O TRIBUNAL da Relação indeferiu o recurso apresentado pelo Millennium BCP, no sentido de ser reduzida a pensão atribuída em 2007 a Jardim Gonçalves, antigo presidente do banco, continuando aquele a auferir a pensão de 167.650 euros (33.530 contos) mensais, sem contar com atribuição de seguranças, automóveis com motorista e a fruição de avião particular. Independentemente das razões de ordem jurídica, há coisas que não se fazem! Se Jardim Gonçalves visse minguar a sua pensão, é revoltante o tombo que sofreria a sua qualidade de vida, em consequência das dificuldades que passaria para enfrentar o dia-a-dia. Ficam no ar um rol de perguntas: como iria ele ia solucionar as suas necessidades mais básicas, como sejam vestir-se e calçar-se, pagar a renda de casa, as contas da água, da luz e do gás, renovar o passe social, pagar as taxas moderadoras, comprar medicamentos e ir à mercearia aviar as compras do mês? Insisto que há coisas que não se fazem!
quarta-feira, janeiro 15, 2014
terça-feira, janeiro 14, 2014
O Contorcionista
«(...) Num partido crescentemente unipessoal [CDS-PP], foi possível ao líder [Paulo Portas] ir cavalgando reivindicações de nichos eleitorais sem ser confrontado com a incoerência dessas mudanças. Portas foi eurocéptico, logo depois eurocalmo; foi porta-voz da lavoura, dos ex-combatentes, dos pensionistas e dos contribuintes e membro do Governo que mais diminuiu o rendimento dos pensionistas e que mais impostos aumentou; foi arauto da autoridade do Estado; combatente da IVG; porta-estandarte da memória de Maggiolo Gouveia; clamou pela vinda da troika para depois cronometrar o tempo em falta para a troika se ir embora. No fundo, Paulo Portas adaptou-se às circunstâncias e navegou ao sabor delas. (...) O que não se esperava é que o talentoso dr. Portas fosse literalmente metido no bolso por Passos Coelho. Portas não pode falar para os nichos eleitorais que jurou defender com "linhas vermelhas" e não tem nenhum argumento que permita diferenciar-se do PSD. (...)»
Excerto do comentário de Pedro Adão e Silva, publicado no semanário EXPRESSO de 11 de Janeiro de 2014, com o título "No Lugar do Morto". O título do post é de minha autoria.
Excerto do comentário de Pedro Adão e Silva, publicado no semanário EXPRESSO de 11 de Janeiro de 2014, com o título "No Lugar do Morto". O título do post é de minha autoria.
segunda-feira, janeiro 13, 2014
O Anjo da Guarda
NÃO É QUE eu esteja muito interessado com o que passou no Congresso do CDS, pois é um evento partidário virado para as suas hostes, mas retive dois aspectos da intervenção de Paulo Portas, esses sim, virados para o exterior. A primeira é a que decorre de ele ter deixado a pairar a ideia de que é o "nosso anjo da guarda”, uma abençoada protecção, caídinha do céu aos trambolhões. Se ele não tivesse ficado no Governo, revogando o irrevogável, com desprezo pelo seu futuro político e quase hipotecando a sua credibilidade (o que ele deve ter sofrido, coitado!), fazendo o que tinha de ser feito para enfrentar as sucessivas violações da “linha vermelha” e travar as desenfreadas aleivosias passistas, nem sei o que seria de nós. A segunda é a que decorre de o "nosso anjo da guarda” não conseguir fazer tudo sózinho. Assim, no fecho do Congresso do CDS, achou por bem dar um ar da sua graça, dirigindo-se a João Proença do PS, e pedindo uma pacificação social em nome de Portugal, até que acabe o “regime” da troika, como se o PS ou a UGT fossem eles os motores da contestação que tem varrido o Governo a todos os níveis. Além disso, Portas já devia saber que não vale a pena dramatizar com pedidos desses; como se tem visto, o PS em geral e a UGT em particular, nas alturas próprias, não costumam deixar os seus créditos em mãos alheias, sobretudo quando é necessário recorrer à habitual oposição responsável com “seguras” abstenções violentas.
domingo, janeiro 12, 2014
Emigrantes de Luxo
O EX-MINISTRO das Finanças Vítor Gaspar, com o apoio de Wolfgang Schaüble, ministro alemão das Finanças, candidatou-se ao lugar de director dos assuntos fiscais do FMI, e é quase certo que terá o lugar garantido. Álvaro Santos Pereira, ex-ministro da Economia e ex-patrocinador da Confraria do Pastel de Nata, e porque agora as confrarias são outras, seguiu caminho semelhante, sendo agora o novo director do departamento dos Country Studies da OCDE e o responsável pelas negociações com os ministros da Economia e das Finanças dos países da OCDE. Já José Luís Arnaut, que foi ministro do PSD nos governos de Durão Barroso e Santana Lopes, e que nos últimos anos esteve ligado a todas as privatizações (ao lado do falecido António Borges), foi nomeado para o conselho consultivo internacional do Goldman Sachs, um dos maiores bancos do mundo (onde António Borges também foi vice-presidente), que por "coincidência" passou a ser, há escassos dias, um dos principais accionistas dos recém-privatizados CTT.
Depois de terem espatifado cá dentro, tudo o que havia para espatifar, a bem dos interesses dos grandes grupos económicos e da alta finança, vão agora até lá fora para receberem as respectivas compensações pelos serviços prestados, passando a pilotar aqueles interesses a um nível mais alto. Os estragos que por cá deixaram, e a liberalidade com que foram premiados, provam que a sua acção - e volto a insistir neste ponto -, não se norteou pela incompetência, antes sim pela competência, só que uma competência muito especial, e os resultados estão à vista. Era bom que os portugueses não se esquecessem disto.
NOTA – A fotomontagem é de minha autoria.
sábado, janeiro 11, 2014
Vitalícias Profecias
Imagem parcial da primeira página do Semanário SOL de 10 de Janeiro de 2014.
Meu comentário: Eu pensava que este cavalheiro tinha aderido ao PS, mas agora fiquei na dúvida. Terá passado pelo PS só de raspão e acabou a infileirar no PSD? Pois bem, na política era o que faltava que os triplos saltos encarpados não pudessem acontecer. Agora, importante, importante, é que na óptica deste catedrático, se o Governo não fosse tão abrutalhado, se fosse mais meigo, por exemplo, se fizesse umas festinhas e usasse vaselina enquanto levava a cabo as suas malfeitorias, o povo papava-as com deleite, e até ficava a chorar por mais. Que pena o pior da crise já ter passado! Todos os dias há novidades. Animem-se, o melhor ainda está para vir!
Meu comentário: Eu pensava que este cavalheiro tinha aderido ao PS, mas agora fiquei na dúvida. Terá passado pelo PS só de raspão e acabou a infileirar no PSD? Pois bem, na política era o que faltava que os triplos saltos encarpados não pudessem acontecer. Agora, importante, importante, é que na óptica deste catedrático, se o Governo não fosse tão abrutalhado, se fosse mais meigo, por exemplo, se fizesse umas festinhas e usasse vaselina enquanto levava a cabo as suas malfeitorias, o povo papava-as com deleite, e até ficava a chorar por mais. Que pena o pior da crise já ter passado! Todos os dias há novidades. Animem-se, o melhor ainda está para vir!
sexta-feira, janeiro 10, 2014
Mais Outro Com o Complexo da Viragem
Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, disse em Riga, capital da Letónia, que no ano passado as nuvens já começaram a dissipar-se, e que 2014 será o ano de de viragem económica e de superação da crise, desde que não haja “erros políticos”, e apontou a título de exemplo as “indicações muito boas” vindas de Portugal.
Mais Imbecilidades!
O social-democrata Fernando Ruas, mandatário nacional da recandidatura de Pedro Passos Coelho à liderança do PSD, considerou quinta-feira que possivelmente não há ninguém no PSD com "um sentido de Estado tão apurado" como o primeiro-ministro.
(Semanário SOL de 10 de Janeiro de 2014)
Meu comentário: Cá por mim acho que se procurar bem - e não é preciso esforçar-se muito -, vai encontrar muitos mais, com o tal “sentido de Estado muito apurado”. Curiosamente, todos perfeitos antropóides, saídos da mesma linha de montagem.
(Semanário SOL de 10 de Janeiro de 2014)
Meu comentário: Cá por mim acho que se procurar bem - e não é preciso esforçar-se muito -, vai encontrar muitos mais, com o tal “sentido de Estado muito apurado”. Curiosamente, todos perfeitos antropóides, saídos da mesma linha de montagem.
terça-feira, janeiro 07, 2014
As Opacas Transparências
APESAR das dificuldades económicas que o país atravessa - e que são por si reconhecidas -, Cavaco Silva continua a ser um dos chefes de Estado mais gastadores da Europa, esforçando-se por cumprir o popular rifão “façam o que eu digo, não façam o que eu faço”. Apesar de ter garantido que ia passar a publicar os contratos e os ajustes directos, à semelhança de qualquer outra entidade pública, não o fez, mantendo-se a falta de transparência e os silêncios prolongados, como a imagem que gosta de cultivar, à mistura com alguns persistentes tabus. Garante o blog MÁ DESPESA PÚBLICA que 2013 também foi um ano em que Belém conseguiu aumentar a despesa em gestão administrativa, indiferente à necessidade de cortar nas tão propaladas gorduras do Estado.
sexta-feira, janeiro 03, 2014
A Vingança do Bando
LEMBRAM-SE de em Maio de 2013 um ectoplasma neonazi do PSD, de seu nome Carlos Peixoto, durante um colóquio da JSD, ter-se referido aos pensionistas e reformados, como sendo a "peste grisalha", principal causadora do estado de falência em que se encontrava o país? Pois bem, a resposta aí está! Chegou com prontidão, decidida pelos bandoleiros que integram o Conselho de Ministros, como resposta aos chumbos do Tribunal Constitucional, e tem os seguintes contornos: a "recalibração" da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) e o alargamento "moderado" da sua base de incidência sobre pensionistas e reformados, bem como o agravamento da contribuição e a redução de comparticipações aos beneficiários da ADSE (Apoio na Doença aos Servidores do Estado). Fogo neles, nos pensionistas e reformados, e agora também nos utentes da ADSE, como forma de descontaminar e higienizar a sociedade portuguesa, dos seus elementos não-produtivos (a tal "peste grisalha" do invertebrado Peixoto), medidas que têm todos os contornos de vingança de índole social, continuando a manter as grandes fortunas e os grupos económicos e financeiros, à margem dos sacrifícios. Tem ainda a vantagem (para o Governo) de dividir o país, entre população activa e não-activa, pois serve para evitar uma generalizada erupção dos protestos, que não se devem fazer esperar. Aceitar que estas medidas não têm nada a ver comigo, é deixar a porta aberta para novas e mais vastas retaliações.
quinta-feira, janeiro 02, 2014
O Comediante
ESTE novo ano começou como o anterior acabou: MAL! Cavaco Silva - aquele que se intitula provedor do povo - veio de novo conversar com os seus protegidos, recorrendo ao cardápio e à lengalenga do costume, aconselhando paciência e muita fé nos bons tempos que aí virão, à mistura com umas quantas banalidades. Só que não aponta datas, apenas vagas perspectivas. Mas para que aquele paraíso desça até nós, é necessário que nos continuemos a portar bem, que tanto governo como oposição elaborem consensos e compromissos, pois o que é preciso é livrarmo-nos do segundo resgate, adoptarmos talvez um programazito cautelar, regressar triunfalmente aos mercados e não perturbar o banquete dos galifões do costume. Em nome das legítimas aspirações do povo, o provedor Cavaco diz isto tudo sem se rir nem engasgar, e não contente com isso, até veio emocionado desfraldar a bandeira dos 40 anos do 25 de Abril, só faltando falar do povo unido que jamais será vencido.
Cavaco é um verdadeiro comediante. Com um Orçamento de Estado para 2014 recheado de inconstitucionalidades, fez vista grossa e postou-se claramente ao lado do Governo, não enviando o dito para o Tribunal Constitucional, seja para fiscalização preventiva, ou sequer sucessiva, e promulgando-o como a coisa mais pacífica e inofensiva do mundo. Ficou claro - para quem não anda distraído - que as tarefas estão bem divididas: ao Governo compete a missão de propagandear a ideia de um Tribunal Constitucional oposicionista e bloqueador da governação, ao passo que a Cavaco compete, como corolário daquela ideia, a incumbência de ignorá-lo e passar-lhe ao lado, admitindo como boas as receitas do Orçamento de Estado. Comédia à parte, e para quem ainda tinha dúvidas - não sendo necessário um grande esforço de compreensão -, Cavaco Silva não precisa de acrescentar mais nada. Por estas e outras, comporta-se, não como Presidente da República, mas sim como o chefe da tríade (para não lhe chamar outra coisa) "um presidente, um governo e uma maioria".
Cavaco é um verdadeiro comediante. Com um Orçamento de Estado para 2014 recheado de inconstitucionalidades, fez vista grossa e postou-se claramente ao lado do Governo, não enviando o dito para o Tribunal Constitucional, seja para fiscalização preventiva, ou sequer sucessiva, e promulgando-o como a coisa mais pacífica e inofensiva do mundo. Ficou claro - para quem não anda distraído - que as tarefas estão bem divididas: ao Governo compete a missão de propagandear a ideia de um Tribunal Constitucional oposicionista e bloqueador da governação, ao passo que a Cavaco compete, como corolário daquela ideia, a incumbência de ignorá-lo e passar-lhe ao lado, admitindo como boas as receitas do Orçamento de Estado. Comédia à parte, e para quem ainda tinha dúvidas - não sendo necessário um grande esforço de compreensão -, Cavaco Silva não precisa de acrescentar mais nada. Por estas e outras, comporta-se, não como Presidente da República, mas sim como o chefe da tríade (para não lhe chamar outra coisa) "um presidente, um governo e uma maioria".
terça-feira, dezembro 31, 2013
segunda-feira, dezembro 30, 2013
sexta-feira, dezembro 27, 2013
Mais Uma Ficção
NA SUA mensagem natalícia, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho criou mais uma ficção mal enjorcada, tentando com isso ludibriar os portugueses. Exibiu como uma vitória do seu (des)governo, durante o ano de 2013, a criação de 120 mil novos postos de trabalho, mas a realidade é bem diferente. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), entre Janeiro e Setembro apenas foram criados 21,8 mil novos empregos, pois só entre Janeiro e Março foram destruídos 100 mil empregos. Volta a confirmar-se que o problema de Passos não tem que ver com competência, mas sim com honestidade, e neste como noutros aspectos, este ano vai acabar como começou: Mal!
quinta-feira, dezembro 26, 2013
O Dia Seguinte
«Aldeia de Nuzedo esteve dois dias sem luz e bastava ligar um disjuntor» - Cabeçalho do JORNAL DE NOTÍCIAS on-line de 26 de Dezembro de 2013
Meu comentário: Os apagões não aconteceram apenas em Nuzedo. Penso que isto começa a ser uma consequência de andarem a dar escoamento aos disjuntores defeituosos fabricados na China.
«Passos utilizará “todos os instrumentos” para concluir programa de resgate» - Cabeçalho do jornal PÚBLICO on-line de 25 de Dezembro de 2013
Meu comentário: O "meu instrumento" só o deixo usar com uma condição: usá-lo para ele assinar o seu pedido de demissão.
Meu comentário: Os apagões não aconteceram apenas em Nuzedo. Penso que isto começa a ser uma consequência de andarem a dar escoamento aos disjuntores defeituosos fabricados na China.
«Passos utilizará “todos os instrumentos” para concluir programa de resgate» - Cabeçalho do jornal PÚBLICO on-line de 25 de Dezembro de 2013
Meu comentário: O "meu instrumento" só o deixo usar com uma condição: usá-lo para ele assinar o seu pedido de demissão.
terça-feira, dezembro 24, 2013
Assentar Ideias
AS REFORMAS e as pensões, sejam pequenas ou grandes e independentemente do património de quem as possui, são poupanças dos trabalhadores, resultantes dos descontos sobre o seu salário, e entregues à guarda do Estado - contribuinte incumpridor com a parte que lhe cabe como grande empregador que é -, para as gerir com rigor, competência e honestidade, e não uma verba que possa ser cerceada, objecto de apropriação, expropriação ou de desvios para outras finalidades, além de que não é, como alguns querem fazer crer, uma qualquer benesse ou subsídio que esse mesmo Estado, benevolentemente, faz o favor de conceder a quem trabalhou.
sexta-feira, dezembro 20, 2013
Relido e Revisto
Livro
Título: Contacto
Título original: Contact
Autor: Carl Sagan
Editora: Gradiva
Ano da edição: 1985 (?)
Tradução: Fernanda Pinto Rodrigues
Revisão do Texto: Manuel Joaquim Vieira
Páginas: 456
Filme
Título: Contacto
Título original: Contact
Realizador: Robert Zemeckis
Argumento: Carl Sagan e Ann Druyan
Ano: 1997
Principais Actores: Jodie Foster, Matthew McConaughey, Tom Skerritt
Duração: 150 minutos
Meu comentário: No meio de um Universo pejado de biliões e biliões de estrelas, albergando sistemas planetários potencialmente hospedeiros de vida, seria um perfeito desperdício, uma extravagância, senão mesmo uma aberração, sermos a única semente de vida inteligente no Universo, e a Humanidade estar condenada à solidão cósmica. Por isso, e não só, Carl Sagan continua a ser uma das minhas agulhas de marear.
quinta-feira, dezembro 19, 2013
Vai Formoso e Inseguro
«António José Seguro não acredita numa relação com o governo apesar do acordo alcançado [sobre o IRC]»
Cabeçalho da notícia do jornal "i" on-line. Seguro está inseguro, mas ao Governo já dava jeito uma relaçãozinha, mesmo que envergonhada, passageira e sem chegar a casamento ou a união de facto. Dá nisto a promiscuidade entre a abstenção violenta e a oposição responsável.
Cabeçalho da notícia do jornal "i" on-line. Seguro está inseguro, mas ao Governo já dava jeito uma relaçãozinha, mesmo que envergonhada, passageira e sem chegar a casamento ou a união de facto. Dá nisto a promiscuidade entre a abstenção violenta e a oposição responsável.
segunda-feira, dezembro 16, 2013
Uma Verdade Inconveniente
Título: Hannah Arendt
Realizadora: Margarethe von Trotta
Argumento: Pam Katz e Margarethe von Trotta
Ano: 2012
Duração: 113 minutos
Principais Actores: Barbara Sukowa, Axel Milberg, Janet McTeer
Meu comentário - Reconstituição biográfica da filósofa judia alemã, Hannah Arendt, fugida de um campo de concentração nazi, e depois naturalizada americana. Em 1960, ao serviço da revista NEW YORKER, deslocou-se a Jerusalém, com a incumbência de cobrir o julgamento do criminoso de guerra Adolf Eichmann, raptado pelo Mossad na Argentina, país onde se acoitara. E o que viu no banco dos réus, em vez de um monstro, um criminoso sanguinário, foi apenas um burocrata que aproveitando os ventos que o ascendente regime nazi lhe proporcionava, queria mostrar do que era capaz, agradar aos chefes e subir na vida. Hannah Arendt viu nele um vulgar zé-ninguém, desprovido de sensibilidade e capacidade de reflexão, cumprindo ordens sem questionar, que sentado a uma secretária, e apenas preocupado em apresentar serviço, com competência e eficácia, tanto enviava vagões carregados de judeus para as câmaras de gás, como podia ter sido posto a despachar munições e peças sobresselentes para as frentes de combate. Estas conclusões de Hannah Arendt escandalizaram as organizações judaicas que a consideraram uma inimiga do povo judaico, e viram nesta conclusão uma traição aos seis milhões de mortos do Holocausto. Na verdade, Hannah Arendt apenas encontrou uma prova para a sua tese da "banalidade do mal" , segundo a qual as monstruosidades são geradas pelos regimes políticos, e as pessoas comuns limitam-se a deixar-se inquinar, incorporando as ideias e os inimigos de ocasião que o sistema constrói, empenhando-se na guerra que é preciso mover-lhes. O mal reside nos homens de "mãos limpas" que concebem e engendram sistemas monstruosos, que geram miséria, desgraça e morte, deixando a sua execução para os homens vulgares, sedentos de apresentar serviço, progredir na função, no aparelho do regime, singrar na vida e na escala social. Não devemos esquecer que os próprios relatórios das deportações, que alimentavam a indústria de extermínio nazi eram meticulosamente processados pela multinacional IBM, que se aproveitava do negócio e fechava os olhos a todo o resto. É estarrecedora a dissertação de Hannah Arendt no anfiteatro da universidade onde defendeu o seu ponto de vista, que nada tinha a ver com traição ao povo judeu ou desculpabilização do nazismo e do seu colossal programa de extermínio. Todo o ruído produzido era apenas consequência de ela defender uma verdade inconveniente. A sua reflexão sobre a natureza do mal convenceu uns, mas outros nem por isso. Se olharmos para os tempos que correm, a sua tese manifesta-se válida, certeira e explica muita coisa do que está acontecer.
Sonda na Lua
MAIS de cinquenta anos depois da ex-União Soviética ter enviado as primeiras sondas automáticas "Luna" ao satélite da Terra, e dos E.U.A. terem enviado naves tripuladas Apollo para fazerem estudos e prospecção, foi a vez da República Popular da China enviar também a sua sonda Chang'E-3 e o módulo de exploração "Coelho de Jade". Desperdiçar energias e recursos para reinventar a roda, não me parece uma boa opção. E que tal pensar em cooperação?
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