segunda-feira, junho 07, 2010

A Estrada

.

.
Título: A Estrada
Título Original: The Road
Ano: 2009
Realizador: John Hillcoat
Argumento: Cormac McCarthy
Adaptação: Joe Penhall
Género: Drama

Actores:
Viggo Mortensen ... The Father
Kodi Smit-McPhee ... The Son
Robert Duvall ... Old Man
Guy Pearce ... The Final Man
Molly Parker ... The Final Woman
Michael K. Williams ... Thief (as Michael Kenneth Williams)
Garret Dillahunt ... Urinating Gang Member
Charlize Theron ... The Mother
Bob Jennings ... Bearded Man
Agnes Herrmann ... Archer's Woman
Buddy Sosthand ... Archer
Kirk Brown ... Bearded Face
Jack Erdie ... Bearded Man #2
David August Lindauer ... Man On Mattress
Gina Preciado ... Well Fed Woman

Duração: 111 min
País: E.U.A.
Cor: Color
Formato: 2.35 : 1
Audio: DTS Dolby Digital

Meu comentário:
Imaginemos que aconteceu um cataclismo de enormes proporções, não sabemos como nem porquê, mas ele foi um acontecimento a nível planetário, que destruiu os sistemas básicos da civilização, tal como a conhecemos, desde o sistema produtivo até ao sistema governativo. Há fogos descomunais, tremores de terra, frio, gelo, o céu ficou cinzento e já não deixa passar os raios solares, paira um nevoeiro fuliginoso e permanente, deixaram de se ver e ouvir as aves, as árvores transformaram-se em tocos mortos, e a terra apenas exibe líquenes raquíticos. Há gente que vagueia, um pouco por todo o lado, quase sem destino, apenas a tentar subsistir. O mundo tornou-se um sítio tão inóspito e perigoso, que nem a mais rudimentar sobrevivência está assegurada.
Se reflectirmos atentamente sobre as consequências que uma tal situação acarretaria, não seria difícil reconhecer que tudo entraria em colapso e os seres humanos ficariam entregues a si próprios, desconfiados de quem se cruza no caminho a pedir ajuda. Se projectarmos uma calamidade dessa dimensão, sem retorno e sem remédio, pelo período de dez ou quinze anos, iríamos assistir à disseminação da velha máxima que diz “cada um por si, e salve-se quem puder”. Como o ser humano vive, basicamente, para encher o estômago, defecar e nos intervalos tentar reproduzir-se, e como já não há autoridades, primeiro assaltam-se os armazéns, depois as lojas, as grandes superfícies, as despensas particulares e todo o local onde se guarde comida. Depois começa-se a abater toda a fauna que possa fornecer proteínas, passando pela ratazana até à barata. Finalmente, quando a extinção dos animais inferiores já estiver quase consumada, está na altura de se dar roda livre ao canibalismo, transformando o mundo numa imensa reserva onde se caçam humanos para matar a fome.
O mundo começa a dividir-se entre os bons e os maus. Maus são os comem seres humanos, bons são os que sobrevivem sem comer o seu semelhante. De um lado, a barbárie já está a caminho, do outro sobrevive uma mentalidade que quer continuar a ser civilizada, porém, disposta a vender cara a sua carne.
O filme é baseado no livro homónimo de Cormac McCarthy, vencedor do prémio Pulitzer. O tema é chocante, porque nos confronta com uma realidade possível. É polémico, nu e cru, porque confronta o ser humano com situações limite, que descem imparáveis, até aos abismos profundos da natureza humana. Grande filme e grandes interpretações, porque, felizmente, e por agora, é somente e apenas disso que se trata.

Sem comentários: