SABE-SE que o Vaticano e a Cúria Romana sempre foram, em todas as épocas, um vespeiro, um saco de escorpiões, senão mesmo um ninho de serpentes, com papas mais tiranos e sanguinários que o pior dos tiranos. O Vaticano, convém não esquecer, é uma cidade-estado, regida por um sistema teo-autocrático, e hoje em dia, sede de uma grande empresa multinacional, detentora de uma riqueza incomensurável, altamente influente na política, na economia e na alta finança.
Em vinte séculos de história, a trajectória do papado é algo de fascinante, deixando-nos mais do que surpreendidos, direi mesmo, escandalizados, de tão recheada que está de lutas e envolvimentos com e pelo poder temporal, implicada em abjectos crimes e ignomínias, sem esquecer que na sua génese era uma confissão vocacionada para os humildes. De qualquer modo a iniquidade não é um exclusivo desta ICAR. Todas as religiões, enquanto instituições, acabaram por desaguar na preversidade e, na actualidade, as coisas não são muito diferentes, embora os métodos e a forma sejam mais refinados e sofisticados. É que no seu interior (da ICAR) existem facções, forças muito poderosas (Opus Dei, Comunhão e Libertação, Legionários de Cristo, etc.), que não se conformavam com o facto de o cardeal Ratzinguer ser pouco permeável a pressões, demasiado disciplinado e disciplinador, e não ser suficientemente conservador. Muitos do que se movem nos corredores do Vaticano, são gente que não teme a justiça divina e acredita muito pouco na vida eterna, para quem a santidade é uma embalagem enganadora, destinada apenas a vender perdões e meríficas aposentadorias celestiais, em contraste com a muita apetência que tem pelo poder, e a volúpia dos prazeres e bens terrenos. Pedir desculpa pelos crimes da Inquisição e da pedofilia não consegue ocultar o recheio de más práticas que entretanto persistem, sob as mais variadas formas. Pode sempre dizer-se que tudo aquilo em que o homem toca, fica marcado pela sua congénita maldade e imperfeição, mas quando se fala de uma organização religiosa que alberga muitos milhões de crentes, isso não é razão para se considerar protegida pela imunidade, nem resistir à reflexão e à crítica. Quando as bibliotecas e os arquivos secretos do Vaticano virem a luz do dia, sem restrições, será grande o espanto e a incredulidade que nos avassalará.
Embora a decisão de Joseph Ratzinger resignar do seu cargo, tenha sido um acto inteligente e corajoso, próprio de um intelectual e do espírito prático germânico, rompendo com a tradição e quebrando a rigidez das ancestrais práticas vaticanas, há quem suspeite que tenha sido pressionado (coisa que nunca se provará), sobretudo por aqueles que têm pressa de um regresso ao passado, com vista ao apagamento das incomodidades e "modernices" saídas do concílio Vaticano II, mais agora quando se volta a falar de acabar com o celibato dos padres e se insiste em franquear o sacerdócio às mulheres. Pressionado ou não, o certo é que haverá quem não perca tempo, já esteja a movimentar-se e a "contar espingardas" para o conclave. Quanto a nós, crentes e incréus, não devemos esquecer o mistério que continua a pairar à volta da morte prematura (e muito mal explicada) do incómodo papa João Paulo I, antecessor de João Paulo II. E isso não aconteceu há tanto tempo como possa parecer.
Consultar no CARTÓRIO DO ESCREVINHADOR o texto de resignação do Papa Bento XVI
Em vinte séculos de história, a trajectória do papado é algo de fascinante, deixando-nos mais do que surpreendidos, direi mesmo, escandalizados, de tão recheada que está de lutas e envolvimentos com e pelo poder temporal, implicada em abjectos crimes e ignomínias, sem esquecer que na sua génese era uma confissão vocacionada para os humildes. De qualquer modo a iniquidade não é um exclusivo desta ICAR. Todas as religiões, enquanto instituições, acabaram por desaguar na preversidade e, na actualidade, as coisas não são muito diferentes, embora os métodos e a forma sejam mais refinados e sofisticados. É que no seu interior (da ICAR) existem facções, forças muito poderosas (Opus Dei, Comunhão e Libertação, Legionários de Cristo, etc.), que não se conformavam com o facto de o cardeal Ratzinguer ser pouco permeável a pressões, demasiado disciplinado e disciplinador, e não ser suficientemente conservador. Muitos do que se movem nos corredores do Vaticano, são gente que não teme a justiça divina e acredita muito pouco na vida eterna, para quem a santidade é uma embalagem enganadora, destinada apenas a vender perdões e meríficas aposentadorias celestiais, em contraste com a muita apetência que tem pelo poder, e a volúpia dos prazeres e bens terrenos. Pedir desculpa pelos crimes da Inquisição e da pedofilia não consegue ocultar o recheio de más práticas que entretanto persistem, sob as mais variadas formas. Pode sempre dizer-se que tudo aquilo em que o homem toca, fica marcado pela sua congénita maldade e imperfeição, mas quando se fala de uma organização religiosa que alberga muitos milhões de crentes, isso não é razão para se considerar protegida pela imunidade, nem resistir à reflexão e à crítica. Quando as bibliotecas e os arquivos secretos do Vaticano virem a luz do dia, sem restrições, será grande o espanto e a incredulidade que nos avassalará.
Embora a decisão de Joseph Ratzinger resignar do seu cargo, tenha sido um acto inteligente e corajoso, próprio de um intelectual e do espírito prático germânico, rompendo com a tradição e quebrando a rigidez das ancestrais práticas vaticanas, há quem suspeite que tenha sido pressionado (coisa que nunca se provará), sobretudo por aqueles que têm pressa de um regresso ao passado, com vista ao apagamento das incomodidades e "modernices" saídas do concílio Vaticano II, mais agora quando se volta a falar de acabar com o celibato dos padres e se insiste em franquear o sacerdócio às mulheres. Pressionado ou não, o certo é que haverá quem não perca tempo, já esteja a movimentar-se e a "contar espingardas" para o conclave. Quanto a nós, crentes e incréus, não devemos esquecer o mistério que continua a pairar à volta da morte prematura (e muito mal explicada) do incómodo papa João Paulo I, antecessor de João Paulo II. E isso não aconteceu há tanto tempo como possa parecer.
Consultar no CARTÓRIO DO ESCREVINHADOR o texto de resignação do Papa Bento XVI
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