A
Acreditem que é verdade: tal como o Google, também…
A
segunda-feira, janeiro 22, 2007
sábado, janeiro 20, 2007
Dar a Cara e a Voz
D
Durante a recente visita à Índia do Presidente da República, aquele incentivou os empresários portugueses a serem mais inovadores e ousados nos seus objectivos, dando como exemplo os navegadores de Quinhentos, única época da História em que Portugal foi a locomotiva que rebocou toda a Europa, rumo ao Renascimento. Comentando a asserção do presidente, um outro presidente, o da Associação de Empresários Portugueses, Ludgero Marques, achou por bem dizer que também “gostava que o governo fosse muito mais ousado e que percebesse que a grande reestruturação da indústria passa pelas leis laborais”. Isto quer dizer, preto no branco que, em definitivo, ele espera que venha aí mais desregulação das relações laborais, único cenário em que será possível existir a tão desejava ousadia e inovação dos agentes económicos.
Para esta criatura, com uma mentalidade tão retrógrada, que até parece ter saído de um poeirento almanaque de caricaturas do século XIX, o sucesso e desenvolvimento das empresas apenas consegue ser atingido com a eliminação, pura e simples, das leis de protecção laboral, e se possível, voltando ao uso e abuso de trabalho escravo. O senhor Marques, não viu nada, não aprendeu nada, e como empresário que julga que é, apenas sabe progredir se continuar a viver à sombra do chicote repressivo de leis feitas à sua medida, encomendadas aos seus abegões, temporariamente instalados no poder político. Tal é o pensamento dos homens que no nosso país, dão a cara e a voz, pelos restantes empresários.
Durante a recente visita à Índia do Presidente da República, aquele incentivou os empresários portugueses a serem mais inovadores e ousados nos seus objectivos, dando como exemplo os navegadores de Quinhentos, única época da História em que Portugal foi a locomotiva que rebocou toda a Europa, rumo ao Renascimento. Comentando a asserção do presidente, um outro presidente, o da Associação de Empresários Portugueses, Ludgero Marques, achou por bem dizer que também “gostava que o governo fosse muito mais ousado e que percebesse que a grande reestruturação da indústria passa pelas leis laborais”. Isto quer dizer, preto no branco que, em definitivo, ele espera que venha aí mais desregulação das relações laborais, único cenário em que será possível existir a tão desejava ousadia e inovação dos agentes económicos.
Para esta criatura, com uma mentalidade tão retrógrada, que até parece ter saído de um poeirento almanaque de caricaturas do século XIX, o sucesso e desenvolvimento das empresas apenas consegue ser atingido com a eliminação, pura e simples, das leis de protecção laboral, e se possível, voltando ao uso e abuso de trabalho escravo. O senhor Marques, não viu nada, não aprendeu nada, e como empresário que julga que é, apenas sabe progredir se continuar a viver à sombra do chicote repressivo de leis feitas à sua medida, encomendadas aos seus abegões, temporariamente instalados no poder político. Tal é o pensamento dos homens que no nosso país, dão a cara e a voz, pelos restantes empresários.
Os Meus Comentários
O
Esta colectânea é constituída por alguns comentários que fiz a artigos publicados em blogs. A sua publicação não é porque esteja com falta de assunto, mas porque assim, sempre posso tocar em todos os assuntos.
Dizem que metade dos trabalhadores por conta de outrem perderam poder de compra em 2006. É falso: todos perderam poder de compra, só que uns sentem a coisa e outros não.
F.Torres in comentário a um post em 16-1-2007
A flexisegurança é uma palavra composta de flexibilidade e segurança, e serve para identificar um conceito dinamarquês de apoio aos desempregados. Em Portugal, a sua adopção e aplicação, vai ter os seguintes resultados: primeiro aplica-se a flexibilidade, e depois a segurança logo se vê.
F.Torres, in comentário a um post em 17-1-2007.
Tal como as Pirâmides, só as boas amizades resistem!
F.Torres in Postal de Boas Festas de 2006
A fotografia também tem essa função mágica: conceder a imortalidade a seres, coisas, lugares e acontecimentos.
F.Torres in comentário a um post em 28-12-2006
Quando a senilidade começa a afectar a escrita, é altura do escriba perceber isso e arrumar calmamente a caneta e os papéis.
F.Torres in comentário a um post.
O blog “Arre, Que é Demais!” é como eu gosto: muita crítica em poucas palavras.
F.Torres, in comentário a um blog.
Ensina-se nas faculdades portuguesas que a eficiência é incompatível com a justiça. Quando prevalece uma delas, eclipsa-se a outra. Esta ideia serviu para fundamentar e justificar muitas ditaduras, atropelos à democracia e aos direitos humanos.
F.Torres in comentário a um post.
Mau é quando toda a gente se cala; pior é quando alguém fala e ninguém quer ouvir.
F.Torres in comentário a um post.
O Portugal dos grandes começa em S.Bento e acaba em Belém, com passagem pelas administrações das empresas que intermedeiam aquele itinerário. O Portugal dos pequeninos começa ao receber-se o ordenado e acaba quando deixa de haver dinheiro.
F.Torres in comentário a um post.
O ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado, sempre pouco cooperante sobre os voos, sobrevoos e escalas dos aviões ao serviço da CIA, já teve duas posições. Começou por dizer que tais voos eram imaginários, e neste momento já os classifica como “alegados”, muito embora continue a assumi-los como factos impossíveis de provar. Ele lá sabe onde mandou guardar os registos da aeronáutica! Não mentiu mas também não disse o que sabia. Pode acenar com os segredos de estado (mais exactamente, de torpe conluio com os EUA), mas ficaremos à espera do dia em que os documentos onde foram registados tais voos sejam desclassificados e venham à luz do dia, para que a verdade se sobreponha ao encobrimento.
F.Torres in comentário a um post.
O cónego Tarcísio Alves afirmou que um católico que apoie o aborto, incorre na pena de excomunhão, e quem votar SIM ou se abstiver está a cometer um pecado mortal gravíssimo. Vejam só a sorte que eu tenho em ser ateu!
F.Torres, comentário a um post
Esta colectânea é constituída por alguns comentários que fiz a artigos publicados em blogs. A sua publicação não é porque esteja com falta de assunto, mas porque assim, sempre posso tocar em todos os assuntos.
Dizem que metade dos trabalhadores por conta de outrem perderam poder de compra em 2006. É falso: todos perderam poder de compra, só que uns sentem a coisa e outros não.
F.Torres in comentário a um post em 16-1-2007
A flexisegurança é uma palavra composta de flexibilidade e segurança, e serve para identificar um conceito dinamarquês de apoio aos desempregados. Em Portugal, a sua adopção e aplicação, vai ter os seguintes resultados: primeiro aplica-se a flexibilidade, e depois a segurança logo se vê.
F.Torres, in comentário a um post em 17-1-2007.
Tal como as Pirâmides, só as boas amizades resistem!
F.Torres in Postal de Boas Festas de 2006
A fotografia também tem essa função mágica: conceder a imortalidade a seres, coisas, lugares e acontecimentos.
F.Torres in comentário a um post em 28-12-2006
Quando a senilidade começa a afectar a escrita, é altura do escriba perceber isso e arrumar calmamente a caneta e os papéis.
F.Torres in comentário a um post.
O blog “Arre, Que é Demais!” é como eu gosto: muita crítica em poucas palavras.
F.Torres, in comentário a um blog.
Ensina-se nas faculdades portuguesas que a eficiência é incompatível com a justiça. Quando prevalece uma delas, eclipsa-se a outra. Esta ideia serviu para fundamentar e justificar muitas ditaduras, atropelos à democracia e aos direitos humanos.
F.Torres in comentário a um post.
Mau é quando toda a gente se cala; pior é quando alguém fala e ninguém quer ouvir.
F.Torres in comentário a um post.
O Portugal dos grandes começa em S.Bento e acaba em Belém, com passagem pelas administrações das empresas que intermedeiam aquele itinerário. O Portugal dos pequeninos começa ao receber-se o ordenado e acaba quando deixa de haver dinheiro.
F.Torres in comentário a um post.
O ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado, sempre pouco cooperante sobre os voos, sobrevoos e escalas dos aviões ao serviço da CIA, já teve duas posições. Começou por dizer que tais voos eram imaginários, e neste momento já os classifica como “alegados”, muito embora continue a assumi-los como factos impossíveis de provar. Ele lá sabe onde mandou guardar os registos da aeronáutica! Não mentiu mas também não disse o que sabia. Pode acenar com os segredos de estado (mais exactamente, de torpe conluio com os EUA), mas ficaremos à espera do dia em que os documentos onde foram registados tais voos sejam desclassificados e venham à luz do dia, para que a verdade se sobreponha ao encobrimento.
F.Torres in comentário a um post.
O cónego Tarcísio Alves afirmou que um católico que apoie o aborto, incorre na pena de excomunhão, e quem votar SIM ou se abstiver está a cometer um pecado mortal gravíssimo. Vejam só a sorte que eu tenho em ser ateu!
F.Torres, comentário a um post
sexta-feira, janeiro 19, 2007
A Culpa é dos Mortos
A
Desta vez, voltou a não haver milagre. E desta vez vou voltar a fazer perguntas, que certamente voltarão a ficar sem resposta.
No passado dia 8 de Janeiro, um homem que seguia de bicicleta, no concelho de Odemira, sofreu um acidente provocado por um carro, que não parou, tendo ficado caído na estrada, com vários traumatismos. Às 7h29m o INEM é alertado e uma ambulância segue para o local do acidente. A equipa de socorristas tem dificuldade em estabilizar o ferido no local, seguindo para o SAP de Odemira, onde deu entrada às 8h12m. Aqui a equipa médica volta a sentir dificuldades em estabilizar o doente, e pede a sua transferência para um hospital de Lisboa. A ambulância dos bombeiros, contudo, não pode efectuar o transporte dado não dispor de equipamentos de suporte de vida, nem haver médico para acompanhar a vítima. Às 9h34m é accionado a VMER (viatura médica de emergência e reabilitação), com base em Beja. Uma hora depois a viatura chega a Odemira e concluiu que o doente necessitava de cuidados urgentes de neurocirurgia, especialidade que o hospital de Beja não dispõe. Assim sendo, é pedido um helicóptero para efectuar a evacuação para Lisboa, o qual sai de Odemira às 13h30m, acabando por aterrar no hospital de Santa Maria pelas 14h12m. Agora atente-se bem neste pormenor: a evacuação deste ferido grave acabou por levar 7 (sete) horas, acabando aquele por vir a falecer três dias depois, no dia 11 de Janeiro.
No meu artigo de há uns dias atrás, e a propósito do caso ocorrido com o pesqueiro LUZ DO SAMEIRO, eu disse o seguinte:
Os bombeiros disseram que não podiam fazer mais. Os socorros a náufragos disseram que não podiam fazer mais. A Marinha disse que não podia fazer mais. A Força Aérea disse que não conseguiu fazer mais do que fez, isto é, no limite, salvar um homem à beira do esgotamento. Entretanto, outros seis morreram, à vista da praia e à distância de uma pedrada. O tempo de resposta ao acidente foi fatal. Se toda a gente cumpriu com prontidão e eficácia, o que sucedeu afinal? Ninguém sabe. Dizem alguns entendidos que há serviços a atropelarem-se uns aos outros, descoordenados, cada um a tentar fazer o seu brilharete, para exibir os respectivos feitos e emblemas. Há quem diga que há desleixo, falta de profissionalismo e muito improviso. Será verdade?
Estamos agora com uma situação semelhante, muito embora os intervenientes tenham mudado. Neste caso tivemos bombeiros com ambulâncias sem equipamento adequado para movimentar feridos graves, temos o SAP sem capacidade para estabilizar acidentados em estado precário, temos hospitais sem a especialidade de neurocirurgia, e voltamos a ter um enorme buraco de tempo, fatal para qualquer acidentado grave, em que parece que nada se está a decidir, até que pelas 13h30, aparece finalmente o tão ansiado helicóptero para efectuar a evacuação.
Dizem os responsáveis que no socorro à vítima de Odemira todos «fizeram o que os meios disponíveis lhes permitiram» e que a intervenção dos profissionais decorreu «dentro da normalidade». Onde é que eu já ouvi este arrazoado? Se assim foi, se toda a gente cumpriu a sua função a tempo e horas, afinal o que é que correu mal, para que um ferido grave apenas tenha recebido tratamento adequado, sete (7) horas depois do acidente? Como último recurso a culpa é sempre da própria vítima.
No naufrágio do LUZ DO SAMEIRO, os meios de socorro adequados só chegaram ao local, três (3) horas depois do primeiro alerta, mas os pescadores é que foram os culpados. Deixaram as redes ensarilharem-se na hélice, provocando que o barco ficasse desgovernado e derivasse para a zona da rebentação. Além disso, talvez não soubessem nadar e não tinham os coletes salva-vidas vestidos. Só por isso são culpados, a dobrar, pelas suas próprias mortes.
No caso de Odemira, os meios de socorro e de evacuação levaram sete (7) horas a dar caminho a um acidentado em estado crítico, mas ele é que teve a culpa. Estava a pedalar com a bicicleta errada, no lugar errado e à hora errada. Se calhar, para branquear ainda mais a situação, ainda hão-de acabar por apurar que o dito era fumador ou hipertenso. A ser assim, ainda acaba por ser, dupla ou triplamente culpado, pela sua própria morte.
No caso daquele choque frontal da IP5, ocorrido há meses, em que um dos intervenientes morreu entre os destroços e os socorros levaram 45 minutos a chegar, quem é o culpado? Nem mais, nem menos que ele próprio, o morto, ao tentar fazer uma ultrapassagem sem visibilidade?
E aquele caso na IC19? Foi pedido um helicóptero para fazer uma evacuação difícil, em hora de ponta, mas o sinistrado acabou por morrer na berma da estrada, ao fim de 1 (uma) hora de espera. Quem foi o culpado? Ele mesmo, está claro, pois ia a conduzir sem o cinto de segurança.
Os erros, a negligência e o improviso de uns, senão mesmo os acasos fortuitos, servem para camuflar muita coisa, habitualmente as facilidades, o desleixo e a incompetência dos outros, encoberta também por alguma mentalidade corporativa. Sobre este caso de Odemira, o ministro Campos da Saúde informou que ia inteirar-se do que se passou. Esperemos que sim, e já agora, dava jeito que desse notícia das suas conclusões. Por isso, vamos ficar atentos e aguardar calmamente.
Mas isto não fica por aqui. No dia 15 de Janeiro, entre as 16h34 e as 17h15 (41 minutos), o número nacional de emergência, mais conhecido por 112, deixou de responder à chamada de quem a ele recorria, respectivamente nos distritos de Lisboa, Porto e Viseu. Esta terá sido a segunda vez, no espaço de duas semanas, que o 112 ficou mudo e quedo. O ministério da Administração Interna não deu muita importância ao caso e remeteu as explicações detalhadas para a PSP. A PSP limitou-se a informar que quando foi detectado o problema e depois de contactada a operadora telefónica ONI, foi decidido reencaminhar as chamadas para os comandos metropolitanos da PSP. Por sua vez, a operadora ONI, diz que não tem nada a adiantar sobre a falha, cabendo essa função ao INEM. Quanto ao INEM, 3 dias depois do sucedido, diz que continua a tentar obter pormenores da operadora ONI. Pior é impossível!
Conclusão semi-final: ninguém sabe quantos pedidos de ajuda (só a capital, recebe em média, 7.000 chamadas por dia), urgências e ocorrências ficaram sem resposta. Pudera! Numa emergência, ninguém está preocupado com as reclamações; o que as pessoas desejam é ver o seu problema solucionado. Reclamações, se as houver, virão mais tarde, e acabarão diluídas, como convém.
Conclusão final; ninguém sabe o que aconteceu, logo ninguém é responsável. Em última instância, os culpados foram aquelas pessoas que se deixaram envolver em problemas, tendo sido amarrotadas, assaltadas, adoecidas, feridas, incendiadas, mortas e já enterradas, exactamente quando o sistema 112 estava em baixo, devido a um grande problema tecnológico (terá sido algum choque?), que ninguém sabe decifrar. Se calhar, sem disso sabermos, estamos definitivamente, nas mãos da “divina providência”!
P
PS – Uma notícia divulgada em 18 de Janeiro 2007 diz-nos que, afinal, o governo não vai abrir nenhum inquérito, a respeito do caso de Odemira, porque na sua óptica, todos os procedimentos foram considerados correctos (???), até mesmo as inexcedíveis 7 horas de impasse, até à evacuação do acidentado. Quanto à ONI Telecom, esta acabou por assumir a responsabilidade, junto do INEM, pelo silêncio das linhas de emergência do 112. Isto, porém, não invalida tudo o que deixei escrito neste post, nem as conclusões que teci, aquando do caso LUZ DO SAMEIRO, e que são as seguintes: se imaginarmos uma catástrofe de grandes proporções, é legítimo que se pergunte se os meios de alerta e salvamento, tão louvados, apregoados, benzidos, publicitados e testados, estão à altura do que se exige deles.
Desta vez, voltou a não haver milagre. E desta vez vou voltar a fazer perguntas, que certamente voltarão a ficar sem resposta.
No passado dia 8 de Janeiro, um homem que seguia de bicicleta, no concelho de Odemira, sofreu um acidente provocado por um carro, que não parou, tendo ficado caído na estrada, com vários traumatismos. Às 7h29m o INEM é alertado e uma ambulância segue para o local do acidente. A equipa de socorristas tem dificuldade em estabilizar o ferido no local, seguindo para o SAP de Odemira, onde deu entrada às 8h12m. Aqui a equipa médica volta a sentir dificuldades em estabilizar o doente, e pede a sua transferência para um hospital de Lisboa. A ambulância dos bombeiros, contudo, não pode efectuar o transporte dado não dispor de equipamentos de suporte de vida, nem haver médico para acompanhar a vítima. Às 9h34m é accionado a VMER (viatura médica de emergência e reabilitação), com base em Beja. Uma hora depois a viatura chega a Odemira e concluiu que o doente necessitava de cuidados urgentes de neurocirurgia, especialidade que o hospital de Beja não dispõe. Assim sendo, é pedido um helicóptero para efectuar a evacuação para Lisboa, o qual sai de Odemira às 13h30m, acabando por aterrar no hospital de Santa Maria pelas 14h12m. Agora atente-se bem neste pormenor: a evacuação deste ferido grave acabou por levar 7 (sete) horas, acabando aquele por vir a falecer três dias depois, no dia 11 de Janeiro.
No meu artigo de há uns dias atrás, e a propósito do caso ocorrido com o pesqueiro LUZ DO SAMEIRO, eu disse o seguinte:
Os bombeiros disseram que não podiam fazer mais. Os socorros a náufragos disseram que não podiam fazer mais. A Marinha disse que não podia fazer mais. A Força Aérea disse que não conseguiu fazer mais do que fez, isto é, no limite, salvar um homem à beira do esgotamento. Entretanto, outros seis morreram, à vista da praia e à distância de uma pedrada. O tempo de resposta ao acidente foi fatal. Se toda a gente cumpriu com prontidão e eficácia, o que sucedeu afinal? Ninguém sabe. Dizem alguns entendidos que há serviços a atropelarem-se uns aos outros, descoordenados, cada um a tentar fazer o seu brilharete, para exibir os respectivos feitos e emblemas. Há quem diga que há desleixo, falta de profissionalismo e muito improviso. Será verdade?
Estamos agora com uma situação semelhante, muito embora os intervenientes tenham mudado. Neste caso tivemos bombeiros com ambulâncias sem equipamento adequado para movimentar feridos graves, temos o SAP sem capacidade para estabilizar acidentados em estado precário, temos hospitais sem a especialidade de neurocirurgia, e voltamos a ter um enorme buraco de tempo, fatal para qualquer acidentado grave, em que parece que nada se está a decidir, até que pelas 13h30, aparece finalmente o tão ansiado helicóptero para efectuar a evacuação.
Dizem os responsáveis que no socorro à vítima de Odemira todos «fizeram o que os meios disponíveis lhes permitiram» e que a intervenção dos profissionais decorreu «dentro da normalidade». Onde é que eu já ouvi este arrazoado? Se assim foi, se toda a gente cumpriu a sua função a tempo e horas, afinal o que é que correu mal, para que um ferido grave apenas tenha recebido tratamento adequado, sete (7) horas depois do acidente? Como último recurso a culpa é sempre da própria vítima.
No naufrágio do LUZ DO SAMEIRO, os meios de socorro adequados só chegaram ao local, três (3) horas depois do primeiro alerta, mas os pescadores é que foram os culpados. Deixaram as redes ensarilharem-se na hélice, provocando que o barco ficasse desgovernado e derivasse para a zona da rebentação. Além disso, talvez não soubessem nadar e não tinham os coletes salva-vidas vestidos. Só por isso são culpados, a dobrar, pelas suas próprias mortes.
No caso de Odemira, os meios de socorro e de evacuação levaram sete (7) horas a dar caminho a um acidentado em estado crítico, mas ele é que teve a culpa. Estava a pedalar com a bicicleta errada, no lugar errado e à hora errada. Se calhar, para branquear ainda mais a situação, ainda hão-de acabar por apurar que o dito era fumador ou hipertenso. A ser assim, ainda acaba por ser, dupla ou triplamente culpado, pela sua própria morte.
No caso daquele choque frontal da IP5, ocorrido há meses, em que um dos intervenientes morreu entre os destroços e os socorros levaram 45 minutos a chegar, quem é o culpado? Nem mais, nem menos que ele próprio, o morto, ao tentar fazer uma ultrapassagem sem visibilidade?
E aquele caso na IC19? Foi pedido um helicóptero para fazer uma evacuação difícil, em hora de ponta, mas o sinistrado acabou por morrer na berma da estrada, ao fim de 1 (uma) hora de espera. Quem foi o culpado? Ele mesmo, está claro, pois ia a conduzir sem o cinto de segurança.
Os erros, a negligência e o improviso de uns, senão mesmo os acasos fortuitos, servem para camuflar muita coisa, habitualmente as facilidades, o desleixo e a incompetência dos outros, encoberta também por alguma mentalidade corporativa. Sobre este caso de Odemira, o ministro Campos da Saúde informou que ia inteirar-se do que se passou. Esperemos que sim, e já agora, dava jeito que desse notícia das suas conclusões. Por isso, vamos ficar atentos e aguardar calmamente.
Mas isto não fica por aqui. No dia 15 de Janeiro, entre as 16h34 e as 17h15 (41 minutos), o número nacional de emergência, mais conhecido por 112, deixou de responder à chamada de quem a ele recorria, respectivamente nos distritos de Lisboa, Porto e Viseu. Esta terá sido a segunda vez, no espaço de duas semanas, que o 112 ficou mudo e quedo. O ministério da Administração Interna não deu muita importância ao caso e remeteu as explicações detalhadas para a PSP. A PSP limitou-se a informar que quando foi detectado o problema e depois de contactada a operadora telefónica ONI, foi decidido reencaminhar as chamadas para os comandos metropolitanos da PSP. Por sua vez, a operadora ONI, diz que não tem nada a adiantar sobre a falha, cabendo essa função ao INEM. Quanto ao INEM, 3 dias depois do sucedido, diz que continua a tentar obter pormenores da operadora ONI. Pior é impossível!
Conclusão semi-final: ninguém sabe quantos pedidos de ajuda (só a capital, recebe em média, 7.000 chamadas por dia), urgências e ocorrências ficaram sem resposta. Pudera! Numa emergência, ninguém está preocupado com as reclamações; o que as pessoas desejam é ver o seu problema solucionado. Reclamações, se as houver, virão mais tarde, e acabarão diluídas, como convém.
Conclusão final; ninguém sabe o que aconteceu, logo ninguém é responsável. Em última instância, os culpados foram aquelas pessoas que se deixaram envolver em problemas, tendo sido amarrotadas, assaltadas, adoecidas, feridas, incendiadas, mortas e já enterradas, exactamente quando o sistema 112 estava em baixo, devido a um grande problema tecnológico (terá sido algum choque?), que ninguém sabe decifrar. Se calhar, sem disso sabermos, estamos definitivamente, nas mãos da “divina providência”!
P
PS – Uma notícia divulgada em 18 de Janeiro 2007 diz-nos que, afinal, o governo não vai abrir nenhum inquérito, a respeito do caso de Odemira, porque na sua óptica, todos os procedimentos foram considerados correctos (???), até mesmo as inexcedíveis 7 horas de impasse, até à evacuação do acidentado. Quanto à ONI Telecom, esta acabou por assumir a responsabilidade, junto do INEM, pelo silêncio das linhas de emergência do 112. Isto, porém, não invalida tudo o que deixei escrito neste post, nem as conclusões que teci, aquando do caso LUZ DO SAMEIRO, e que são as seguintes: se imaginarmos uma catástrofe de grandes proporções, é legítimo que se pergunte se os meios de alerta e salvamento, tão louvados, apregoados, benzidos, publicitados e testados, estão à altura do que se exige deles.
quarta-feira, janeiro 17, 2007
Novo Aeroporto II
N
Na sequência do meu post sobre o NOVO AEROPORTO, publicado em 5 de Janeiro deste ano, tomei conhecimento de algumas diligências efectuadas sobre o mesmo assunto, pelo Arq. Luís Gonçalves, junto do ministro das Obras Públicas. Porque as dúvidas e os argumentos ali expostos, são de manifesto interesse público, passo a divulgar o referido documento:
E
Ex.mo Senhor Ministro das Obras Públicas,
Transportes e Comunicações
T
No passado mês de Maio, enviei uma mensagem electrónica a V. Ex.cia e uma outra a S. Ex.cia o Primeiro-ministro, solicitando um esclarecimento ao processo de decisão da localização do Novo Aeroporto de Lisboa.
Passado pouco mais de mês, recebi de ambas as partes ofícios informando-me que teria sido dada a devida atenção à minha mensagem e que as minhas considerações estariam a ser objecto de análise.
No entanto, não tendo desde então recebido qualquer esclarecimento, prossegui a análise dos vários estudos e documentos disponibilizados pelo Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações (ou por entidades por ele tuteladas), referentes aos processos do Novo Aeroporto de Lisboa e da Rede Ferroviária de Alta Velocidade, verificando a existência de algumas questões para as quais continuei a não encontrar resposta.
No dia 17 de Novembro, enviei um novo pedido de esclarecimento do qual voltei a não obter qualquer resposta.
Nesse sentido, venho novamente por este meio, como cidadão e contribuinte, solicitar a V. Ex.cia que providencie as respostas às seguintes questões, as quais me parecem legítimas e pertinentes:
1 - Porque é que o estudo elaborado pela ANA em 1994 (que identifica a Base Aérea do Montijo como a melhor localização para o novo aeroporto e que classifica a Ota como a pior e mais cara opção) não se encontra disponível no site da NAER?
2 - Porque é que o estudo elaborado pela Aeroports de Paris em 1999 (que recomenda a localização do NAL no Rio Frio e que classifica a Ota como pior opção) não justifica o facto de não ter sido sequer considerada a opção recomendada no estudo anterior?
3 - Porque é que todos os estudos e documentos disponibilizados, elaborados entre 1999 e 2005, incluindo o “Plano Director de Desenvolvimento do Aeroporto”, tiveram como premissa a localização na Ota, considerada nessa altura como a pior e mais cara opção?
4 - Porque é que o documento apresentado como suporte da decisão de localização na Ota é apenas um “Estudo Preliminar de Impacto Ambiental”, no qual questões determinantes para a localização de um aeroporto (operações aéreas, acessibilidades, impacto na economia) foram tratadas de um modo superficial, ou não foram sequer afloradas?
5 - Porque é que na ficha técnica do atrás referido “Estudo Preliminar de Impacto Ambiental” não constam especialistas nas áreas da aeronáutica e dos transportes?
6 - Porque é que o “Estudo Preliminar de Impacto Ambiental” para o aeroporto na Ota usou os dados dos Censos de 1991 para calcular o impacto do ruído das aeronaves sobre a população, quando existiam dados de 2001 e uma das freguesias mais afectadas (Carregado) mais do que duplicou a sua população desde 1991?
7 - Em que documento é que são comparados objectivamente (com outras hipóteses de localização) os impactos económicos e ambientais associados à opção da Ota (desafectação de 517 hectares de Reserva Ecológica Nacional; abate de cerca de 5000 sobreiros; movimentação de 50 milhões de m3 de terra; “encanamento” de uma bacia de 1000 hectares a montante do aeroporto; impermeabilização de uma enorme zona húmida; necessidade de expropriar 1270 hectares)?
8 - Em que documento é que se encontra identificada a coincidência do enfiamento de uma das pistas da Ota com o parque de Aveiras da Companhia Logística de Combustíveis (a apenas 8 Km) e avaliadas as consequência de um possível desastre económico e ecológico decorrentes de desastre com uma aeronave?
9 - Em que documento é que se encontra a avaliação do impacto da deslocalização do aeroporto no turismo e na economia da cidade e da Área Metropolitana de Lisboa?
10 - Em que documento é que se encontra a avaliação do impacto urbanístico decorrente da deslocalização do aeroporto para um local a 45 km do centro da capital?
11 - Em que documento é que se encontra a avaliação do impacto da deslocalização dos empregos e serviços decorrente da mudança do aeroporto para a Ota?
12 - Em que documento é que se encontra equacionado o cenário da necessidade de construir um outro aeroporto daqui a 40 anos, quando o Aeroporto da Ota se encontra saturado?
13 - Que medidas estão previstas para existir uma tributação especial das enormes mais-valias que terão os proprietários dos terrenos envolventes à zona do aeroporto (e não afectados pelas expropriações) que até ao momento estão classificados como Reserva Ecológica Nacional ou Reserva Agrícola Nacional e passarão a ser terrenos urbanizáveis?
14 - Em que documento se encontra a explicação para ter sido considerada preferível uma localização para o novo aeroporto que “roubará” mercado ao Aeroporto Sá Carneiro em detrimento de captar o mercado de Extremadura espanhola?
15 - Porque é que a localização na Base Aérea do Montijo não foi sequer considerada, quando apresenta inúmeras vantagens (14 Km ao centro da cidade, posição central na Área Metropolitana, facilmente articulável com o TGV, possibilidade de ligações fluviais, urbanisticamente controlável)?
16 - Qual é a explicação para que a articulação entre as duas infra-estruturas construídas de raiz (Aeroporto da Ota e Linha de Alta Velocidade Lisboa-Porto) obrigue a um transbordo de passageiros numa estação a 2 Km da aerogare?
17 - Porque é que se optou por uma localização para o aeroporto que implicará um traçado da Rede de Alta Velocidade com duas entradas distintas em Lisboa, cada uma delas avaliada num valor da ordem de mil milhões de euros (percurso Lisboa/Carregado e Terceira Travessia do Tejo), quando um aeroporto localizado na margem Sul funcionaria perfeitamente só com a nova ponte?
18 - Qual é o valor do sobre-custo do traçado da Linha de Alta Velocidade Lisboa-Porto na margem direita do Tejo, por oposição ao traçado pela margem esquerda, fazendo a travessia na zona de Santarém?
19 - Porque é que a ligação ao Porto de Sines será construída em bitola ibérica, quando bastava que o traçado da linha Lisboa-Madrid passasse a Sul da Serra de Monfurado (um aumento de apenas 8 Km) para que fosse viável a construção de um ramal de AV para Sines (e posteriormente para o Algarve) a partir de um nó a localizar em Santa Susana (concelho de Alcácer do Sal)?
20 - Na análise custo-benefício do investimento da Linha de Alta Velocidade Lisboa-Porto foi considerada a concorrência do Alfa Pendular (na actual Linha do Norte), o facto de o traçado não permitir o transporte de mercadorias e a necessidade de mudança de transporte para percorrer a distância das estações intermédias aos centro das respectivas cidades (Leiria, Coimbra, Aveiro)?
21 - Por último, em que relatório se encontra a recomendação da Ota como melhor localização para o novo aeroporto por comparação com as outras alternativas possíveis (Rio Frio, Base Aérea do Montijo, Campo de Tiro de Alcochete, Poceirão)?
Antecipadamente grato pela disponibilidade de V. Ex.cia para responder a estas 21 questões, subscrevo-me com os meus melhores cumprimentos,
Luís Maria Gonçalves, arqº
Na sequência do meu post sobre o NOVO AEROPORTO, publicado em 5 de Janeiro deste ano, tomei conhecimento de algumas diligências efectuadas sobre o mesmo assunto, pelo Arq. Luís Gonçalves, junto do ministro das Obras Públicas. Porque as dúvidas e os argumentos ali expostos, são de manifesto interesse público, passo a divulgar o referido documento:
E
Ex.mo Senhor Ministro das Obras Públicas,
Transportes e Comunicações
T
No passado mês de Maio, enviei uma mensagem electrónica a V. Ex.cia e uma outra a S. Ex.cia o Primeiro-ministro, solicitando um esclarecimento ao processo de decisão da localização do Novo Aeroporto de Lisboa.
Passado pouco mais de mês, recebi de ambas as partes ofícios informando-me que teria sido dada a devida atenção à minha mensagem e que as minhas considerações estariam a ser objecto de análise.
No entanto, não tendo desde então recebido qualquer esclarecimento, prossegui a análise dos vários estudos e documentos disponibilizados pelo Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações (ou por entidades por ele tuteladas), referentes aos processos do Novo Aeroporto de Lisboa e da Rede Ferroviária de Alta Velocidade, verificando a existência de algumas questões para as quais continuei a não encontrar resposta.
No dia 17 de Novembro, enviei um novo pedido de esclarecimento do qual voltei a não obter qualquer resposta.
Nesse sentido, venho novamente por este meio, como cidadão e contribuinte, solicitar a V. Ex.cia que providencie as respostas às seguintes questões, as quais me parecem legítimas e pertinentes:
1 - Porque é que o estudo elaborado pela ANA em 1994 (que identifica a Base Aérea do Montijo como a melhor localização para o novo aeroporto e que classifica a Ota como a pior e mais cara opção) não se encontra disponível no site da NAER?
2 - Porque é que o estudo elaborado pela Aeroports de Paris em 1999 (que recomenda a localização do NAL no Rio Frio e que classifica a Ota como pior opção) não justifica o facto de não ter sido sequer considerada a opção recomendada no estudo anterior?
3 - Porque é que todos os estudos e documentos disponibilizados, elaborados entre 1999 e 2005, incluindo o “Plano Director de Desenvolvimento do Aeroporto”, tiveram como premissa a localização na Ota, considerada nessa altura como a pior e mais cara opção?
4 - Porque é que o documento apresentado como suporte da decisão de localização na Ota é apenas um “Estudo Preliminar de Impacto Ambiental”, no qual questões determinantes para a localização de um aeroporto (operações aéreas, acessibilidades, impacto na economia) foram tratadas de um modo superficial, ou não foram sequer afloradas?
5 - Porque é que na ficha técnica do atrás referido “Estudo Preliminar de Impacto Ambiental” não constam especialistas nas áreas da aeronáutica e dos transportes?
6 - Porque é que o “Estudo Preliminar de Impacto Ambiental” para o aeroporto na Ota usou os dados dos Censos de 1991 para calcular o impacto do ruído das aeronaves sobre a população, quando existiam dados de 2001 e uma das freguesias mais afectadas (Carregado) mais do que duplicou a sua população desde 1991?
7 - Em que documento é que são comparados objectivamente (com outras hipóteses de localização) os impactos económicos e ambientais associados à opção da Ota (desafectação de 517 hectares de Reserva Ecológica Nacional; abate de cerca de 5000 sobreiros; movimentação de 50 milhões de m3 de terra; “encanamento” de uma bacia de 1000 hectares a montante do aeroporto; impermeabilização de uma enorme zona húmida; necessidade de expropriar 1270 hectares)?
8 - Em que documento é que se encontra identificada a coincidência do enfiamento de uma das pistas da Ota com o parque de Aveiras da Companhia Logística de Combustíveis (a apenas 8 Km) e avaliadas as consequência de um possível desastre económico e ecológico decorrentes de desastre com uma aeronave?
9 - Em que documento é que se encontra a avaliação do impacto da deslocalização do aeroporto no turismo e na economia da cidade e da Área Metropolitana de Lisboa?
10 - Em que documento é que se encontra a avaliação do impacto urbanístico decorrente da deslocalização do aeroporto para um local a 45 km do centro da capital?
11 - Em que documento é que se encontra a avaliação do impacto da deslocalização dos empregos e serviços decorrente da mudança do aeroporto para a Ota?
12 - Em que documento é que se encontra equacionado o cenário da necessidade de construir um outro aeroporto daqui a 40 anos, quando o Aeroporto da Ota se encontra saturado?
13 - Que medidas estão previstas para existir uma tributação especial das enormes mais-valias que terão os proprietários dos terrenos envolventes à zona do aeroporto (e não afectados pelas expropriações) que até ao momento estão classificados como Reserva Ecológica Nacional ou Reserva Agrícola Nacional e passarão a ser terrenos urbanizáveis?
14 - Em que documento se encontra a explicação para ter sido considerada preferível uma localização para o novo aeroporto que “roubará” mercado ao Aeroporto Sá Carneiro em detrimento de captar o mercado de Extremadura espanhola?
15 - Porque é que a localização na Base Aérea do Montijo não foi sequer considerada, quando apresenta inúmeras vantagens (14 Km ao centro da cidade, posição central na Área Metropolitana, facilmente articulável com o TGV, possibilidade de ligações fluviais, urbanisticamente controlável)?
16 - Qual é a explicação para que a articulação entre as duas infra-estruturas construídas de raiz (Aeroporto da Ota e Linha de Alta Velocidade Lisboa-Porto) obrigue a um transbordo de passageiros numa estação a 2 Km da aerogare?
17 - Porque é que se optou por uma localização para o aeroporto que implicará um traçado da Rede de Alta Velocidade com duas entradas distintas em Lisboa, cada uma delas avaliada num valor da ordem de mil milhões de euros (percurso Lisboa/Carregado e Terceira Travessia do Tejo), quando um aeroporto localizado na margem Sul funcionaria perfeitamente só com a nova ponte?
18 - Qual é o valor do sobre-custo do traçado da Linha de Alta Velocidade Lisboa-Porto na margem direita do Tejo, por oposição ao traçado pela margem esquerda, fazendo a travessia na zona de Santarém?
19 - Porque é que a ligação ao Porto de Sines será construída em bitola ibérica, quando bastava que o traçado da linha Lisboa-Madrid passasse a Sul da Serra de Monfurado (um aumento de apenas 8 Km) para que fosse viável a construção de um ramal de AV para Sines (e posteriormente para o Algarve) a partir de um nó a localizar em Santa Susana (concelho de Alcácer do Sal)?
20 - Na análise custo-benefício do investimento da Linha de Alta Velocidade Lisboa-Porto foi considerada a concorrência do Alfa Pendular (na actual Linha do Norte), o facto de o traçado não permitir o transporte de mercadorias e a necessidade de mudança de transporte para percorrer a distância das estações intermédias aos centro das respectivas cidades (Leiria, Coimbra, Aveiro)?
21 - Por último, em que relatório se encontra a recomendação da Ota como melhor localização para o novo aeroporto por comparação com as outras alternativas possíveis (Rio Frio, Base Aérea do Montijo, Campo de Tiro de Alcochete, Poceirão)?
Antecipadamente grato pela disponibilidade de V. Ex.cia para responder a estas 21 questões, subscrevo-me com os meus melhores cumprimentos,
Luís Maria Gonçalves, arqº
É Outro Vietname, Estúpido!
E
O presidente Bush já reconheceu os seus erros, já pediu desculpa por eles, mas ignorante e estúpido como é (imagem de marca!), aliado ao facto de continuar a ser atazanado pelos seus compinchas neo-conservadores, que trabalham nos bastidores da Casa Branca, recusou-se a fazer a agulha para outra solução, quanto à guerra no Iraque. Após uma invasão com pretextos baseados em mentiras (quase todos os presidentes americanos têm, invariavelmente, o hábito de mentirem ao Congresso e ao povo), continua a insistir na sua visão de uma vitória pantagruélica, em que a guerra civil será apagada como uma fogueirinha insignificante, o petróleo continuará a jorrar e a sua democracia de exportação, com mais uma injecção de 21.500 militares combatentes, irá ficar de pedra e cal para a posteridade.
Embora tenha encomendado o relatório Baker-Hamilton, o qual vaticina para a intervenção americana no Iraque um desastre garantido, e que para o evitar, propunha uma retirada honrosa e faseada, em simultâneo com uma ofensiva diplomática regional, destinada a salvar a face dos EUA, o presidente, que insiste em não aprender nada, fez orelhas moucas dos conselhos do relatório, e engrenou novamente o seu discurso de “vitória”, correndo a pedir ao Senado mais um reforço de 6,8 mil milhões de dólares e o reforço da capacidade de mobilização para 90.000 militares, de forma a poder satisfazer a rotação das unidades militares no terreno, ao mesmo tempo que começou a responsabilizar e a exigir, com veemência, do “seu” governo iraquiano, o cumprimento da sua parte do “contrato”, que terá a ver com o controle e pacificação das várias milícias que operam no território.
Repete-se a estratégia adoptada na guerra do Vietname (1964-1975), com algumas variantes. Tal como no Iraque, também no Vietname, a intervenção americana começou com um falso pretexto, tendo sido invocado um incidente que nunca teria acontecido, entre os norte-vietnamitas e os navios USS Maddox e USS C.Turney Joy, os quais patrulhavam o golfo de Tonquim, em Julho de 1964. Depois foi a escalada militar, ocorrida na sequência da ofensiva do Tet em 1968, que marcou uma viragem no curso da guerra e impulsionou a oposição da opinião pública norte-americana em relação à guerra, já que correspondia a uma cada vez maior mobilização, com os militares americanos em missão no Vietname a atingirem mais de meio milhão, ao mesmo tempo que a Casa Branca e o Pentágono insistiam em dizer que estava em curso a “vietnamização” do conflito, isto é, estavam a equipar e preparar as forças armadas do Vietname do Sul para enfrentarem sozinhas os guerrilheiros Vietcong e as forças regulares do Vietname do Norte. No Iraque, 4 anos após a invasão, o objectivo deixou de ser a transição da ditadura para a democracia, mas apenas a estabilização da situação, já que a democracia, dizem os entendidos, tenderá a ser fatalmente imperfeita. Quanto ao reforço do contingente americano, tem por objectivo equipar e dar formação ao exército e às forças de segurança, a fim de que a confrontação entre xiitas e sunitas, e entre estas duas e o próprio invasor americano, possam ser asseguradas pelo governo iraquiano, ele mesmo considerado um produto e fantoche pró-americano, tal como aconteceu no Vietname há três décadas atrás, com o presidente Van Thieu.
Embora o próprio Bush já tenha reconhecido que há semelhanças entre a guerra que os americanos enfrentaram no Vietname, há trinta anos atrás, e aquela que hoje se trava no Iraque, contra as opiniões dos especialistas e dos sinais em contrário, continua a garantir que ainda não se verificou qualquer inversão nos objectivos, portanto, sigamos em frente rumo ao desastre.
Resumindo e concluindo: o mal está feito. Foi levada a cabo uma invasão baseada em mentiras, apeou-se a ditadura, eliminou-se o ditador, morreram dezenas de milhares de iraquianos, acabou por se encomendar uma guerra civil, intercalada de guerra de libertação, que põe em jogo centenas de milhares de vidas humanas, e por mais que digam ao inquilino da Casa Branca que está a correr um risco tremendo, e pelo meio lhe gritem aos ouvidos que “é outro Vietname, estúpido!”, ninguém o trava e ele continua a insistir, alegre e indiferente, na sua guerra privada contra o terrorismo.
O presidente Bush já reconheceu os seus erros, já pediu desculpa por eles, mas ignorante e estúpido como é (imagem de marca!), aliado ao facto de continuar a ser atazanado pelos seus compinchas neo-conservadores, que trabalham nos bastidores da Casa Branca, recusou-se a fazer a agulha para outra solução, quanto à guerra no Iraque. Após uma invasão com pretextos baseados em mentiras (quase todos os presidentes americanos têm, invariavelmente, o hábito de mentirem ao Congresso e ao povo), continua a insistir na sua visão de uma vitória pantagruélica, em que a guerra civil será apagada como uma fogueirinha insignificante, o petróleo continuará a jorrar e a sua democracia de exportação, com mais uma injecção de 21.500 militares combatentes, irá ficar de pedra e cal para a posteridade.
Embora tenha encomendado o relatório Baker-Hamilton, o qual vaticina para a intervenção americana no Iraque um desastre garantido, e que para o evitar, propunha uma retirada honrosa e faseada, em simultâneo com uma ofensiva diplomática regional, destinada a salvar a face dos EUA, o presidente, que insiste em não aprender nada, fez orelhas moucas dos conselhos do relatório, e engrenou novamente o seu discurso de “vitória”, correndo a pedir ao Senado mais um reforço de 6,8 mil milhões de dólares e o reforço da capacidade de mobilização para 90.000 militares, de forma a poder satisfazer a rotação das unidades militares no terreno, ao mesmo tempo que começou a responsabilizar e a exigir, com veemência, do “seu” governo iraquiano, o cumprimento da sua parte do “contrato”, que terá a ver com o controle e pacificação das várias milícias que operam no território.
Repete-se a estratégia adoptada na guerra do Vietname (1964-1975), com algumas variantes. Tal como no Iraque, também no Vietname, a intervenção americana começou com um falso pretexto, tendo sido invocado um incidente que nunca teria acontecido, entre os norte-vietnamitas e os navios USS Maddox e USS C.Turney Joy, os quais patrulhavam o golfo de Tonquim, em Julho de 1964. Depois foi a escalada militar, ocorrida na sequência da ofensiva do Tet em 1968, que marcou uma viragem no curso da guerra e impulsionou a oposição da opinião pública norte-americana em relação à guerra, já que correspondia a uma cada vez maior mobilização, com os militares americanos em missão no Vietname a atingirem mais de meio milhão, ao mesmo tempo que a Casa Branca e o Pentágono insistiam em dizer que estava em curso a “vietnamização” do conflito, isto é, estavam a equipar e preparar as forças armadas do Vietname do Sul para enfrentarem sozinhas os guerrilheiros Vietcong e as forças regulares do Vietname do Norte. No Iraque, 4 anos após a invasão, o objectivo deixou de ser a transição da ditadura para a democracia, mas apenas a estabilização da situação, já que a democracia, dizem os entendidos, tenderá a ser fatalmente imperfeita. Quanto ao reforço do contingente americano, tem por objectivo equipar e dar formação ao exército e às forças de segurança, a fim de que a confrontação entre xiitas e sunitas, e entre estas duas e o próprio invasor americano, possam ser asseguradas pelo governo iraquiano, ele mesmo considerado um produto e fantoche pró-americano, tal como aconteceu no Vietname há três décadas atrás, com o presidente Van Thieu.
Embora o próprio Bush já tenha reconhecido que há semelhanças entre a guerra que os americanos enfrentaram no Vietname, há trinta anos atrás, e aquela que hoje se trava no Iraque, contra as opiniões dos especialistas e dos sinais em contrário, continua a garantir que ainda não se verificou qualquer inversão nos objectivos, portanto, sigamos em frente rumo ao desastre.
Resumindo e concluindo: o mal está feito. Foi levada a cabo uma invasão baseada em mentiras, apeou-se a ditadura, eliminou-se o ditador, morreram dezenas de milhares de iraquianos, acabou por se encomendar uma guerra civil, intercalada de guerra de libertação, que põe em jogo centenas de milhares de vidas humanas, e por mais que digam ao inquilino da Casa Branca que está a correr um risco tremendo, e pelo meio lhe gritem aos ouvidos que “é outro Vietname, estúpido!”, ninguém o trava e ele continua a insistir, alegre e indiferente, na sua guerra privada contra o terrorismo.
segunda-feira, janeiro 15, 2007
Os Meus 14 PP (1)
O
Estes são os meus 14 PP, apenas de há 3 anos para cá, e depois de uma aturada selecção. Para que não haja invejas, estão ordenados por ordem alfabética e não por grau de mediocridade ou irrelevância.
O
Os Albertos (o João e o Costa)
O Avelino
A Carmo
O Correia
O Engenhóquio (2)
A Fatinha
O Gil (3)
O Jaime
O Jorge
O Lopes
A Lurdes
O Manel
O Sarmento
O
(1) PP = Piores Portugueses
(2) Fusão fria de Engenheiro com Pinóquio. A primeira vez que tomei contacto com esta nova estirpe de intrujões, foi quando a JCP, durante o ano de 2006, passou a tratar o presidente da câmara de Loures, Carlos Teixeira, de Teixeiróquio, dado aquele ter convencido os eleitores da freguesia da Portela, de que se conseguisse ganhar as eleições autárquicas, reiniciaria a construção das piscinas municipais, paradas há mais de uma década, e faria a sua inauguração em 2006. Após a tomada de posse, rapidamente esqueceu a promessa, e a inauguração ficou a aguardar melhores dias. Bem conversadinho, talvez volte a funcionar como nova promessa, nas próximas eleições autárquicas.
(3) Não é o da Expo98
Estes são os meus 14 PP, apenas de há 3 anos para cá, e depois de uma aturada selecção. Para que não haja invejas, estão ordenados por ordem alfabética e não por grau de mediocridade ou irrelevância.
O
Os Albertos (o João e o Costa)
O Avelino
A Carmo
O Correia
O Engenhóquio (2)
A Fatinha
O Gil (3)
O Jaime
O Jorge
O Lopes
A Lurdes
O Manel
O Sarmento
O
(1) PP = Piores Portugueses
(2) Fusão fria de Engenheiro com Pinóquio. A primeira vez que tomei contacto com esta nova estirpe de intrujões, foi quando a JCP, durante o ano de 2006, passou a tratar o presidente da câmara de Loures, Carlos Teixeira, de Teixeiróquio, dado aquele ter convencido os eleitores da freguesia da Portela, de que se conseguisse ganhar as eleições autárquicas, reiniciaria a construção das piscinas municipais, paradas há mais de uma década, e faria a sua inauguração em 2006. Após a tomada de posse, rapidamente esqueceu a promessa, e a inauguração ficou a aguardar melhores dias. Bem conversadinho, talvez volte a funcionar como nova promessa, nas próximas eleições autárquicas.
(3) Não é o da Expo98
Oremos
O
Paulo Macedo é Director-Geral das Contribuições e Impostos (DGCI).
Paulo Macedo, vindo dos quadros do BCP, e auferindo um salário milionário, que excede largamente a tabela salarial dos funcionários públicos, tem tido grande sucesso e averbado merecidos elogios, nas acções que tem desencadeado contra o incumprimento, fraude e evasão fiscal.
Paulo Macedo encomendou uma missa de acção de graças, a ter lugar às 18h30m do dia 11-1-2007, na Sé Patriarcal de Lisboa, para agradecer os bons êxitos que a sua Direcção-Geral tem obtido.
Paulo Macedo convidou todos os seus subordinados a partilharem consigo a referida missa. É evidente que se auto-excluíram da comparência a esta manifestação religiosa, todos os funcionários ateus ou com qualquer outra confissão religiosa, que não a católica, muito embora possam estar incluídos entre os mais leais, diligentes e competentes daquela Direcção-Geral.
O ministro das finanças, Teixeira dos Santos, instado a comentar o inusitado evento, contrapôs que o Estado é laico, coisa em que julgávamos acreditar, muito embora pareça que há várias sensibilidades sobre a questão, que cada um é livre de encomendar as missas que entender, o que também não contestamos, e que cada um é livre de ir ou não ir ao ofício religioso, coisa que também se pensa que foi o que aconteceu. No entanto, não explicou porque é que apenas foram contemplados os fiéis do rito católico, apostólico, romano, o que pode vir a criar sérias perturbações, ao nível dos serviços fiscais, em resultado de possíveis conflitos de natureza confessional. Também não explicou porque é que o acontecimento foi tão publicitado e mediatizado, com grande aparato de jornalistas e televisões, os quais, espante-se, não puderam assistir ao ofício. À última questão, apenas o patriarcado poderá responder: Porque terá sido que fez o trabalho de graça? Terá a Opus Dei alguma coisa a ver com o caso? Podia ter sido evitada toda esta polémica e o grotesco com ela associada, se o senhor Paulo Macedo, em vez de ter mandado rezar uma missa, tivesse optado, já não digo um jantar, porque estamos em crise, mas por um simples lanche de confraternização. Garanto que teria aparecido quase toda agente, e o sucesso teria sido enorme!
Paulo Macedo é Director-Geral das Contribuições e Impostos (DGCI).
Paulo Macedo, vindo dos quadros do BCP, e auferindo um salário milionário, que excede largamente a tabela salarial dos funcionários públicos, tem tido grande sucesso e averbado merecidos elogios, nas acções que tem desencadeado contra o incumprimento, fraude e evasão fiscal.
Paulo Macedo encomendou uma missa de acção de graças, a ter lugar às 18h30m do dia 11-1-2007, na Sé Patriarcal de Lisboa, para agradecer os bons êxitos que a sua Direcção-Geral tem obtido.
Paulo Macedo convidou todos os seus subordinados a partilharem consigo a referida missa. É evidente que se auto-excluíram da comparência a esta manifestação religiosa, todos os funcionários ateus ou com qualquer outra confissão religiosa, que não a católica, muito embora possam estar incluídos entre os mais leais, diligentes e competentes daquela Direcção-Geral.
O ministro das finanças, Teixeira dos Santos, instado a comentar o inusitado evento, contrapôs que o Estado é laico, coisa em que julgávamos acreditar, muito embora pareça que há várias sensibilidades sobre a questão, que cada um é livre de encomendar as missas que entender, o que também não contestamos, e que cada um é livre de ir ou não ir ao ofício religioso, coisa que também se pensa que foi o que aconteceu. No entanto, não explicou porque é que apenas foram contemplados os fiéis do rito católico, apostólico, romano, o que pode vir a criar sérias perturbações, ao nível dos serviços fiscais, em resultado de possíveis conflitos de natureza confessional. Também não explicou porque é que o acontecimento foi tão publicitado e mediatizado, com grande aparato de jornalistas e televisões, os quais, espante-se, não puderam assistir ao ofício. À última questão, apenas o patriarcado poderá responder: Porque terá sido que fez o trabalho de graça? Terá a Opus Dei alguma coisa a ver com o caso? Podia ter sido evitada toda esta polémica e o grotesco com ela associada, se o senhor Paulo Macedo, em vez de ter mandado rezar uma missa, tivesse optado, já não digo um jantar, porque estamos em crise, mas por um simples lanche de confraternização. Garanto que teria aparecido quase toda agente, e o sucesso teria sido enorme!
domingo, janeiro 14, 2007
SIM!
J
J
Já nem falo das visões apocalípticas do monsenhor reitor do santuário de Fátima, que falou de corpos desmembrados de fetos lançados para os baldes hospitalares e para as lixeiras. Mas repudio e contesto, com veemência, a degradante e despudorada campanha da igreja católica a favor dos motivos do NÃO e contra as razões do SIM, indiferente aos argumentos científicos, misturando as aparições de Fátima com invocações, a despropósito, de crianças que serão brutalmente assassinadas antes de poderem dar o primeiro gemido.
Em contrapartida, compreendo alguns dos argumentos, laterais aos objectivos deste referendo, tanto de quem é pelo SIM, como de quem é pelo NÃO.
Porque há longo tempo que é insustentável a moldura penal que anda associada com a IVG (interrupção voluntária da gravidez), mais uma vez irei votar pelo SIM.
E direi mais: sou também pelo SIM à eutanásia, e só espero que comecemos, quanto mais cedo melhor, a acordar para o problema. Para já, prometo voltar a tocar no assunto.
Em contrapartida, compreendo alguns dos argumentos, laterais aos objectivos deste referendo, tanto de quem é pelo SIM, como de quem é pelo NÃO.
Porque há longo tempo que é insustentável a moldura penal que anda associada com a IVG (interrupção voluntária da gravidez), mais uma vez irei votar pelo SIM.
E direi mais: sou também pelo SIM à eutanásia, e só espero que comecemos, quanto mais cedo melhor, a acordar para o problema. Para já, prometo voltar a tocar no assunto.
sábado, janeiro 13, 2007
Emigrantes
E
No tempo da ditadura salazarista, a emigração não era reconhecida como um fenómeno português, pelos motivos óbvios. Se o governo reconhecesse que o povo emigrava para ir ganhar o pão noutros países, isso seria admitir que em Portugal grassava a mais infame das misérias. Se o governo reconhecesse que o povo emigrava para fugir à tropa e à guerra colonial, isso seria admitir que havia em Portugal quem não se queria deixar imolar por uma causa sem sentido. Lá longe, os emigrantes iam lutando pela vida nos “bidon-ville”, negados e ignorados pela quadrilha que nos governava. Eis o país que fomos!
Hoje voltamos ao mesmo, sob outras formas. Fingindo que o ressurgimento da emigração por razões económicas, é um fenómeno efémero e insignificante, e desprezando as comunidades portuguesas instaladas, fecham-se consulados, ao mesmo tempo que o governo vai acenando com uma hipotética e palavrosa reestruturação consular, onde tudo se poderá resolver com um punhado de quiosques ligados à Internet, isto é, um “choque tecnológico” à boa maneira portuguesa, que afasta cada vez mais os portugueses das suas raízes. Nem o facto de as remessas dos emigrantes representarem 1,23% do P.I.B., sensibilizou este governo. Com uma política em que as pessoas deixaram de estar em primeiro lugar, corta-se a direito nas despesas, mesmo que isso vá afectar os serviços essenciais para quem está fora do país, bem como a própria imagem de Portugal no exterior. Se já mandamos os bebés portugueses irem nascer a Badajoz, porque não convidar os emigrantes a deixarem de incomodar e serem um encargo a menos para a pátria? Eis o país que continuamos a ser!
No tempo da ditadura salazarista, a emigração não era reconhecida como um fenómeno português, pelos motivos óbvios. Se o governo reconhecesse que o povo emigrava para ir ganhar o pão noutros países, isso seria admitir que em Portugal grassava a mais infame das misérias. Se o governo reconhecesse que o povo emigrava para fugir à tropa e à guerra colonial, isso seria admitir que havia em Portugal quem não se queria deixar imolar por uma causa sem sentido. Lá longe, os emigrantes iam lutando pela vida nos “bidon-ville”, negados e ignorados pela quadrilha que nos governava. Eis o país que fomos!
Hoje voltamos ao mesmo, sob outras formas. Fingindo que o ressurgimento da emigração por razões económicas, é um fenómeno efémero e insignificante, e desprezando as comunidades portuguesas instaladas, fecham-se consulados, ao mesmo tempo que o governo vai acenando com uma hipotética e palavrosa reestruturação consular, onde tudo se poderá resolver com um punhado de quiosques ligados à Internet, isto é, um “choque tecnológico” à boa maneira portuguesa, que afasta cada vez mais os portugueses das suas raízes. Nem o facto de as remessas dos emigrantes representarem 1,23% do P.I.B., sensibilizou este governo. Com uma política em que as pessoas deixaram de estar em primeiro lugar, corta-se a direito nas despesas, mesmo que isso vá afectar os serviços essenciais para quem está fora do país, bem como a própria imagem de Portugal no exterior. Se já mandamos os bebés portugueses irem nascer a Badajoz, porque não convidar os emigrantes a deixarem de incomodar e serem um encargo a menos para a pátria? Eis o país que continuamos a ser!
Os Vivos e os Mortos
O
Neste século XXI, à falta da poderem prender, torturar, julgar e entregar os heréticos, VIVOS e a espernearem, ao braço secular, para que aquele consumasse em auto-de-fé o respectivo churrasco de carne humana, a igreja católica romana de HOJE, comete as mais variadas ignomínias, das possíveis até às impossíveis, sobre o corpo dos MORTOS. Como se os pobres dos MORTOS se importassem com os anátemas e sentenças de um punhado de padrecos fanáticos, e o ódio requintado com que os “especialistas” do Vaticano, em questões de fé, se esmeram a descarregar sobre eles. A inquisição foi das piores coisas que podia ter acontecido à Humanidade, e impossibilitada de voltar a exercer o seu poder desmedido de outras épocas, o que sobrou foi continuar a tentar aterrorizar os VIVOS, socorrendo-se de refinadas sevícias sobre a memória dos MORTOS. Reflictam sobre o seguinte caso que transcrevo:
O
“Esta ortodoxia na morte parece estar a tornar-se praxis comum em Itália, pelo menos por parte do padre Fernando Di Fiore - com todo o apoio da hierarquia católica local - que considera não serem católicos na morte aqueles que não seguiram estritamente os ditames do Vaticano em vida (Ah Cristo, se cá voltasses!... acrescento eu). Assim, não oficiou ao funeral de um homem que suspeitava ter ligações às Testemunhas do Jeová, não obstante os protestos em contrário da família, e recusou «encomendar a alma» de um homem que, horror dos horrores, tinha quebrado os «sagrados» laços do matrimónio e vivia em pecaminoso «concubinato» - isto é, tinha-se casado civilmente após um divórcio. (Ah Cristo e Maria Madalena, na hipótese de voltarem, que voltem de mão dada… acrescento eu)”
Palmira F. da Silva, in Funerais e Bonifrates, no blog DIÁRIO ATEÍSTA em 9/Jan/2007
Neste século XXI, à falta da poderem prender, torturar, julgar e entregar os heréticos, VIVOS e a espernearem, ao braço secular, para que aquele consumasse em auto-de-fé o respectivo churrasco de carne humana, a igreja católica romana de HOJE, comete as mais variadas ignomínias, das possíveis até às impossíveis, sobre o corpo dos MORTOS. Como se os pobres dos MORTOS se importassem com os anátemas e sentenças de um punhado de padrecos fanáticos, e o ódio requintado com que os “especialistas” do Vaticano, em questões de fé, se esmeram a descarregar sobre eles. A inquisição foi das piores coisas que podia ter acontecido à Humanidade, e impossibilitada de voltar a exercer o seu poder desmedido de outras épocas, o que sobrou foi continuar a tentar aterrorizar os VIVOS, socorrendo-se de refinadas sevícias sobre a memória dos MORTOS. Reflictam sobre o seguinte caso que transcrevo:
O
“Esta ortodoxia na morte parece estar a tornar-se praxis comum em Itália, pelo menos por parte do padre Fernando Di Fiore - com todo o apoio da hierarquia católica local - que considera não serem católicos na morte aqueles que não seguiram estritamente os ditames do Vaticano em vida (Ah Cristo, se cá voltasses!... acrescento eu). Assim, não oficiou ao funeral de um homem que suspeitava ter ligações às Testemunhas do Jeová, não obstante os protestos em contrário da família, e recusou «encomendar a alma» de um homem que, horror dos horrores, tinha quebrado os «sagrados» laços do matrimónio e vivia em pecaminoso «concubinato» - isto é, tinha-se casado civilmente após um divórcio. (Ah Cristo e Maria Madalena, na hipótese de voltarem, que voltem de mão dada… acrescento eu)”
Palmira F. da Silva, in Funerais e Bonifrates, no blog DIÁRIO ATEÍSTA em 9/Jan/2007
sexta-feira, janeiro 12, 2007
Cliente Satisfeito...
H
Houve quem dissesse que as notícias que deram a conhecer que o GOVERNO ESTÁ A ESTUDAR UM NOVO IMPOSTO PARA A SAÚDE, baseadas nas conclusões de um relatório encomendado pelo ministério do senhor Campos, estavam a exceder-se e primavam pela falta de rigor. Ora isso não é exactamente verdade. Entre muitas e ajuizadas avaliações, duas das conclusões a que o tal relatório chegou foi que “no caso de um crescimento muito acelerado dos custos unitários de prestação de cuidados médicos, a actualização das taxas moderadoras deverá ser superior à inflação”, e que também “há necessidade de introduzir reforços no financiamento do SNS não excluindo qualquer possibilidade”. Bem vistas as coisas, com estas deixas, o senhor Campos, com tão pouco de médico e muito de comerciante, volta a ter pretextos e campo aberto para continuar a “negociar”, “vender” e “revender” a saúde dos portugueses.
Os grupos de trabalho, as auditorias, as comissões de sábios, os peritos, e outras entidades que elaboram estudos e relatórios, a pedido do governo, habitualmente, são chamadas a efectuar esses estudos e a darem pareceres, para que estes venham depois a servir de suporte técnico e argumento de autoridade para que o governo avance com as medidas que projectou. A lealdade é uma virtude sublime, mas nestes casos, em particular, não deveria ser essa a filosofia, pois a verdade não tem preço (dizem!). Como é habitual em Portugal, e confirma-o a experiência, os autores desses estudos, nas suas conclusões, têm por hábito nunca contrariar os desejos e propósitos do cliente que pagou o serviço.
Os grupos de trabalho, as auditorias, as comissões de sábios, os peritos, e outras entidades que elaboram estudos e relatórios, a pedido do governo, habitualmente, são chamadas a efectuar esses estudos e a darem pareceres, para que estes venham depois a servir de suporte técnico e argumento de autoridade para que o governo avance com as medidas que projectou. A lealdade é uma virtude sublime, mas nestes casos, em particular, não deveria ser essa a filosofia, pois a verdade não tem preço (dizem!). Como é habitual em Portugal, e confirma-o a experiência, os autores desses estudos, nas suas conclusões, têm por hábito nunca contrariar os desejos e propósitos do cliente que pagou o serviço.
quinta-feira, janeiro 11, 2007
O Melhor do Pior
O
Como é que se pode pedir a um industrial de táxis que deixe parado o seu carro durante 52 dias no ano (1 dia por semana, 14,2% ao ano), quando o investimento que ele fez foi para ter esse carro, excluindo as inspecções e hipotéticas avarias, a trabalhar 365 dias no ano? Eis mais uma ideia brilhante evacuada pelos cérebros dos homens deste governo, ligados à área dos transportes e das obras públicas, subitamente preocupados com os níveis de poluição e a qualidade do ar das cidades portuguesas. Em contrapartida, nada se pretende fazer quanto às hordas de carros particulares que continuam a invadir, na mais perfeita anarquia, as ruas e passeios das cidades. Falta referir que a rede de transportes públicos continua a não satisfazer as necessidades das populações, havendo casos em que, ao contrário de melhorar, piorou a prestação de serviços (veja-se o caso dos STCP do Porto), adiando o objectivo de desmobilizar as pessoas do recurso aos veículos particulares.
O
O senhor Arménio Matias, gestor ligado à área dos transportes, esteve durante 6 (seis) anos como administrador da CP, a receber 3.500 Euros mensais, com direito a telemóvel, automóvel e secretária assistente, porém, sem qualquer pelouro distribuído e “sem fazer rigorosamente nada”, como ele próprio o disse. Sabe-se, entretanto, que existem outros casos semelhantes, de altos quadros remetidos para prateleiras douradas, sem nada para fazer, apenas com o objectivo de eles se remeterem ao silêncio e não incomodarem. Entretanto, cá estão os impostos dos contribuintes e os fatais aumentos das tarifas dos transportes, das taxas moderadoras, da energia, das comunicações e outros serviços básicos, para suportarem estas aberrações e extravagâncias.
Como é que se pode pedir a um industrial de táxis que deixe parado o seu carro durante 52 dias no ano (1 dia por semana, 14,2% ao ano), quando o investimento que ele fez foi para ter esse carro, excluindo as inspecções e hipotéticas avarias, a trabalhar 365 dias no ano? Eis mais uma ideia brilhante evacuada pelos cérebros dos homens deste governo, ligados à área dos transportes e das obras públicas, subitamente preocupados com os níveis de poluição e a qualidade do ar das cidades portuguesas. Em contrapartida, nada se pretende fazer quanto às hordas de carros particulares que continuam a invadir, na mais perfeita anarquia, as ruas e passeios das cidades. Falta referir que a rede de transportes públicos continua a não satisfazer as necessidades das populações, havendo casos em que, ao contrário de melhorar, piorou a prestação de serviços (veja-se o caso dos STCP do Porto), adiando o objectivo de desmobilizar as pessoas do recurso aos veículos particulares.
O
O senhor Arménio Matias, gestor ligado à área dos transportes, esteve durante 6 (seis) anos como administrador da CP, a receber 3.500 Euros mensais, com direito a telemóvel, automóvel e secretária assistente, porém, sem qualquer pelouro distribuído e “sem fazer rigorosamente nada”, como ele próprio o disse. Sabe-se, entretanto, que existem outros casos semelhantes, de altos quadros remetidos para prateleiras douradas, sem nada para fazer, apenas com o objectivo de eles se remeterem ao silêncio e não incomodarem. Entretanto, cá estão os impostos dos contribuintes e os fatais aumentos das tarifas dos transportes, das taxas moderadoras, da energia, das comunicações e outros serviços básicos, para suportarem estas aberrações e extravagâncias.
quarta-feira, janeiro 10, 2007
Voando sobre a República dos Lorpas
V
Respeitando a disciplina partidária, que é uma coisa bonita de se ver, menos quando estão em causa direitos humanos e atropelos à soberania nacional, o PS vai votar contra a proposta do PCP, para a constituição de uma comissão de inquérito parlamentar destinada a averiguar sobre a veracidade dos alegados voos da CIA, que teriam escalado território nacional, com detidos acusados de terrorismo. A referida proposta foi considerada “inoportuna”, dado continuar a haver desconhecimento total, por parte das autoridades, da existência de “indícios de algo ilegal ou inconstitucional”. Na verdade, o que o governo e o grupo parlamentar do PS têm tentado fazer é evitar o rompimento da cortina de silêncio que se organizou à volta daqueles voos, contrariando a posição de abertura, que a generalidade dos países europeus adoptou sobre o assunto. A única voz dissonante tem sido a da deputada europeia Ana Gomes, a qual numa recente visita aos Açores, recolheu depoimentos de pessoas que assistiram, na base aérea das Lages, ao embarque e desembarque de grupos de prisioneiros agrilhoados. Tal como ela diz, é urgente que seja levada a cabo “uma investigação governamental, parlamentar ou judicial que dê garantias de protecção contra qualquer tipo de represálias às testemunhas. Garantias que eu [Ana Gomes], obviamente, não posso dar - e por isso não devo revelar as minhas fontes, deixando-as desprotegidas.”
O governo, convencido que anda a fazer um grande serviço aos amigos americanos, esquece-se que, de facto, anda a fazer, dentro e fora do país, uma ridícula figura de lorpa.
Respeitando a disciplina partidária, que é uma coisa bonita de se ver, menos quando estão em causa direitos humanos e atropelos à soberania nacional, o PS vai votar contra a proposta do PCP, para a constituição de uma comissão de inquérito parlamentar destinada a averiguar sobre a veracidade dos alegados voos da CIA, que teriam escalado território nacional, com detidos acusados de terrorismo. A referida proposta foi considerada “inoportuna”, dado continuar a haver desconhecimento total, por parte das autoridades, da existência de “indícios de algo ilegal ou inconstitucional”. Na verdade, o que o governo e o grupo parlamentar do PS têm tentado fazer é evitar o rompimento da cortina de silêncio que se organizou à volta daqueles voos, contrariando a posição de abertura, que a generalidade dos países europeus adoptou sobre o assunto. A única voz dissonante tem sido a da deputada europeia Ana Gomes, a qual numa recente visita aos Açores, recolheu depoimentos de pessoas que assistiram, na base aérea das Lages, ao embarque e desembarque de grupos de prisioneiros agrilhoados. Tal como ela diz, é urgente que seja levada a cabo “uma investigação governamental, parlamentar ou judicial que dê garantias de protecção contra qualquer tipo de represálias às testemunhas. Garantias que eu [Ana Gomes], obviamente, não posso dar - e por isso não devo revelar as minhas fontes, deixando-as desprotegidas.”
O governo, convencido que anda a fazer um grande serviço aos amigos americanos, esquece-se que, de facto, anda a fazer, dentro e fora do país, uma ridícula figura de lorpa.
segunda-feira, janeiro 08, 2007
Pequena Galeria II
PMais 6 quadros executados com tinta acrílica sobre tela, do meu estimado amigo Joaquim Guerreiro (QUIM ZÉ). Seja nestas, seja nas obras anteriormente expostas na outra PEQUENA GALERIA, aprecio especialmente o ritmo e a cadência das suas composições, a exuberância das formas e a fogosidade das cores.
P
P
O Joaquim Guerreiro está contactável no seu E-MAIL .
Incomodidades
I
João Cravinho já anda a sair dos eixos há tempo demais, desde que adoptou aquela mania da perseguição à corrupção, ao sigilo bancário e aos enriquecimentos ilícitos, razão porque o engenheiro Sócrates, cada vez mais incomodado com aqueles excessos e propósitos (já lá vai o tempo em que o ministro Cravinho desmantelou a JAE, por ser um ninho de corrupção e favorecimentos), e do desassossego que tem provocado na bancada parlamentar do PS (diz a experiência que onde há resistências é porque há interesses instalados), em vez de bani-lo ou ostracizá-lo, decidiu exilá-lo. Se fosse o PC, mandava-o colar cartazes ou servir “cachorros” na Festa do Avante!; como é o PS, partido do governo, e com poder absoluto sobre todos as almas, tachos, púcaros e quejandos, manda-o ir coachar para o Reino Unido.
Porém, para que não começassem a chover as reclamações e as vozes indignadas, o tal degredo vai ser dourado, nada mais, nada menos, que a administração do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD). Tal como aconteceu com o rei Midas, todos esperam que Cravinho se deixe hipnotizar com o brilho do ouro. Vamos lá a ver se é assim. Como é compreensível, Cravinho que não vira as costa a desafios nem a trabalhar no duro, rejubilou e aceitou aquela fartura de olhos arregalados, recusando-se a ver a oferta como um afastamento suave da ribalta política, mas sim como o reconhecimento das suas reais capacidades. Pelo meio promete que não desarma, que vai fazer os “trabalhos de casa”, continuando a manter-se atrevido e inflexível no seu combate anti-corrupção, ao mesmo tempo que vai fazendo a mala apressadamente. Para as primeiras impressões chega meia dúzia de peúgas e cuecas, uma gravata, o dicionário Liliput, a carneira para limpar os óculos, mais a escova e a pasta de dentes, já que o tempo urge e daqui a dias vai ter que tomar posse em Londres, e os ingleses são muito rigorosos com as questões de pontualidade (para saber como é, vejam o filme “A Volta ao Mundo em 80 Dias”).
Por outro lado, e já que falamos de incomodidades, é oportuno lembrar que os tempos de antena exibidos no canal de televisão RTP1, vão ser transferidos, na grelha de programação, das 20 para as 19 horas. A intenção é óbvia: os tempos de antena, habitualmente muito incómodos quando são da autoria das oposições, vão ser “despachados” para um horário mais pobre, a fim de não “atropelarem” o telejornal da noite, prejudicando assim a “imagem” do governo, cujo “ministério da propaganda” costuma fazer uso deste poderoso meio que é a televisão, para exibir, divulgar, dourar e adornar as actividades governativas, as quais continuam a sair amplamente beneficiadas daqueles alinhamentos. O governo já veio dizer que desconhecia a existência desta iniciativa da RTP (ninguém acredita!), ao passo que aquela estação, por sua vez, veio confirmar que a medida não foi sugestão do governo (jogo combinado!), e que a sua implementação apenas se deve à necessidade de “uniformizar horários” (ora, não havia necessidade! Isto quando já nem os auxiliares da função pública andam uniformizados…), e não de criar uma barreira de invisibilidade aos tais tempos de antena, como andam a difundir as más línguas do costume. Quanto à Entidade Reguladora de Comunicação Social (ERC), aquela “coisa” que uns dizem ser um ante-projecto de censura, e que outros dizem não saber o que é, diz ela, dizia eu, que a medida é legal, e que não é da sua competência dar qualquer parecer sobre a oportunidade ou bondade da medida tomada pela RTP, e mesmo que o fizesse, a sua opinião não era vinculativa. Pergunta-se: então, afinal, para que serve esta ERC?
João Cravinho já anda a sair dos eixos há tempo demais, desde que adoptou aquela mania da perseguição à corrupção, ao sigilo bancário e aos enriquecimentos ilícitos, razão porque o engenheiro Sócrates, cada vez mais incomodado com aqueles excessos e propósitos (já lá vai o tempo em que o ministro Cravinho desmantelou a JAE, por ser um ninho de corrupção e favorecimentos), e do desassossego que tem provocado na bancada parlamentar do PS (diz a experiência que onde há resistências é porque há interesses instalados), em vez de bani-lo ou ostracizá-lo, decidiu exilá-lo. Se fosse o PC, mandava-o colar cartazes ou servir “cachorros” na Festa do Avante!; como é o PS, partido do governo, e com poder absoluto sobre todos as almas, tachos, púcaros e quejandos, manda-o ir coachar para o Reino Unido.
Porém, para que não começassem a chover as reclamações e as vozes indignadas, o tal degredo vai ser dourado, nada mais, nada menos, que a administração do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD). Tal como aconteceu com o rei Midas, todos esperam que Cravinho se deixe hipnotizar com o brilho do ouro. Vamos lá a ver se é assim. Como é compreensível, Cravinho que não vira as costa a desafios nem a trabalhar no duro, rejubilou e aceitou aquela fartura de olhos arregalados, recusando-se a ver a oferta como um afastamento suave da ribalta política, mas sim como o reconhecimento das suas reais capacidades. Pelo meio promete que não desarma, que vai fazer os “trabalhos de casa”, continuando a manter-se atrevido e inflexível no seu combate anti-corrupção, ao mesmo tempo que vai fazendo a mala apressadamente. Para as primeiras impressões chega meia dúzia de peúgas e cuecas, uma gravata, o dicionário Liliput, a carneira para limpar os óculos, mais a escova e a pasta de dentes, já que o tempo urge e daqui a dias vai ter que tomar posse em Londres, e os ingleses são muito rigorosos com as questões de pontualidade (para saber como é, vejam o filme “A Volta ao Mundo em 80 Dias”).
Por outro lado, e já que falamos de incomodidades, é oportuno lembrar que os tempos de antena exibidos no canal de televisão RTP1, vão ser transferidos, na grelha de programação, das 20 para as 19 horas. A intenção é óbvia: os tempos de antena, habitualmente muito incómodos quando são da autoria das oposições, vão ser “despachados” para um horário mais pobre, a fim de não “atropelarem” o telejornal da noite, prejudicando assim a “imagem” do governo, cujo “ministério da propaganda” costuma fazer uso deste poderoso meio que é a televisão, para exibir, divulgar, dourar e adornar as actividades governativas, as quais continuam a sair amplamente beneficiadas daqueles alinhamentos. O governo já veio dizer que desconhecia a existência desta iniciativa da RTP (ninguém acredita!), ao passo que aquela estação, por sua vez, veio confirmar que a medida não foi sugestão do governo (jogo combinado!), e que a sua implementação apenas se deve à necessidade de “uniformizar horários” (ora, não havia necessidade! Isto quando já nem os auxiliares da função pública andam uniformizados…), e não de criar uma barreira de invisibilidade aos tais tempos de antena, como andam a difundir as más línguas do costume. Quanto à Entidade Reguladora de Comunicação Social (ERC), aquela “coisa” que uns dizem ser um ante-projecto de censura, e que outros dizem não saber o que é, diz ela, dizia eu, que a medida é legal, e que não é da sua competência dar qualquer parecer sobre a oportunidade ou bondade da medida tomada pela RTP, e mesmo que o fizesse, a sua opinião não era vinculativa. Pergunta-se: então, afinal, para que serve esta ERC?
domingo, janeiro 07, 2007
Milagres
M
O Estado português, está a tornar-se um anacronismo, entregue ao voluntarismo e ao improviso, com muito disparate e conversa fiada de permeio. Reformou (naturalmente) os helicópteros Puma e Alouette, por terem chegado ao fim de vida, e adquiriu os sofisticados Merlin (cujo concurso foi amplamente contestado), especialmente vocacionados para vigilância e salvamento dentro da zona económica exclusiva (ZEE). As máquinas, tripulações, sistema de alerta, sistema de localização, etc. etc, que são um sucesso, nas palavras do excelentíssimo ministro da Defesa, não funcionam com eficácia, e a prova disso é o facto de o pesqueiro LUZ DO SAMEIRO ter naufragado a 50 metros da praia da Nazaré, tendo morrido ali mesmo, à vista de uma praia com gente angustiada, 6 membros da tripulação, após quase três horas de espera por um meio de salvamento adequado. Isto ocorreu num território quase insignificante, com 600 quilómetros de comprimento por 200 de largura, e com largos investimentos na renovação e sofisticação dos meios de salvamento.
O Estado português, está a tornar-se um anacronismo, entregue ao voluntarismo e ao improviso, com muito disparate e conversa fiada de permeio. Reformou (naturalmente) os helicópteros Puma e Alouette, por terem chegado ao fim de vida, e adquiriu os sofisticados Merlin (cujo concurso foi amplamente contestado), especialmente vocacionados para vigilância e salvamento dentro da zona económica exclusiva (ZEE). As máquinas, tripulações, sistema de alerta, sistema de localização, etc. etc, que são um sucesso, nas palavras do excelentíssimo ministro da Defesa, não funcionam com eficácia, e a prova disso é o facto de o pesqueiro LUZ DO SAMEIRO ter naufragado a 50 metros da praia da Nazaré, tendo morrido ali mesmo, à vista de uma praia com gente angustiada, 6 membros da tripulação, após quase três horas de espera por um meio de salvamento adequado. Isto ocorreu num território quase insignificante, com 600 quilómetros de comprimento por 200 de largura, e com largos investimentos na renovação e sofisticação dos meios de salvamento.
Os bombeiros disseram que não podiam fazer mais. Os socorros a náufragos disseram que não podiam fazer mais. A Marinha disse que não podia fazer mais. A Força Aérea disse que não conseguiu fazer mais do que fez, isto é, no limite, salvar um homem à beira do esgotamento. Entretanto, outros seis morreram, à vista da praia e à distância de uma pedrada. O tempo de resposta ao acidente foi fatal. Se toda a gente cumpriu com prontidão e eficácia, o que é que falhou então? Ninguém sabe. Dizem alguns entendidos que há serviços a atropelarem-se uns aos outros, descoordenados, cada um a tentar fazer o seu brilharete, para exibir os respectivos feitos e emblemas. Há quem diga que há desleixo, falta de profissionalismo e muito improviso. Será verdade? Dizem outros que se trocaram os velhos Pumas e Alouettes pelos modernos Merlin, e tudo o resto, sistemas de alerta e localização, ficaram para trás, para segundas núpcias, por falta de verbas. Será isso?
O saldo deste acontecimento é preocupante porque se imaginarmos uma catástrofe de grandes proporções (há que admiti-lo), é legítimo que se pergunte se estão à espera que aconteça um milagre (prove-se que os há!), ou se os meios de alerta e salvamento, tão apregoados, publicitados e testados, estão à altura do que se exige deles.
Terroristas
T
A guerra contra o terrorismo está a globalizar-se e assentou praça no Vaticano, sede da religião católica romana. O sumo-pontífice Bento XVI, no Dia Mundial da Paz, numa homilia carregada de radicalismo, afirmou que tanto quem pratica o aborto ou a eutanásia, como os cientistas que fazem investigação com células estaminais, têm uma actividade que são autênticos atentados à paz, logo comparáveis com a actividade terrorista. Assim mesmo, sem mais, para esta criatura, que tanto roça a demência como a triste figura, mas que se assume como a autoridade máxima da igreja católica, uma mulher que faça um aborto e um médico que o execute, ou um cientista que exerça actividade científica num laboratório, com células estaminais, são rigorosamente comparáveis aos terroristas, numa versão mista de Doutor Jekill e Mohamed Ata, que planeiam e executam atentados à bomba, contra terminais de autocarros, em horas de ponta de uma qualquer cidade. Esta Igreja, quando não é soporífero, transmuta-se em garboso cruzado.
A guerra contra o terrorismo está a globalizar-se e assentou praça no Vaticano, sede da religião católica romana. O sumo-pontífice Bento XVI, no Dia Mundial da Paz, numa homilia carregada de radicalismo, afirmou que tanto quem pratica o aborto ou a eutanásia, como os cientistas que fazem investigação com células estaminais, têm uma actividade que são autênticos atentados à paz, logo comparáveis com a actividade terrorista. Assim mesmo, sem mais, para esta criatura, que tanto roça a demência como a triste figura, mas que se assume como a autoridade máxima da igreja católica, uma mulher que faça um aborto e um médico que o execute, ou um cientista que exerça actividade científica num laboratório, com células estaminais, são rigorosamente comparáveis aos terroristas, numa versão mista de Doutor Jekill e Mohamed Ata, que planeiam e executam atentados à bomba, contra terminais de autocarros, em horas de ponta de uma qualquer cidade. Esta Igreja, quando não é soporífero, transmuta-se em garboso cruzado.
Entretanto, nunca ouvi o Vaticano, esse grande transgressor travestido de consciência moral, que se crê infalível nos seus dogmas e grande inquisidor nas suas catilinárias, assumir a mesma enérgica postura quando sob o papado de Pio XII (beatificado por João Paulo II em 1998), o III Reich fomentava a eugenia e a eutanásia selectiva, além de assegurar a liquidação de opositores do regime e a conservação da pureza rácica ariana, com a instituição do trabalho escravo e do morticínio à escala industrial, uma autêntica e bem oleada linha de desmontagem, desde as próteses, os dentes de ouro, até ao cabelo, usando para tal os campos de extermínio de Auschwitz¬-Birkenau, Buchenwald, Sobibor, Belzec, Dachau, Plaszow, Bergen-Belsen, Chelmno, Majdanek, Treblinka, e mais uns quantos de que não me lembro agora o nome. Só judeus foram 6 (seis) milhões, número rectificado em tribunal, pelo próprio genocida Eichman. E não venham dizer que esse papa, aliás, todos os papas de lá para cá, não sabiam de nada, porque eles sabiam, e até demais. Foram muitos os resistentes e refugiados que fizeram chegar até Pio XII informações precisas da hecatombe que se estava a passar, só que à data dos acontecimentos, as relações entre o Vaticano, a Itália de Mussolini e a Alemanha de Hitler, eram as mais amistosas que se possam imaginar, sendo a cumplicidade e o silêncio papal a garantia de que, assim na Terra como no Céu, tudo estava em conformidade com os evangelhos. Mais recentemente, João Paulo II, não opôs a mínima resistência em receber e abençoar, em audiência papal, o crente e piedoso general Pinochet, outro grande torcionário e criminoso dos nossos tempos. Para esse monstro, que nunca se arrependeu das matanças que ordenou, bastou ter recebido a extrema-unção para ficar lavado de todos os pecados, sem excepção, e não se fala mais nisso. Aliás, bem feitas as contas e contrariando os ensinamentos de Jesus, a igreja sempre se deu melhor com os ricos e poderosos do que com os pobres e desprotegidos.
O terrorismo tem muitas faces. O tarado, maníaco e gratuito, o que coadjuva a guerra subversiva, o político, o de estado, o económico, e até o de sacristia, este último ora de braço dado com as tiranias, ora amancebado com o silêncio, ora agressivo e patibular, a mostrar-se herdeiro directo dos desprezíveis tribunais da Santa Inquisição, e das fogueiras dos seus autos-de-fé.
sábado, janeiro 06, 2007
Pequena Galeria
PO meu amigo Joaquim Guerreiro (nome artístico QUIM ZÉ), entre outras qualidades e várias ocupações, também é um artista inspirado. A fazer as vezes de pequena galeria, aqui deixo para apreciação, algumas imagens do fruto do seu trabalho. Para os respectivos interessados, fica também o respectivo contacto E-MAIL.
M
Cinco Composições (tinta acrílica sobre tela) - Faça clique sobre as imagens para zoom.
M
quinta-feira, janeiro 04, 2007
Novo Aeroporto
N
Em 22 de Novembro de 2005, José Sócrates anunciou a decisão de que o novo aeroporto iria ficar localizado na zona da antiga Base Aérea Nº. 2 da OTA, em prejuízo da opção ALCOCHETE. Na sua intervenção, aquando da sessão de encerramento da Apresentação Pública do Novo Aeroporto «Lisboa 2017: Um aeroporto com futuro», ninguém ficou muito bem informado sobre os argumentos de peso para tal tomada de decisão. Mas, se dúvidas haviam, penso que ficam tiradas com o panorama comparativo que se segue. Logo, a conclusão é simples: Ou os engenheiros e os políticos são incompetentes, ou então estão a fazer mais um frete, para que os pobres "investidores" do costume, comecem a facturar, à grande e à francesa.
N
Tipo de Propriedade
OTA
1. 25% é propriedade do Estado - Antiga Base Aérea Nº.2.
2. 75% são terrenos privados - habitados, cultivados e arborizados (a adquirir ou expropriar).
N
ALCOCHETE
1. 100% de propriedade do Estado - Campo de tiro militar com pouca ou nenhuma utilização.
N
Características do Terreno
OTA
1. Exige arrasamento de colinas.
2. Implica aterro e consistência de zona alagadiça.
3. Implica desvio de cursos de água.
N
ALCOCHETE
1. Zona desabitada, seca, plana e desobstruída.
2. Solo ‘pronto’ a aceitar duas pistas.
3. Sem correcção orográfica.
N
Área
OTA
1. 1.400 hectares - Área do aeroporto a construir sem capacidade de expansão futura).
N
ALCOCHETE
1. 7.500 hectares - (5 vezes maior que o necessário para albergar o projecto apresentado, logo com capacidade de expansão futura).
N
Impacto Ambiental
OTA
1. Destruição do ambiente paisagístico e etnográfico, e perturbação da vida das populações, dado ser uma zona densamente povoada e com actividades económicas.
N
ALCOCHETE
1. Não são conhecidos efeitos perversos, dado a zona ser desabitada e apenas ter servido até hoje como campo de tiro militar, no entanto, admite-se que alguns efeitos negativos se pudessem vir a verificar.
N
Acessibilidades
OTA
1. Distante 45 Km de Lisboa. De 20 aeroportos que servem grandes cidades europeias, apenas 3 distam mais de 40 Km (Oslo, Gatwick e Estocolmo).
2. Exige construção de uma variante de 10 km à A1, de construção complexa e com várias obras de arte (pontes e viadutos).
3. Difícil acesso a Lisboa em manhã de 2ª. feira, regresso de fins-de-semana, feriados, férias, e demoras adicionais causadas pela elevada sinistralidade na A1, com ocorrências entre Lisboa e o Km 40.
N
ALCOCHETE
1. Distante 30 Km de Lisboa. Cumpre a distância da grande maioria dos aeroportos que servem as principais cidades europeias.
2. Exige construção de uma variante simples de 10 Km à A12.
3. Rentabiliza a deficitária Ponte Vasco da Gama e beneficia de um acesso rápido a Lisboa.
N
Custos de Implantação
OTA
1. Com custos de aquisição ou expropriação, dado que 75% da área é propriedade particular.
N
ALCOCHETE
1. Sem custos de aquisição ou expropriação, dado que 100% da área é propriedade do Estado.
N
Outras Considerações
OTA
1. Apresenta solo pantanoso e alagável no primeiro plano, um rio no topo da pista e colinas no seu enfiamento. A Serra de Montejunto perfila-se ao fundo!
2. Local com povoações e quintas adjacentes e nas imediações.
3. É uma zona que a Força Aérea Portuguesa declarou imprópria para a operação de aviões a jacto tendo por essa razão transferido as esquadras de caça para a Base Aérea de Monte Real.
4. Dado o tradicional pouco planeamento das obras em que interfere o Estado e a natural complexidade desta obra, é mais que certo que ocorrerão os também habituais atrasos e derrapagens orçamentais (i.e. saborosos ganhos acrescidos para investidores e construtores).
N
ALCOCHETE
1. Dada ser uma obra implantada em propriedade do Estado, impede a proliferação de operações desencadeadas por investidores e especuladores imobiliários.
2. Sendo uma obra menos dispendiosa que a similar da Ota, os capitais poderão ser direccionados para outros projectos de claro benefício público.
N
Remate:
Como se explicam as opções tomadas para esta OBRA de “manifesto interesse nacional”? Ou estaremos antes a falar de um NEGÓCIO de “proveito só para alguns”?
Em 22 de Novembro de 2005, José Sócrates anunciou a decisão de que o novo aeroporto iria ficar localizado na zona da antiga Base Aérea Nº. 2 da OTA, em prejuízo da opção ALCOCHETE. Na sua intervenção, aquando da sessão de encerramento da Apresentação Pública do Novo Aeroporto «Lisboa 2017: Um aeroporto com futuro», ninguém ficou muito bem informado sobre os argumentos de peso para tal tomada de decisão. Mas, se dúvidas haviam, penso que ficam tiradas com o panorama comparativo que se segue. Logo, a conclusão é simples: Ou os engenheiros e os políticos são incompetentes, ou então estão a fazer mais um frete, para que os pobres "investidores" do costume, comecem a facturar, à grande e à francesa.
N
Tipo de Propriedade
OTA
1. 25% é propriedade do Estado - Antiga Base Aérea Nº.2.
2. 75% são terrenos privados - habitados, cultivados e arborizados (a adquirir ou expropriar).
N
ALCOCHETE
1. 100% de propriedade do Estado - Campo de tiro militar com pouca ou nenhuma utilização.
N
Características do Terreno
OTA
1. Exige arrasamento de colinas.
2. Implica aterro e consistência de zona alagadiça.
3. Implica desvio de cursos de água.
N
ALCOCHETE
1. Zona desabitada, seca, plana e desobstruída.
2. Solo ‘pronto’ a aceitar duas pistas.
3. Sem correcção orográfica.
N
Área
OTA
1. 1.400 hectares - Área do aeroporto a construir sem capacidade de expansão futura).
N
ALCOCHETE
1. 7.500 hectares - (5 vezes maior que o necessário para albergar o projecto apresentado, logo com capacidade de expansão futura).
N
Impacto Ambiental
OTA
1. Destruição do ambiente paisagístico e etnográfico, e perturbação da vida das populações, dado ser uma zona densamente povoada e com actividades económicas.
N
ALCOCHETE
1. Não são conhecidos efeitos perversos, dado a zona ser desabitada e apenas ter servido até hoje como campo de tiro militar, no entanto, admite-se que alguns efeitos negativos se pudessem vir a verificar.
N
Acessibilidades
OTA
1. Distante 45 Km de Lisboa. De 20 aeroportos que servem grandes cidades europeias, apenas 3 distam mais de 40 Km (Oslo, Gatwick e Estocolmo).
2. Exige construção de uma variante de 10 km à A1, de construção complexa e com várias obras de arte (pontes e viadutos).
3. Difícil acesso a Lisboa em manhã de 2ª. feira, regresso de fins-de-semana, feriados, férias, e demoras adicionais causadas pela elevada sinistralidade na A1, com ocorrências entre Lisboa e o Km 40.
N
ALCOCHETE
1. Distante 30 Km de Lisboa. Cumpre a distância da grande maioria dos aeroportos que servem as principais cidades europeias.
2. Exige construção de uma variante simples de 10 Km à A12.
3. Rentabiliza a deficitária Ponte Vasco da Gama e beneficia de um acesso rápido a Lisboa.
N
Custos de Implantação
OTA
1. Com custos de aquisição ou expropriação, dado que 75% da área é propriedade particular.
N
ALCOCHETE
1. Sem custos de aquisição ou expropriação, dado que 100% da área é propriedade do Estado.
N
Outras Considerações
OTA
1. Apresenta solo pantanoso e alagável no primeiro plano, um rio no topo da pista e colinas no seu enfiamento. A Serra de Montejunto perfila-se ao fundo!
2. Local com povoações e quintas adjacentes e nas imediações.
3. É uma zona que a Força Aérea Portuguesa declarou imprópria para a operação de aviões a jacto tendo por essa razão transferido as esquadras de caça para a Base Aérea de Monte Real.
4. Dado o tradicional pouco planeamento das obras em que interfere o Estado e a natural complexidade desta obra, é mais que certo que ocorrerão os também habituais atrasos e derrapagens orçamentais (i.e. saborosos ganhos acrescidos para investidores e construtores).
N
ALCOCHETE
1. Dada ser uma obra implantada em propriedade do Estado, impede a proliferação de operações desencadeadas por investidores e especuladores imobiliários.
2. Sendo uma obra menos dispendiosa que a similar da Ota, os capitais poderão ser direccionados para outros projectos de claro benefício público.
N
Remate:
Como se explicam as opções tomadas para esta OBRA de “manifesto interesse nacional”? Ou estaremos antes a falar de um NEGÓCIO de “proveito só para alguns”?
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