quinta-feira, janeiro 11, 2007

O Melhor do Pior

O
Como é que se pode pedir a um industrial de táxis que deixe parado o seu carro durante 52 dias no ano (1 dia por semana, 14,2% ao ano), quando o investimento que ele fez foi para ter esse carro, excluindo as inspecções e hipotéticas avarias, a trabalhar 365 dias no ano? Eis mais uma ideia brilhante evacuada pelos cérebros dos homens deste governo, ligados à área dos transportes e das obras públicas, subitamente preocupados com os níveis de poluição e a qualidade do ar das cidades portuguesas. Em contrapartida, nada se pretende fazer quanto às hordas de carros particulares que continuam a invadir, na mais perfeita anarquia, as ruas e passeios das cidades. Falta referir que a rede de transportes públicos continua a não satisfazer as necessidades das populações, havendo casos em que, ao contrário de melhorar, piorou a prestação de serviços (veja-se o caso dos STCP do Porto), adiando o objectivo de desmobilizar as pessoas do recurso aos veículos particulares.
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O senhor Arménio Matias, gestor ligado à área dos transportes, esteve durante 6 (seis) anos como administrador da CP, a receber 3.500 Euros mensais, com direito a telemóvel, automóvel e secretária assistente, porém, sem qualquer pelouro distribuído e “sem fazer rigorosamente nada”, como ele próprio o disse. Sabe-se, entretanto, que existem outros casos semelhantes, de altos quadros remetidos para prateleiras douradas, sem nada para fazer, apenas com o objectivo de eles se remeterem ao silêncio e não incomodarem. Entretanto, cá estão os impostos dos contribuintes e os fatais aumentos das tarifas dos transportes, das taxas moderadoras, da energia, das comunicações e outros serviços básicos, para suportarem estas aberrações e extravagâncias.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Voando sobre a República dos Lorpas

V
Respeitando a disciplina partidária, que é uma coisa bonita de se ver, menos quando estão em causa direitos humanos e atropelos à soberania nacional, o PS vai votar contra a proposta do PCP, para a constituição de uma comissão de inquérito parlamentar destinada a averiguar sobre a veracidade dos alegados voos da CIA, que teriam escalado território nacional, com detidos acusados de terrorismo. A referida proposta foi considerada “inoportuna”, dado continuar a haver desconhecimento total, por parte das autoridades, da existência de “indícios de algo ilegal ou inconstitucional”. Na verdade, o que o governo e o grupo parlamentar do PS têm tentado fazer é evitar o rompimento da cortina de silêncio que se organizou à volta daqueles voos, contrariando a posição de abertura, que a generalidade dos países europeus adoptou sobre o assunto. A única voz dissonante tem sido a da deputada europeia Ana Gomes, a qual numa recente visita aos Açores, recolheu depoimentos de pessoas que assistiram, na base aérea das Lages, ao embarque e desembarque de grupos de prisioneiros agrilhoados. Tal como ela diz, é urgente que seja levada a cabo “uma investigação governamental, parlamentar ou judicial que dê garantias de protecção contra qualquer tipo de represálias às testemunhas. Garantias que eu [Ana Gomes], obviamente, não posso dar - e por isso não devo revelar as minhas fontes, deixando-as desprotegidas.”
O governo, convencido que anda a fazer um grande serviço aos amigos americanos, esquece-se que, de facto, anda a fazer, dentro e fora do país, uma ridícula figura de lorpa.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Pequena Galeria II

PMais 6 quadros executados com tinta acrílica sobre tela, do meu estimado amigo Joaquim Guerreiro (QUIM ZÉ). Seja nestas, seja nas obras anteriormente expostas na outra PEQUENA GALERIA, aprecio especialmente o ritmo e a cadência das suas composições, a exuberância das formas e a fogosidade das cores.
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O Joaquim Guerreiro está contactável no seu E-MAIL .

Incomodidades

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João Cravinho já anda a sair dos eixos há tempo demais, desde que adoptou aquela mania da perseguição à corrupção, ao sigilo bancário e aos enriquecimentos ilícitos, razão porque o engenheiro Sócrates, cada vez mais incomodado com aqueles excessos e propósitos (já lá vai o tempo em que o ministro Cravinho desmantelou a JAE, por ser um ninho de corrupção e favorecimentos), e do desassossego que tem provocado na bancada parlamentar do PS (diz a experiência que onde há resistências é porque há interesses instalados), em vez de bani-lo ou ostracizá-lo, decidiu exilá-lo. Se fosse o PC, mandava-o colar cartazes ou servir “cachorros” na Festa do Avante!; como é o PS, partido do governo, e com poder absoluto sobre todos as almas, tachos, púcaros e quejandos, manda-o ir coachar para o Reino Unido.
Porém, para que não começassem a chover as reclamações e as vozes indignadas, o tal degredo vai ser dourado, nada mais, nada menos, que a administração do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD). Tal como aconteceu com o rei Midas, todos esperam que Cravinho se deixe hipnotizar com o brilho do ouro. Vamos lá a ver se é assim. Como é compreensível, Cravinho que não vira as costa a desafios nem a trabalhar no duro, rejubilou e aceitou aquela fartura de olhos arregalados, recusando-se a ver a oferta como um afastamento suave da ribalta política, mas sim como o reconhecimento das suas reais capacidades. Pelo meio promete que não desarma, que vai fazer os “trabalhos de casa”, continuando a manter-se atrevido e inflexível no seu combate anti-corrupção, ao mesmo tempo que vai fazendo a mala apressadamente. Para as primeiras impressões chega meia dúzia de peúgas e cuecas, uma gravata, o dicionário Liliput, a carneira para limpar os óculos, mais a escova e a pasta de dentes, já que o tempo urge e daqui a dias vai ter que tomar posse em Londres, e os ingleses são muito rigorosos com as questões de pontualidade (para saber como é, vejam o filme “A Volta ao Mundo em 80 Dias”).
Por outro lado, e já que falamos de incomodidades, é oportuno lembrar que os tempos de antena exibidos no canal de televisão RTP1, vão ser transferidos, na grelha de programação, das 20 para as 19 horas. A intenção é óbvia: os tempos de antena, habitualmente muito incómodos quando são da autoria das oposições, vão ser “despachados” para um horário mais pobre, a fim de não “atropelarem” o telejornal da noite, prejudicando assim a “imagem” do governo, cujo “ministério da propaganda” costuma fazer uso deste poderoso meio que é a televisão, para exibir, divulgar, dourar e adornar as actividades governativas, as quais continuam a sair amplamente beneficiadas daqueles alinhamentos. O governo já veio dizer que desconhecia a existência desta iniciativa da RTP (ninguém acredita!), ao passo que aquela estação, por sua vez, veio confirmar que a medida não foi sugestão do governo (jogo combinado!), e que a sua implementação apenas se deve à necessidade de “uniformizar horários” (ora, não havia necessidade! Isto quando já nem os auxiliares da função pública andam uniformizados…), e não de criar uma barreira de invisibilidade aos tais tempos de antena, como andam a difundir as más línguas do costume. Quanto à Entidade Reguladora de Comunicação Social (ERC), aquela “coisa” que uns dizem ser um ante-projecto de censura, e que outros dizem não saber o que é, diz ela, dizia eu, que a medida é legal, e que não é da sua competência dar qualquer parecer sobre a oportunidade ou bondade da medida tomada pela RTP, e mesmo que o fizesse, a sua opinião não era vinculativa. Pergunta-se: então, afinal, para que serve esta ERC?

domingo, janeiro 07, 2007

Milagres

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O Estado português, está a tornar-se um anacronismo, entregue ao voluntarismo e ao improviso, com muito disparate e conversa fiada de permeio. Reformou (naturalmente) os helicópteros Puma e Alouette, por terem chegado ao fim de vida, e adquiriu os sofisticados Merlin (cujo concurso foi amplamente contestado), especialmente vocacionados para vigilância e salvamento dentro da zona económica exclusiva (ZEE). As máquinas, tripulações, sistema de alerta, sistema de localização, etc. etc, que são um sucesso, nas palavras do excelentíssimo ministro da Defesa, não funcionam com eficácia, e a prova disso é o facto de o pesqueiro LUZ DO SAMEIRO ter naufragado a 50 metros da praia da Nazaré, tendo morrido ali mesmo, à vista de uma praia com gente angustiada, 6 membros da tripulação, após quase três horas de espera por um meio de salvamento adequado. Isto ocorreu num território quase insignificante, com 600 quilómetros de comprimento por 200 de largura, e com largos investimentos na renovação e sofisticação dos meios de salvamento.
Os bombeiros disseram que não podiam fazer mais. Os socorros a náufragos disseram que não podiam fazer mais. A Marinha disse que não podia fazer mais. A Força Aérea disse que não conseguiu fazer mais do que fez, isto é, no limite, salvar um homem à beira do esgotamento. Entretanto, outros seis morreram, à vista da praia e à distância de uma pedrada. O tempo de resposta ao acidente foi fatal. Se toda a gente cumpriu com prontidão e eficácia, o que é que falhou então? Ninguém sabe. Dizem alguns entendidos que há serviços a atropelarem-se uns aos outros, descoordenados, cada um a tentar fazer o seu brilharete, para exibir os respectivos feitos e emblemas. Há quem diga que há desleixo, falta de profissionalismo e muito improviso. Será verdade? Dizem outros que se trocaram os velhos Pumas e Alouettes pelos modernos Merlin, e tudo o resto, sistemas de alerta e localização, ficaram para trás, para segundas núpcias, por falta de verbas. Será isso?
O saldo deste acontecimento é preocupante porque se imaginarmos uma catástrofe de grandes proporções (há que admiti-lo), é legítimo que se pergunte se estão à espera que aconteça um milagre (prove-se que os há!), ou se os meios de alerta e salvamento, tão apregoados, publicitados e testados, estão à altura do que se exige deles.

Terroristas

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A guerra contra o terrorismo está a globalizar-se e assentou praça no Vaticano, sede da religião católica romana. O sumo-pontífice Bento XVI, no Dia Mundial da Paz, numa homilia carregada de radicalismo, afirmou que tanto quem pratica o aborto ou a eutanásia, como os cientistas que fazem investigação com células estaminais, têm uma actividade que são autênticos atentados à paz, logo comparáveis com a actividade terrorista. Assim mesmo, sem mais, para esta criatura, que tanto roça a demência como a triste figura, mas que se assume como a autoridade máxima da igreja católica, uma mulher que faça um aborto e um médico que o execute, ou um cientista que exerça actividade científica num laboratório, com células estaminais, são rigorosamente comparáveis aos terroristas, numa versão mista de Doutor Jekill e Mohamed Ata, que planeiam e executam atentados à bomba, contra terminais de autocarros, em horas de ponta de uma qualquer cidade. Esta Igreja, quando não é soporífero, transmuta-se em garboso cruzado.
Entretanto, nunca ouvi o Vaticano, esse grande transgressor travestido de consciência moral, que se crê infalível nos seus dogmas e grande inquisidor nas suas catilinárias, assumir a mesma enérgica postura quando sob o papado de Pio XII (beatificado por João Paulo II em 1998), o III Reich fomentava a eugenia e a eutanásia selectiva, além de assegurar a liquidação de opositores do regime e a conservação da pureza rácica ariana, com a instituição do trabalho escravo e do morticínio à escala industrial, uma autêntica e bem oleada linha de desmontagem, desde as próteses, os dentes de ouro, até ao cabelo, usando para tal os campos de extermínio de Auschwitz¬-Birkenau, Buchenwald, Sobibor, Belzec, Dachau, Plaszow, Bergen-Belsen, Chelmno, Majdanek, Treblinka, e mais uns quantos de que não me lembro agora o nome. Só judeus foram 6 (seis) milhões, número rectificado em tribunal, pelo próprio genocida Eichman. E não venham dizer que esse papa, aliás, todos os papas de lá para cá, não sabiam de nada, porque eles sabiam, e até demais. Foram muitos os resistentes e refugiados que fizeram chegar até Pio XII informações precisas da hecatombe que se estava a passar, só que à data dos acontecimentos, as relações entre o Vaticano, a Itália de Mussolini e a Alemanha de Hitler, eram as mais amistosas que se possam imaginar, sendo a cumplicidade e o silêncio papal a garantia de que, assim na Terra como no Céu, tudo estava em conformidade com os evangelhos. Mais recentemente, João Paulo II, não opôs a mínima resistência em receber e abençoar, em audiência papal, o crente e piedoso general Pinochet, outro grande torcionário e criminoso dos nossos tempos. Para esse monstro, que nunca se arrependeu das matanças que ordenou, bastou ter recebido a extrema-unção para ficar lavado de todos os pecados, sem excepção, e não se fala mais nisso. Aliás, bem feitas as contas e contrariando os ensinamentos de Jesus, a igreja sempre se deu melhor com os ricos e poderosos do que com os pobres e desprotegidos.
O terrorismo tem muitas faces. O tarado, maníaco e gratuito, o que coadjuva a guerra subversiva, o político, o de estado, o económico, e até o de sacristia, este último ora de braço dado com as tiranias, ora amancebado com o silêncio, ora agressivo e patibular, a mostrar-se herdeiro directo dos desprezíveis tribunais da Santa Inquisição, e das fogueiras dos seus autos-de-fé.

sábado, janeiro 06, 2007

Pequena Galeria

PO meu amigo Joaquim Guerreiro (nome artístico QUIM ZÉ), entre outras qualidades e várias ocupações, também é um artista inspirado. A fazer as vezes de pequena galeria, aqui deixo para apreciação, algumas imagens do fruto do seu trabalho. Para os respectivos interessados, fica também o respectivo contacto E-MAIL.
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Cinco Composições (tinta acrílica sobre tela) - Faça clique sobre as imagens para zoom.
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quinta-feira, janeiro 04, 2007

Novo Aeroporto

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Em 22 de Novembro de 2005, José Sócrates anunciou a decisão de que o novo aeroporto iria ficar localizado na zona da antiga Base Aérea Nº. 2 da OTA, em prejuízo da opção ALCOCHETE. Na sua intervenção, aquando da sessão de encerramento da Apresentação Pública do Novo Aeroporto «Lisboa 2017: Um aeroporto com futuro», ninguém ficou muito bem informado sobre os argumentos de peso para tal tomada de decisão. Mas, se dúvidas haviam, penso que ficam tiradas com o panorama comparativo que se segue. Logo, a conclusão é simples: Ou os engenheiros e os políticos são incompetentes, ou então estão a fazer mais um frete, para que os pobres "investidores" do costume, comecem a facturar, à grande e à francesa.
N
Tipo de Propriedade
OTA
1. 25% é propriedade do Estado - Antiga Base Aérea Nº.2.
2. 75% são terrenos privados - habitados, cultivados e arborizados (a adquirir ou expropriar).
N
ALCOCHETE
1. 100% de propriedade do Estado - Campo de tiro militar com pouca ou nenhuma utilização.
N
Características do Terreno
OTA
1. Exige arrasamento de colinas.
2. Implica aterro e consistência de zona alagadiça.
3. Implica desvio de cursos de água.
N
ALCOCHETE
1. Zona desabitada, seca, plana e desobstruída.
2. Solo ‘pronto’ a aceitar duas pistas.
3. Sem correcção orográfica.
N
Área
OTA
1. 1.400 hectares - Área do aeroporto a construir sem capacidade de expansão futura).
N
ALCOCHETE
1. 7.500 hectares - (5 vezes maior que o necessário para albergar o projecto apresentado, logo com capacidade de expansão futura).
N
Impacto Ambiental
OTA
1. Destruição do ambiente paisagístico e etnográfico, e perturbação da vida das populações, dado ser uma zona densamente povoada e com actividades económicas.
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ALCOCHETE
1. Não são conhecidos efeitos perversos, dado a zona ser desabitada e apenas ter servido até hoje como campo de tiro militar, no entanto, admite-se que alguns efeitos negativos se pudessem vir a verificar.
N
Acessibilidades
OTA
1. Distante 45 Km de Lisboa. De 20 aeroportos que servem grandes cidades europeias, apenas 3 distam mais de 40 Km (Oslo, Gatwick e Estocolmo).
2. Exige construção de uma variante de 10 km à A1, de construção complexa e com várias obras de arte (pontes e viadutos).
3. Difícil acesso a Lisboa em manhã de 2ª. feira, regresso de fins-de-semana, feriados, férias, e demoras adicionais causadas pela elevada sinistralidade na A1, com ocorrências entre Lisboa e o Km 40.
N
ALCOCHETE
1. Distante 30 Km de Lisboa. Cumpre a distância da grande maioria dos aeroportos que servem as principais cidades europeias.
2. Exige construção de uma variante simples de 10 Km à A12.
3. Rentabiliza a deficitária Ponte Vasco da Gama e beneficia de um acesso rápido a Lisboa.
N
Custos de Implantação
OTA
1. Com custos de aquisição ou expropriação, dado que 75% da área é propriedade particular.
N
ALCOCHETE
1. Sem custos de aquisição ou expropriação, dado que 100% da área é propriedade do Estado.
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Outras Considerações
OTA
1. Apresenta solo pantanoso e alagável no primeiro plano, um rio no topo da pista e colinas no seu enfiamento. A Serra de Montejunto perfila-se ao fundo!
2. Local com povoações e quintas adjacentes e nas imediações.
3. É uma zona que a Força Aérea Portuguesa declarou imprópria para a operação de aviões a jacto tendo por essa razão transferido as esquadras de caça para a Base Aérea de Monte Real.
4. Dado o tradicional pouco planeamento das obras em que interfere o Estado e a natural complexidade desta obra, é mais que certo que ocorrerão os também habituais atrasos e derrapagens orçamentais (i.e. saborosos ganhos acrescidos para investidores e construtores).
N
ALCOCHETE
1. Dada ser uma obra implantada em propriedade do Estado, impede a proliferação de operações desencadeadas por investidores e especuladores imobiliários.
2. Sendo uma obra menos dispendiosa que a similar da Ota, os capitais poderão ser direccionados para outros projectos de claro benefício público.
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Remate:
Como se explicam as opções tomadas para esta OBRA de “manifesto interesse nacional”? Ou estaremos antes a falar de um NEGÓCIO de “proveito só para alguns”?

Sou Fã

S
Sou um grande fã de Manuel Pinho, o nosso inimitável e pateticamente impagável ministro da nossa debilitada Economia. Para além de dizer umas patacoadas de quando em vez, e não ter sido agraciado com o dom de resolver problemas do foro económico, em compensação, supera-se a cultivar amizades. Chegou assim a vez de nomear um seu amigo de longa data, um tal José Braz, para vogal da Entidade Reguladora dos Serviços Eléctricos (ERSE), essa mesma, a tal que paga subsídios de desemprego dourados aos seus administradores que cessam funções. Este Braz é um senhor muito próximo do PSD, que no passado já foi secretário de estado do Tesouro, num dos governos de Cavaco Silva, e que à época iniciou o culto daquela amizade, indo buscar o seu amigo Manuel Pinho para director-geral desse mesmo Tesouro. Tal como acontece com os plebeus, embora numa escala muito mais reduzida, com as elites passa-se o mesmo, girando a sua roda com uma espantosa regularidade e precisão: se amor com amor se paga, também o favor com favor se paga, assim mesmo, sem outras fantasias.
Por isso, seguindo o conselho do nosso expedito seleccionador nacional de futebol, e até que a tinta se esgote, tal como sou fã do padeiro e da pá do padeiro, do leiteiro e da bilha do leiteiro, da vizinha e do gato da vizinha, também serei fã deste ministro e de todos os amigalhaços deste ministro.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Desemprego Dourado

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Se já tínhamos um salário mínimo, agora passamos a ter também um salário máximo, disfarçado de subsídio de desemprego para as elites. É um novo paradigma de justiça social. Se Portugal precisa de ser governado, de ter quem cuide das nossas coisitas e de ter quem zele pelos nossos interesses, é preciso não só contar com as elites, mas também pagar-lhes salários em condições, senão as elites chateiam-se, vão-se embora para o estrangeiro e deixam-nos entregues aos bichos.
Assim, o ex-Presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) irá passar a receber uma espécie de subsídio de desemprego de 12 mil euros por mês, durante 2 anos, até “encontrar” novo emprego. É justo! Quem ganhava por mês 18 mil euros mensais (mais subsídio de férias, subsídio de natal e as habituais ajudas de custo), e subitamente se vê no desemprego, não pode ver-se privado de um estilo de vida próprio das elites, nem pode andar a misturar-se com a populaça que costuma frequentar os Centros de Emprego.
Segundo os estatutos, criados pela própria entidade reguladora (vejam só, além de regular os outros, ela também se regula a si própria), esta medida destina-se a evitar que os membros do conselho de administração, após o termo das suas funções, e durante 2 anos, possam vir a desempenhar qualquer função ou prestar qualquer serviço às empresas dos sectores regulados, transferindo-se para as hostes do “inimigo”, com todos os segredos e respectivo “know-how” (em português quer dizer experiência adquirida). Por isso, se instaurou esta sabática e desintoxicante licença, acompanhada do competente subsídio de desemprego milionário, querendo-nos fazer crer que com essa medida se está a blindar a actividade da ERSE, impedindo que sejam quebradas as regras que devem existir entre entidade reguladora e empresas reguladas. Nada mais falso! Neste país acontecem coisas fantásticas. Umas vezes querem tratar-nos como parvos, outras vezes como estúpidos, mas desta vez excederam-se: querem tratar-nos como débeis mentais.

terça-feira, janeiro 02, 2007

Governação Sócrates

G
Victor Dias, no jornal Público de 29 de Dezembro de 2006, com a sua habitual e excepcional clarividência, enunciou os três truques da governação Sócrates. Resumidamente, e com palavras minhas, são os seguintes: Primeiro - O truque da legitimidade concedida pela maioria absoluta conquistada nas eleições, onde o que Sócrates prometeu, feitas as contas, deu o seguinte resultado: ou não cumpriu o que prometeu, ou fez às avessas o que anunciou. Habitualmente, e apesar de já serem decorridos dois anos, continua a argumentar com a ignorância (???) do estado em que os governos do PSD/CDS lhe deixaram a nação. Segundo - O truque entendido por muitos comentadores políticos como “coragem”, “determinação” e “espírito reformista” do governo, quando o que na realidade está a ser levado a cabo são contra-reformas direccionadas para o sistemático desmantelamento do estado social, apontado como o grande responsável pela endémica crise económica e os desmandos orçamentais. Terceiro - O truque da perseguição a certas classes profissionais, friamente convertidas em inimigos públicos, e a cassação dos direitos adquiridos pelos mais variados sectores laborais, convertidos em inexplicáveis “privilégios”. Através de passes de mágica, com recurso a grandes, competentes e agressivas intervenções mediáticas, o pobre transmuta-se em abastado, o remediado em podre de rico, e aqueles modestos direitos, quantas vezes conquistados a pulso pelas associações sindicais, mesmo antes do 25 de Abril, são acusados de serem os grandes responsáveis pela degradação da economia e das condições de vida do país, ao passo que os verdadeiros e escandalosos privilégios que grassam um pouco por todo o lado, quando não são exorbitados e reforçados, continuam a ser, estratégica e deliberadamente, deixados na sombra.
José Sócrates, até agora, tem sido melhor que Luís de Matos, e por isso, honra seja feita à equipa de marketing político que o tem assessorado. Com apenas três passes de magia, e apesar de haver quem resista, quase tem conseguido iludir um país inteiro. Falta saber até quando.

Assunto Arrumado!

N
Na madrugada de 30 de Dezembro de 2006, Saddam Hussein acabou a dançar na ponta da corda, e assim se cumpriu uma atamancada “justiça” iraquiana, encomendada pelo invasor e conquistador americano. Enforcaram o “mau da fita”, e com isso foi lançada a sua candidatura a mártir do Islão sunita. Porém, quem o perfilhou, amamentou, apaparicou e armou, para ele conseguir chegar até onde chegou, exercendo a sua ostensiva opressão, continua de boa saúde e a andar por aí, impunemente. Enforcar o criminoso e tirano não apaga o cortejo de intrujices e ignomínias que se praticaram e despoletaram na sequência da sua captura. Porque as célebres armas de destruição maciça continuam a ser uma piedosa colecção de mentirinhas, que agora toda gente evita recordar, a democracia iraquiana “made in USA” é uma caricatura, os crimes de guerra contra civis sucedem-se e a guerra civil é um facto que poucos reconhecem, mas que vai incendiando todo o próximo e médio oriente, apesar do sangue e do petróleo continuarem a jorrar a bom ritmo. Dizem os práticos que o que conta é que o déspota morreu, e não se fala mais nisto!

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Circo

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Torre Vasco da Gama,
Parque das Nações, em 2007-1-1, 0:05
T
Já há pouco pão, mas ainda sobra muito circo. Apesar dos desmancha-prazeres, das línguas viperinas e dos pessimistas, é bonito de se ver os nossos impostos a serem consumidos pelo fogo de artifício, nos primeiros dez minutos de 2007.
Continuemos, pois, pobretes mas alegretes!

Fusos Horários

V
Dizem os meios de comunicação social que tanto José Sócrates como Marques Mendes escolheram o Brasil, e a mesma cidade, S.Salvador da Baía, para a passagem de ano, muito embora tenham optado por programas diferentes. Se na política são quase almas gémeas (embora não pareça), bem vistas as coisas, e por razões diferentes, ambos querem beneficiar da diferença concedida pelos fusos horários, adiando por algumas horas o mergulho em 2007.

Tudo isto é Triste...

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M
Mais um repositório, rascunhado à laia de gazeta, de alguns acontecimentos notáveis, alarvidades e bestialidades deste ano de 2007, umas vezes com pretensões a ser coisa séria, outras a arriscar no jocoso. Quando não for uma coisa nem outra, e se não tiver ares de conspiração, qualquer semelhança com a realidade é, quase de certeza, pura coincidência.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Saudades do Mar

M
Muralha da praia da Parede em 1-Abr-2006
C
Continuo com saudades do mar, aquele mar-oceano a perder de vista, sem limites, tão bravo quão sereno e chãozinho, que de sexto continente passou a estrumeira, lixeira, imensa fossa aquática que absorve tudo o que se quer apagar do nosso horizonte visível. Por cá, país que gerou uma linhagem de navegadores e pescadores, num assomo de patética diarreia restritiva, criou-se uma taxa para os pescadores amadores (como os da fotografia), e uma lei que visa disciplinar a sua incontinente e “devastadora” actividade destruidora dos ecosistemas. Não são os monumentais derrames petrolíferos, nem o terror económico, nem o aquecimento global, nem as matilhas de baleeiros e as frotas de arrastões, que são preocupação por aí além. São eles, eles sim, os pacatos pescadores amadores, os grandes responsáveis pela extinção das espécies, pelo desperdício, pela fome que sopra para os lados do Darfur, e pelas bolsas de miséria que persistem por todo o lado, e que irá irromper por esse mundo fora, mais dia, menos dia, num abrir e fechar de olhos, sem dó nem compaixão. Ai, que saudades do mar!

domingo, dezembro 24, 2006

Últimas

U
O senhor Vasco Pulido Valente diz que somos nós (cidadãos contribuintes) que pagamos (financiamos) a DECO. Homessa senhor Vasco, não pagamos só a DECO, nós pagamos TUDO!
E
Esta é uma pergunta que se impõe: A propósito dos voos da CIA, que o governo anda “exaustivamente” a investigar há imenso tempo, como é que o senhor ministro dos Negócios Estrangeiros quer ser conhecido? Como ignorante ou como mentiroso?
N
Nestes últimos dias do ano, propício a fazer piedosas declarações, o primeiro-ministro Sócrates, entre outras medidas, considerou o acordo sobre o salário mínimo nacional, como “um instrumento de combate à pobreza”. Nos tempos que correm, já é muito positivo que este senhor tenha reconhecido que quem aufere salário mínimo, se inclui nessa grande mancha que alastra na sociedade portuguesa, conhecida como pobreza envergonhada, e que ninguém sabe que extensão tem.
N
Nos últimos dias do ano, as surpresas têm-se sucedido a um ritmo alucinante. Agora foi a vez do ministro das finanças Teixeira dos Santos dizer que vai ser implementado no seu ministério um projecto-piloto que tem por objectivo fazer com que 25 funcionários substituam 1.500 da mesma espécie, que estão dispersos pelos organismos tutelados pelo ministério das finanças, fazendo trabalho nas áreas de recursos humanos, financeiros e materiais, e ainda nas tecnologias de informação e comunicação. Oh senhor ministro, conte lá o que se tem andado a passar no seu ministério, para que só agora se conclua que há 25 acrobáticas máquinas infernais (não são pessoas, certamente) que podem substituir 1.500 zelosos e diligentes funcionários públicos, assim sem mais, nem menos. Ou será que se esqueceu de dizer que este novo modelo ou técnica administrativa, para ser agilizada e funcionar a 100 por cento, depende da extinção do Tribunal de Contas?
D
Dão-se como certas e imprescindíveis as OTAs, os TGVs, a quarta travessia do Tejo, tudo obras de estadão, para encher páginas e páginas de propaganda de pseudo modernidade e europeísmo, e proteger a omnipotente indústria do betão, antecipadamente combinada com os amigos da banca e os patriarcas autárquicos. Em compensação fecham-se as maternidades, as urgências hospitalares, as escolas, e outras pequenas e grandes coisas. Já agora, porque não fechar o país?
P
Piergiorgio Welby, que morreu na passada quarta-feira, depois de um medico ter desligado, a seu pedido, a máquina de apoio que o mantinha vivo, merece todo o nosso respeito e admiração. Lutou contra um estado insensível e uma igreja cruel, que não reconheciam o seu direito de pôr um fim ao sofrimento, chegando ao ponto de esta última lhe ter recusado um funeral religioso. A Igreja apenas consegue sobreviver e exercer o seu poder, porque inculca nas pessoas a permanente coabitação com o medo dos castigos na “outra vida”, o prazer sádico e sórdido no sofrimento, perseguindo as ideias e práticas da morte, fora dos seus dogmas e concepções. Os doentes em fase terminal, ou aqueles que estão perpetuamente condenados ao sofrimento, quando recorrem à eutanásia, mais do que uma coragem desmedida, são pessoas que superaram o medo congénito, alguém que decide bradar que “neste corpo mando eu”, para além do que possam pensar ou argumentar sacerdotes e juízes.
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Não se deve confundir o Jesus Cristo HISTÓRICO com todas as invenções, venenos e beberragens que inventaram depois de ele ter andado por cá, a arrastar as sandálias pelos poeirentos caminhos da Palestina, dominados, naquela época, pelo augusto e todo-poderoso império romano.

sábado, dezembro 23, 2006

Biliões e Biliões

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No dia 20 de Dezembro fez 10 anos que o cientista e astrónomo norte-americano Carl Sagan deixou de estar entre nós. Naquele dia a Humanidade ficou mais pobre, apesar de biliões e biliões de contactos nos esperarem.
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quarta-feira, dezembro 20, 2006

P.I.B.

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Segundo o Eurostat, o organismo europeu de estatísticas, em Portugal, o Produto Interno Bruto (PIB) por habitante, tem vindo a descer desde 1999, face ao valor médio da União Europeia. Isto traduz o sistemático empobrecimento do país desde aquela data, que se reflecte no poder de compra da população, o qual atingiu em 2005, o equivalente a 71 por cento, face ao valor médio de 100, para toda a União Europeia. A par da perda de poder de compra, também o nível de vida dos portugueses se tem vindo a deteriorar nos últimos anos. Tal como o algodão, os números estão aí e não enganam. Quem anda a mentir sabemos nós quem é.
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