domingo, janeiro 12, 2014

Emigrantes de Luxo


O EX-MINISTRO das Finanças Vítor Gaspar, com o apoio de Wolfgang Schaüble, ministro alemão das Finanças, candidatou-se ao lugar de director dos assuntos fiscais do FMI, e é quase certo que terá o lugar garantido. Álvaro Santos Pereira, ex-ministro da Economia e ex-patrocinador da Confraria do Pastel de Nata, e porque agora as confrarias são outras, seguiu caminho semelhante, sendo agora o novo director do departamento dos Country Studies da OCDE e o responsável pelas negociações com os ministros da Economia e das Finanças dos países da OCDE. Já José Luís Arnaut, que foi ministro do PSD nos governos de Durão Barroso e Santana Lopes, e que nos últimos anos esteve ligado a todas as privatizações (ao lado do falecido António Borges), foi nomeado para o conselho consultivo internacional do Goldman Sachs, um dos maiores bancos do mundo (onde António Borges também foi vice-presidente), que por "coincidência" passou a ser, há escassos dias, um dos principais accionistas dos recém-privatizados CTT.

Depois de terem espatifado cá dentro, tudo o que havia para espatifar, a bem dos interesses dos grandes grupos económicos e da alta finança, vão agora até lá fora para receberem as respectivas compensações pelos serviços prestados, passando a pilotar aqueles interesses a um nível mais alto. Os estragos que por cá deixaram, e a liberalidade com que foram premiados, provam que a sua acção - e volto a insistir neste ponto -, não se norteou pela incompetência, antes sim pela competência, só que uma competência muito especial, e os resultados estão à vista. Era bom que os portugueses não se esquecessem disto.

NOTA – A fotomontagem é de minha autoria.

sábado, janeiro 11, 2014

Vitalícias Profecias

Imagem parcial da primeira página do Semanário SOL de 10 de Janeiro de 2014.

Meu comentário: Eu pensava que este cavalheiro tinha aderido ao PS, mas agora fiquei na dúvida. Terá passado pelo PS só de raspão e acabou a infileirar no PSD? Pois bem, na política era o que faltava que os triplos saltos encarpados não pudessem acontecer. Agora, importante, importante, é que na óptica deste catedrático, se o Governo não fosse tão abrutalhado, se fosse mais meigo, por exemplo, se fizesse umas festinhas e usasse vaselina enquanto levava a cabo as suas malfeitorias, o povo papava-as com deleite, e até ficava a chorar por mais. Que pena o pior da crise já ter passado! Todos os dias há novidades. Animem-se, o melhor ainda está para vir!

sexta-feira, janeiro 10, 2014

Mais Outro Com o Complexo da Viragem

Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, disse em Riga, capital da Letónia, que no ano passado as nuvens já começaram a dissipar-se, e que 2014 será o ano de de viragem económica e de superação da crise, desde que não haja “erros políticos”, e apontou a título de exemplo as “indicações muito boas” vindas de Portugal.

Mais Imbecilidades!

O social-democrata Fernando Ruas, mandatário nacional da recandidatura de Pedro Passos Coelho à liderança do PSD, considerou quinta-feira que possivelmente não há ninguém no PSD com "um sentido de Estado tão apurado" como o primeiro-ministro.

(Semanário SOL de 10 de Janeiro de 2014)

Meu comentário: Cá por mim acho que se procurar bem - e não é preciso esforçar-se muito -, vai encontrar muitos mais, com o tal “sentido de Estado muito apurado”. Curiosamente, todos perfeitos antropóides, saídos da mesma linha de montagem. 

Época de Saldos


Depois do Governo ter aprovado a venda de de 80% dos seguros da Caixa Geral de Depósitos à empresa chinesa Fosun, já ninguém está insensível a este frenesim de hasta pública.

terça-feira, janeiro 07, 2014

As Opacas Transparências


APESAR das dificuldades económicas que o país atravessa - e que são por si reconhecidas -, Cavaco Silva continua a ser um dos chefes de Estado mais gastadores da Europa, esforçando-se por cumprir o popular rifão “façam o que eu digo, não façam o que eu faço”. Apesar de ter garantido que ia passar a publicar os contratos e os ajustes directos, à semelhança de qualquer outra entidade pública, não o fez, mantendo-se a falta de transparência e os silêncios prolongados, como a imagem que gosta de cultivar, à mistura com alguns persistentes tabus. Garante o blog MÁ DESPESA PÚBLICA que 2013 também foi um ano em que Belém conseguiu aumentar a despesa em gestão administrativa, indiferente à necessidade de cortar nas tão propaladas gorduras do Estado.

sexta-feira, janeiro 03, 2014

A Vingança do Bando


LEMBRAM-SE de em Maio de 2013 um ectoplasma neonazi do PSD, de seu nome Carlos Peixoto, durante um colóquio da JSD, ter-se referido aos pensionistas e reformados, como sendo a "peste grisalha", principal causadora do estado de falência em que se encontrava o país? Pois bem, a resposta aí está! Chegou com prontidão, decidida pelos bandoleiros que integram o Conselho de Ministros, como resposta aos chumbos do Tribunal Constitucional, e tem os seguintes contornos: a "recalibração" da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) e o alargamento "moderado" da sua base de incidência sobre pensionistas e reformados, bem como o agravamento da contribuição e a redução de comparticipações aos beneficiários da ADSE (Apoio na Doença aos Servidores do Estado). Fogo neles, nos pensionistas e reformados, e agora também nos utentes da ADSE, como forma de descontaminar e higienizar a sociedade portuguesa, dos seus elementos não-produtivos (a tal "peste grisalha" do invertebrado Peixoto), medidas que têm todos os contornos de vingança de índole social, continuando a manter as grandes fortunas e os grupos económicos e financeiros, à margem dos sacrifícios. Tem ainda a vantagem (para o Governo) de dividir o país, entre população activa e não-activa, pois serve para evitar uma generalizada erupção dos protestos, que não se devem fazer esperar. Aceitar que estas medidas não têm nada a ver comigo, é deixar a porta aberta para novas e mais vastas retaliações.

quinta-feira, janeiro 02, 2014

O Comediante

ESTE novo ano começou como o anterior acabou: MAL! Cavaco Silva - aquele que se intitula provedor do povo - veio de novo conversar com os seus protegidos, recorrendo ao cardápio e à lengalenga do costume, aconselhando paciência e muita fé nos bons tempos que aí virão, à mistura com umas quantas banalidades. Só que não aponta datas, apenas vagas perspectivas. Mas para que aquele paraíso desça até nós, é necessário que nos continuemos a portar bem, que tanto governo como oposição elaborem consensos e compromissos, pois o que é preciso é livrarmo-nos do segundo resgate, adoptarmos talvez um programazito cautelar, regressar triunfalmente aos mercados e não perturbar o banquete dos galifões do costume. Em nome das legítimas aspirações do povo, o provedor Cavaco diz isto tudo sem se rir nem engasgar, e não contente com isso, até veio emocionado desfraldar a bandeira dos 40 anos do 25 de Abril, só faltando falar do povo unido que jamais será vencido.

Cavaco é um verdadeiro comediante. Com um Orçamento de Estado para 2014 recheado de inconstitucionalidades, fez vista grossa e postou-se claramente ao lado do Governo, não enviando o dito para o Tribunal Constitucional, seja para fiscalização preventiva, ou sequer sucessiva, e promulgando-o como a coisa mais pacífica e inofensiva do mundo. Ficou claro - para quem não anda distraído - que as tarefas estão bem divididas: ao Governo compete a missão de propagandear a ideia de um Tribunal Constitucional oposicionista e bloqueador da governação, ao passo que a Cavaco compete, como corolário daquela ideia, a incumbência de ignorá-lo e passar-lhe ao lado, admitindo como boas as receitas do Orçamento de Estado. Comédia à parte, e para quem ainda tinha dúvidas - não sendo necessário um grande esforço de compreensão -, Cavaco Silva não precisa de acrescentar mais nada. Por estas e outras, comporta-se, não como Presidente da República, mas sim como o chefe da tríade (para não lhe chamar outra coisa) "um presidente, um governo e uma maioria".