014

A Vingança do Bando


LEMBRAM-SE de em Maio de 2013 um ectoplasma neonazi do PSD, de seu nome Carlos Peixoto, durante um colóquio da JSD, ter-se referido aos pensionistas e reformados, como sendo a "peste grisalha", principal causadora do estado de falência em que se encontrava o país? Pois bem, a resposta aí está! Chegou com prontidão, decidida pelos bandoleiros que integram o Conselho de Ministros, como resposta aos chumbos do Tribunal Constitucional, e tem os seguintes contornos: a "recalibração" da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) e o alargamento "moderado" da sua base de incidência sobre pensionistas e reformados, bem como o agravamento da contribuição e a redução de comparticipações aos beneficiários da ADSE (Apoio na Doença aos Servidores do Estado). Fogo neles, nos pensionistas e reformados, e agora também nos utentes da ADSE, como forma de descontaminar e higienizar a sociedade portuguesa, dos seus elementos não-produtivos (a tal "peste grisalha" do invertebrado Peixoto), medidas que têm todos os contornos de vingança de índole social, continuando a manter as grandes fortunas e os grupos económicos e financeiros, à margem dos sacrifícios. Tem ainda a vantagem (para o Governo) de dividir o país, entre população activa e não-activa, pois serve para evitar uma generalizada erupção dos protestos, que não se devem fazer esperar. Aceitar que estas medidas não têm nada a ver comigo, é deixar a porta aberta para novas e mais vastas retaliações.

quinta-feira, janeiro 02, 2014

O Comediante

ESTE novo ano começou como o anterior acabou: MAL! Cavaco Silva - aquele que se intitula provedor do povo - veio de novo conversar com os seus protegidos, recorrendo ao cardápio e à lengalenga do costume, aconselhando paciência e muita fé nos bons tempos que aí virão, à mistura com umas quantas banalidades. Só que não aponta datas, apenas vagas perspectivas. Mas para que aquele paraíso desça até nós, é necessário que nos continuemos a portar bem, que tanto governo como oposição elaborem consensos e compromissos, pois o que é preciso é livrarmo-nos do segundo resgate, adoptarmos talvez um programazito cautelar, regressar triunfalmente aos mercados e não perturbar o banquete dos galifões do costume. Em nome das legítimas aspirações do povo, o provedor Cavaco diz isto tudo sem se rir nem engasgar, e não contente com isso, até veio emocionado desfraldar a bandeira dos 40 anos do 25 de Abril, só faltando falar do povo unido que jamais será vencido.

Cavaco é um verdadeiro comediante. Com um Orçamento de Estado para 2014 recheado de inconstitucionalidades, fez vista grossa e postou-se claramente ao lado do Governo, não enviando o dito para o Tribunal Constitucional, seja para fiscalização preventiva, ou sequer sucessiva, e promulgando-o como a coisa mais pacífica e inofensiva do mundo. Ficou claro - para quem não anda distraído - que as tarefas estão bem divididas: ao Governo compete a missão de propagandear a ideia de um Tribunal Constitucional oposicionista e bloqueador da governação, ao passo que a Cavaco compete, como corolário daquela ideia, a incumbência de ignorá-lo e passar-lhe ao lado, admitindo como boas as receitas do Orçamento de Estado. Comédia à parte, e para quem ainda tinha dúvidas - não sendo necessário um grande esforço de compreensão -, Cavaco Silva não precisa de acrescentar mais nada. Por estas e outras, comporta-se, não como Presidente da República, mas sim como o chefe da tríade (para não lhe chamar outra coisa) "um presidente, um governo e uma maioria".