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sábado, agosto 15, 2009
quinta-feira, agosto 13, 2009
A Páginas Tantas…
Transcrevo a seguir uma curta passagem do último livro de Miguel Real, intitulado A MINISTRA, editado pela Quidnovi, que é de uma oportunidade atroz. Ao ler estas linhas, as perguntas que ficam a pairar no nosso espírito são sempre as mesmas: Mas onde é que eu já vi isto? Será que é ela?
…
"Tenho quatro anos para fazer boa figura, pôr a escola portuguesa na Europa, onde ninguém reprova e todos caminham para um mínimo de cultura geral, mais não é preciso, chega, para o vulgo suburbano basta, a pesquisa na Internet preenche as falhas educativas, gerando uma ilusão de sabedoria para o novo habitante urbano, moldado pelo facilitismo e pela vulgaridade (...), é preciso revolucionar o ensino, dar ao povo o que o povo quer, um nico de cultura, um nico de ciência, umas palavritas de inglês, muita informática, chega, basta, um canalizador ou uma recepcionista de balcão não precisa de mais, é preciso harmonizar o ensino com o povo bárbaro que temos (...) facilitar a vida aos mais novos, empurrando-os para a passagem de ano, todos os anos, criar uma segunda oportunidade aos mais velhos, fazer equivaler a experiência de vida destes aos graus de ensino, basta um dossier com toda a informação, mais uma entrevista, pronto, todo o povo passa a ter o 12.º ano, ficam resolvidos os problemas da formação, acabar com o abandono escolar anulando os programas difíceis, no final dos meus quatro anos as estatísticas na educação têm de ser iguais às da Alemanha (...); a todos farei ver que sem mim o povo não teria o que passará a ter, domínio da informática, conhecimentos de inglês, agilidade mental para se safar na vida, para que precisa o povo de saber os sonetos do Antero ou a prosa do Eça?"...
A minha curiosidade ficou ao rubro. Passe a publicidade, aqui vai a respectiva Ficha Técnica:
Título: A ministra
Autor: Miguel Real
Editor: Quidnovi
Data: Junho de 2009
Tema: Literatura Portuguesa
Dimensão: 150 x 230 milímetros
Páginas: 144
Acabamento: Capa mole com badanas
PVP: 12,95 euros
O Destino do Timoneiro
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Pinto de Sousa, também conhecido por José Sócrates, escreveu (terá sido mesmo ele?) um texto que não é mais do que um exercício de descarada propaganda política, que a direcção do JORNAL DE NOTÍCIAS, reverente e obedientemente deixou publicar, como se de um artigo de OPINIÃO se tratasse.
Fazer um exame ao dito, parece-me uma perda de tempo, atendendo a que é um vazio, sobretudo de ideias, acrescido de algum «copy-past» da habitual cassete socretina. Porém, não resisto a realçar dois ou três pontos:
O primeiro-ministro, que por coincidência também é o secretário-geral do PS volta a repetir-se com a desculpa do espectro da crise que veio de fora, recusando-se a admitir que há uma crise indisfarçável e genuinamente portuguesa, que ele despreza e olha de soslaio, remediando-a com muita propaganda e conversa fiada, sem fim à vista. Diz mesmo, com a lábia do costume, que neste momento de crise mundial, os Portugueses precisam de um Governo competente, com um rumo claro, uma agenda conhecida e condições de coerência e estabilidade. Até Campos e Cunha, o seu ex-ministro das Finanças, veio contradizê-lo, dizendo em entrevista que a governação daquele senhor foi tecnicamente errada e arrogante, que as políticas seguidas de combate à crise lhe parecem desajustadas, e as medidas para o período pós-crise ainda mais desajustadas. Diz mesmo que a crise não explica tudo, e que a crise internacional funciona como uma espécie de cortina de fumo sobre as nossas debilidades. Quando aquela acabar, a crise nacional vai ressurgir, exacerbada por algumas medidas erradas de política contra a crise.
Indiferente a isto e outras coisas, o primeiro-ministro, que por coincidência também é o secretário-geral do PS, está agora mais empenhado em reposicionar-se à esquerda no cenário político português, vincando as diferenças entre a sua governação e as que foram levadas a cabo pela direita, quando essas dissemelhanças apenas divergem na forma e não nos objectivos, sendo que, praticamente, quase nada as distingue.
O primeiro-ministro, que por coincidência também é o secretário-geral do PS, insiste nessa tecla e diz que não pertence àquela esquerda que se limita a protestar (isto é puro logro ou falta de informação), dispensando-se da maçada de contribuir para a solução de qualquer problema, mas sim daquela que quer responder aos problemas e às necessidades das pessoas, com base num novo compromisso, que na minha opinião não passa do velho compromisso, porém recauchutado. Além disso, e na verdade, ele não é um homem de esquerda; diz e finge que é qualquer coisa, desde que essa qualquer coisa o mantenha agarrado ao poleiro, seja ele que poleiro for.
Ora o primeiro-ministro, que por sinal também é o secretário-geral do PS, não pode tratar o país como se fosse um grupo de patetas, comportando-se como se tivesse chegado agora, inocente e imaculado, à ribalta do poder, e voltar a prometer, como se fosse uma cópia a papel químico, aquilo que já prometeu uma vez, e que entretanto não cumpriu (ou cumpriu ao contrário).
É habitual dizer-se que os políticos (quando o são), depois de uma má experiência, estão destinados a fazerem uma travessia do deserto (em sentido figurado, claro está!) para reflectirem e se purgarem dos erros cometidos, e deixarem que a sua imagem negativa se dissipe perante a opinião pública, esse alvo que os profissionais do marketing político tanto se esforçam por manipular. Sócrates na sua infinita arrogância, auto-convencimento e vocação para o embuste, não sei se conseguirá fazer essa jornada, porque no seu caso, e não vem agora para o caso referir todas as causa, ele terá que atravessar, não um, mas vários desertos.
Por isso, o eleitorado vai ter que dizer a este senhor, com muita convicção e determinação, que este país não quer ser uma jangada meio desconjuntada ao sabor das correntes, e que José Sócrates, o seu suposto, querido, enérgico e destemido timoneiro, é perfeitamente dispensável.
Pinto de Sousa, também conhecido por José Sócrates, escreveu (terá sido mesmo ele?) um texto que não é mais do que um exercício de descarada propaganda política, que a direcção do JORNAL DE NOTÍCIAS, reverente e obedientemente deixou publicar, como se de um artigo de OPINIÃO se tratasse.
Fazer um exame ao dito, parece-me uma perda de tempo, atendendo a que é um vazio, sobretudo de ideias, acrescido de algum «copy-past» da habitual cassete socretina. Porém, não resisto a realçar dois ou três pontos:
O primeiro-ministro, que por coincidência também é o secretário-geral do PS volta a repetir-se com a desculpa do espectro da crise que veio de fora, recusando-se a admitir que há uma crise indisfarçável e genuinamente portuguesa, que ele despreza e olha de soslaio, remediando-a com muita propaganda e conversa fiada, sem fim à vista. Diz mesmo, com a lábia do costume, que neste momento de crise mundial, os Portugueses precisam de um Governo competente, com um rumo claro, uma agenda conhecida e condições de coerência e estabilidade. Até Campos e Cunha, o seu ex-ministro das Finanças, veio contradizê-lo, dizendo em entrevista que a governação daquele senhor foi tecnicamente errada e arrogante, que as políticas seguidas de combate à crise lhe parecem desajustadas, e as medidas para o período pós-crise ainda mais desajustadas. Diz mesmo que a crise não explica tudo, e que a crise internacional funciona como uma espécie de cortina de fumo sobre as nossas debilidades. Quando aquela acabar, a crise nacional vai ressurgir, exacerbada por algumas medidas erradas de política contra a crise.
Indiferente a isto e outras coisas, o primeiro-ministro, que por coincidência também é o secretário-geral do PS, está agora mais empenhado em reposicionar-se à esquerda no cenário político português, vincando as diferenças entre a sua governação e as que foram levadas a cabo pela direita, quando essas dissemelhanças apenas divergem na forma e não nos objectivos, sendo que, praticamente, quase nada as distingue.
O primeiro-ministro, que por coincidência também é o secretário-geral do PS, insiste nessa tecla e diz que não pertence àquela esquerda que se limita a protestar (isto é puro logro ou falta de informação), dispensando-se da maçada de contribuir para a solução de qualquer problema, mas sim daquela que quer responder aos problemas e às necessidades das pessoas, com base num novo compromisso, que na minha opinião não passa do velho compromisso, porém recauchutado. Além disso, e na verdade, ele não é um homem de esquerda; diz e finge que é qualquer coisa, desde que essa qualquer coisa o mantenha agarrado ao poleiro, seja ele que poleiro for.
Ora o primeiro-ministro, que por sinal também é o secretário-geral do PS, não pode tratar o país como se fosse um grupo de patetas, comportando-se como se tivesse chegado agora, inocente e imaculado, à ribalta do poder, e voltar a prometer, como se fosse uma cópia a papel químico, aquilo que já prometeu uma vez, e que entretanto não cumpriu (ou cumpriu ao contrário).
É habitual dizer-se que os políticos (quando o são), depois de uma má experiência, estão destinados a fazerem uma travessia do deserto (em sentido figurado, claro está!) para reflectirem e se purgarem dos erros cometidos, e deixarem que a sua imagem negativa se dissipe perante a opinião pública, esse alvo que os profissionais do marketing político tanto se esforçam por manipular. Sócrates na sua infinita arrogância, auto-convencimento e vocação para o embuste, não sei se conseguirá fazer essa jornada, porque no seu caso, e não vem agora para o caso referir todas as causa, ele terá que atravessar, não um, mas vários desertos.
Por isso, o eleitorado vai ter que dizer a este senhor, com muita convicção e determinação, que este país não quer ser uma jangada meio desconjuntada ao sabor das correntes, e que José Sócrates, o seu suposto, querido, enérgico e destemido timoneiro, é perfeitamente dispensável.
quarta-feira, agosto 12, 2009
26 MEDIDAS URGENTES
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O Programa Eleitoral do PCP propôs 26 MEDIDAS URGENTES para irem ao encontro das necessidades do país e dos portugueses. São elas:
1. Alargamento dos critérios de acesso e prolongamento do período de atribuição do subsídio de desemprego;
2. Aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN) para pelo menos 600 euros até 2013;
3. Alteração dos aspectos negativos do Código do Trabalho (designadamente o restabelecimento do efectivo direito à contratação colectiva) e da legislação laboral da Administração Pública;
4. A fiscalização rigorosa do recurso ao lay-off combatendo a violação dos direitos dos trabalhadores e a redução dos salários;
5. Adopção de um Programa Nacional de combate à precariedade e ao trabalho clandestino;
6. Reposição do vínculo de nomeação público e alteração do Sistema de Avaliação e Desempenho dos trabalhadores da Administração Pública ;
7. Revogação do estatuto da carreira docente e alteração do modelo de avaliação;
8. Aumento real das pensões e reformas, revogação das normas penalizadoras do seu valor (factor de sustentabilidade e fórmula de actualização anual) e diversificação do financiamento da segurança social com base na riqueza criada;
9. Salvaguarda do direito à reforma aos 65 anos e possibilidade da sua antecipação sem penalizações para carreiras contributivas de 40 anos;
10. Distribuição gratuita dos manuais escolares para todo o ensino obrigatório, já a partir do próximo ano lectivo;
11. Revogação da Lei do Financiamento do Ensino Superior;
12. Programa para garantir o acesso à consulta no próprio dia nos Cuidados Primários de Saúde, incluindo medidas especiais para a formação e contratação de médicos de medicina geral e familiar ;
13. Alargamento dos critérios de atribuição do apoio judiciário e gratuitidade do acesso dos trabalhadores à justiça laboral;
14. Reforço dos efectivos e meios para um policiamento de proximidade e uma política de segurança com mais prevenção;
15. Redução da factura de energia – electricidade, gás e combustíveis – para famílias e empresas;
16. Garantia de um rendimento mínimo nas explorações agrícolas familiares e unidades de pesca artesanal, pela criação de adequado seguro às suas actividades;
17. Eliminação do pagamento especial por conta (PEC) para as micro e pequenas empresas e redução dos prazos de reembolso do IVA;
18. Taxação de todas as mais valias bolsistas e criação do imposto sobre o património mobiliário (acções, obrigações, etc.);
19. Imposição de uma taxa mínima efectiva de IRC de 20% ao sector financeiro, banca e seguros;
20. Criar o Laboratório Nacional do Medicamento e incrementar a produção nacional;
21. Garantir a produção nacional de material ferroviário (em particular material circulante) nomeadamente com a mobilização de incentivos em torno de investimento em curso na ferrovia;
22. Estabelecimento de valores referência das taxas de juro, margens (spreads) e comissões da Caixa Geral de Depósitos para um funcionamento adequado do mercado de crédito;
23. Pagamento a 100% da remuneração nas licenças de maternidade, paternidade e adopção para os trabalhadores da Administração Pública e sector privado e atribuição de um subsidio de nascimento ou adopção nos primeiros doze meses:
24. Profunda revisão das políticas económica e monetária da UE com substituição do Pacto de Estabilidade e Crescimento e sua substituição por um Pacto para o Progresso Social e para o Emprego ;
25. Aumento da dedução específica aos rendimentos do trabalho dependente de 72 para 80% do salário mínimo nacional;
26. Revogação do actual Regulamento Disciplinar Militar .
Nota pessoal - Chamem-lhe o que quiserem, mas insisto que a medida mais coerente e eficaz que se poderia tomar para enfrentar a presente crise (e não só!), seria a de proceder à nacionalização da banca comercial, como forma de ultrapassar as dificuldades de crédito que as empresas estão a enfrentar, devolvendo ao Estado poder de intervenção e regulação da actividade económica.
O Programa Eleitoral do PCP propôs 26 MEDIDAS URGENTES para irem ao encontro das necessidades do país e dos portugueses. São elas:
1. Alargamento dos critérios de acesso e prolongamento do período de atribuição do subsídio de desemprego;
2. Aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN) para pelo menos 600 euros até 2013;
3. Alteração dos aspectos negativos do Código do Trabalho (designadamente o restabelecimento do efectivo direito à contratação colectiva) e da legislação laboral da Administração Pública;
4. A fiscalização rigorosa do recurso ao lay-off combatendo a violação dos direitos dos trabalhadores e a redução dos salários;
5. Adopção de um Programa Nacional de combate à precariedade e ao trabalho clandestino;
6. Reposição do vínculo de nomeação público e alteração do Sistema de Avaliação e Desempenho dos trabalhadores da Administração Pública ;
7. Revogação do estatuto da carreira docente e alteração do modelo de avaliação;
8. Aumento real das pensões e reformas, revogação das normas penalizadoras do seu valor (factor de sustentabilidade e fórmula de actualização anual) e diversificação do financiamento da segurança social com base na riqueza criada;
9. Salvaguarda do direito à reforma aos 65 anos e possibilidade da sua antecipação sem penalizações para carreiras contributivas de 40 anos;
10. Distribuição gratuita dos manuais escolares para todo o ensino obrigatório, já a partir do próximo ano lectivo;
11. Revogação da Lei do Financiamento do Ensino Superior;
12. Programa para garantir o acesso à consulta no próprio dia nos Cuidados Primários de Saúde, incluindo medidas especiais para a formação e contratação de médicos de medicina geral e familiar ;
13. Alargamento dos critérios de atribuição do apoio judiciário e gratuitidade do acesso dos trabalhadores à justiça laboral;
14. Reforço dos efectivos e meios para um policiamento de proximidade e uma política de segurança com mais prevenção;
15. Redução da factura de energia – electricidade, gás e combustíveis – para famílias e empresas;
16. Garantia de um rendimento mínimo nas explorações agrícolas familiares e unidades de pesca artesanal, pela criação de adequado seguro às suas actividades;
17. Eliminação do pagamento especial por conta (PEC) para as micro e pequenas empresas e redução dos prazos de reembolso do IVA;
18. Taxação de todas as mais valias bolsistas e criação do imposto sobre o património mobiliário (acções, obrigações, etc.);
19. Imposição de uma taxa mínima efectiva de IRC de 20% ao sector financeiro, banca e seguros;
20. Criar o Laboratório Nacional do Medicamento e incrementar a produção nacional;
21. Garantir a produção nacional de material ferroviário (em particular material circulante) nomeadamente com a mobilização de incentivos em torno de investimento em curso na ferrovia;
22. Estabelecimento de valores referência das taxas de juro, margens (spreads) e comissões da Caixa Geral de Depósitos para um funcionamento adequado do mercado de crédito;
23. Pagamento a 100% da remuneração nas licenças de maternidade, paternidade e adopção para os trabalhadores da Administração Pública e sector privado e atribuição de um subsidio de nascimento ou adopção nos primeiros doze meses:
24. Profunda revisão das políticas económica e monetária da UE com substituição do Pacto de Estabilidade e Crescimento e sua substituição por um Pacto para o Progresso Social e para o Emprego ;
25. Aumento da dedução específica aos rendimentos do trabalho dependente de 72 para 80% do salário mínimo nacional;
26. Revogação do actual Regulamento Disciplinar Militar .
Nota pessoal - Chamem-lhe o que quiserem, mas insisto que a medida mais coerente e eficaz que se poderia tomar para enfrentar a presente crise (e não só!), seria a de proceder à nacionalização da banca comercial, como forma de ultrapassar as dificuldades de crédito que as empresas estão a enfrentar, devolvendo ao Estado poder de intervenção e regulação da actividade económica.
Coelhos e Cartolas
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Desde meados do ano passado que a grande preocupação de José Sócrates tem sido descartar responsabilidades e transferir para a crise internacional, o mau desempenho que ele manifestou, ao longo de 4 anos e meio de governação. Na verdade, aquela crise internacional acabou mesmo por vir a calhar, na medida em que permitiu transformá-la, com alguma arteirice, na única e exclusiva responsável pela crise nativa, a qual já era genuinamente portuguesa e muito mais antiga que a dita internacional, e que o Governo PS, apesar das promessas e da escassa competência, não havia conseguido debelar. Como somos todos estrábicos e patetas, pensaram os senhores do Governo e os seus assessores de marketing político, que se esse falso argumento fosse repisado até à náusea, acabaria por se tornar uma verdade incontestável, tal como agora volta a acontecer no Programa de Governo do PS para 2009/2013, onde a inverdade é novamente repetida, com a mesma audácia argumentativa e sem o mínimo vestígio de humildade. Recapitulemos e vejamos o que eles lá dizem:
«É certo que a emergência em 2008 daquela que é a maior crise económica mundial desde a célebre Grande Depressão de 1929 afectou o desempenho económico de todos os países e, inevitavelmente, também da economia portuguesa, com efeitos particularmente preocupantes ao nível do desemprego.É certo, igualmente, que este facto tem sido explorado pelos “profetas da desgraça” para exibirem os indicadores negativos da conjuntura económica portuguesa, como se eles fossem culpa do Governo e pudessem apagar os progressos que o País, de facto, alcançou.Mas não é sério, obviamente, atribuir ao Governo português responsabilidades pela evolução negativa de indicadores económicos que se sabe serem fortemente determinados pela crise económica internacional, nem é falar verdade aos portugueses pretender negar a evidência da gravidade desta recessão mundial como se ela não fosse mais do que um “abalozinho”.Sobretudo, para ser verdadeiro e justo para com o esforço dos portugueses, importa reconhecer que o País, de facto, progrediu nos últimos quatro anos e está hoje melhor preparado para enfrentar os desafios do futuro. E isto em larga medida porque, apesar de todas as dificuldades que foram surgindo ao longo da legislatura, o Governo do PS soube prosseguir, com coragem e determinação, uma governação responsável, reformista e com consciência social.»
Ora, se no ilusionismo é possível tirar coelhos de cartolas, na política isso é impossível, e a realidade dos factos desmente a rósea argumentação do programa do PS. A patética obsessão do governo com a redução do défice orçamental, a preocupação em hostilizar vários sectores sócio-profissionais, o agravamento da carga fiscal a que foi sujeito o país, em contraste com a despudorada protecção do sector financeiro, a doentia preocupação com a manipulação dos números e a invenção de expedientes para sanear as estatísticas, a incompetência, o desprezo e a leviandade que assumiu, perante os sinais e advertências que se iam acumulando, sobre a inevitabilidade da crise mundial, bem como a ausência de medidas que funcionassem como amortecedores da mesma, levou a que os problemas estruturais do país não fossem solucionados, antes se agravassem, deixando o país mais fragilizado, a perder espessura, perante as ondas de choque que começaram a atingir-nos em princípios de 2008. Em resumo, foram 5 por cento de governação de péssima qualidade, e 95 por cento de encenação e exímia propaganda, cujo resultado são estas nódoas da governação de José Sócrates, tão difíceis, persistentes e profundas, que resistem a qualquer barrela ou branqueamento que o PS lhes tente aplicar.Com dois milhões de pobres, mais de meio milhão de desempregados, com uma classe média empobrecida, com as insolvências a alastrarem pelo tecido económico a um ritmo impressionante, com o endividamento externo a atingir valores calamitosos, e o país no seu todo a divergir cada vez mais dos parâmetros europeus, tudo isto para pouco mais de dez milhões de portugueses, é impressionante como nos querem fazer crer que não andaram a governar à bolina, mas que, pelo contrário, tudo isto são prodígios de uma boa e honesta governação, que para se afirmar e ter continuidade, apenas precisa da compreensão e do renovado apoio dos eleitores! Ora bem, por mim fiquei esclarecido e não precisam de dizer mais nada, pois aquele programa não é para ser tomado a sério, e o que os candidatos andam a papaguear, não passam de fórmulas de ocasião, para se furtarem ao juízo dos eleitores. Na primeira todos caem, na segunda só cai quem quer.
terça-feira, agosto 11, 2009
Fortalecer, Aprofundar e Alargar…
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… as nossas relações bilaterais, eis as três palavras mágicas, pronunciadas pela Secretária de Estado dos E.U.A., Hillary Clinton, nesta sua visita a Angola, e que para bom entendedor, só querem dizer três coisas: PETRÓLEO! PETRÓLEO! PETRÓLEO!
… as nossas relações bilaterais, eis as três palavras mágicas, pronunciadas pela Secretária de Estado dos E.U.A., Hillary Clinton, nesta sua visita a Angola, e que para bom entendedor, só querem dizer três coisas: PETRÓLEO! PETRÓLEO! PETRÓLEO!
O Comboio Errado
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Cipriano Justo no seu post intitulado REAL STATE, de 8 de Agosto ( nos blogs do PÚBLICO ), fez duas afirmações que me deixaram entre confundido e incrédulo. A primeira é ao afirmar que «...um partido político não se identifica exclusivamente pela política que conjunturalmente pratica; um dos critérios que nunca poderá ser omitido na sua caracterização é o bloco social que o apoia eleitoralmente.». Então se não é na sua prática política, mesmo que conjuntural, é em quê?
Ora se os partidos políticos se qualificam e distinguem pela adesão que recebem de certos grupos da sociedade civil, a qual constitui a sua base social de apoio, e se essa adesão é determinada pela prática política que o partido assume no contexto da vida nacional, o que é que faltará para marcar as diferenças e os identificar?
Será o cumprimento ou não dos compromissos eleitorais?
Será o acerto ou desacerto entre o programa e a prática política?
Será a transparência ou opacidade com que actua na cena política?
Será a idoneidade ou não dos seus dirigentes?
A segunda tem a ver quando Cipriano Justo diz que «O facto de o governo de José Sócrates ter realizado uma política que em nada envergonharia um governo de direita não é a mesma coisa que dizer que PS e PSD são farinha do mesmo saco.». Cabe aqui deixar mais duas perguntas:
Será então que PS e PSD andam «só» a fazer concorrência um ao outro?
Ou será que o PS apanhou, por engano ou distração, o comboio errado?
E já que Cipriano Justo também fala de entendimentos políticos, será talvez conveniente lembrar que há uma coisa que se chama confiança, que se baseia em princípios, na coerência e na ética política, e é sempre ela que determina a viabilidade das alianças ou coligações que os partidos possam fazer entre si. Eu só faço sociedade com alguém que tenha, mesmo que conjunturais, os mesmos objectivos e interesses que eu, tal como o senhor prior da minha freguesia, lá por se ter empenhado em salvar a alma do Simão Pilha-Galinhas, quase de certeza que não o vai acompanhar, no próximo assalto que ele anda a congeminar.
Cipriano Justo no seu post intitulado REAL STATE, de 8 de Agosto ( nos blogs do PÚBLICO ), fez duas afirmações que me deixaram entre confundido e incrédulo. A primeira é ao afirmar que «...um partido político não se identifica exclusivamente pela política que conjunturalmente pratica; um dos critérios que nunca poderá ser omitido na sua caracterização é o bloco social que o apoia eleitoralmente.». Então se não é na sua prática política, mesmo que conjuntural, é em quê?
Ora se os partidos políticos se qualificam e distinguem pela adesão que recebem de certos grupos da sociedade civil, a qual constitui a sua base social de apoio, e se essa adesão é determinada pela prática política que o partido assume no contexto da vida nacional, o que é que faltará para marcar as diferenças e os identificar?
Será o cumprimento ou não dos compromissos eleitorais?
Será o acerto ou desacerto entre o programa e a prática política?
Será a transparência ou opacidade com que actua na cena política?
Será a idoneidade ou não dos seus dirigentes?
A segunda tem a ver quando Cipriano Justo diz que «O facto de o governo de José Sócrates ter realizado uma política que em nada envergonharia um governo de direita não é a mesma coisa que dizer que PS e PSD são farinha do mesmo saco.». Cabe aqui deixar mais duas perguntas:
Será então que PS e PSD andam «só» a fazer concorrência um ao outro?
Ou será que o PS apanhou, por engano ou distração, o comboio errado?
E já que Cipriano Justo também fala de entendimentos políticos, será talvez conveniente lembrar que há uma coisa que se chama confiança, que se baseia em princípios, na coerência e na ética política, e é sempre ela que determina a viabilidade das alianças ou coligações que os partidos possam fazer entre si. Eu só faço sociedade com alguém que tenha, mesmo que conjunturais, os mesmos objectivos e interesses que eu, tal como o senhor prior da minha freguesia, lá por se ter empenhado em salvar a alma do Simão Pilha-Galinhas, quase de certeza que não o vai acompanhar, no próximo assalto que ele anda a congeminar.
segunda-feira, agosto 10, 2009
Mais Lugares (Madeira)
domingo, agosto 09, 2009
RAP, Tira, Põe e Deixa
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Com o título de «Chefes & índios», transcrevo o artigo de opinião de Manuel António Pina, publicado no JORNAL DE NOTÍCIAS de 2009-Ago-6. O título do post é da minha autoria.
«Não é nada que surpreenda no processo orwelliano que vem, a vários títulos, sendo a reforma da Administração Pública [RAP]: soube-se ontem que, para o Governo e para a Reforma, todos os funcionários públicos são iguais mas uns são mais iguais que outros.
Assim, os funcionários (4.500, contas por baixo) que enxameiam os ministérios por nomeação política estão, ao contrário dos que chegaram aos cargos por mérito demonstrado em concurso público, isentos de avaliação de desempenho e podem progredir na carreira e no salário pelo ominoso método tantas vezes desancado pelo actual Governo: a idade e o tempo de serviço, isto é, basta-lhes deixar passar o tempo e envelhecer atrás das secretárias para serem promovidos. Segundo a Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP), o Governo visa, desse modo, "premiar" as responsabilidades de chefia. Daí se concluirá que, sendo a não avaliação um "prémio" aos chefes nomeados politicamente, a avaliação é o "castigo" para os índios sem cartão partidário. E que, excepção atrás de excepção, a famosa reforma da Administração Pública se tornou uma coboiada.»
Com o título de «Chefes & índios», transcrevo o artigo de opinião de Manuel António Pina, publicado no JORNAL DE NOTÍCIAS de 2009-Ago-6. O título do post é da minha autoria.
«Não é nada que surpreenda no processo orwelliano que vem, a vários títulos, sendo a reforma da Administração Pública [RAP]: soube-se ontem que, para o Governo e para a Reforma, todos os funcionários públicos são iguais mas uns são mais iguais que outros.
Assim, os funcionários (4.500, contas por baixo) que enxameiam os ministérios por nomeação política estão, ao contrário dos que chegaram aos cargos por mérito demonstrado em concurso público, isentos de avaliação de desempenho e podem progredir na carreira e no salário pelo ominoso método tantas vezes desancado pelo actual Governo: a idade e o tempo de serviço, isto é, basta-lhes deixar passar o tempo e envelhecer atrás das secretárias para serem promovidos. Segundo a Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP), o Governo visa, desse modo, "premiar" as responsabilidades de chefia. Daí se concluirá que, sendo a não avaliação um "prémio" aos chefes nomeados politicamente, a avaliação é o "castigo" para os índios sem cartão partidário. E que, excepção atrás de excepção, a famosa reforma da Administração Pública se tornou uma coboiada.»
sábado, agosto 08, 2009
Escrutinar Idoneidades e Competências
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Com o título de «Diferenças», transcrevo o artigo de opinião de Mário Crespo, publicado no JORNAL DE NOTÍCIAS de 2009-Ago-3. O título do post é da minha autoria.
«Assistir ao duríssimo questionamento da comissão de inquérito senatorial nos Estados Unidos para a nomeação da juíza Sónia Sottomayor para o Supremo Tribunal é ver um magnífico exercício de cidadania avançada. Não temos em Portugal nada que se lhe compare. Se os nossos parlamentares tivessem a independência dos congressistas americanos, Cavaco Silva nunca teria sido presidente, Sócrates primeiro-ministro, Dias Loureiro Conselheiro de Estado, Lopes da Mota representante de Portugal ou Alberto Costa ministro da Justiça. O impiedoso exame de comportamentos, curricula e carácter teria posto um fim às respectivas carreiras públicas antes delas poderem causar danos.
Se a Assembleia da República tivesse a força política do Senado, os negócios do cidadão Aníbal Cavaco Silva e família, com as acções do grupo do BPN, por legais que fossem, levantariam questões éticas que impediriam o exercício de um cargo público. Se o Parlamento em Portugal tivesse a vitalidade democrática da Câmara dos Representantes, o acidentado percurso universitário de José Sócrates teria feito abortar a carreira política. Não por insuficiência de qualificação académica, que essa é irrelevante, mas pelo facilitismo de actuação, esse sim, definidor de carácter.
Do mesmo modo, uma Comissão de Negócios Estrangeiros no Senado nunca aprovaria Lopes da Mota para um cargo em que representasse todo o país num órgão estrangeiro, por causa das reservas que se levantaram com o seu comportamento em Felgueiras, que denotou a falta de entendimento do procurador do que é político e do que é justiça. Também por isto, numa audição da Comissão Judicial do Senado, Alberto Costa, com os seus antecedentes em Macau no caso Emaudio, nunca teria conseguido ser ministro da Justiça, por pura e simplesmente não inspirar confiança ao Estado.
Assim, se houvesse um Congresso como nos Estados Unidos, com o seu papel fiscalizador da vida pública, por muito forte que fosse a cumplicidade dos afectos entre Dias Loureiro e Cavaco Silva, o executivo da Sociedade Lusa de Negócios nunca teria sido conselheiro presidencial, porque o presidente teria tido medo das cargas que uma tal nomeação inevitavelmente acarretaria num sistema político mais transparente. Mas nem Cavaco teve medo, nem Sócrates se inibiu de ir buscar diplomas a uma universidade que, se não tivesse sido fechada, provavelmente já lhe teria dado um doutoramento, nem Dias Loureiro contou tudo o que sabia aos parlamentares, nem Lopes da Mota achou mal tentar forçar o sistema judicial a proteger o camarada primeiro-ministro, nem Alberto Costa se sentiu impedido de ser o administrador da justiça nacional em nome do Estado lá porque tinha sido considerado culpado de pressionar um juiz em Macau num caso de promiscuidade política e financeira. Nenhum destes actores do nosso quotidiano tinha passado nas audições para o casting de papéis relevantes na vida pública nos Estados Unidos. Aqui nem se franziram sobrolhos nem houve interrogações. Não houve ninguém para fazer perguntas a tempo e, pior ainda, não houve sequer medo ou pudor que elas pudessem ser feitas. É que essa cidadania avançada que regula a democracia americana ainda não chegou cá.»
Com o título de «Diferenças», transcrevo o artigo de opinião de Mário Crespo, publicado no JORNAL DE NOTÍCIAS de 2009-Ago-3. O título do post é da minha autoria.
«Assistir ao duríssimo questionamento da comissão de inquérito senatorial nos Estados Unidos para a nomeação da juíza Sónia Sottomayor para o Supremo Tribunal é ver um magnífico exercício de cidadania avançada. Não temos em Portugal nada que se lhe compare. Se os nossos parlamentares tivessem a independência dos congressistas americanos, Cavaco Silva nunca teria sido presidente, Sócrates primeiro-ministro, Dias Loureiro Conselheiro de Estado, Lopes da Mota representante de Portugal ou Alberto Costa ministro da Justiça. O impiedoso exame de comportamentos, curricula e carácter teria posto um fim às respectivas carreiras públicas antes delas poderem causar danos.
Se a Assembleia da República tivesse a força política do Senado, os negócios do cidadão Aníbal Cavaco Silva e família, com as acções do grupo do BPN, por legais que fossem, levantariam questões éticas que impediriam o exercício de um cargo público. Se o Parlamento em Portugal tivesse a vitalidade democrática da Câmara dos Representantes, o acidentado percurso universitário de José Sócrates teria feito abortar a carreira política. Não por insuficiência de qualificação académica, que essa é irrelevante, mas pelo facilitismo de actuação, esse sim, definidor de carácter.
Do mesmo modo, uma Comissão de Negócios Estrangeiros no Senado nunca aprovaria Lopes da Mota para um cargo em que representasse todo o país num órgão estrangeiro, por causa das reservas que se levantaram com o seu comportamento em Felgueiras, que denotou a falta de entendimento do procurador do que é político e do que é justiça. Também por isto, numa audição da Comissão Judicial do Senado, Alberto Costa, com os seus antecedentes em Macau no caso Emaudio, nunca teria conseguido ser ministro da Justiça, por pura e simplesmente não inspirar confiança ao Estado.
Assim, se houvesse um Congresso como nos Estados Unidos, com o seu papel fiscalizador da vida pública, por muito forte que fosse a cumplicidade dos afectos entre Dias Loureiro e Cavaco Silva, o executivo da Sociedade Lusa de Negócios nunca teria sido conselheiro presidencial, porque o presidente teria tido medo das cargas que uma tal nomeação inevitavelmente acarretaria num sistema político mais transparente. Mas nem Cavaco teve medo, nem Sócrates se inibiu de ir buscar diplomas a uma universidade que, se não tivesse sido fechada, provavelmente já lhe teria dado um doutoramento, nem Dias Loureiro contou tudo o que sabia aos parlamentares, nem Lopes da Mota achou mal tentar forçar o sistema judicial a proteger o camarada primeiro-ministro, nem Alberto Costa se sentiu impedido de ser o administrador da justiça nacional em nome do Estado lá porque tinha sido considerado culpado de pressionar um juiz em Macau num caso de promiscuidade política e financeira. Nenhum destes actores do nosso quotidiano tinha passado nas audições para o casting de papéis relevantes na vida pública nos Estados Unidos. Aqui nem se franziram sobrolhos nem houve interrogações. Não houve ninguém para fazer perguntas a tempo e, pior ainda, não houve sequer medo ou pudor que elas pudessem ser feitas. É que essa cidadania avançada que regula a democracia americana ainda não chegou cá.»
sexta-feira, agosto 07, 2009
Deserto de Promessas
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Com o título de «A demagogia chega às crianças!», transcrevo o artigo de opinião de Honório Novo, publicado no JORNAL DE NOTÍCIAS de 2009-Ago-3. O título do post é da minha autoria.
«Depois de divulgar as orientações, o PS apresentou agora os detalhes do seu Programa Eleitoral. No entanto, e apesar do esforço mediático, o tema não teve o eco que o PS esperaria na opinião pública. Para além dos habituais especialistas - tantas vezes encomendados para amplificar temas - a maioria reagiu com indiferença ao programa do PS porque sabe bem que o que lá está escrito não é para levar a sério. O tema que tomou a dianteira foi até a telenovela mexicana entre uma ex-dirigente do BE e o seu amigo Secretário de Estado. Deste pingue-pongue nada ético entre BE e PS fica clara a convicção que ambos escondem coisas e não contaram a história toda.
O que o PS anuncia de novo é uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma. Nem o empenho de Sócrates no cheque poupança de 200 euros para cada bebé convence já a opinião pública. O País está farto destes truques propagandísticos, identifica-os já muito bem. O País sabe que as crianças precisam é de pais com emprego estável e salários dignos para alimentarem e educarem os filhos. Em vez de 200 euros para a banca gerir durante dezoito anos, seria mais útil que o abono de família crescesse para os pais comprarem fraldas quando são precisas...
Também não há Expresso da Meia-Noite que transforme as propostas fiscais do PS em algo de que valha a pena falar. Mesmo contra os desmentidos, diz-se que o PS voltará a aumentar impostos para quem já muito paga e pouco ganha. O que o PS não vai fazer é introduzir mais justiça no sistema fiscal: não vai impedir que a banca continue a pagar de IRC 15% quando as micro empresas pagam 25%; não vai eliminar o pagamento especial por conta, introduzir o IVA de caixa, ou eliminar os benefícios fiscais no off-shore da Madeira. E quanto às deduções, será que o Governo vai explicar porque votou há um mês atrás contra o aumento das deduções de saúde e de educação para os escalões mais baixos de IRS?»
Com o título de «A demagogia chega às crianças!», transcrevo o artigo de opinião de Honório Novo, publicado no JORNAL DE NOTÍCIAS de 2009-Ago-3. O título do post é da minha autoria.
«Depois de divulgar as orientações, o PS apresentou agora os detalhes do seu Programa Eleitoral. No entanto, e apesar do esforço mediático, o tema não teve o eco que o PS esperaria na opinião pública. Para além dos habituais especialistas - tantas vezes encomendados para amplificar temas - a maioria reagiu com indiferença ao programa do PS porque sabe bem que o que lá está escrito não é para levar a sério. O tema que tomou a dianteira foi até a telenovela mexicana entre uma ex-dirigente do BE e o seu amigo Secretário de Estado. Deste pingue-pongue nada ético entre BE e PS fica clara a convicção que ambos escondem coisas e não contaram a história toda.
O que o PS anuncia de novo é uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma. Nem o empenho de Sócrates no cheque poupança de 200 euros para cada bebé convence já a opinião pública. O País está farto destes truques propagandísticos, identifica-os já muito bem. O País sabe que as crianças precisam é de pais com emprego estável e salários dignos para alimentarem e educarem os filhos. Em vez de 200 euros para a banca gerir durante dezoito anos, seria mais útil que o abono de família crescesse para os pais comprarem fraldas quando são precisas...
Também não há Expresso da Meia-Noite que transforme as propostas fiscais do PS em algo de que valha a pena falar. Mesmo contra os desmentidos, diz-se que o PS voltará a aumentar impostos para quem já muito paga e pouco ganha. O que o PS não vai fazer é introduzir mais justiça no sistema fiscal: não vai impedir que a banca continue a pagar de IRC 15% quando as micro empresas pagam 25%; não vai eliminar o pagamento especial por conta, introduzir o IVA de caixa, ou eliminar os benefícios fiscais no off-shore da Madeira. E quanto às deduções, será que o Governo vai explicar porque votou há um mês atrás contra o aumento das deduções de saúde e de educação para os escalões mais baixos de IRS?»
quinta-feira, agosto 06, 2009
Ironia Espanhola
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Referência do jornal espanhol La Vanguardia aos cartazes do PSD, em 5 de Agosto de 2009
«Mención especial merecen los carteles de Ferreira Leite que jalonan las carreteras portuguesas. "Não desista. Todos somos precisos", reza. Pero la desolada foto en blanco y negro de la candidata, sin maquillar, podría hacer pensar a los turistas que visitan el Algarve que se trata del mensaje de una asociación de apoyo a la tercera edad o de prevención del suicidio.»
Jordi Joan Baños, La Vanguardia
Referência do jornal espanhol La Vanguardia aos cartazes do PSD, em 5 de Agosto de 2009
«Mención especial merecen los carteles de Ferreira Leite que jalonan las carreteras portuguesas. "Não desista. Todos somos precisos", reza. Pero la desolada foto en blanco y negro de la candidata, sin maquillar, podría hacer pensar a los turistas que visitan el Algarve que se trata del mensaje de una asociación de apoyo a la tercera edad o de prevención del suicidio.»
Jordi Joan Baños, La Vanguardia
Política com Recheio de PINHO
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Diz o JORNAL DE NEGÓCIOS que quase um mês depois de se ter demitido, Manuel Pinho regressou à actualidade mediática por iniciativa de empresários de Ovar que terça-feira [4-Ago-2009] organizaram um jantar de homenagem ao ex-ministro da Economia. Manuel Pinho não quis falar do episódio que o levou a sair do Governo, mas fez questão de dizer que não tem saudades, e da maneira como se faz política em Portugal não tem rigorosamente saudades.
Fica por esclarecer se estava a referir-se à situação em que encontrou a política portuguesa, quando assumiu a pasta de ministro da Economia, ou se ao estado comatoso em que a deixou, após os seus quatro anos de permanência na equipa de Sócrates, e depois dos seus insuperáveis e talentosos contributos, para a qualidade dessa mesma política
Diz o JORNAL DE NEGÓCIOS que quase um mês depois de se ter demitido, Manuel Pinho regressou à actualidade mediática por iniciativa de empresários de Ovar que terça-feira [4-Ago-2009] organizaram um jantar de homenagem ao ex-ministro da Economia. Manuel Pinho não quis falar do episódio que o levou a sair do Governo, mas fez questão de dizer que não tem saudades, e da maneira como se faz política em Portugal não tem rigorosamente saudades.
Fica por esclarecer se estava a referir-se à situação em que encontrou a política portuguesa, quando assumiu a pasta de ministro da Economia, ou se ao estado comatoso em que a deixou, após os seus quatro anos de permanência na equipa de Sócrates, e depois dos seus insuperáveis e talentosos contributos, para a qualidade dessa mesma política
quarta-feira, agosto 05, 2009
Sócrates Agradece!
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MUITO EMBORA não esteja particularmente interessado com aquilo que acontece nas estruturas dos partidos, nomeadamente no PSD, dado serem questões do «foro íntimo» dos mesmos, mas não sendo insensível a isso, neste caso particular da escolha de candidatos às próximas eleições legislativas, acho que Manuela Ferreira Leite não deu um tiro no pé. Foi bem mais longe. Deu um tiro na cabeça. Sabendo ela que tem vindo a crescer, no seio do eleitorado português, uma unânime condenação e rejeição da corrupção e de uma vasta gama de outros delitos, que mancham a idoneidade dos políticos, e que tal pode vir a constituir uma arma política nada desprezível, é no mínimo estranho que a D. Manuela esteja disposta a desbaratar o capital político ganho nas últimas eleições europeias, impondo ao seu partido candidatos na situação de arguidos, e em vésperas de terem que responder perante a justiça, desprezando os estragos e a erosão que essa atitude possa provocar no seio do partido, e os reflexos que certamente irá ter nos resultados eleitorais. Como é óbvio, Sócrates e o PS, rejubilam e agradecem reconhecidos.
MUITO EMBORA não esteja particularmente interessado com aquilo que acontece nas estruturas dos partidos, nomeadamente no PSD, dado serem questões do «foro íntimo» dos mesmos, mas não sendo insensível a isso, neste caso particular da escolha de candidatos às próximas eleições legislativas, acho que Manuela Ferreira Leite não deu um tiro no pé. Foi bem mais longe. Deu um tiro na cabeça. Sabendo ela que tem vindo a crescer, no seio do eleitorado português, uma unânime condenação e rejeição da corrupção e de uma vasta gama de outros delitos, que mancham a idoneidade dos políticos, e que tal pode vir a constituir uma arma política nada desprezível, é no mínimo estranho que a D. Manuela esteja disposta a desbaratar o capital político ganho nas últimas eleições europeias, impondo ao seu partido candidatos na situação de arguidos, e em vésperas de terem que responder perante a justiça, desprezando os estragos e a erosão que essa atitude possa provocar no seio do partido, e os reflexos que certamente irá ter nos resultados eleitorais. Como é óbvio, Sócrates e o PS, rejubilam e agradecem reconhecidos.
terça-feira, agosto 04, 2009
Livros que Ando a Ler
“HENRIQUE TENREIRO – uma Biografia Política” da autoria de Álvaro Garrido. Temas e Debates - Círculo de Leitores. 2009.
É uma biografia não só do homem, mas também uma história do complexo subsistema que ele criou, a partir de Junho de 1936, na qualidade de Delegado do Governo junto do Grémio dos Armadores da Pesca do Bacalhau, e da vasta rede de organismos corporativos, que ao longo do tempo foram surgindo, passando a gravitar à volta da organização das pescas portuguesas. Indefectível salazarista, deputado da União Nacional, empenhado dirigente da Legião Portuguesa e da sua Brigada Naval, foi também um arrebatado organizador de grandes eventos, desfiles e manifestações pró-regime, as quais encabeçava com garbo e volúpia. No entanto, foi na reorganização e fomento das pescas em Portugal, sobretudo a do bacalhau, dentro do quadro do apertado sistema corporativo, durante toda a vigência do Estado Novo, e que se manteve até à revolução de 25 de Abril de 1974, após a qual foi desmantelado, que o almirante Henrique Tenreiro mais se destacou. Sagaz, intuitivo, voluntarioso, ambicioso, oportunista e orgulhoso da sua obra, numa pertenceu à elite política do regime, muito embora fosse considerado seu símbolo e guardião. No entanto, sem nunca ter desempenhado nenhum cargo governativo, Henrique Tenreiro foi talvez um dos homens do antigo regime que mais poder concentrou nas suas mãos, gozando de uma invulgar autonomia, facto que continua a constituir um enigma, dado que Salazar fazia questão de manter, mesmo os homens do seu círculo, com responsabilidades governativas ou administrativas, sob apertada vigilância e com rédea curta. Nesta conformidade, sendo Henrique Tenreiro senhor de uma inexcedível capacidade de trabalho e iniciativa, aliada ao facto de ser detentor dessa impar liberdade de movimentos e concretização de projectos, amado por uns e odiado por muitos mais, acabou por erigir um estado, melhor dizendo, quase um império (a Organização das Pescas) dentro do próprio estado (o Estado Novo), feito à medida das suas ambições e vaidades, e mantido à custa de uma complexa rede de amizades e fidelidades, onde sobressaiam homens como Ortins de Bettencourt, Nuno Teotónio Pereira e Américo Rodrigues Tomás.
Em suma, e tal como diz nas conclusões o seu biógrafo, o historiador e investigador Álvaro Garrido, «mais do que definir este homem singular e vibrante, que se salientou nos teatros políticos do seu tempo – no palco firme do Estado Novo salazarista – importa discutir a natureza do poder que ele construiu e exerceu, pergunta principal desta biografia». Se era essa a sua intenção, então o autor conseguiu-o, plenamente e com distinção.
Sendo Álvaro Garrido um catedrático que se tem dedicado, sobremaneira, à história das pescas em Portugal e de toda a sua envolvente, esta biografia de Henrique Tenreiro, também conhecido por “Patrão das Pescas”, acaba por surgir como uma consequência, ou melhor, um reforço, do trabalho que o historiador tem desenvolvido nesta área específica, e que só muito recentemente tem sido objecto de mais atenção e aprofundado estudo.
segunda-feira, agosto 03, 2009
Livros que Ando a Reler
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Para aguçar o apetite, transcrevo alguns parágrafos do prefácio da obra “HISTÓRIA GERAL DO DIABO da Antiguidade à Época Contemporânea”, da autoria de Gerald Messadié. Publicações Europa-América. 2001.
“…
O Diabo existe? Quando se pretende pôr uma questão tão ambiciosa, recomenda-se modéstia. Cristão católico, sofri na minha infância diversas tentativas familiares, escolares e depois mais difusas, para me convencerem disso.
…
Durante a minha educação religiosa, junto dos padres jesuítas, [o Diabo] era chamado Satanás, o que não quer dizer nada, pois a palavra, que deriva do árabe “chitan”, quer dizer simplesmente “diabo”, e era peremptoriamente declarado que ele tinha sido um anjo colocado junto de Deus até ao momento em que, cedendo à tentação do orgulho, se rebelou contra o seu senhor, arrastando alguns outros espíritos maus na sua queda. A tentação? Mas então esta já existia antes dele, objectava eu, e o Mal era anterior a ele. Como é que isso podia acontecer se era ele o suposto inventor do Mal? A argumentação exasperava o padre Vrégille, que me acusou, no relatório trimestral, de ser um espírito mau. Até hoje, meio século mais tarde, a questão continua de pé.
…
É claro que tentaram, ao longo dos anos, e perante o meu cepticismo, face ao Diabo, arrastar-me para a Teologia. Era preciso que Deus tivesse o seu simétrico, sem o qual seria necessário atribuir-lhe os males da Humanidade. Belo tipo de raciocínio indutivo. Então, Deus não era Todo-Poderoso sobre a Terra? Sim, mas ele fazia intervir a vontade dos homens: cabia a estes defenderem-se da tentação. Muito bem, mas então, a morte de crianças por doença? Quanto a isso, tratava-se dos impenetráveis desígnios do Criador. Mas se os desígnios do Criador eram impenetráveis e recobriam também os domínios do Mal, então talvez o resto dos males da humanidade procedessem d’Ele? Blasfémia! Os padres admoestaram-me. «Rende-te aos mistérios da fé!». Eu bem gostaria, mas então porque é que o Criador me tinha dotado de razão? Não era para que eu me servisse dela?
…
O mais impressionante nestes arrebatamentos retóricos era que os homens políticos tinham cedido à mais frequente das tentações, não do Mal, mas do espírito pré-lógico, que é o de focalizar o Mal. E logo, de o definir.
Pois a partir do momento em que se definiu o Mal, que se o nomeia, portanto, que se lhe atribui um representante titulado, acaba-se por ceder à tentação de o localizar, e, feito isto, o único objectivo que se impõe a partir de então é a sua destruição. Reagan apelava assim à destruição do Irão [como sendo o Império do Mal], e Khomeini à dos Estados Unidos [como personificando o grande Satã];
…”
Depois do regalo que é este prefácio, que aconselho seja lido na sua totalidade, a restante obra traça o perfil, ao longo de todas as coordenadas, tanto temporais como geográficas e culturais, daquela pérfida entidade que sempre tem estado, mais ou menos presente no espírito e na boca da Humanidade, e que entre outros, dá pelo nome de Satanás. Ler esta obra é um mergulho na maldade, nas suas origens, na sua essência, nos seus preceitos, crenças e formas, enquanto antítese daquilo que se entende por bem ou virtude. Entretanto, quanto ao perverso e hediondo Satanás, há quem diga que foi uma invenção bem urdida, que já vem do princípio dos tempos, destinada a perpetuar o poder dos feiticeiros, sacerdotes e papas, sobre os seus tementes e apavorados rebanhos de crentes. Esta HISTÓRIA GERAL DO DIABO se não tira isso a limpo, andará lá perto.
Para aguçar o apetite, transcrevo alguns parágrafos do prefácio da obra “HISTÓRIA GERAL DO DIABO da Antiguidade à Época Contemporânea”, da autoria de Gerald Messadié. Publicações Europa-América. 2001.
“…
O Diabo existe? Quando se pretende pôr uma questão tão ambiciosa, recomenda-se modéstia. Cristão católico, sofri na minha infância diversas tentativas familiares, escolares e depois mais difusas, para me convencerem disso.
…
Durante a minha educação religiosa, junto dos padres jesuítas, [o Diabo] era chamado Satanás, o que não quer dizer nada, pois a palavra, que deriva do árabe “chitan”, quer dizer simplesmente “diabo”, e era peremptoriamente declarado que ele tinha sido um anjo colocado junto de Deus até ao momento em que, cedendo à tentação do orgulho, se rebelou contra o seu senhor, arrastando alguns outros espíritos maus na sua queda. A tentação? Mas então esta já existia antes dele, objectava eu, e o Mal era anterior a ele. Como é que isso podia acontecer se era ele o suposto inventor do Mal? A argumentação exasperava o padre Vrégille, que me acusou, no relatório trimestral, de ser um espírito mau. Até hoje, meio século mais tarde, a questão continua de pé.
…
É claro que tentaram, ao longo dos anos, e perante o meu cepticismo, face ao Diabo, arrastar-me para a Teologia. Era preciso que Deus tivesse o seu simétrico, sem o qual seria necessário atribuir-lhe os males da Humanidade. Belo tipo de raciocínio indutivo. Então, Deus não era Todo-Poderoso sobre a Terra? Sim, mas ele fazia intervir a vontade dos homens: cabia a estes defenderem-se da tentação. Muito bem, mas então, a morte de crianças por doença? Quanto a isso, tratava-se dos impenetráveis desígnios do Criador. Mas se os desígnios do Criador eram impenetráveis e recobriam também os domínios do Mal, então talvez o resto dos males da humanidade procedessem d’Ele? Blasfémia! Os padres admoestaram-me. «Rende-te aos mistérios da fé!». Eu bem gostaria, mas então porque é que o Criador me tinha dotado de razão? Não era para que eu me servisse dela?
…
O mais impressionante nestes arrebatamentos retóricos era que os homens políticos tinham cedido à mais frequente das tentações, não do Mal, mas do espírito pré-lógico, que é o de focalizar o Mal. E logo, de o definir.
Pois a partir do momento em que se definiu o Mal, que se o nomeia, portanto, que se lhe atribui um representante titulado, acaba-se por ceder à tentação de o localizar, e, feito isto, o único objectivo que se impõe a partir de então é a sua destruição. Reagan apelava assim à destruição do Irão [como sendo o Império do Mal], e Khomeini à dos Estados Unidos [como personificando o grande Satã];
…”
Depois do regalo que é este prefácio, que aconselho seja lido na sua totalidade, a restante obra traça o perfil, ao longo de todas as coordenadas, tanto temporais como geográficas e culturais, daquela pérfida entidade que sempre tem estado, mais ou menos presente no espírito e na boca da Humanidade, e que entre outros, dá pelo nome de Satanás. Ler esta obra é um mergulho na maldade, nas suas origens, na sua essência, nos seus preceitos, crenças e formas, enquanto antítese daquilo que se entende por bem ou virtude. Entretanto, quanto ao perverso e hediondo Satanás, há quem diga que foi uma invenção bem urdida, que já vem do princípio dos tempos, destinada a perpetuar o poder dos feiticeiros, sacerdotes e papas, sobre os seus tementes e apavorados rebanhos de crentes. Esta HISTÓRIA GERAL DO DIABO se não tira isso a limpo, andará lá perto.
domingo, agosto 02, 2009
Naquele Dia, Afinal…
ESTAVA EU no passado dia 17 de Julho, em amena cavaqueira com o meu amigo Carlos MN, frente a uns nacos de leitão, acompanhados de um simpático espumante rosé, quando ao tentar avivar memórias passadas lhe perguntei:
- Lembras-te, quando estávamos no 2.GCAM, à espera de transporte para África, daquela noite que passámos na messe, o célebre dia 21 de Julho que se comemora já para a semana, a assistir, pela noite dentro, à alunagem da Apollo 11?
- Oh, se me lembro, retorquiu ele. Passámos o tempo a caturrar, a propósito de livros, de música e outras coisas, ao mesmo tempo que íamos seguindo a reportagem em directo, com aqueles bips em fundo, e o diálogo fanhoso dos astronautas e dos controladores em Houston.
- Pois foi, e se lá pernoitámos no quartel foi porque tínhamos um qualquer serviço para cumprir de madrugada, talvez chefe de viatura para ir distribuir o pão pelos conventos e quartéis de Lisboa e arredores, sargento de dia, de piquete, ou qualquer outra coisa, eu sei lá, isso já não me lembro, acrescentei eu. - Prometo-te que vou contar isso no meu blog, pois tenho a coisa presente como se fosse hoje.
Regressado a casa comecei a alinhavar o texto, porém, nestas coisas, como não prescindo de ser rigoroso (porque a memória também nos atraiçoa), fui consultar a minha velha caderneta militar e constatei que as datas de apresentação e permanência no 2.GCAM não coincidiam com as nossas recordações. Feitas as respectivas consultas e pesquisas, acabei por enviar ao meu amigo Carlos um e-mail que rezava mais ou menos assim:
Caro CARLOS:
Vou repor a verdade. Depois de consultar a minha “viuvinha” concluí o seguinte: se está lá nos assentos que fui transferido para o 2º. GCAM em 29 de Setembro de 1969, para vir a embarcar rumo a Angola (eu no "PÁTRIA" em 14 de Fevereiro de 1970, tu no “VERA CRUZ” algum tempo depois), nunca podia ter assistido contigo à alunagem da Apollo 11 em 21 de Julho de 1969, pois além de ainda não ter sido transferido para aquela unidade, nem sequer nos conhecíamos. Portanto, depois de uma pesquisa às datas das subsequentes missões Apollo, concluí que a alunagem que testemunhámos, foi mais exactamente a da Apollo 12, que ocorreu quatro meses depois da Apollo 11, mais exactamente em 19 de Novembro de 1969, uma quarta-feira. O prometido post sobre este tema, ou vai para o ar um dia destes, ou fica adiado para a respectiva data aniversária.
Pois é, como não gosto de adiar nada, fica já hoje reportado o equívoco. Aquilo que eu pensava ter ocorrido em Julho, aconteceu sim senhor, mas quatro meses depois.
Corrigidas as datas, e reposta a verdade, vai fazer em 19 de Novembro quarenta anos, que eu e o meu amigo Carlos, também lá estivemos na superfície lunar, com imagens a preto e branco, e uma distância de 384.405 quilómetros a separar-nos da assombrosa realidade.
- Lembras-te, quando estávamos no 2.GCAM, à espera de transporte para África, daquela noite que passámos na messe, o célebre dia 21 de Julho que se comemora já para a semana, a assistir, pela noite dentro, à alunagem da Apollo 11?
- Oh, se me lembro, retorquiu ele. Passámos o tempo a caturrar, a propósito de livros, de música e outras coisas, ao mesmo tempo que íamos seguindo a reportagem em directo, com aqueles bips em fundo, e o diálogo fanhoso dos astronautas e dos controladores em Houston.
- Pois foi, e se lá pernoitámos no quartel foi porque tínhamos um qualquer serviço para cumprir de madrugada, talvez chefe de viatura para ir distribuir o pão pelos conventos e quartéis de Lisboa e arredores, sargento de dia, de piquete, ou qualquer outra coisa, eu sei lá, isso já não me lembro, acrescentei eu. - Prometo-te que vou contar isso no meu blog, pois tenho a coisa presente como se fosse hoje.
Regressado a casa comecei a alinhavar o texto, porém, nestas coisas, como não prescindo de ser rigoroso (porque a memória também nos atraiçoa), fui consultar a minha velha caderneta militar e constatei que as datas de apresentação e permanência no 2.GCAM não coincidiam com as nossas recordações. Feitas as respectivas consultas e pesquisas, acabei por enviar ao meu amigo Carlos um e-mail que rezava mais ou menos assim:
Caro CARLOS:
Vou repor a verdade. Depois de consultar a minha “viuvinha” concluí o seguinte: se está lá nos assentos que fui transferido para o 2º. GCAM em 29 de Setembro de 1969, para vir a embarcar rumo a Angola (eu no "PÁTRIA" em 14 de Fevereiro de 1970, tu no “VERA CRUZ” algum tempo depois), nunca podia ter assistido contigo à alunagem da Apollo 11 em 21 de Julho de 1969, pois além de ainda não ter sido transferido para aquela unidade, nem sequer nos conhecíamos. Portanto, depois de uma pesquisa às datas das subsequentes missões Apollo, concluí que a alunagem que testemunhámos, foi mais exactamente a da Apollo 12, que ocorreu quatro meses depois da Apollo 11, mais exactamente em 19 de Novembro de 1969, uma quarta-feira. O prometido post sobre este tema, ou vai para o ar um dia destes, ou fica adiado para a respectiva data aniversária.
Pois é, como não gosto de adiar nada, fica já hoje reportado o equívoco. Aquilo que eu pensava ter ocorrido em Julho, aconteceu sim senhor, mas quatro meses depois.
Corrigidas as datas, e reposta a verdade, vai fazer em 19 de Novembro quarenta anos, que eu e o meu amigo Carlos, também lá estivemos na superfície lunar, com imagens a preto e branco, e uma distância de 384.405 quilómetros a separar-nos da assombrosa realidade.
sábado, agosto 01, 2009
Pouco Escrúpulo Legislativo
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Com base num pedido formulado por um grupo de deputados da Assembleia da República (a que o PS se escusou), junto do Tribunal Constitucional, para que este avaliasse da constitucionalidade de um Decreto regulamentar produzido pelo governo, que pretendia introduzir alterações ao Decreto-Lei sobre o Estatuto da Carreira Docente, aquela instância veio declarar que não tem competência para tal avaliação, dado que o que está em causa é uma violação do "princípio da legalidade", pois uma lei superior (Decreto-Lei) não pode ser alterada por outra de natureza inferior (Decreto regulamentar), tal como uma Lei não pode ser alterada por um Decreto-Lei. Para se perceber o que está em causa, e passe a comparação, os razões são as mesmas porque um soldado raso não pode dar ordens a um sargento, nem um sargento dar ordens a um capitão, ao passo que o inverso já é possível. No entanto, para o inefável José Sócrates, e talvez por influência do espírito "simplex", esta ilegalidade cometida pelo governo não passa de uma mera "discrepância". Para mim, não é mais do que ausência de escrúpulo legislativo, isto para não lhe chamar outra coisa.
Com base num pedido formulado por um grupo de deputados da Assembleia da República (a que o PS se escusou), junto do Tribunal Constitucional, para que este avaliasse da constitucionalidade de um Decreto regulamentar produzido pelo governo, que pretendia introduzir alterações ao Decreto-Lei sobre o Estatuto da Carreira Docente, aquela instância veio declarar que não tem competência para tal avaliação, dado que o que está em causa é uma violação do "princípio da legalidade", pois uma lei superior (Decreto-Lei) não pode ser alterada por outra de natureza inferior (Decreto regulamentar), tal como uma Lei não pode ser alterada por um Decreto-Lei. Para se perceber o que está em causa, e passe a comparação, os razões são as mesmas porque um soldado raso não pode dar ordens a um sargento, nem um sargento dar ordens a um capitão, ao passo que o inverso já é possível. No entanto, para o inefável José Sócrates, e talvez por influência do espírito "simplex", esta ilegalidade cometida pelo governo não passa de uma mera "discrepância". Para mim, não é mais do que ausência de escrúpulo legislativo, isto para não lhe chamar outra coisa.
sexta-feira, julho 31, 2009
Recibos Verdes, Quase Negros
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PORQUE há questões que nunca é demais voltar a abordar, denunciar e clarificar, transcrevo o artigo intitulado "A Economia Moral do recibo verde", publicado por José M. Castro Caldas em 29.7.2009 no blog LADRÕES DE BICICLETAS em http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/. Fica registado o abuso.
“Um cliente é alguém que compra o produto ou o serviço que eu vendo no mercado, o patrão é alguém que me paga para trabalhar para ele, ou em vez dele. É verdade que em ambos os casos o que eu estou a vender é trabalho, mas ainda assim há pelo menos uma grande diferença: o cliente não manda em mim e o patrão manda (dentro de certos limites). Nada mais claro. Por muito que o cliente tenha sempre razão ele não é o meu patrão.
Acontece no entanto que o recibo verde é uma instituição extraordinária que consegue transformar um patrão em cliente. Com o recibo verde o meu patrão pode-me pagar todos os meses o meu salário como se estivesse a remunerar serviços que lhe prestei e pode deixar de fazê-lo quando entender, sem qualquer custo. Ao mesmo tempo ele continua a poder dar-me ordens. Segundo ouvi dizer numa entrevista de uma representante dos Precários Inflexíveis, isto é o que acontece em 900 000 casos em Portugal. Uma enorme anomalia: 900 000 mil relações de trabalho dependente transformadas em prestação de serviços por obra e graça de uma instituição chamada recibo verde. É absurdo, não é permitido, mas pode fazer-se. O recibo verde usado a torto e a direito ilegalmente, instituiu-se. É considerado natural.
Para alguns pensadores liberais do século XIX a legitimidade do assalariamento assentava na provisão de segurança de um salário (fixo) pelo capital, em troca de esforço, obediência e lucro (variável) por parte do trabalho. Tornar a relação de assalariamento “flexível”, e o recibo verde (ilegal) representa a forma mais acabada de “flexibilidade”, equivale a libertar uma das partes do contrato (o capital) da obrigação que legitimava a relação de assalariamento: a assunção dos riscos e a provisão de segurança.
Em que se transforma a relação de assalariamento depois de isso acontecer? Num produto da circunstância que decorre de alguns não terem (enquanto outros têm) acesso à terra e aos instrumentos de produção. Num produto da necessidade, da coerção e da força bruta.”
ADENDA: Além do que atrás foi dito - e muito bem dito - é preciso não esquecer que o Estado, ele próprio enquanto empregador, usa e abusa deste escandaloso expediente (os chamados falsos avençados), para depois colectar (e de que maneira!) estes trabalhadores, que são indevidamente contratados a Recibo Verde, como se exercessem profissões liberais, em tudo semelhantes aos médicos, advogados, contabilistas, consultores, artistas, jornalistas “free lancers”, isto é, sem subordinação hierárquica, o que não é verdade. Para vermos até onde chega, por parte do Estado, a falta de vergonha e o desprezo pela legalidade, só falta acrescentar que o despacho de autorização deste tipo de contratações tem que ser dado, nem mais, nem menos, pelo ministro da tutela.
Moral da história: A instituição do Recibo Verde como forma de pagamento de trabalho permanente e regular por conta de outrem, além de ser uma grande mina e uma solução baratíssima para os empregadores (Estado incluído), onde nem sequer existe um precário contrato de trabalho, torna-se também, por força desta banalização e subversão de princípios, uma óptima e garantida fonte de receita, para o Estado alimentar os seus desvarios. E não me venham com a actual crise e outros argumentos, como aquela de “antes ter trabalho assim do que não ter trabalho nenhum”, porque esta situação já vem de longe, e quem deveria já ter posto cobro a estas situações (o Estado), prefere continuar a também dela beneficiar, assobiando e olhando para o lado, como se nada fosse com ele. São Recibos Verdes, quase negros, negros a tal ponto que quase se poderia dispensar da ordem jurídica, o próprio Código do Trabalho.
Para mais detalhe do que acima foi dito, consulte-se o blog PRECÁRIOS INFLEXÍVEIS em http://www.precariosinflexiveis.org/. Para contacto use o e-mail precariosinflexiveis@gmail.com
PORQUE há questões que nunca é demais voltar a abordar, denunciar e clarificar, transcrevo o artigo intitulado "A Economia Moral do recibo verde", publicado por José M. Castro Caldas em 29.7.2009 no blog LADRÕES DE BICICLETAS em http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/. Fica registado o abuso.
“Um cliente é alguém que compra o produto ou o serviço que eu vendo no mercado, o patrão é alguém que me paga para trabalhar para ele, ou em vez dele. É verdade que em ambos os casos o que eu estou a vender é trabalho, mas ainda assim há pelo menos uma grande diferença: o cliente não manda em mim e o patrão manda (dentro de certos limites). Nada mais claro. Por muito que o cliente tenha sempre razão ele não é o meu patrão.
Acontece no entanto que o recibo verde é uma instituição extraordinária que consegue transformar um patrão em cliente. Com o recibo verde o meu patrão pode-me pagar todos os meses o meu salário como se estivesse a remunerar serviços que lhe prestei e pode deixar de fazê-lo quando entender, sem qualquer custo. Ao mesmo tempo ele continua a poder dar-me ordens. Segundo ouvi dizer numa entrevista de uma representante dos Precários Inflexíveis, isto é o que acontece em 900 000 casos em Portugal. Uma enorme anomalia: 900 000 mil relações de trabalho dependente transformadas em prestação de serviços por obra e graça de uma instituição chamada recibo verde. É absurdo, não é permitido, mas pode fazer-se. O recibo verde usado a torto e a direito ilegalmente, instituiu-se. É considerado natural.
Para alguns pensadores liberais do século XIX a legitimidade do assalariamento assentava na provisão de segurança de um salário (fixo) pelo capital, em troca de esforço, obediência e lucro (variável) por parte do trabalho. Tornar a relação de assalariamento “flexível”, e o recibo verde (ilegal) representa a forma mais acabada de “flexibilidade”, equivale a libertar uma das partes do contrato (o capital) da obrigação que legitimava a relação de assalariamento: a assunção dos riscos e a provisão de segurança.
Em que se transforma a relação de assalariamento depois de isso acontecer? Num produto da circunstância que decorre de alguns não terem (enquanto outros têm) acesso à terra e aos instrumentos de produção. Num produto da necessidade, da coerção e da força bruta.”
ADENDA: Além do que atrás foi dito - e muito bem dito - é preciso não esquecer que o Estado, ele próprio enquanto empregador, usa e abusa deste escandaloso expediente (os chamados falsos avençados), para depois colectar (e de que maneira!) estes trabalhadores, que são indevidamente contratados a Recibo Verde, como se exercessem profissões liberais, em tudo semelhantes aos médicos, advogados, contabilistas, consultores, artistas, jornalistas “free lancers”, isto é, sem subordinação hierárquica, o que não é verdade. Para vermos até onde chega, por parte do Estado, a falta de vergonha e o desprezo pela legalidade, só falta acrescentar que o despacho de autorização deste tipo de contratações tem que ser dado, nem mais, nem menos, pelo ministro da tutela.
Moral da história: A instituição do Recibo Verde como forma de pagamento de trabalho permanente e regular por conta de outrem, além de ser uma grande mina e uma solução baratíssima para os empregadores (Estado incluído), onde nem sequer existe um precário contrato de trabalho, torna-se também, por força desta banalização e subversão de princípios, uma óptima e garantida fonte de receita, para o Estado alimentar os seus desvarios. E não me venham com a actual crise e outros argumentos, como aquela de “antes ter trabalho assim do que não ter trabalho nenhum”, porque esta situação já vem de longe, e quem deveria já ter posto cobro a estas situações (o Estado), prefere continuar a também dela beneficiar, assobiando e olhando para o lado, como se nada fosse com ele. São Recibos Verdes, quase negros, negros a tal ponto que quase se poderia dispensar da ordem jurídica, o próprio Código do Trabalho.
Para mais detalhe do que acima foi dito, consulte-se o blog PRECÁRIOS INFLEXÍVEIS em http://www.precariosinflexiveis.org/. Para contacto use o e-mail precariosinflexiveis@gmail.com
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