O Presidente da República quando se arrisca a sair de Belém para mergulhar no país real, tem sempre que se cruzar com a maçada dos jornalistas, que o vão questionando sobre os temas da actualidade política nacional. Na sua última saída, mais exactamente para assistir à inauguração das novas instalações da Microsoft Portugal, interrogado sobre se vai receber do Banco de Portugal, os subsídios de férias e de natal da sua reforma, para poder fazer face às suas despesas domésticas, foi muito claro: disse, preto no branco, que sobre aquele assunto já disse tudo o que tinha a dizer, que nunca mais se pronunciará sobre os subsídios da sua pensão, e ponto final. Logo a seguir, questionado sobre a justificação para ter promulgado em tempo recorde o semi-clandestino diploma de Pedro Passos Coelho, que congelou as reformas antecipadas aos funcionários públicos, Cavaco Silva invocou “razões de interesse nacional”, muito embora possa não estar de acordo com a coisa, bem como com as outras duzentas coisas que lhe passaram pelas mãos, mas em que apôs o seu autógrafo, provávelmente por uma questão de patriotismo, e de outros tantos indubitáveis interesses nacionais. E foi tudo, ponto final, parágrafo.
Continuo a admirá-lo porque, quando abre a boca - e porque se auto-intitula provedor do povo - consegue transmitir-me uma sensação que me deixa logo esclarecido, seguro, calmo e tranquilo. Sem ele, o que seria de nós? Continua a ser a personificação da subtileza, da clareza, concisão e eficácia, e quanto ao que vem daquelas bandas, os portugueses escusam de ficar descansados, porque, estou convicto, nada de mal nos acontecerá.
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