sexta-feira, abril 20, 2007

Cenas do Portugal “socialista”

C
O Banco de Portugal, cujo governador é um socialista, de seu nome Victor Constâncio, e que se tem mantido particularmente activo nas promessas e recados ao mundo empresarial, veio dizer que o Código Laboral é um dos principais entraves ao desenvolvimento económico do país, pois continua a condicionar a mobilidade e a flexibilidade do mercado de trabalho, logo é um factor da fraca prestação das empresas. Assim, defende uma nova revisão da legislação laboral, com vista à sua “modernização”, o que só se pode traduzir em menores salários e maior precariedade. Vivam este PS e a flexisegurança!

O ministro da saúde Correia de Campos não tem preconceitos, não descrimina nem segrega ninguém. A prova disso é que tanto manda fechar centros de saúde, urgências e maternidades do Serviço Nacional de Saúde, como corre a inaugurar em Carnide, com grande estardalhaço, uma nova clínica privada.

O ministro do ambiente Nunes Correia anunciou que o Governo levantou a proibição de construção em áreas florestais ardidas, quando provado que o fogo resultou de causas fortuitas, ou então «em caso de interesse público ou de empreendimentos com relevante interesse geral» (estão a perceber, não estão?). Eis mais um caso que vem dar razão à sentença que vem ganhando foros de verdade incontestável: em Portugal, cada vez mais, o crime compensa!

Já depois da renúncia do deputado João Cravinho, autor da primeira versão de um projecto-lei contra o crime de enriquecimento ilícito de políticos e funcionários públicos, o grupo parlamentar do PS voltou a declarar-se contra tal iniciativa, tendo reprovado, pela terceira vez, desta vez uma proposta apresentada pelo PSD e votada favoravelmente pelo PSD, PCP e BE. Eles lá sabem porquê!

Segundo diz o jornal PÚBLICO, entre os anos 2000 e 2006, a carga fiscal das empresas portuguesas, apesar das queixas, desceu 7,7 pontos percentuais. E no mesmo período, a carga fiscal dos trabalhadores subiu quanto?

Carlos Farinha Rodrigues, investigador e docente no Instituto Superior de Economia e Gestão, alertou para o facto de em Portugal, 20% da população estar abaixo do limiar de pobreza, e continuar a ser o país da União Europeia que apresenta maiores níveis de desigualdade. Dizem os optimistas de serviço que isto são apenas números, e que carecem de escrutínio das entidades oficiais.

O presidente da Comissão Europeia (José Barroso lá fora, e Durão Barroso cá dentro) informou que a União Europeia vai desbloquear uma verba de 423 milhões de euros, através do Fundo Social Europeu, destinada a acções de promoção da cidadania e de combate à exclusão social em Portugal. Fica aqui a pergunta sacramental: Quem irão ser os excêntricos felizes contemplados, com este próximo e substancial “cabaz de euro-milhões”?

O governo regional da Madeira, sob a batuta do “rei” João, recusa-se a aplicar as leis da República, nomeadamente a que exclui a possibilidade de acumulação (por inteiro) de vencimentos de cargos públicos com pensões de reforma. Daqui do continente, ninguém diz nada nem ninguém faz nada, contemplando aqueles rugidos e manguitos insulares com sorrisos de transigência e comiseração nos lábios. Em Portugal, e sobretudo na Madeira, o motim institucional compensa, e de que maneira!

A nova direcção do muitíssimo próximo do governo, jornal Diário de Notícias, na sua árdua tarefa de desideologização dos seus conteúdos, acompanhada da competente tablóidização dos mesmos, prescindiu da colaboração dos comentaristas Medeiros Ferreira (PS), Ruben de Carvalho (PCP) e Joana Amaral Dias (BE). A bem da nação e desta democracia!

Eis um bom exemplo das voltas que o mundo dá: Joaquim Pina Moura, economista, outrora comunista, posteriormente membro do PS, ex-ministro da Economia e das Finanças do governo de António Guterres, vai ser o novo administrador da Media Capital (proprietária da TVI), cargo que vai acumular com a presidência da Iberdrola (empresa eléctrica espanhola). Anunciou, entretanto, que vai abandonar o lugar de deputado (era melhor que não o fizesse!) e todos os cargos no PS para se dedicar exclusivamente à gestão daquelas empresas.

O ministro Gago, perante a coincidência de situações que foram o desnorte e caos institucional da Universidade Independente e as dúvidas relativas à licenciatura do primeiro-ministro Pinto de Sousa (também conhecido por José Sócrates), obtida naquela mesma universidade, achou por bem, depois de ameaçar a instituição com o encerramento, no prazo de 10 dias, louvar as boas prestações e o bom desempenho do primeiro-ministro, enquanto aluno daquela fabriqueta de diplomas, facto que além de não ser da sua competência, não se sabe muito bem como o ministro poderá fundamentar.
Depois foi a vez da Inspecção Geral do Ensino Superior exigir que a Universidade Independente lhe fizesse entrega de toda a documentação relacionada com os cursos de engenharia ali ministrados, entre 1993 e 1996, não se sabe bem para que efeito, a qual incluiria o processo do antigo aluno José Sócrates. Além de haver dúvidas sobre a legitimidade da apropriação de tais documentos, fica por explicar qual a razão porque foi exigida a documentação respeitante a 1993 e 1994, quando o curso de engenharia apenas foi autorizado em Maio de 1995. Quanto à UNI propriamente dita, começou por convocar uma conferência de imprensa, para divulgar pormenores “bombásticos” relacionados com a situação do aluno Sócrates, adiou por duas vezes a dita, e no fim, quando finalmente abriram a boca, nada de especial adiantaram ao que já se sabia, excepto que o aluno Sócrates deixou muitas saudades e até foi orador num seminário, facto que as pessoas presentes (?) ainda hoje recordam com gratidão (?).

O Portugal “rosa”, seguindo o exemplo do Portugal “laranja” dos clássicos sociais-democratas, do Portugal “toranja” dos emigrantes da extrema-esquerda, e do Portugal “tangerina” das tias e das noitadas, quando vêem os seus governos em assados, espetadas e afins, correm a dizer que estão a ser vítimas de manobras conspirativas, boatos, feitiços, macumbas e cabalas, tudo animado de objectivos inconfessáveis, congeminados e cozinhados nas redacções dos jornais, em estreito conluio com os comités terroristas, as lojas maçónicas e as oposições políticas, e se necessário for, com a Dona Germânia do quiosque da florista. Tal é o caso da famigerada licenciatura do primeiro-ministro Pinto de Sousa, vulgarmente conhecido por José Sócrates, um político que ambicionava ser um feroz adepto e continuador da “terceira via trabalhista”, mas que afinal, acabou por deixar que o seu suposto título de engenheiro andasse aos tombos pela via pública.
Tudo indica que depois de escorraçados os fantasmas, os vampiros, o inglês técnico e os cálculos de estabilidade, o futuro do senhor Pinto de Sousa (também conhecido por Zézinho, ou apenas Sócrates) será radioso, como manda a lei nesta pátria de brandos costumes. Quanto aos ingratos lusitanos, que tenham maneiras, ou então que se lixem!

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