terça-feira, dezembro 25, 2012

Mensagem às Tropas


SOLDADOS,

e camaradas de armas! É Natal e daqui a dias vai terminar mais um ano, e outro vai começar, logo este é o momento indicado para recapitular algumas questões importantes. Para começar, e porque na poupança é que está o ganho, juntámos Natal e Ano Novo, para economizarmos nas palavras, nas proteínas e nas munições. Não se esqueçam que somos todos soldados, sob o indómito comando do marechal Silva, do general Coelho, do almirante Gaspar e do brigadeiro Relvas, e que fomos todos “voluntáriamente” mobilizados para travar esta guerra contra a crise, contra o défice, contra a dívida, contra os excessos que têm andado a ser praticados, e sobretudo por termos andado a gastar acima das nossas possibilidades. Para que nos resgatemos destes pecados, é importante que marchemos unidos e em força, rumo à grande batalha que se avizinha.

Somos um exército de voluntários pouco exigentes, alimentados apenas com as rações de combate fornecidas pela caridosa intendente Jonet, sem direito a fardamento nem pré, para não afundarmos ainda mais as contas públicas, e quanto a armamento ainda menos, não vá passarem-vos coisas pela cabeça. Porém, somos sensíveis ao dever patriótico de cumprir todas as ordens dos nossos aliados, fazendo todas as vontades à “frau” Merkel, à troika e aos mercados. Além dos submarinos do comodoro Portas, que vão ser a nossa arma letal, disparando contrapartidas a torto e a direito, as outras armas são a disciplina, o respeitinho pelas ordens e a grande capacidade que temos para andar de cócoras e de mão estendida, fazendo sacrifícios sem tugir nem mugir. Atentos e vigilantes, só assim conseguiremos averbar vitórias contra este insidioso inimigo que nos cerca.

Na nossa guerra sem quartel - e só para dar três exemplos - já conseguimos o inexcedível feito de extinguir 1.165 freguesias, estarmos a liquidar empresas a um ritmo de 27 por dia, e nada nos fará recuar na intenção de desmantelar o pantagruélico e ruinoso estado social. Estamos fartos de descontentes. Quem não está bem muda-se, emigra, e quem escolher ficar, sempre pode integrar os nossos batalhões de operações especiais. Portugal é todo ele uma grande frente de combate, e desta meritória acção, é garantido que o país, tal como a Fénix, renascerá das cinzas, e entretanto, que se lixem as eleições e as opiniões. E não acreditem em tudo o que se diz por aí, porque o boato fere como uma lâmina, e a pior coisa que pode acontecer a um exército, é abandalhar-se e deixar de acreditar na sua missão. Por isso tenham muito cuidado com aqueles que, insidiosamente, querem minar a nossa unidade, coesão e determinação, rumo à certa e garantida victória final.

Não vou alongar-me muito mais. O tempo é de acção e de poucas conversas, mas entretanto, se encontrarem por aí um inimigo infiltrado, um perigoso sniper, apoiado por uma obscura e traiçoeira “quinta coluna”, que dá pelo nome de Artur Baptista da Silva, que anda a desmoralizar as nossas fileiras, não se esqueçam de o capturar e amordaçar, com o nosso convicto apoio, e um sonoro “a bem da nação”.

O cabo-corneteiro Amorim

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