terça-feira, fevereiro 03, 2009

A Arte de Enganar

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Assistimos ontem a mais um “prós e contras” lamentável, a insistir na tese das “forças ocultas” como principal suspeito do caso Freeport, ao mesmo tempo que os agentes judiciários “violadores de segredos de justiça” e os jornalistas eram eleitos como os tenebrosos sacerdotes desta inqualificável missa negra, alimentada com hóstias diárias de pura e dura difamação. Nem as polícias e as cartas rogatórias da “pérfida Albion” escaparam. E até houve quem concluísse que se não há suspeitos, e ao mesmo tempo continuam a publicar-se notícias sobre o assunto, isso é prova suficiente de que há intenção de caluniar o primeiro-ministro.
Pior é impossível! Salvo raras e competentes excepções, que se encarregaram de desmontar o encobrimento, pôr o dedo na ferida e de “chamar os bois pelos nomes”, os restantes convidados são grandes talentos que usam e abusam do detergente que lava mais branco. Para o cenário ficar perfeito, faltou apenas ser convidado o senhor Vital Moreira, para engrossar a equipa dos “prós”. A cereja em cima do bolo foi a teimosia com que a apresentadora Fátima Ferreira flagelou insistentemente os seus convidados e o público em geral, em tom enfático, urgente e quase patético, com aquela pirosa e estafada pergunta de algibeira, que denuncia o intuito de pretender colocar uma pedra sobre o assunto: “então e agora o que é que vamos fazer?”. Se por ali andasse o Pedro Abrunhosa, certamente teria respondido com todas as letras e a adequada prontidão.

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Uma Fábula para Reflectir

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Esta história começou como uma anedota contada à mesa do almoço, pelo meu amigo Joaquim Guerreiro. Achei que merecia transformá-la numa fábula, com algumas leituras susceptíveis de serem aplicadas aos comportamentos humanos.

Um Lavrador tinha o desejo inusitado de possuir um cavalo. Os tempos eram de crise, mas ele, sempre obcecado com a ideia de possuir o tal cavalo, um belo dia na feira de S. Januário, ficou com o olho pregado num alazão bonitão, que estava à venda. Enamorado do corcel, regateou o preço, empertigou-se, mas não resistiu, acabando por puxar das notas de conto e trazer para a Quinta o seu cobiçado Cavalo.
O Cavalo mordido de saudades do antigo estábulo e de velhas companhias, ensimesmou, deixou de comer e de beber, deitando-se na palha à espera de melhores dias. O Lavrador, visita quotidiana daquela ambicionada paixão, apoquentou-se com a postura do Cavalo e correu a chamar o Veterinário.
- O animal não está bem; precisa de levar 3 injecções, prescreveu o doutor.
Aplicada a primeira injecção o Cavalo não reagiu, mantendo-se deitado nas palhas, indiferente a tudo e a todos. Pela tardinha, o Porco que a tudo tinha assistido de longe, escapuliu-se da pocilga, veio até à beira do doente e disse:
- Oh Cavalo, anima-te, põe-te de pé! Se não reagires o Lavrador e o Veterinário mandam-te abater, sabias?
O Cavalo não quis saber. Veio o segundo dia, chegou o Veterinário, tirou-lhe a temperatura, torceu o nariz para o Lavrador, deu-lhe a segunda injecção e desandou.
À hora da sesta o Porco voltou ao estábulo, abeirou-se do Cavalo e segredou-lhe ao ouvido:
- Oh Cavalo, não desistas, olha que depois da terceira injecção, se não reagires, matam-te, moem-te e acabas dentro de um saco de ração.
Chegou novo dia, e o Cavalo continuava indiferente deitado na palha. Pelo meio da manhã veio o Lavrador seguido do Veterinário, nova injecção e foi sentenciado:
- Bem, se ele não reagir, amanhã lá terá que ser, atalhou o Veterinário de semblante condoído.
Naquela noite o Porco voltou pé ante pé até junto do Cavalo e barafustou:
- Oh Cavalo, levanta-te pá! Faz das tripas coração! Se ficares aí pasmado, de manhã, eles vêm aí e matam-te…
De manhã cedo, o Cavalo ergueu-se nas patas a muito custo, foi até à manjedoura, remoeu um bocado de feno, bebeu água, relinchou e deitou a cabeça fora da portada, exactamente na altura em que o Lavrador e o Veterinário se aproximavam, preparados para a função.
Todos ficaram boquiabertos com a recuperação do ginete.
Depois, com os olhos brilhantes de alegria, o Lavrador exultou, dançou, rodopiou, chamou a sua Mulher e o Jornaleiro, e finalmente decretou:
- Isto merece uma celebração a condizer; ponha-se a mesa, traga-se vinho, chamem-se os vizinhos, acenda-se a carqueja, ligue-se a música e mate-se o Porco…

Tentações

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Coudelaria da Companhia das Lezírias em 21-12-2008

domingo, fevereiro 01, 2009

Mistério

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O nosso país entrou numa vertigem de surrealismo. Digo isto quando vejo o Presidente da República, no início, no meio ou no fim (o momento é irrelevante) de um torneio de golfe, falar para a comunicação social e afirmar que não comentava o caso Freeport, por aquele se tratar de um “ASSUNTO DE ESTADO podemos assim dizer…”.
Na minha modesta opinião, penso que há aqui um erro de avaliação, ou então o uso inapropriado de um termo. De qualquer modo trata-se sim de um caso de polícia sob investigação, que poderá ou não levar à constituição de arguidos pelo Ministério Público, que poderão ou não ser figuras de Estado (coisa que até à data não aconteceu), e em caso afirmativo, então sim passível de ser classificado como um ASSUNTO DE ESTADO. Ora, como estas condições ainda não estão preenchidas, fica a pairar um mistério, pelo que deixo aqui uma pergunta: Qual terá sido o motivo que levou o Presidente a enquadrar o caso Freeport naquela categoria? Será que usou aquele termo tão pesado, apenas para afastar os jornalistas curiosos (ao velho estilo “deixem-me trabalhar”), ou há mesmo mais qualquer coisa?

Subscrevo Esta Tese

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«Sócrates jura que os "poderes ocultos" não o "vencerão". A escolha do verbo é também desta vez significativa. Quem o ouvisse não perceberia de certeza que se trata de uma investigação judicial ou que se vive num regime em que o judicial cumpre e faz cumprir a lei. Sócrates não vê o caso como apuramento da verdade (inevitavelmente relativa). Mas como uma espécie de duelo entre o Bem e o Mal (um "teste de resistência") entre ele e os "poderes ocultos". Num duelo, ou se ganha ou se perde e ele,"um homem determinado", vai ganhar. Outro primeiro-ministro esperaria pelas conclusões do inquérito e negaria tranquilamente as calúnias. Quando muito, ameaçava processar os caluniadores. Sócrates prefere o melodrama e a intimidação: quem daqui em diante duvidar dele é um instrumento, "negro" e miserável dos "poderes ocultos".»

Vasco Pulido Valente in “OS PODERES OCULTOS”, jornal PÚBLICO de 31 Janeiro de 2009

sábado, janeiro 31, 2009

O Caso Freeport (Acto 4)

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A TESE DA CABALA, da “campanha negra” e das “forças ocultas”, apontadas pelo primeiro-ministro José Sócrates, também conhecido por Zézito, como a motivação para o ressurgimento do “caso Freeport”, são igualmente alimentadas por outras pessoas, que giram à volta do círculo governamental, as quais se esforçam por confundir, deliberadamente, alegadas violações do segredo de justiça, com incómodas e certeiras investigações jornalísticas.

A Chave do Problema

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ONTEM À NOITE, dia 30 de Janeiro de 2009, durante uma entrevista concedida à RTP N, o ministro Augusto Santos Silva, a propósito do que vamos sabendo sobre o caso Freeport, disse para espanto meu, e provavelmente para espanto de muito mais gente, que “o esclarecimento da verdade enfraquece a democracia”. Com esta declaração, é fácil concluir-se que há quem considere que a democracia só se reforça se estiver mergulhada em falsidades, e torna-se claro perceber onde o primeiro-ministro quis chegar, quando afirmou que a sua idoneidade estava a ser posta em causa por uma “campanha negra” difundida por “forças ocultas”.

sexta-feira, janeiro 30, 2009

Pantominas

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Pantomina 1 - O primeiro-ministro Pinto de Sousa, também conhecido por José Sócrates voltou a enfrentar os jornalistas numa nova conferência de imprensa, ocorrida da quinta-feira dia 29, para voltar a repetir e repudiar que está a ser injustamente acusado de coisas que não fez, no licenciamento do outlet Freeport e na reformulação da área da Zona de Protecção Especial de Alcochete, os quais teriam, alegadamente, decorrido dentro das regras, tendo chegado mesmo a afirmar que está a ser objecto de calúnias, provenientes de uma “campanha negra” que está a ser propagada por incertos e pérfidos “poderes ocultos”. No fundamental, pouco adiantou, e nenhumas respostas deu aos jornalistas, continuando a descrever círculos à volta das tais regras que teriam sido transparentes e decorrido dentro das normas, a ostentar a sua determinação e capacidade de resistência, para depois, tão lesto como chegou, voltar as costas e desaparecer. Confirma-se que a estratégia que adoptou para este caso é a de aparecer em público, célere, enroupado a condizer, sorridente e descontraído, quase insolente, a exibir a sua cólera de “animal feroz” cercado de caçadores, simular que está a responder caso a caso às notícias que vão aparecendo na comunicação social, mesmo que para isso nada acrescente ao que já declarou, para além da vaga ideia de cabalas e conspirações.
Curioso é que, no mesmo dia da intervenção do primeiro-ministro, a procuradora Cândida Almeida venha dar entrevistas e fazer declarações, no seu tom entre o maternal e o coloquial, dizendo que o Ministério Público continua a investigar o caso, mas que continua a não haver indícios de infracções, potenciadoras de crime de corrupção, sendo isso a razão suficiente para a ausência de eventuais suspeitos. Esta coordenação declarativa entre o actor principal e os seus investigadores, leva-me a suspeitar que, mais do que branquear o caso, se está a caminhar para o seu possível arquivamento, com o argumento de que existe uma manifesta incompatibilidade entre os métodos de investigação da polícia portuguesa e inglesa, seguida de uma teimosa e congénita falta de provas.

Pantomina 2 – O primeiro-ministro José Sócrates, também conhecido por Pinto de Sousa, disse há dias o seguinte: "Há muitas décadas que leio relatórios da OCDE sobre Educação. Eu nunca vi uma avaliação sobre um período da nossa democracia com tantos elogios". Afinal, o tal estudo da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) a que referia era uma fraude, uma carta de amor, com que o governo socretino tentava colorir o negrume com que a educação portuguesa se tem confrontado nos últimos quatro anos, encomendado a peritos internacionais, pago com o dinheiro dos contribuintes, e em que apenas o prefácio era assinado, a título pessoal, por um funcionário (?) da OCDE. Isto não impediu que o nosso bravo primeiro-ministro, perante a denúncia sustentada pelo deputado Paulo Rangel do PSD, tenha afirmado que desconfia sempre dos “fariseus que andam sempre com a verdade na boca e não hesitam em recorrer à mais vil das mentiras para descredibilizar o opositor", concluindo com esta magistral conclusão: "Os senhores não suportam o sucesso do país!".
Verdade, verdade, é que o Partido Socialista correu a alterar, durante o debate quinzenal com o primeiro-ministro, o texto que tinha desde terça-feira no seu site referente à apresentação do tal relatório sobre políticas educativas, retirando a indicação de que se tratava de um estudo da OCDE, e alterando a autoria para um grupo de peritos internacionais.
Eis como a miséria deste governo pantomineiro, comandado por um manifesto mentiroso compulsivo, vai girando entre os terrenos pantanosos de Alcochete e um pseudo-estudo da OCDE, encomendado para enganar o “zé povinho”.

O Caso Freeport (Acto 3)

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“…José Sócrates já escapou por entre os pingos da chuva na questão da sua licenciatura, que num país com maior amor à verdade e uma comunicação social mais agressiva poder-lhe-ia muito bem ter custado o lugar. Mas a gravidade do que agora está em causa não lhe permite assobiar para o ar e limitar-se a lançar suspeições manhosas do género "isto são só calúnias e ataques pessoais". Há, de facto, explicações a dar. O caso Freeport cheira muito mal, qualquer que seja o lado por onde se pegue. E mesmo que nesta terra seja tristemente comum o afilhado acabar assessor do padrinho e o primo do presidente da câmara fornecedor da junta de freguesia, ter familiares envolvidos em negócios onde interesses económicos se misturam com favores políticos é um passo em direcção ao abismo. Ainda que o tio e o filho do tio estejam tão ausentes de pecado como a Virgem Maria, a sua simples presença neste processo levanta questões a que Sócrates tem de responder.
O eterno retorno à tese da cabala, um tique que sobretudo os socialistas têm desenvolvido até à exaustão, passou o prazo de validade. Sócrates que puxe pela sua esburacada memória e esclareça o que tem a esclarecer de uma vez. Mais teorias da conspiração é que não, por favor.”

In “QUANTAS CABALAS CABEM NUM METRO QUADRADO?” do Jornalista João Miguel Tavares

quinta-feira, janeiro 29, 2009

A Ementa Sócrates

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Portugal está a estrebuchar no meio da presente crise, com grandes estragos no tecido económico, com dramáticas consequências na viabilidade das empresas, umas afectadas por substanciais recuos nos investimentos, outras com falências a curto prazo, tudo isto a contribuir para o aumento exponencial do desemprego, mas para o governo está tudo bem e as medidas que tomou para enfrentar a situação, são as necessárias e as mais adequadas. Portanto, suspeito que mais dia, menos dia, o que vai acontecer será o seguinte: Vamos passar a ter uma ementa muito pouco variada, com refeições cozinhadas à base de auto-estradas, TGVs, aeroportos e outros equipamentos em que a matéria-prima, por excelência, seja o cimento, comprovando assim o fascínio que as construtoras exercem sobre a governação.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

A Cidade Fascinante (3)

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Chafariz d’El Rei
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TAL COMO DIZ a placa reproduzida na última foto, o chafariz d´El Rei - em tempos também conhecido por chafariz de São João da Praça - é um dos mais antigos de Lisboa, tendo sido edificado no século XIII, no exterior da Muralha Fernandina, havendo porém quem garanta que remonta à época da dominação romana. No reinado de Dom Manuel I, por ser a principal fonte de água potável de Lisboa e devido à grande afluência de pessoas, com grandes esperas e zaragatas que daí resultavam, o chafariz foi objecto de uma norma camarária que decretava que cada uma das seis bicas passava a servir apenas um grupo social específico. Assim, na primeira abasteciam-se os negros, mulatos e índios, na segunda os mouros das galés, na terceira e quarta os rapazes e homens brancos, na quinta as mulheres negras e na sexta as raparigas e mulheres brancas. Quem transgredisse esta lei era severamente castigado. Depois de 1969, e depois de haver informação que as águas estavam inquinadas, o município procedeu ao corte da água, situação que se mantém até à actualidade.
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A Máquina do Tempo (8)

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NO DIA 17 de Março de 2008, segunda-feira, este post do blog SABER A VERDADE, que aparece na lista de links aqui do lado esquerdo, dizia o seguinte:

O Fim da História... e do blog

Desde há 4 anos que este blog existe para alertar para a crise grave que se adivinhava. A teoria da conspiração posta em prática dando a entender que não entendemos nada do que nos rodeia, mas o que aqui foi tentado foi uma teoria de acção económica baseada exclusivamente na conspiração de que todos somos vítimas, sobretudo quando nos colocamos de um lado ou de outro do espectro político.Mas já nada disso interessa agora.Aconselhei a compra do ouro e da prata quando eles estavam a 380 e 9 dólares cada. Hoje, o ouro ultrapassa os 1000 e a prata mais de 20.Falei da crise do subprime em Fevereiro de 2007 quando hoje é aceite pelos economistas malucos que esta começou a 9 de Agosto de 2007.Falei dos colapsos da bolsa quando tudo estava em grande para os especuladores e falei do aumento brutal dos juros quando estes ainda estavam a descer. Falei no petróleo a 100 dólares quando este andava abaixo dos 30. Falei no fim do império económico americano quando todos ainda acreditavam que este estava a ganhar poder.Falei na abertura da bolsa de petróleo iraniana há mais de 2 anos e disse sem rodeios que o dólar iria colapsar sem qualquer pudor. Nem imaginam os mails que recebi a dizer-me que não sabia o que dizia pois os EUA nunca iam deixar isso acontecer.Em Fevereiro de 2006 lancei críticas ao atrasado mental do presidente da Associação Portuguesa de Bancos que aconselhava os portugueses a deixarem nas mãos dos bancos o investimento das suas poupanças dando como exemplo ser uma excelente altura para comprar dólares. Chamo-lhe atrasado mental tal como lhe chamei na altura, simplesmente porque se lhe chamar ladrão é possível que me coloque um processo de difamação, apesar da História ter mostrado quem tinha razão.Enfim, falei de tudo e mais alguma coisa e fui apelidado e rotulado de tudo e mais alguma coisa.Tive grandes elogios de comunistas ferrenhos e de gente bem incorporada na extrema-direita nacional. Quando lhes disse que estavam muito confusos, nunca mais disseram nada e abandonaram definitivamente este blog, como se o que aqui digo deixasse de ter validade por não ter a mesma ideia politica que eles.Quer uns quer outros querem que o Estado obrigue estes a fazer isto ou aquilo e eu só quero que o Estado nos deixe em paz. Aqui confesso que perdi, o socialismo, de extrema direita ou extrema esquerda ganhou e está na moda, o estado ameaça ajudar as famílias sobre-endividadas e os verdadeiros culpados da crise, os bancos, conseguiram livrar-se de ser eles a pagar a crise e ainda por cima por o zé povinho a aplaudir. Noutros tempos mais anarquistas, esta gente era dizimada pelo mercado e nunca mais arranjaria emprego na área. Os seus bancos iriam à falência e os outros aprenderiam com os erros como aconteceu em 1929. Assim, com os Estados a salvaram os bancos, os culpados saem ilesos e os cidadãos bem comportados, que não se endividaram é que pagam a crise. Enfim. Mas serve este post para colocar um ponto final.O aviso foi dado a tempo e horas, quem levou certos conselhos a sério e tomou atitudes sem se resignar à frase "É a vida", hoje tenho a certeza que está bem apetrechado para enfrentar a crise que se avizinha. Os outros não sei.Com a crise a chegar oficialmente, como hoje aconteceu, este blog torna-se redundante e perde a sua mais importante característica, o estar dois passos à frente. Agora falar da crise é banal e dizer que já se tinha antecipado isto há 4 anos atrás não tem qualquer impacto.É por isso altura de andar em frente e deixar este blog, com as datas bem explícitas, como um testemunho vivo do que foram anos e anos de trabalho e preparação, de investigação em fontes obscuras e longínquas dos holofotes dos mass media corruptos. O que se segue ainda não sei bem o que é, mas sei que vai estar 2 passos à frente também.A preparação para a crise já teve de ter sido feita, quem não a fez, prepare-se para o pior. Agora começam a chegar as notícias das oportunidades, pois numa crise nem tudo pode ser mau. Estando preparado para a crise que aí vem (e atenção que ainda nem chegou!!) podemos estar tranquilos que a nossa hora pode estar para chegar.Outro blog ou coisa do género virá a curto prazo mas sem fazer qualquer referência à crise que estamos a viver. Nem mesmo que estale uma guerra civil na nossa rua, o que tinha de ser dito já o foi. Agora vêem os investimentos, a saída da crise, o agarrar das oportunidades que vão surgir e isso tem de ser dito noutro local.Espero dar novidades em breve, até lá não hesitem em contactar-me para o mail
saberaverdade@yahoo.com.
Foi um prazer!

terça-feira, janeiro 27, 2009

A Regra e a Magnífica Excepção

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A generalidade dos portugueses que, tendo entre 45 e 50 anos de idade, e que se encontrem na situação de desemprego, têm vindo a confrontar-se com o seguinte dilema: ou já são velhos demais para encontrarem quem os queira empregar, ou ainda são novos demais para requererem a reforma. Apontei a generalidade dos portugueses porque há excepções, algumas francamente magníficas, a contemplarem uma espécie de nova aristocracia. Uma delas é o caso que recebi por e-mail, e que pela sua inusitada singularidade e manifesto atrevimento, merece divulgação a preceito.

Apesar de ter apenas 50 anos de idade e de gozar de plena saúde, o socialista Vasco Franco, número dois do PS na Câmara de Lisboa durante as presidências de Jorge Sampaio e de João Soares, já está reformado.
A pensão mensal que lhe foi atribuída ascende a € 3.035 euros (608 contos), um valor bastante acima do seu vencimento como vereador.
A generosidade estatal decorre da categoria com que foi aposentado - técnico superior de 1ª classe, segundo o «Diário da República» - apesar de as suas habilitações literárias se ficarem pelo antigo Curso Geral do Comércio, equivalente ao actual 9º ano de escolaridade.
A contagem do tempo de serviço de Vasco Franco é outro privilégio raro, num país que pondera elevar a idade de reforma para os 68 anos, para evitar a ruptura da Segurança Social.
O dirigente socialista entrou para os quadros do Ministério da Administração Interna em 1972, e dos 30 anos passados só ali cumpriu sete de dedicação exclusiva; três foram para o serviço militar e os restantes 20 na vereação da Câmara de Lisboa, doze dos quais a tempo inteiro.
Vasco Franco diz que é tudo legal e que a lei o autoriza a contar a dobrar 10 dos 12 anos como vereador a tempo inteiro.
Já depois de ter entregue o pedido de reforma, Vasco Franco foi convidado para administrador da SANEST, com um ordenado líquido de € 4.000 euros mensais (800 contos). Trata-se de uma sociedade de capitais públicos, comparticipada pelas Câmaras da Amadora, Cascais, Oeiras e Sintra e pela empresa Águas de Portugal, que gere o sistema de saneamento da Costa do Estoril.
O convite partiu do reeleito presidente da Câmara da Amadora, Joaquim Raposo, cuja mulher é secretária de Vasco Franco na Câmara de Lisboa. O contrato, iniciado em Abril, vigora por um período de 18 meses.
A acumulação de vencimentos foi autorizada pelo Governo mas, nos termos do acordo, o salário de administrador é reduzido em 50% - para € 2.000 euros - a partir de Julho, mês em que se inicia a reforma, disse ao Expresso Vasco Franco.
Não se ficam, no entanto, por aqui os contributos da fazenda pública para o bolo salarial do dirigente socialista reformado. A somar aos mais de € 5.000 euros da reforma e do lugar de administrador, Vasco Franco recebe ainda mais € 900 euros de outra reforma, por ter sido ferido em combate em Moçambique já depois do 25 de Abril (?), e cerca de € 250 euros em senhas de presença pela actuação como vereador sem pelouro.
Contas feitas, o novo reformado triplicou o salário que auferia no activo, ganhando agora mais de 1200 contos limpos. Além de carro, motorista, secretária, assessores e telemóvel.

A Máquina do Tempo (7)

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NO DIA 26 de Novembro de 2007, segunda-feira, este post do blog SABER A VERDADE, que aparece na lista de links aqui do lado esquerdo, dizia o seguinte:

Reality-check

A realidade chegou quase sem avisar aos mercados financeiros. Os bancos e os consumidores americanos têm finalmente algo em comum, estão afogados em dívidas e o mercado habitacional americano não os deixa vir à tona respirar.O Dow Jones está agora abaixo da média móvel dos 200 dias, o primeiro sinal de “venda”. Os analistas pensam que qualquer coisa abaixo dos 12500 poderá despoletar vendas automáticas por parte do software usado para automatizar as ordens de bolsa, com o consequente crash do mercado.Estamos a assistir a um colapso em tempo real.A tempestade do crédito que assolou os EUA assola agora já todo o mundo, com a Ásia a ser a última a reconhecer isso, tendo até agora passado ao lado desta crise mas revelando os primeiros sintomas da doença com os rendimentos de depósitos a prazo a três meses na China e na Coreia a descerem a pique nos últimos dias para perto de 1%, com o consequente pânico e a retirada do dinheiro de aplicações de mais alto risco.Terça-feira o governo chinês suspendeu totalmente o crédito bancário numa tentativa de parar a tempo uma autêntica bolha criada nos mercados financeiros.Na Europa, o mercado interbancário de baixo risco das “covered bonds” foi suspenso o que denota o imenso nervosismo que reina entre os protagonistas financeiros. Assim, o mecanismo de conversão de bonds em dinheiro colapsou.Jon Basile, economista do Credit Suisse afirma : “Existem imensas más notícias aí fora”.Na Califórnia o governador Schwarzenegger juntou-se a 4 entidades financeiras e congelou as taxas variáveis (ARM) para alguns dos devedores de maior risco. Tenta assim evitar um colapso do mercado imobiliário da Califórnia cuja liquidez desceu mais de 40% nos últimos 2 meses com uma queda de preços da ordem dos 12%.Com os preços das casas a descer e os empréstimos com carência de capital (onde só se paga juros e o capital em dívida permanece intacto) a subirem cada vez mais, não existe qualquer motivação para os que contraíram empréstimos os continuarem a pagar, pois nada da sua prestação está a amortizar o crédito pedido. Legislação vem a caminho juntamente com ajudas e mais ajudas que serão sempre os contribuintes a pagar em vez dos verdadeiros causadores da crise.
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Farei mais transcrições deste blog, devidamente autorizadas pelo autor.

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Caso Freeport (Acto 2)

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AO CONTRÁRIO do caso da licenciatura, Pinto de Sousa, também conhecido por José Sócrates, relativamente ao “caso Freeport”, adoptou uma estratégia diferente: mostra-se, exibe-se, expõe-se, grita, barafusta, indigna-se, demarca-se da família, diz que está a ser vítima de perseguição, que vai defender-se e esclarecer todos os portugueses. Estou perfeitamente de acordo com ele quando pede celeridade nas investigações, e digo isto porquê. Nos próximos dias, se não houver desenvolvimentos da investigação em curso, a RTP, a exemplo do que foi feito com o caso da duvidosa licenciatura, combina e prepara mais uma entrevista com o primeiro-ministro, para compor o ramalhete, e depois disso o “caso Freeport” volta a entrar em hibernação e a cair no esquecimento.

domingo, janeiro 25, 2009

Sem Comentário

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“O Papa Benedicto XVI [Bento XVI] reabilitou no sábado um bispo tradicionalista que nega o Holocausto, apesar das advertências dos líderes judaicos de que afectaria as relações entre católicos e judeus e fomentaria o antisemitismo.
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Richard Williamson, de origem britânica, efectuou uma série de declarações em que negou a extensão total do Holocausto, como é reconhecido pela maioria dos historiadores. Em declarações retransmitidas pela televisão sueca, disse que acreditava “que não houve câmaras de gás e que sómente 300.000 judeus pereceram nos campos de concentação nazis, em vez de seis milhões”.”

Minha tradução da notícia da Reuters de 24/01/2009, 15:48, publicada pelo diário espanhol PUBLICO.
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ADENDA:
Afinal sempre vou comentar.
Se Deus estivesse atento ao que aqui se passa e ao que se diz, cortaria a voz a este “sem-vergonha” e a quem o reabilita, quando se aceita que trezentos mil crimes, em vez de seis milhões, têm muita influência na contabilidade divina de pecados capitais.

A Máquina do Tempo (6)

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NO DIA 12 de Junho de 2007, terça-feira, este post do blog SABER A VERDADE, que aparece na lista de links aqui do lado esquerdo, dizia o seguinte:

R.I.P.

Depois de muito tempo sem escrever, os escritos anteriores podiam ter deixado de fazer sentido não fosse a realidade confirmar praticamente tudo o que se tem vindo a dizer. Mas o que me leva a voltar ao trabalho aqui no blog é o lançar de um novo grito de alerta para os tempos de mudança que temos andado a viver, mudanças de fundo no contexto geopolítico, económico e financeiro. De facto, urge perceber o que se passa para se entender o que se vai passar, pois os grandes ganhos vêm do entendimento dos sinais dos tempos antes dos tempos mudarem de vez. Assim, o mundo teimosamente insiste em seguir um caminho já antes trilhado, não vamos nós insistir também em só nos apercebermos disso quando já nada houver a ganhar com isso. Mas então, comecemos...
Da já afamada crise financeira global que tanto se tem falado aqui neste blog, temos sinais de tal modo fortes dados nos últimos 3 meses que não podia ter deixado passar em vão. Meus amigos, pela primeira vez desde a I Guerra Mundial os EUA perderam o estatuto de centro financeiro mundial. Os mercados financeiros no final de Março totalizavam 11760 biliões de euros nos EUA e 11819 biliões na Europa. Nos últimos anos os mercados americanos cresceram 70% contra os 160% dos mercados europeus. Claro que a depreciação do dólar não ajudou nada, mas esta tendência verifica-se também nas trocas comerciais mundiais, onde já em 2005 os europeus representavam mais de 50% de todo o comercio externo da Rússia, 65% da Argélia, 31% do Irão (seguido pelo Japão com 12%), 20% da Arábia Saudita (contra apenas 16% dos EUA), 30% do Kuwait (contra apenas 11% dos EUA) entre muitos outros. Note-se que os EUA detinham os primeiros lugares em todos estes mercados por larga margem de avanço. A China ultrapassou mesmo os EUA como o 1º importador na União Europeia. Este ajustar de forças geopolíticas e económicas está a acontecer agora e a uma velocidade estonteante, levando os habituais players do mercado a não reagir pois estão imobilizados com teorias e tendências que funcionaram durante quase um século e que agora começam a valer nada. Temos de juntar a isto a grave crise imobiliária nos EUA, que tem funcionado como uma caixa multibanco para cada família americana endividada até aos cabelos com empréstimos sobre a habitação na expectativa da subida de preço do imobiliário, que já todos agora percebem não vai acontecer. Algumas das maiores instituições financeiras americanas já estão a falir, a 2ª maior de todas, a New Century, foi a falencia mais badalada mas outras aconteceram e muitas mais se esperam acontecer. De facto o problema já é grave o suficiente para fazer manchete em todas as cadeias de media americanas, em programas como a Oprah e por todo o lado. Os únicos a não admitir o gravíssimo problema (gravíssimo porque tudo está baseado em consumo privado e sem dinheiro não há consumo, logo esta crise não tem resolução à vista) são os big players financeiros e a própria reserva federal americana, ambos com muito a perder caso o admitam publicamente. O Fed não admite a depressão pois isto obrigá-lo-ia a baixar as taxas de juro, depreciando ainda mais o dólar e fazendo a moeda americana colapsar ainda mais depressa do que se tem apregoado, os bigs das financeiras porque é nesta onda que têm surfado nas ultimas décadas e não sabem surfar noutras, alem disso ainda há muito dinheiro a ganhar com todo o maralhal que ainda acredita nos conselhos destes tubarões financeiros.
Com isto tudo vem o dizimar por completo da classe média americana empurrando-os para baixo e roubando-lhes as poupanças. Preocupante é também a analise do rácio de rendimentos entre os 0,01% mais ricos e os 90% mais pobres que desde 1950 tem andado entre os 170 a 180 e que de repente saltou para os 880 em 2005, níveis apenas vistos nos meses anteriores à grande depressão de 1929 em que o numero era de 891. O problema dos americanos é que 1929 aconteceu num contexto de crescimento da influencia dos EUA no mundo e hoje acontece exactamente o oposto. Por isso, em vez de termos uma grande depressão teremos uma enorme depressão. Num exemplo recente do deliberado esmagamento da classe média americana, a segunda maior cadeia de electrónica de consumo, a Circuit City Stores, despediu 3400 trabalhadores, 8,5% do seu pessoal de loja que ganhavam entre 10-11 dólares por hora para contratar o mesmo numero de trabalhadores a um preço de 8 dólares por hora. As novas contratações deram-se na América e com americanos, ou seja a classe média perdeu membros que passaram para a classe baixa, e a classe baixa ganhou trabalho pago como classe baixa e ainda recebeu mais membros fruto do desemprego ocorrido na classe média, um autentico downgrading social. Com toda esta crise as falências pessoais aumentaram exponencialmente, os casos de incumprimento bancário também e cada vez mais pessoas estão a perder as suas casas tomadas pelos bancos credores. Nos EUA o intervalo de tempo entre o incumprimento bancário e a perda do imóvel é em média de apenas 3 meses. Não tem havido novas compras de imobiliário, os impostos sobre o património e as transacções imobiliárias tem descido a pique bem como as receitas fiscais relacionadas com o consumo. Na Califórnia e na Florida as receitas fiscais diminuíram pela primeira vez em 30 anos. As receitas dos impostos sobre os lucros das empresas têm descido vertiginosamente também. Isto vai levar a mais endividamento publico a juntar ao já obsceno endividamento americano, levando a mais uma queda do dólar. Depois temos os iranianos a afirmar que mais de 60% das suas exportações já são feitas em moeda totalmente independente do dólar. Claro, temos o Irão fora todos os outros países que já só querem distancia do dolar, até mesmo da China. Mas se tudo isto não bastasse, são os próprios números estatísticos a darem-nos a dimensão do problema. De facto os EUA entraram em recessão técnica em Maio. Não de acordo com o seu PIB expresso em dólares, mas quando analisamos os mesmos dados mas com as contas feitas em Euros, Libras, Yenes ou Yuans, o resultado é o mesmo, a recessão técnica. Ou seja, para a América existe crescimento, para o resto do mundo existe recessão. É a magia dos números a funcionar.
Por isso meus amigos, esqueçam tudo o que lêem e ouvem nas noticias, e se estão à espera de um crash bolsista lembrem-se que a quando a bolsa crasha é porque tudo o resto já caiu também. Os EUA já eram, a missa já foi lida mas o mundo inteiro ainda mantém a ideia contrária e toma decisoes com esta base, ajudando os grandes tubarões a planearem a sua fuga e deixarem o menino nos braços da classe média cega por promessas de infalibilidade do sistema e incorruptibilidade do império americano. Conversa tal e qual a imposta nas vésperas de 1929. Nunca nenhum império sobreviveu para sempre nem nenhuma moeda sobreviveu mais do que 100 anos sem colapsar.
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Continuarei a fazer mais transcrições deste blog, devidamente autorizadas pelo autor.

sábado, janeiro 24, 2009

O Cerco Aperta-se!

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“NA SEMANA PASSADA chegou o aviso, ontem cumpriu-se a ameaça: a Standard & Poor's (S&P) baixou o rating que atribui a Portugal de "AA-" para "A+". Isto significa que a agência de notação financeira, uma das três maiores no mundo, passou a considerar que o risco de conceder crédito ao Estado português é agora mais elevado, o que pode vir a ter como resultado um agravamento dos juros a que o Estado obtém financiamento nos mercados internacionais, com consequências indirectas do mesmo tipo para os bancos, empresas e particulares.
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Trevor Cullinan, o analista da S&P para Portugal, fez ontem questão de esclarecer, numa conferência de imprensa por via telefónica, que "o plano anticrise lançado pelo Governo não é o motivo para a redução do défice". "Não olhamos só para o défice de um ano, quando tomamos estas decisões", afirmou, assinalando que "as fraquezas de Portugal já eram claras antes da crise, apenas se tornaram agora ainda mais claras".
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O grande problema, esclareceu o analista, é que "o crescimento potencial tem sido baixo e vai manter-se baixo", não permitindo que Portugal, nos próximos anos, apresente indicadores de crescimento, défice e dívida semelhantes aos outros países que têm um rating "AA". As reformas estruturais realizadas não chegaram para resolver os problemas de competitividade, baixa produtividade e elevado défice externo, que "terá mais tarde ou mais cedo de ser corrigido, limitando o ritmo de crescimento".
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Extracto do artigo do jornalista Sérgio Aníbal do jornal PÚBLICO publicado em 22 de Janeiro de 2009

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Caso Freeport (Acto 1)

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PINTO DE SOUSA, também conhecido por José Sócrates, à época ministro do Ambiente de António Guterres, foi co-autor de um despacho, assinado três dias antes das eleições de 2002, que reduziu a área da Zona Protegida do Estuário do Tejo, viabilizando a construção do empreendimento Freeport de Alcochete. Entretanto, havendo suspeitas de ter ocorrido tráfico de influências, actos de favorecimento e corrupção, a Polícia Judiciária iniciou uma investigação que acabou a ganhar ramificações com a “Operação Furacão”, e se estendeu até à actualidade.Ontem, o primeiro ministro num intervalo da cimeira entre Portugal e Espanha em Zamora, comentando as buscas ordenadas pelo Ministério Público e que a Polícia Judiciária levou a cabo, coadjuvada por um juiz - e que visaram um tio do primeiro-ministro, escritórios de arquitectos e advogados envolvidos no caso - fez questão de voltar a demarcar-se das investigações e recordar que o caso teve uma primeira versão aquando das eleições de 2005, sublinhando que o caso “volta agora [em 2009] quando vão novamente ser disputadas eleições". Fica no ar a ideia de os investigadores seriam sensíveis à proximidade das eleições para retomarem o caso. Deixo aqui uma pergunta: com esta evocação, será que o primeiro-ministro quis lançar suspeitas sobre a oportunidade ou lisura de tais diligências do Ministério Público e da Polícia Judiciária, deixando no ar a ideia de que estariam a soldo de alguém com malévolas intenções? Fico a aguardar os desenvolvimentos deste caso.

Amigo Disfarçado, Inimigo Dobrado

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O VENERÁVEL Vieira da Silva, obreiro do novo Código do Trabalho e nosso ministro do Trabalho e Solidariedade, fundamentando os apoios que o governo está a conceder à banca, disse há dias que "A banca tem um papel muito importante em qualquer economia, em qualquer país: é através dela que as poupanças das pessoas se transformam em investimento, e sem investimento não há crescimento económico, não há emprego, não há desenvolvimento". Depois desta tirada, a banca respondeu com medidas a preceito: se as taxas de juro do crédito à habitação estavam a descer, a banca logo correu a aumentar os “spreads”, porque ela anda cá para ganhar dinheiro e não para fazer filantropia, em concorrência directa com as Misericórdias. Ora bem, por aqui se vê as medidas que essa mesma banca toma para nos entusiasmar e deixar descansados sobre o seu curioso modo de enfrentar a crise.