«Eu creio que estamos há demasiado tempo a jogar aos dados com o destino da economia portuguesa e dos portugueses. Creio que deveria haver mais responsabilidade política no país, tenho-o dito recorrentemente há mais de um ano.»
Meu comentário - Estas foram palavras do ministro Luís Amado, ditas em Bruxelas, à entrada para uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia. Como é óbvio, quando este senhor se refere que alguém tem andado na jogatana, e também a fazer muitas “apostas”, com a economia portuguesa e os portugueses, só pode estar a referir-se ao Governo de que faz parte...
segunda-feira, março 21, 2011
domingo, março 20, 2011
Só Meia Indisponibilidade
O ENGENHEIRO incompleto José Sócrates, revelou durante a apresentação da sua moção de recandidatura como secretário-geral do PS, que não está disponível para governar o país com a ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI). Era bom que também se tivesse lembrado de dizer que não estava disponível para governar o país com a quarta versão do seus famigerados Planos de Estabilidade e Crescimento (PEC IV). Não ficávamos descansados, mas pelo menos, a indisponibilidade para maltratar os portugueses, seria total.
sábado, março 19, 2011
Dois Pesos e Duas Medidas
GOSTAVA de ter visto o Conselho de Segurança das Nações Unidas actuar com a mesma rapidez e eficácia, e autorizar o uso de todas as medidas necessárias, para proteger a população palestiniana, tanto na Cisjordânia como na Faixa de Gaza, contra os ataques de Israel às populações civis, da mesma forma que se disponibilizou para enfrentar as forças do ditador Muamar Khadafi, que massacram o seu próprio povo.
Será que o petróleo líbio tem alguma coisa a ver com este invulgar frenesim humanitário?
Será que o petróleo líbio tem alguma coisa a ver com este invulgar frenesim humanitário?
A Cimeira do Governo Sombra
ONTEM de manhã, estava a tomar o pequeno-almoço quando o anão Serapião apareceu de repente, sem avisar, em cima da mesa, a aspirar o aroma das torradas acabadas de fazer.
- Como que é que entraste? Perguntei eu.
- Entrei ontem, dentro do saco das compras da tua mulher, respondeu ele.
- E dormiste onde?
- Atrás da máquina de lavar a louça. Esteve um belo borralho toda a noite…
- Pois é, entra-se por aqui dentro e já nem se diz, nem água vai, nem água vem…
- Precisava de descansar, e já não sou nenhum garoto…
- Pois é, já não és nenhum garoto mas estás sujo, cheiras mal, por onde andaste Serapião?
- Nem imaginas! Mas olha tenho aqui uma coisa que te interessa…
- O que é, não me digas que voltaste a espiar o “animal feroz”?
- Nada disso. É muito melhor!
- Não me venhas com conversa fiada…
- Nem pensar! Assisti ao conselho de ministros do governo sombra.
- Qual governo sombra, o do PSD?
- Nada disso. Aninhei-me num cantinho da pasta do Ricardo do BES e assisti à cimeira dos banqueiros, que toma decisões mais importantes que as do próprio governo.
- Homessa! E onde é que eles se reúnem?
- É na casa do Ricardo.
- E quem é que faz a ligação com o governo, propriamente dito?
- É sempre o Salgado…
- Quem é que lá apareceu?
- Ora, os do costume, o Fernando, o Ricardo, o Ferreira e os outros dois.
- Sabes qual foi o motivo da cimeira?
- Sei, continuam a dizer que eles é que estão à rasca e que os accionistas não querem saber de crises...
- Têm alguns planos?
- Têm! Vão avançar com o plano B. Vão tirar o tapete ao engenhóquio e vão-se voltar para o Pedro “rabbit”.
- Olha lá, oh Serapião, queres uma torradinha com manteiga ou com marmelada?
- Nada, de manhã nunca como nada, mas dava-me jeito um cafezinho pingado… sem açúcar…
Bocejou, sentou-se de pernas cruzadas ao lado do açucareiro e foi bebendo o café às colheres, ao mesmo tempo que eu aguardava, na expectativa, mais alguma informação. Limpou os bigodes com a manga do casaco e continuou:
- Os gajos ficaram muito zangados com a implementação daquela coisa das taxas especiais a aplicar sobre o passivo de todas as instituições financeiras. Se a coisa tivesse ficado só no papel, sem a porcaria da portaria regulamentadora, isto é, em águas de bacalhau, ainda se continham, mas agora assim… Além disso, eles já não sabem onde é que o gajo vai arranjar mais dinheiro para os bancos se recapitalizarem…
- E achas que isso é o motivo para tirar o apoio ao Sócrates? Perguntei eu.
- Claro que sim, oh meu, são muitos milhões! Então não vês que eles apenas o ampararam enquanto ele lhes foi fazendo os fretes e deixando empochar. Agora, que pisou o risco, vão descartá-lo e está na altura de fazer a agulha. Eles são os primeiros a dizer que não têm amigos, apenas interesses… e o “menino de ouro” está acabado, não vai adiantar muito mais…
- Isso é que eles fazem com todos, retorqui eu.
- Pois, mas há outra coisa! Eles também não confiam em chantagistas… percebeste?
- Claro que percebo.
- Entretanto, também falaram no outro...
- Qual outro?
- O dos robalos, que passa a vida a tirar cera dos ouvidos e macacos do nariz. Dizem eles que não podem voltar a apostar em cavalos coxos…
- E ficaram por aí?
- Não! Quase no fim da reunião fizeram um telefonema. O Faria é que falou em nome de todos, falou muito baixinho, não percebi se era raspanete ou outra coisa qualquer, mas parece-me que do outro lado estava o Teixeira dos Bancos...
- Estiveste aquelas horas todas sem comer?
- Qual quê, depois deles saírem trinquei um croquete que eles deixaram ficar...
- E como é que saíste da reunião?
- Não saí, deixei-me ficar.
- Não percebo…
- Meti-me dentro do cesto dos papéis da sala de reuniões, esperei que viesse a empregada da limpeza despejá-lo, e hoje de manhã fiz a viagem calmamente, no camião do lixo, até aos arredores. Como vês as últimas 48 horas foram passadas no meio dos lixos. E se queres saber, não notei diferença nenhuma…
- Como que é que entraste? Perguntei eu.
- Entrei ontem, dentro do saco das compras da tua mulher, respondeu ele.
- E dormiste onde?
- Atrás da máquina de lavar a louça. Esteve um belo borralho toda a noite…
- Pois é, entra-se por aqui dentro e já nem se diz, nem água vai, nem água vem…
- Precisava de descansar, e já não sou nenhum garoto…
- Pois é, já não és nenhum garoto mas estás sujo, cheiras mal, por onde andaste Serapião?
- Nem imaginas! Mas olha tenho aqui uma coisa que te interessa…
- O que é, não me digas que voltaste a espiar o “animal feroz”?
- Nada disso. É muito melhor!
- Não me venhas com conversa fiada…
- Nem pensar! Assisti ao conselho de ministros do governo sombra.
- Qual governo sombra, o do PSD?
- Nada disso. Aninhei-me num cantinho da pasta do Ricardo do BES e assisti à cimeira dos banqueiros, que toma decisões mais importantes que as do próprio governo.
- Homessa! E onde é que eles se reúnem?
- É na casa do Ricardo.
- E quem é que faz a ligação com o governo, propriamente dito?
- É sempre o Salgado…
- Quem é que lá apareceu?
- Ora, os do costume, o Fernando, o Ricardo, o Ferreira e os outros dois.
- Sabes qual foi o motivo da cimeira?
- Sei, continuam a dizer que eles é que estão à rasca e que os accionistas não querem saber de crises...
- Têm alguns planos?
- Têm! Vão avançar com o plano B. Vão tirar o tapete ao engenhóquio e vão-se voltar para o Pedro “rabbit”.
- Olha lá, oh Serapião, queres uma torradinha com manteiga ou com marmelada?
- Nada, de manhã nunca como nada, mas dava-me jeito um cafezinho pingado… sem açúcar…
Bocejou, sentou-se de pernas cruzadas ao lado do açucareiro e foi bebendo o café às colheres, ao mesmo tempo que eu aguardava, na expectativa, mais alguma informação. Limpou os bigodes com a manga do casaco e continuou:
- Os gajos ficaram muito zangados com a implementação daquela coisa das taxas especiais a aplicar sobre o passivo de todas as instituições financeiras. Se a coisa tivesse ficado só no papel, sem a porcaria da portaria regulamentadora, isto é, em águas de bacalhau, ainda se continham, mas agora assim… Além disso, eles já não sabem onde é que o gajo vai arranjar mais dinheiro para os bancos se recapitalizarem…
- E achas que isso é o motivo para tirar o apoio ao Sócrates? Perguntei eu.
- Claro que sim, oh meu, são muitos milhões! Então não vês que eles apenas o ampararam enquanto ele lhes foi fazendo os fretes e deixando empochar. Agora, que pisou o risco, vão descartá-lo e está na altura de fazer a agulha. Eles são os primeiros a dizer que não têm amigos, apenas interesses… e o “menino de ouro” está acabado, não vai adiantar muito mais…
- Isso é que eles fazem com todos, retorqui eu.
- Pois, mas há outra coisa! Eles também não confiam em chantagistas… percebeste?
- Claro que percebo.
- Entretanto, também falaram no outro...
- Qual outro?
- O dos robalos, que passa a vida a tirar cera dos ouvidos e macacos do nariz. Dizem eles que não podem voltar a apostar em cavalos coxos…
- E ficaram por aí?
- Não! Quase no fim da reunião fizeram um telefonema. O Faria é que falou em nome de todos, falou muito baixinho, não percebi se era raspanete ou outra coisa qualquer, mas parece-me que do outro lado estava o Teixeira dos Bancos...
- Estiveste aquelas horas todas sem comer?
- Qual quê, depois deles saírem trinquei um croquete que eles deixaram ficar...
- E como é que saíste da reunião?
- Não saí, deixei-me ficar.
- Não percebo…
- Meti-me dentro do cesto dos papéis da sala de reuniões, esperei que viesse a empregada da limpeza despejá-lo, e hoje de manhã fiz a viagem calmamente, no camião do lixo, até aos arredores. Como vês as últimas 48 horas foram passadas no meio dos lixos. E se queres saber, não notei diferença nenhuma…
sexta-feira, março 18, 2011
No Meio é que está a Virtude
Não vai ser em 2008 como o Governo queria, nem em 2011 como o Eurostat pretendia. De qualquer modo, os portugueses devem começar a contar com o respectivo peditório (a única coisa que o(s) Governo(s) sabe(m) fazer com eficácia) que há-de aparecer por aí, mascarado de qualquer coisa parecida com um PEC.
«O registo nas contas públicas de 2010 das perdas suportadas pelo Estado português com o BPN é, neste momento, o desfecho mais provável das discussões entre o Eurostat e as autoridades portuguesas sobre o modelo contabilístico a seguir nesta matéria. O défice desse ano fica assim ameaçado por um agravamento que pode ir até aos 2000 milhões de euros, o valor aproximado das imparidades do BPN.
(...)
Tudo parece indicar, apurou o PÚBLICO, que o modelo adoptado pelo Eurostat conduza a um registo das imparidades calculadas para o BPN nas contas públicas de 2010
(...)
O défice para 2010, que o Governo apontou para 7,3 por cento, mas que mais recentemente deu indicações de poder chegar aos 6,9 por cento, pode sair fortemente prejudicado. Os cerca de 2000 milhões de euros em causa correspondem a 1,1 por cento do PIB.»
Excertos da notícia do jornal PÚBLICO de 17 de Março de 2011
«O registo nas contas públicas de 2010 das perdas suportadas pelo Estado português com o BPN é, neste momento, o desfecho mais provável das discussões entre o Eurostat e as autoridades portuguesas sobre o modelo contabilístico a seguir nesta matéria. O défice desse ano fica assim ameaçado por um agravamento que pode ir até aos 2000 milhões de euros, o valor aproximado das imparidades do BPN.
(...)
Tudo parece indicar, apurou o PÚBLICO, que o modelo adoptado pelo Eurostat conduza a um registo das imparidades calculadas para o BPN nas contas públicas de 2010
(...)
O défice para 2010, que o Governo apontou para 7,3 por cento, mas que mais recentemente deu indicações de poder chegar aos 6,9 por cento, pode sair fortemente prejudicado. Os cerca de 2000 milhões de euros em causa correspondem a 1,1 por cento do PIB.»
Excertos da notícia do jornal PÚBLICO de 17 de Março de 2011
quinta-feira, março 17, 2011
Registo para Memória Futura (35)
«O Tribunal da Relação de Guimarães considerou prescritos dois dos três crimes pelos quais foi condenada a antiga presidente da Câmara de Felgueiras, Fátima Felgueiras, no âmbito do processo 'Saco Azul'.»
Jornal CORREIO DA MANHÃ de 14 de Março de 2011
Meu comentário: Fátima Felgueiras, ex-fugida à justiça e a contas com a mesma desde 2003, está exultante, vendo as acusações que havia contra ela, caírem umas, prescreverem outras. Pode ir em paz e está perdoada, porque nesta terra o crime compensa, os processos só pecam por serem uma maçada, pois até as custas judiciais dos membros de cargos públicos, são pagas pelo erário público. A justiça portuguesa, contaminada pela má influência do poder político, bem pode limpar as mãos à parede com o lindo serviço que tem andado a prestar.
Jornal CORREIO DA MANHÃ de 14 de Março de 2011
Meu comentário: Fátima Felgueiras, ex-fugida à justiça e a contas com a mesma desde 2003, está exultante, vendo as acusações que havia contra ela, caírem umas, prescreverem outras. Pode ir em paz e está perdoada, porque nesta terra o crime compensa, os processos só pecam por serem uma maçada, pois até as custas judiciais dos membros de cargos públicos, são pagas pelo erário público. A justiça portuguesa, contaminada pela má influência do poder político, bem pode limpar as mãos à parede com o lindo serviço que tem andado a prestar.
quarta-feira, março 16, 2011
Regresso ao Passado
Cavaco Silva, numa cerimónia de homenagem aos antigos combatentes, não se conseguiu conter, e decidiu fazer um regresso ao passado em grande estilo, dizendo que «importa que os jovens deste tempo se empenhem em missões e causas essenciais ao futuro do país com a mesma coragem, o mesmo desprendimento e a mesma determinação com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na guerra do Ultramar». Indiferente a feridas ainda não cicatrizadas, e não contente em projectar sobre a actual geração, o patético saudosismo de um passado ainda não totalmente apaziguado, acrescentou ainda que são merecedores do nosso profundo respeito os militares de etnia africana que de forma valorosa lutaram ao lado dos portugueses.Há dias em que os membros da classe política, para não poluírem o ambiente, já que não é possível retê-los em casa, deviam evitar abrir a boca.
Buraco Negro (4)
«A procuradora Maria Correia Fernandes, casada com o ministro da Justiça, Alberto Martins, recebeu em 2010 a quantia de 72 mil euros [para pagamento de um suplemento remuneratório por acumulação de funções]. O pagamento foi feito pelo ministério contra a opinião da hierarquia do Ministério Público que afirmou que a magistrada não tinha direito a tal verba. A decisão foi tomada pelo antigo secretário de Estado João Correia depois de o seu antecessor, Conde Rodrigues, ter indeferido o pagamento.»
DIÁRIO DE NOTÍCIAS on-line de 15 de Março de 2011
DIÁRIO DE NOTÍCIAS on-line de 15 de Março de 2011
terça-feira, março 15, 2011
Sai Mais um Anti-PEC para o Buraco Número Seis
OS CAMPOS de golfe deverão voltar a ser tributados à taxa reduzida de IVA, de seis por cento, em vez dos 23 por cento que estavam a ser aplicados desde o início do ano, no quadro do Orçamento do Estado (OE) para 2011.
Esta decisão de não penalizar o sector do golfe com a taxa máxima de 23 por cento promete gerar polémica, uma vez que surge no preciso momento em que novas medidas de austeridade são anunciadas tanto para este ano como para 2012 e 2013, afectando, sobretudo, os pensionistas, serviços de saúde e prestações sociais, medidas que, na opinião de José Sócrates, “não são para cobrir qualquer buraco orçamental, mas sim para garantir aos parceiros europeus que o objectivo do défice de 4,6 por cento será atingido”.
Esta decisão de não penalizar o sector do golfe com a taxa máxima de 23 por cento promete gerar polémica, uma vez que surge no preciso momento em que novas medidas de austeridade são anunciadas tanto para este ano como para 2012 e 2013, afectando, sobretudo, os pensionistas, serviços de saúde e prestações sociais, medidas que, na opinião de José Sócrates, “não são para cobrir qualquer buraco orçamental, mas sim para garantir aos parceiros europeus que o objectivo do défice de 4,6 por cento será atingido”.
segunda-feira, março 14, 2011
Guardiães do Respeitinho
«Quanto mais corrupto é o Estado, mais numerosas são as suas leis»
Publius (Gaius) Cornelius Tacitus - (55 - 120 d.C.) Historiador romano, orador, questor, pretor ( em 88), cônsul (em 97), procônsul da Ásia (aproximadamente em 110-113)
OS GUARDIÃES da justiça portuguesa, estão-se a preparar, com pompa e circunstância, para fazer um lindo enterro ao processo do caso Freeport. A machada final tem a ver com a decisão sobre o processo disciplinar levantado pelo Procurador Geral da República Pinto Monteiro, contra os procuradores Paes Faria e Vitor Magalhães, por aqueles terem incluído no despacho final de acusação as 27 perguntas que deveriam ter sido colocadas a José Sócrates e ao ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, as quais acabaram por não ser feitas, por falta de tempo útil. Fala-se em 4 meses de suspensão de funções, com perda de vencimento e tempo de reforma, e eles garantem que nem sequer aceitam uma mera advertência. O respeitinho é muito bonito e continua a ser uma das matrizes da nossa justiça. Por isso, já se ouve o suspiro de alívio do engenheiro-faz-de-conta e também primeiro-ministro José Sócrates.
Publius (Gaius) Cornelius Tacitus - (55 - 120 d.C.) Historiador romano, orador, questor, pretor ( em 88), cônsul (em 97), procônsul da Ásia (aproximadamente em 110-113)
OS GUARDIÃES da justiça portuguesa, estão-se a preparar, com pompa e circunstância, para fazer um lindo enterro ao processo do caso Freeport. A machada final tem a ver com a decisão sobre o processo disciplinar levantado pelo Procurador Geral da República Pinto Monteiro, contra os procuradores Paes Faria e Vitor Magalhães, por aqueles terem incluído no despacho final de acusação as 27 perguntas que deveriam ter sido colocadas a José Sócrates e ao ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, as quais acabaram por não ser feitas, por falta de tempo útil. Fala-se em 4 meses de suspensão de funções, com perda de vencimento e tempo de reforma, e eles garantem que nem sequer aceitam uma mera advertência. O respeitinho é muito bonito e continua a ser uma das matrizes da nossa justiça. Por isso, já se ouve o suspiro de alívio do engenheiro-faz-de-conta e também primeiro-ministro José Sócrates.
domingo, março 13, 2011
Três Estilos Diferentes
ISABEL Alçada, a ministra da educação, socorrendo-se do seu habitual estilo coloquial, chegou à brilhante e magistral conclusão de que "é natural que as pessoas que não têm emprego se sintam inseguras". O lendário senhor de La Palisse não diria melhor. Por isso, nada me admirava que, mais dia, menos dia, aparecesse por aí um novo livro da série "Uma Aventura", que bem pode ter por título "Uma Aventura com Jovens à Rasca", pois os cinco que protagonizam as aventuras, já crescidinhos e com óptimos currículos, não conseguem entrar no mercado de trabalho.
.
Por sua vez, o engenheiro-faz-de-conta José Sócrates, que também é primeiro-ministro, disse compreender que os jovens da “Geração à Rasca” se manifestem e exprimam a sua frustração, mas garantiu que este Governo está a defender os seus interesses, adoptando "políticas de modernidade" e "para o futuro". Antes disso, tinha afirmado que está “confortável” com estas novas medidas de austeridade que quer aplicar. O mais mentiroso dos mentirosos, não poderia ser mais objectivo e clarividente.
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Já o sinistro ideólogo Augusto Santos Silva, que acumula com as funções de ministro da defesa, pouco preocupado com as pessoas, mas muito preocupado com as ideias, acusou todos aqueles que não apoiarem as medidas de austeridade do Governo - que até têm (diz ele) a compreensão e a colaboração activa do conjunto dos portugueses - de não merecerem a confiança das pessoas, por estarem a desertar a meio de um esforço nacional. Este ministro, quando agita o dedo indicador, é temível, logo os portugueses têm que ter muito cuidado com as suas opções, pois em tempo de guerra contra o terrorismo, a crise internacional e os mercados, a deserção pode muito bem ser punível com tribunal marcial, senão mesmo com o pelotão de fuzilamento.
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Por sua vez, o engenheiro-faz-de-conta José Sócrates, que também é primeiro-ministro, disse compreender que os jovens da “Geração à Rasca” se manifestem e exprimam a sua frustração, mas garantiu que este Governo está a defender os seus interesses, adoptando "políticas de modernidade" e "para o futuro". Antes disso, tinha afirmado que está “confortável” com estas novas medidas de austeridade que quer aplicar. O mais mentiroso dos mentirosos, não poderia ser mais objectivo e clarividente.
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Já o sinistro ideólogo Augusto Santos Silva, que acumula com as funções de ministro da defesa, pouco preocupado com as pessoas, mas muito preocupado com as ideias, acusou todos aqueles que não apoiarem as medidas de austeridade do Governo - que até têm (diz ele) a compreensão e a colaboração activa do conjunto dos portugueses - de não merecerem a confiança das pessoas, por estarem a desertar a meio de um esforço nacional. Este ministro, quando agita o dedo indicador, é temível, logo os portugueses têm que ter muito cuidado com as suas opções, pois em tempo de guerra contra o terrorismo, a crise internacional e os mercados, a deserção pode muito bem ser punível com tribunal marcial, senão mesmo com o pelotão de fuzilamento.
sábado, março 12, 2011
Um Dia Muito Diferente
Registo para Memória Futura (34)
«(…) Zeca Afonso (…) não foi um homem de liberdade (…)»
In crónica “Estou à Rasca”, da autoria do jornalista Miguel Sousa Tavares, publicada no semanário EXPRESSO de 12 de Março de 2011.
In crónica “Estou à Rasca”, da autoria do jornalista Miguel Sousa Tavares, publicada no semanário EXPRESSO de 12 de Março de 2011.
sexta-feira, março 11, 2011
O Anão Serapião
HOJE de manhã, estava eu sentado à mesa, a pôr em ordem alguns papéis, e o meu anãozinho Serapião veio fazer-me uma visita. Com o atrevimento habitual, saltou-me aqui para o ombro esquerdo, e sem cerimónias perguntou-me:
- Então, ainda andas de candeias às avessas com o Sócrates?
- Já não o trato há muito tempo por Sócrates. A minha preferência agora vai para outros atributos, como engenheiro incompleto, engenheiro-faz-de-conta, engenhóquio, pantomineiro, enfim, o que calha… respondi eu, a espreitar a sua figura patusca pelo canto do olho.
- A propósito, estou a ver-te mais corado, mas também mais branco e mais gordo!
- É da idade e do muito trabalho que tenho, respondeu ele, sentando-se no ombro, traçando a perna e agarrando-se à gola da minha camisa.
- Trabalho da treta, à moda do nosso engenheiro, não?
- Não, o meu trabalho é de outro tipo. Graças ao meu reduzido tamanho, tem mais a ver com coscuvilhice. É como se fossem escutas sem telefone. Posso entrar onde quiser, deixar-me ficar quieto como se fosse um bibelot, e o resto é canja…
- Não me digas que já andaste a espiar o nosso primeiro! Diz-me lá então se é verdade que o engenhóquio ficou assim com muito cabelo branco porque trabalha muito, sobretudo a ensaiar as suas aparições e os discursos por esse país fora.
- Ah, tu ainda acreditas nisso? É falso! Ele fez um pacto, não vou dizer com quem, para não ferir susceptibilidades, mas nesse pacto ficou lavrado que a outra parte o deixava governar, mas sempre que ele dissesse uma mentira, aparecia-lhe mais um cabelo branco. Estás a ver, não estás?
- Se estou! Os poucos cabelos brancos que ele tinha há seis anos atrás, e os que tem agora, dá bem uma ideia dos barretes que ele tem andado a enfiar por aí…
- Se fossem só barretes…
- O quê, para lá das que se sabem, há mais alguma caldeirada?
- Há, mas agora não posso adiantar mais nada. Está no segredo dos deuses, de tal forma que nem o Presidente da República sabe.
- Não me digas? Vá lá, diz lá! Eh pá, sempre fomos amigos, oh Serapião…
- Com essa da amizade é que me deitaste abaixo…
- Vá lá Serapião, é uma vez sem exemplo. Estou em pulgas…
- É aquela coisa do PEC IV…
- Então, ainda andas de candeias às avessas com o Sócrates?
- Já não o trato há muito tempo por Sócrates. A minha preferência agora vai para outros atributos, como engenheiro incompleto, engenheiro-faz-de-conta, engenhóquio, pantomineiro, enfim, o que calha… respondi eu, a espreitar a sua figura patusca pelo canto do olho.
- A propósito, estou a ver-te mais corado, mas também mais branco e mais gordo!
- É da idade e do muito trabalho que tenho, respondeu ele, sentando-se no ombro, traçando a perna e agarrando-se à gola da minha camisa.
- Trabalho da treta, à moda do nosso engenheiro, não?
- Não, o meu trabalho é de outro tipo. Graças ao meu reduzido tamanho, tem mais a ver com coscuvilhice. É como se fossem escutas sem telefone. Posso entrar onde quiser, deixar-me ficar quieto como se fosse um bibelot, e o resto é canja…
- Não me digas que já andaste a espiar o nosso primeiro! Diz-me lá então se é verdade que o engenhóquio ficou assim com muito cabelo branco porque trabalha muito, sobretudo a ensaiar as suas aparições e os discursos por esse país fora.
- Ah, tu ainda acreditas nisso? É falso! Ele fez um pacto, não vou dizer com quem, para não ferir susceptibilidades, mas nesse pacto ficou lavrado que a outra parte o deixava governar, mas sempre que ele dissesse uma mentira, aparecia-lhe mais um cabelo branco. Estás a ver, não estás?
- Se estou! Os poucos cabelos brancos que ele tinha há seis anos atrás, e os que tem agora, dá bem uma ideia dos barretes que ele tem andado a enfiar por aí…
- Se fossem só barretes…
- O quê, para lá das que se sabem, há mais alguma caldeirada?
- Há, mas agora não posso adiantar mais nada. Está no segredo dos deuses, de tal forma que nem o Presidente da República sabe.
- Não me digas? Vá lá, diz lá! Eh pá, sempre fomos amigos, oh Serapião…
- Com essa da amizade é que me deitaste abaixo…
- Vá lá Serapião, é uma vez sem exemplo. Estou em pulgas…
- É aquela coisa do PEC IV…
quinta-feira, março 10, 2011
Tome Nota
terça-feira, março 08, 2011
O Fulano não gosta que lhe estraguem as festas
Sócrates passa 365 dias do ano em corsos e carnavaladas, mas na verdadeira quadra, sente-se na obrigação de ir mais longe, e brincar com coisas sérias. Em Viseu, ao ser interrompido na sua prédica, antes de uma jantarada, por elementos que se diziam pertencer ao movimento "Geração à Rasca", e que apenas queriam falar sobre os seus problemas, apesar de terem pago o jantar, foram corridos da sala - parece que com alguma brutalidade - enquanto o engenheiro-faz-de-conta gracejava, dizendo que "estamos no Carnaval e a verdade é que no Carnaval ninguém leva a mal".
A um sonso deste calibre, não se lhe deve deixar os movimentos livres. Deixo uma sugestão: da próxima vez, se o fulano não quiser conversar, atirem-lhe com sapatos ou chinelos, os mais velhos e mais sujos que tiverem lá em casa! Certamente que ele não vai levar a mal…
NOTA – Esta sugestão não é para levar a sério, trata-se apenas de uma fantasia minha. As tentativas de diálogo nunca devem começar nem acabar com tareia. Além disso, se tal sucedesse, o “engenhóquio” teria um pretexto para se vitimizar, utilizando o acontecimento a seu favor.
A um sonso deste calibre, não se lhe deve deixar os movimentos livres. Deixo uma sugestão: da próxima vez, se o fulano não quiser conversar, atirem-lhe com sapatos ou chinelos, os mais velhos e mais sujos que tiverem lá em casa! Certamente que ele não vai levar a mal…
NOTA – Esta sugestão não é para levar a sério, trata-se apenas de uma fantasia minha. As tentativas de diálogo nunca devem começar nem acabar com tareia. Além disso, se tal sucedesse, o “engenhóquio” teria um pretexto para se vitimizar, utilizando o acontecimento a seu favor.
Como Manipular Estatísticas
NO FORMULÁRIO do CENSOS 2011, quem trabalha a recibos verdes mas tem um local fixo dentro de uma empresa, subordinação hierárquica e um trabalho definido, deve assinalar a opção trabalhador por conta de outrem. Resultado: NÃO HÁ FALSOS RECIBOS VERDES EM PORTUGAL, o que é uma pura vigarice.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) diz que a “coisa” está de acordo com as recomendações internacionais, e que “lá dentro”, esta questão foi objecto de amplo debate, estão a ver não estão? É preciso muito cuidado com esta gente que recheia os institutos públicos, onde são cozinhadas estas pérolas de excelência, em conluio com os mandarins do governo. Espero que este assunto não morra aqui.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) diz que a “coisa” está de acordo com as recomendações internacionais, e que “lá dentro”, esta questão foi objecto de amplo debate, estão a ver não estão? É preciso muito cuidado com esta gente que recheia os institutos públicos, onde são cozinhadas estas pérolas de excelência, em conluio com os mandarins do governo. Espero que este assunto não morra aqui.
segunda-feira, março 07, 2011
Registo para Memória Futura (33)
Na altura (Abril de 2009) houve quem lhe chamasse o novo hino nacional.
Outros disseram que tinha renascido a canção de intervenção,
Porque o “que faz falta é avisar a malta”.
Alguns garantiram que dava protagonismo ao “engenheiro”,
Outros que era um grito de revolta.
Para mim, nem precisava de música,
Bastava a letra para sabermos
Qual o estado da nação.
SEM EIRA NEM BEIRA
Anda tudo do avesso
Nesta rua que atravesso
Dão milhões a quem os tem
Aos outros um passou-bem
Não consigo perceber
Quem é que nos quer tramar
Enganar / Despedir
E ainda se ficam a rir
Eu quero acreditar
Que esta merda vai mudar
E espero vir a ter
Uma vida bem melhor
Mas se eu nada fizer
Isto nunca vai mudar
Conseguir / Encontrar
Mais força para lutar…
(Refrão)
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a comer
É difícil ser honesto
É difícil de engolir
Quem não tem nada vai preso
Quem tem muito fica a rir
Ainda espero ver alguém
Assumir que já andou
A roubar / A enganar
o povo que acreditou
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar…
(Refrão)
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a foder
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Mas eu sou um homem honesto
Só errei na profissão
Letra e música da banda “Xutos e Pontapés” em Abril de 2009. Curiosamente, ou talvez não, as estações de rádio fizeram-se desentendidas e, quase unanimemente, não divulgaram a canção, argumentando que a letra continha excessos de linguagem. Portanto, faça-se justiça, voltando a pô-la no ar.
Entretanto, um ano e nove meses depois…
QUE PARVA QUE EU SOU!
Sou da geração sem remuneração
E não me incomoda esta condição
Que parva que eu sou
Porque isto está mal e vai continuar
Já é uma sorte eu poder estagiar
Que parva que eu sou
E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar
Sou da geração "casinha dos pais"
Se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou
Filhos, maridos, estou sempre a adiar
E ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou
E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar
Sou da geração "vou queixar-me pra quê?"
Há alguém bem pior do que eu na TV
Que parva que eu sou
Sou da geração "eu já não posso mais!"
Que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou
E fico a pensar,
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar
Canção apresentada pelo Grupo Os Deolinda, nos Coliseus do Porto e de Lisboa, em Janeiro de 2011. Música e letra: Pedro da Silva Martins.
E já agora, dois meses depois…
A LUTA É ALEGRIA
Por vezes dás contigo desanimado
Por vezes dás contigo a desconfiar
Por vezes dás contigo sobressaltado
Por vezes dás contigo a desesperar
De noite ou de dia, a luta é alegria
E o povo avança é na rua a gritar
De pouco vale o cinto sempre apertado
De pouco vale andar a lamuriar
De pouco vale o ar sempre carregado
De pouco vale a raiva para te ajudar
De noite ou de dia, a luta é alegria
E o povo avança é na rua a gritar
E tráz o pão e tráz o queijo e tráz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino
E tráz o pão e tráz o queijo e tráz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino
Vem celebrar esta situação e vamos cantar contra a reacção
Não falta quem te avise toma cuidado
Não falta quem te queira manter calado
Não falta quem te deixe ressabiado
Não falta quem te venda o próprio ar
De noite ou de dia, a luta é alegria
E o povo avança é na rua a gritar
E tráz o pão e tráz o queijo e tráz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino
E tráz o pão e tráz o queijo e tráz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino
Vem celebrar esta situação e vamos cantar contra a reacção
A luta continua quando o povo sai à rua!
A canção tem letra de Nuno (Jel) e música de Vasco Duarte (Falâncio), foi interpretada pelos Homens da Luta, venceu o concurso do Festival da Eurovisão 2011 em 5 de Março de 2011, e vai representar Portugal em Dusseldorf, na Alemanha.
Outros disseram que tinha renascido a canção de intervenção,
Porque o “que faz falta é avisar a malta”.
Alguns garantiram que dava protagonismo ao “engenheiro”,
Outros que era um grito de revolta.
Para mim, nem precisava de música,
Bastava a letra para sabermos
Qual o estado da nação.
SEM EIRA NEM BEIRA
Anda tudo do avesso
Nesta rua que atravesso
Dão milhões a quem os tem
Aos outros um passou-bem
Não consigo perceber
Quem é que nos quer tramar
Enganar / Despedir
E ainda se ficam a rir
Eu quero acreditar
Que esta merda vai mudar
E espero vir a ter
Uma vida bem melhor
Mas se eu nada fizer
Isto nunca vai mudar
Conseguir / Encontrar
Mais força para lutar…
(Refrão)
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a comer
É difícil ser honesto
É difícil de engolir
Quem não tem nada vai preso
Quem tem muito fica a rir
Ainda espero ver alguém
Assumir que já andou
A roubar / A enganar
o povo que acreditou
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar…
(Refrão)
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a foder
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Mas eu sou um homem honesto
Só errei na profissão
Letra e música da banda “Xutos e Pontapés” em Abril de 2009. Curiosamente, ou talvez não, as estações de rádio fizeram-se desentendidas e, quase unanimemente, não divulgaram a canção, argumentando que a letra continha excessos de linguagem. Portanto, faça-se justiça, voltando a pô-la no ar.
Entretanto, um ano e nove meses depois…
QUE PARVA QUE EU SOU!
Sou da geração sem remuneração
E não me incomoda esta condição
Que parva que eu sou
Porque isto está mal e vai continuar
Já é uma sorte eu poder estagiar
Que parva que eu sou
E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar
Sou da geração "casinha dos pais"
Se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou
Filhos, maridos, estou sempre a adiar
E ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou
E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar
Sou da geração "vou queixar-me pra quê?"
Há alguém bem pior do que eu na TV
Que parva que eu sou
Sou da geração "eu já não posso mais!"
Que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou
E fico a pensar,
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar
Canção apresentada pelo Grupo Os Deolinda, nos Coliseus do Porto e de Lisboa, em Janeiro de 2011. Música e letra: Pedro da Silva Martins.
E já agora, dois meses depois…
A LUTA É ALEGRIA
Por vezes dás contigo desanimado
Por vezes dás contigo a desconfiar
Por vezes dás contigo sobressaltado
Por vezes dás contigo a desesperar
De noite ou de dia, a luta é alegria
E o povo avança é na rua a gritar
De pouco vale o cinto sempre apertado
De pouco vale andar a lamuriar
De pouco vale o ar sempre carregado
De pouco vale a raiva para te ajudar
De noite ou de dia, a luta é alegria
E o povo avança é na rua a gritar
E tráz o pão e tráz o queijo e tráz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino
E tráz o pão e tráz o queijo e tráz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino
Vem celebrar esta situação e vamos cantar contra a reacção
Não falta quem te avise toma cuidado
Não falta quem te queira manter calado
Não falta quem te deixe ressabiado
Não falta quem te venda o próprio ar
De noite ou de dia, a luta é alegria
E o povo avança é na rua a gritar
E tráz o pão e tráz o queijo e tráz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino
E tráz o pão e tráz o queijo e tráz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino
Vem celebrar esta situação e vamos cantar contra a reacção
A luta continua quando o povo sai à rua!
A canção tem letra de Nuno (Jel) e música de Vasco Duarte (Falâncio), foi interpretada pelos Homens da Luta, venceu o concurso do Festival da Eurovisão 2011 em 5 de Março de 2011, e vai representar Portugal em Dusseldorf, na Alemanha.
sábado, março 05, 2011
Deriva - VIII
Vi as águas os cabos vi as ilhas
E o longo baloiçar dos coqueirais
Vi lagunas azuis como safiras
Rápidas aves furtivos animais
Vi prodígios espantos maravilhas
Vi homens nus bailando nos areais
E ouvi o fundo som de suas falas
Que já nenhum de nós entendeu mais
Vi ferros e vi setas e vi lanças
Oiro também à flor das ondas finas
E o diverso fulgor de outros metais
Vi pérolas e conchas e corais
Desertos fontes trémulas campinas
Vi o rosto de Eurydice das neblinas
Vi o frescor das coisas naturais
Só do Preste João não vi sinais
As ordens que levava não cumpri
E assim contando tudo quanto vi
Não sei se tudo errei ou descobri
Sophia de Mello Breyner Andresen – Navegações – 1982
E o longo baloiçar dos coqueirais
Vi lagunas azuis como safiras
Rápidas aves furtivos animais
Vi prodígios espantos maravilhas
Vi homens nus bailando nos areais
E ouvi o fundo som de suas falas
Que já nenhum de nós entendeu mais
Vi ferros e vi setas e vi lanças
Oiro também à flor das ondas finas
E o diverso fulgor de outros metais
Vi pérolas e conchas e corais
Desertos fontes trémulas campinas
Vi o rosto de Eurydice das neblinas
Vi o frescor das coisas naturais
Só do Preste João não vi sinais
As ordens que levava não cumpri
E assim contando tudo quanto vi
Não sei se tudo errei ou descobri
Sophia de Mello Breyner Andresen – Navegações – 1982
quinta-feira, março 03, 2011
Buraco Negro (3)
"Estão três mil milhões [de Euros] disponíveis para fazer face à necessidade de recapitalização dos bancos (...) se for necessário usá-los, serão usados e devemos ver isto sem qualquer tipo de complexo".
Declaração de Carlos Costa Pina, secretário de Estado do Tesouro, em entrevista ao Etv (Económico TV), no mesmo dia em que se fala que está em estudo a hipótese de os funcionários públicos virem a receber o Subsídio de Natal em Títulos do Tesouro, solução que poderá muito bem ter a ver com as “medidas mais profundas” que a chanceler Ângela Merkel pediu a Sócrates para implementar.
Declaração de Carlos Costa Pina, secretário de Estado do Tesouro, em entrevista ao Etv (Económico TV), no mesmo dia em que se fala que está em estudo a hipótese de os funcionários públicos virem a receber o Subsídio de Natal em Títulos do Tesouro, solução que poderá muito bem ter a ver com as “medidas mais profundas” que a chanceler Ângela Merkel pediu a Sócrates para implementar.
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