domingo, junho 05, 2011

À Boca das Urnas - Uma Blague de Antologia

O líder do PS [José Sócrates] decidiu refutar [nas últimas horas da campanha eleitoral] os que o criticam por “não falar” de propostas. A resposta, ao fim de duas semanas de campanha por todo o país, foi desconcertante: “São poucos os segundos de televisão a que um pobre político tem direito.”

Excerto da notícia do jornal PÚBLICO on-line de 3 de Junho de 2011

Primeiro Entre os Melhores

(…) Aprendi a desenhar na Escola Italiana do Porto, cidade onde nasci, e no liceu decidi ser arquitecto. Não é que tivesse alguma paixão especial pela disciplina, mas na crise agnóstica dos 15 anos, duvidei se Deus devia ter descansado ao 7º dia. É que, pensando bem, ficou por fazer uma geografia como a de Delfos, a Acrópole para receber o Parténon ou secar um pântano no Illinois, onde a Farnsworth pudesse ficar. (…)
Depois da Revolução, e restabelecida a Democracia, abriu-se a oportunidade de redesenhar um país, onde faltavam escolas, hospitais, outros equipamentos, e sobretudo meio milhão de casas. (…)
Do que precisávamos era de uma linguagem clara, simples e pragmática para reconstruir um país, uma cultura, e ninguém melhor que o proibido Movimento Moderno poderia responder a esse desafio. (…)
Com 10 séculos de História, Portugal encontra-se hoje numa grande crise social e económica, como já aconteceu em vários períodos anteriores. Hoje, como ontem, a solução para a arquitectura portuguesa é emigrar. (…)

Excertos do discurso do arquitecto Eduardo Souto de Moura ao receber o Prémio Pritzker 2011

Ver discurso completo do arquitecto Eduardo Souto de Moura ao receber o Prémio Pritzker 2011

Ver discurso do Presidente dos EUA, Barack Obama, na entrega do Prémio Pritzker de Arquitectura ao arquitecto Eduardo Souto de Moura

quinta-feira, junho 02, 2011

Pelo Sim, Pelo Não…

POR UM voto se ganha, por um voto se perde, por isso, há quem lhe chame um doce, quando aparece na urna um boletim de VOTO em BRANCO. Por outro lado, e como nunca nos devemos fiar na eficácia do nosso Ministério da Administração Interna, NÃO se esqueçam de levar convosco o NÚMERO DE ELEITOR!

NOTA – Este é o meu último post até que estejam apurados os resultados da eleição de domingo, dia 5 de Junho de 2011. Até lá, vou reflectir maduramente em quem votar, porque em quem não vou votar, já está decidido há muito. Isto de passar procuração a alguém é assunto sério, e não se pode voltar atrás na decisão. Votem bem!

terça-feira, maio 31, 2011

Para Meditar

«(...) Gosto muito de Portugal – se tiver uma paixão é Portugal – e não gosto de ninguém que dê cabo dele. O Sócrates está no topo da pirâmide dos que dão cabo disto. Entre o mal e o bem que faz, com o Sócrates, a relação é desastrada. (...)»


Excerto da entrevista que Henrique Neto, empresário e membro do PS, concedeu ao JORNAL DE NEGÓCIOS, em 5 de Novembro de 2010. Consulte o texto completo no CARTÓRIO DO ESCREVINHADOR

Fala a Experiência

… e depois, se te portares bem, até podes ter uma fundação para te entreteres, uma biografia a sério escrita por aquela jornalista que tu conheces, polícias e seguranças à porta, 24 sobre 24 horas, teres telemóveis em barda para escavacares, a oportunidade de abraçar uma causa como seja a protecção dos animais ferozes, ires à pesca de robalos com o Vara ou à caça das codornizes com o Alegre, frequentares um curso de artes marciais na China, integrares o conselho de administração da empresa que faz os “magalhães”, seres proprietário de um ginásio com spa no Freeport, jantares no Chez Dominique, considerado um dos melhores restaurantes do mundo, andares sempre com um teleponto na bagagem, porque podes ser convidado para discursar na Internacional Socialista ou nas campanhas eleitorais que vão aparecendo por aí, dares, uma vez por outra, aulas de inglês técnico na escola EB+S da tua área de residência, bem como beneficiares das mordomias que apenas estão reservadas aos grandes e excelentes estadistas como nós. É uma experiência alucinante, e tu tens estofo, podes crer!

segunda-feira, maio 30, 2011

A Bem do Betão e do Alcatrão

A ASSUNTO já era do conhecimento público, mas Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, e muito a propósito, voltou a recordá-lo com o respectivo sublinhado. O senhor Almerindo Marques antecipou em dois anos a sua saída da presidência das Estradas de Portugal, para ir assumir a liderança da Opway, empresa construtora do Grupo Espírito Santo. Isso aconteceu porque o dito senhor tem muita influência, sabe mexer os cordelinhos e faz muita falta noutros círculos, como foi o caso de Jorge Coelho, quando há uns anos atrás, depois ter passado pelos tablados da governação, acabou à frente dos destinos da Mota-Engil (Abril 2008), considerada uma das construtoras do regime. Não é preciso grande esforço para se perceber que estas transferências ilustram as cumplicidades e “uniões de facto” que se continuam a estabelecer entre as construtoras dos grupos económicos e financeiros, e a constelação de interesses que giram à volta do aparelho de Estado, traficando influências, chorudos negócios - como as Parcerias Público-Privadas - e outras coisas mais, que muito têm contribuído, não para o progresso do país e da sua recuperação económica, mas sim para o seu colapso e falência.
Tudo isto acontece, quase em simultâneo, com a decisão de o Tribunal de Contas de recusar o visto prévio a cinco concessões lançadas pela Estradas de Portugal (Douro Interior, Baixo Alentejo, Algarve Litoral, Litoral Oeste e Auto-Estrada Transmontana), na qual a Estradas de Portugal se comprometia a fazer pagamentos extraordinários, que carecem de fundamentação jurídica, por ter havido, diz ela, entre outras razões, uma degradação das condições financeiras entre a proposta inicial, com que os concorrentes foram seleccionados, e a final, com que assinaram os contratos. Habituados como estão a que os bolsos dos portugueses não tenham fundo, os governos (mesmo os de gestão) já nem sequer se esforçam por dissimular as suas negociatas, sobretudo aquelas que mexem com o rico e inesgotável filão do betão e do alcatrão.

sábado, maio 28, 2011

Aprender com os Filmes



«Há homens neste mundo que nasceram para fazerem por nós todos os trabalhos difíceis e desagradáveis.»

«Só se conhece realmente uma pessoa quando se entra na pele dela e se anda por lá um tempo»

Do filme To Kill a Mockingbird (Na Sombra e no Silêncio), de Robert Mulligan, 1962

Registo para Memória Futura (42)

«Acho que José Sócrates, se não ganhar as eleições, vai ser difícil de segurar, mesmo como líder do partido. Eu tentarei tudo por tudo, mas vai ser difícil de segurar, mesmo como líder do partido (...) ele próprio há-de querer fazer tudo para simplificar uma solução nacional. Ele é um patriota, não tenho a mínima dúvida sobre isso. Não estará agarrado ao poder, é evidente. Pelo contrário! Vai sair disto cansadíssimo, estafado, e também precisa de repousar.»

Declarações de António Almeida Santos, presidente do Partido Socialista, em entrevista ao semanário SOL de 27 de Maio de 2011

quinta-feira, maio 26, 2011

Registo para Memória Futura (41)

«Governo confirma que pôs Segurança Social ao serviço da dívida pública.
É oficial. O Fundo da Segurança Social foi colocado à disposição de uma gestão mais "eficiente" da dívida pública.
A confirmação da interferência do Governo na política de gestão do Fundo consta de um despacho de Teixeira dos Santos publicado segunda-feira em Diário da República, quase dois meses depois de se ter noticiado que a Segurança Social foi uma das entidades a socorrer a dívida pública portuguesa
.»

Notícia do JORNAL DE NEGÓCIOS de 25 de Maio 2011

Meu comentário: E depois ainda dizem que os “outros” é que querem dar cabo do Estado Social… Na verdade, e por este andar, quando os tais “outros” o quiserem demolir, o mais difícil estará feito, e já não restará pedra sobre pedra.

segunda-feira, maio 23, 2011

Conversa de TROIKAnos

DEPOIS de um deles ter dito que não governava com o FMI, o outro ter dito que não governava com o Zézito, e o terceiro estar por tudo, apesar das negaças que vai fazendo, sempre quero ver como isto vai acabar…

Sobre a Meritocracia (*)

«(…)
A meritocracia é um dos pilares do management napoleónico. Premiar o mérito foi uma das obsessões de Napoleão, que aplicou um sistema rápido e eficiente de reconhecimentos para quem tivesse dado particulares provas de valentia, eficiência, lealdade e capacidade de sacrifício. Escreve Las Cases: “Os mesmos títulos e as mesmas condecorações cabiam a eclesiásticos, militares, artistas, cientistas, literatos (…) Temos de admitir que em parte nenhuma, com nenhum povo, em época nenhuma, o mérito foi mais honorificado, nem o talento mais magnificamente recompensado”. Napoleão já tinha tratado de explicar que “ninguém tem interesse em derrubar um governo em que todo aquele que tiver mérito encontra o seu lugar”. Mas, em contrapartida, é preciso haver uma justiça justa e rápida: “punir severamente para não ter que punir a todo o momento”.
(…)»
Excerto do livro “Lições de Napoleão – A natureza dos homens, as técnicas do bom governo e a arte de gerir as derrotas” da autoria de Ernesto Ferrero (Teorema – 2009)

(*) Do dicionário – s.f. Sistema social, administrativo ou educacional em que os mais habilitados e competentes, fruto dos seus progressos e sucessos, são recompensados, promovidos ou escolhidos para chefiar; sistema onde o mérito pessoal determina a hierarquia, em vez de se basear na riqueza ou estatuto social.


Por estar pouco difundida e raramente a terem experimentado, a meritocracia é uma coisa que muito poucos portugueses sabem o que é.

domingo, maio 22, 2011

Epigrama

Se de Camões o Espírito, algum dia,
A pátria visitasse,
Quando na douta Academia entrasse…
(Para ouvir o que nela se dizia),
Confuso, pensaria: - Que erro enorme!
Como eu julguei ser esta pifieza
Aquela antiga pátria portuguesa
Que me deixou morrer à fome!...

Poema de Carlos Queiroz (1907-1949) em “II Epístola aos Vindouros e Outros Poemas”

sábado, maio 21, 2011

As Palavras, os Actos, a Honestidade e a Autoridade Moral

José Sócrates irritou-se esta manhã (19-Maio-2011) com um empresário durante uma conferência organizada pelo «Diário Económico». Depois da intervenção do primeiro-ministro demissionário e líder do PS, chegou a fase das perguntas.

«Fez um discurso muitíssimo bem conseguido, é profundo conhecedor dos problemas, mas eu tenho um problema essencial consigo, os seus actos não reflectem as suas palavras», afirmou um empresário, aplaudido de imediato pela plateia. A justificação para este «problema» surgiu depois. O empresário afirmou que «nos últimos seis anos o país perdeu sistematicamente competitividade» e perguntou a Sócrates «o que vai mudar para fortalecer a competitividade» caso seja reeleito.

«Não gostei do que disse», começou por responder Sócrates. «E não gostei por uma razão muito simples: Eu faço o meu melhor para que as minhas palavras correspondam exactamente aos meus actos. Desculpe, eu não lhe reconheço nenhuma autoridade moral para dizer que as suas palavras correspondem melhor aos seus actos do que as minhas», respondeu, visivelmente irritado.

«Os políticos podem sempre ter objectivos que não são cumpridos, mas o que me espanta é que o senhor não seja capaz de reconhecer, com honestidade, que entre 2005 e 2007, antes da crise que todo o mundo viveu, que a nossa economia estava a crescer. 2007 foi o ano em que a economia mais cresceu durante esta década», afirmou ainda José Sócrates.

«Considero injusto que considere que o meu governo também é responsável pela crise internacional. Fez o que fizeram os outros Governos», disse ainda.

Transcrição do site do canal de televisão por cabo TVI24

Moral da História: O Mundo, e Portugal muito em especial, estão pejados de impostores, que se consideram, campeões da verdade, honestidade e moralidade. Em contrapartida, há um défice de pessoas que não tenham receio de os colocar no seu devido lugar.

sexta-feira, maio 20, 2011

E Eu Ainda Acrescentaria…

«(…)
Mas não foi com pensionistas ou trabalhadores que houve derrapagens e se cometeram excessos. Foram, sim, estradas inúteis, projectos inúteis, consultadorias inúteis, propaganda inútil e boys inúteis que deram cabo do país. Além das inúmeras promiscuidades – com banqueiros, Joes Berardos diversos, empresas do regime, ditadorzecos vários, etc – que em nada contribuíram para o louvado Estado social e apenas minaram a coesão do país.
(…
)»
Excerto do artigo de opinião de Henrique Monteiro, com o título “Vem aí o Lobo Mau!”, publicado no semanário EXPRESSO de 14 de Maio de 2011. O título do post é de minha autoria, e ao que Henrique Monteiro afirma, eu ainda acrescentaria: submarinos para assustar traficantes e terroristas, “magalhães” com abundância, “novas oportunidades” em cascata, aeroportos que eram para ser ali e depois passaram a ser acolá, TGVs com fartura, parcerias público-privadas ao desbarato, uma dose imensa de irresponsabilidade e muita demagogia.

quinta-feira, maio 19, 2011

A Vocação do NOVAS OPORTUNIDADES não é ENSINAR mas sim REQUALIFICAR... a imagem eleitoral do PS

«PS aproveita Novas Oportunidades
Os centros públicos de Novas Oportunidades receberam pedidos de testemunhos de formandos para serem apresentados hoje na sessão de campanha eleitoral do Partido Socialista que decorrerá em Vila Franca de Xira.
Depois da troca de acusações entre PSD e PS a propósito do programa Novas Oportunidades, a Agência Nacional para a Qualificação (ANQ), sob tutela dos ministérios do Trabalho e da Solidariedade Social e da Educação, recebeu um pedido para que fossem recolhidos testemunhos abonatórios que pudessem ser utilizados na sessão do PS com José Sócrates e o cabeça-de-lista por Lisboa, Ferro Rodrigues.
O CM sabe que foram também enviados e-mails a funcionários dos centros em que se pedia para comentarem notícias relacionadas com declarações do presidente da Agência Nacional para a Qualificação, Luís Capucha, nas quais este atacava o líder do PSD, considerando "insultuosas" as suas palavras sobre as Novas Oportunidades.
(.
..)»
Excerto de uma notícia do jornal CORREIO DA MANHÃ de 18 de Maio de 2011. Entretanto, curiosamente, a notícia passou a estar inacessível no CM on-line.


Sua Potência está a Pisar o Risco

A FÜHRER und Reichskanzler Angela Merkel ainda não fez nenhum ultimato, mas penso que anda a ver se arranja lenha para se queimar. O Adolfo tentou conquistar a Europa com a força das divisões Panzer e acabou mal, ao passo que ela quer pôr a Europa de joelhos, sobretudo Portugal, a Grécia e a Espanha, com um Blitzkrieg sobre os sistemas de férias e de reformas destes países, exigindo a sua unificação com os padrões da Alemanha que, diz ela, deverão ser os padrões de toda a União Europeia. Como se compreende, os patrões apoiam e aplaudem. Merkel ainda não mobilizou a Wehrmacht, a Kriegsmarine e a Luftwaffe, mas a prudência manda que mandemos alguém visitar Sua Potência, para lhe lembrar que tivemos três invasões napoleónicas, e a todas rechaçámos, para a aconselhar a ter calma e ir dando banho ao cão, e que se quer guerra vai ter que se haver com o Augusto Santos Silva e os nossos dois submarinos.

quarta-feira, maio 18, 2011

Registo para Memória Futura (40)

UMA TRABALHADORA da agência Lusa, porta-voz da Comissão de Trabalhadores daquela agência noticiosa, junto da comissão parlamentar de Ética e Cultura da Assembleia da República, onde prestou depoimento sobre a sustentabilidade financeira da agência, foi demitida de chefe de serviços comerciais, função que desempenhava há sete anos, tendo sido acusada pela chefia directa de “falta de confiança hierárquica e política”. No espaço de um mês, este é o segundo caso de demissão ocorrido nesta agência de informação, pelo mesmo motivo.

terça-feira, maio 17, 2011

Votar Cara ou Coroa


Passo a transcrever esta CARTA ABERTA AOS ELEITORES ETERNAMENTE ARREPENDIDOS, da autoria de Guilherme Alves Coelho, e recebida por e-mail:

«2011-Maio-12

Advertência: Se já está seguro em quem vai votar nas próximas eleições não continue a ler este texto. Mas se pelo contrário tem dúvidas, leia-o até ao fim. Em qualquer dos casos, lembre-se que votar bem é votar, em plena consciência, em quem o defende.

Caro eleitor arrependido:

Um dos maiores problemas com que se defrontam os eleitores nas chamadas democracias capitalistas, como a nossa, é ser-lhe imposta uma escolha aparente entre dois ou três partidos do chamado arco do poder, com a exclusão de quaisquer outros.

Digo aparente escolha porque esses partidos não representam quaisquer alternativas entre si. São alternantes no poder, mas não alternativos nas ideias. São gémeos ou clones, cujas politicas são tão idênticas que as eleições poderiam ser substituídas por sorteio de moeda ao ar e os resultados seriam os mesmos. São os partidos Cara e Coroa. Aqui em Portugal são representados pelo PS e pelo PSD, levando por vezes o CDS na mochila.

De onde lhes vem então o poder? Do simples facto de serem partidos apoiados e financiados pela alta burguesia, para governarem no seu interesse, disfarçados com nomes que agradam ao povo. Na realidade são verdadeiros agentes, pagos pelo dinheiro que tudo compra e tudo corrompe. Por isso eles não têm qualquer autonomia e as suas politicas são independentes da vontade dos seus militantes e apoiantes. Não vale a pena apelar ou esperar que corrijam as suas opções em favor do povo. Eles não existem para isso.

Para se manterem no poder têm que enganar o povo. O processo de convencimento dos cidadãos faz-se por vários meios, com destaque para a manipulação mediática, principalmente das estações de televisão privadas ou estatais. Para darem o cheirinho democrático, têm o cuidado de todos os partidos serem apresentados por forma a parecerem em igualdade de oportunidades. Na prática é como se fossem observados através de binóculos: uns, os do regime, a promover, são mostrados com o binóculo na posição normal, isto é, aumentados; os outros, a verdadeira oposição, a desclassificar, observados na posição inversa, reduzidos.

A manipulação e as pressões exteriores sobre os cidadãos são tão fortes que muitos deles continuam, por hábito, a votar naqueles que sempre se revelaram seus inimigos, incapazes de entender que não podem dessa forma alterar o sistema. Eleição após eleição repetem os mesmos passos. Inclusive o seu posterior amargo arrependimento, que os leva a votar nas eleições seguintes, despeitados, no outro, até se esquecerem das razões que os levaram a rejeitar o primeiro que os desiludiu, para nas eleições seguintes voltarem a votar nele. Um circulo vicioso, habilmente montado.

É um sistema pérfido, em circuito fechado, que vive da falta de correspondência entre as promessas e as realizações, das mentiras, dos truques e das tricas, da falta de memória das pessoas, que joga com os seus sentimentos, principalmente com os seus medos e terrores mais irracionais mas também reais: medo do novo, medo de perder o emprego, medo de ser apontado pelos seus conterrâneos.

Isto não é inevitável. A solução passa por quebrar este círculo vicioso e dar oportunidades a outros.

Para finalizar esta carta gostaria de deixar aqui um conselho. Se, compreensivelmente, ainda está confuso e não sabe se há-de votar no Partido Cara ou no Partido Coroa, o melhor é não votar. É mais honesto. Desta forma não vai contribuir para falsificar a vontade dos portugueses. A história mostra que, para gáudio dos charlatães, gangsters e dos agiotas que se governam e desgovernam o mundo, os eleitores arrependidos são os verdadeiros pilares do regime.

Mas se quer cumprir o seu direito cívico, em plena consciência, sem se arrepender, experimente votar em partidos que cumpram o que prometem, que não se deixem vender e que não estejam do lado dos seus carrascos. É que as alternativas existem e assim pode ser que finalmente alguma coisa mude.

Abandone definitivamente a lista dos eleitores arrependidos.
Guilherme Alves Coelho
»

É o povo, pá! (Manifesto da 2ª Acção)

DESTA vez os visados (e muito a propósito) foram os Centros de (des)Emprego. A leitura deste MANIFESTO é importante.

segunda-feira, maio 16, 2011

Excêntricos, Poderosos e Inimputáveis

DOMINIQUE Strauss-Kahn, dirigente socialista francês, director-geral do Fundo Monetário Internacional e potencial candidato à Presidência da República Francesa em 2012, depois de ter deixado perplexos os seus compatriotas, por ter sido visto ao volante de um Porsche, coisa pouco habitual num político supostamente de esquerda, voltou a cometer mais um excesso. Foi preso nos E.U.A., no aeroporto John Kennedy, já dentro do avião que o levaria de regresso a Paris, depois de uma fuga precipada do hotel onde estava alojado, sob a acusação de ter molestado sexualmente uma funcionária do mesmo, situação que não é novidade, dado que em 2008 já tinha tido um caso de contornos semelhantes.
A convivência com o dinheiro e os vapores que dele exalam, são poderosos afrodisíacos. As pessoas ficam inebriadas e extravagantes, sentem-se poderosas e inimputáveis, sobretudo se forem influentes, tiverem o mundo nas mãos, muito dinheiro e um batalhão de bons advogados.
Se “notre ami” Strauss-Kahn mover as influências certas, talvez se safe. Pede para ser julgado em Portugal, pois a justiça portuguesa, nestes casos, costuma ser muito compreensiva e tolerante, e se a coisa for até ao Tribunal da Relação e ao Supremo, ainda acaba absolvido e mandado em paz, tal como aconteceu com um médico psiquiatra do Porto, predador sexual, que violou durante a consulta uma doente grávida, afectada por um estado depressivo. Com jeito e diplomacia, o assunto acaba por morrer aí, e não se fala mais nisso.