EM 11 DE JULHO, perante um numeroso grupo de pessoas que se manifestou nas galerias da Assembleia da República, com gritos de "demissão!" dirigidos ao Governo, a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, mandou evacuar as mesmas, ao mesmo tempo que deixava no ar a sugestão de que o acesso às mesmas deveria ser repensado. Ripostou ainda com a frase "não podemos deixar que os nossos carrascos nos criem maus costumes", da autoria de Simone de Beauvoir, quando se referiu à repressão dos nazis sobre o povo francês, durante a ocupação da França na II Guerra Mundial. Qualquer pessoa de mediano entendimento interpretaria esta analogia, identificando os carrascos com os manifestantes, e os maus costumes com a liberdade de acesso às sessões parlamentares. Assim, os sindicalistas do STAL (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local e Regional) não apreciaram aquela comparação, acharam as palavras indignas e ofensivas, e pediram explicações. A resposta de Assunção Esteves foi de uma douta clarividência, à sua maneira, claro está. Diz ela na sua carta dirigida ao STAL que o que queria dizer com aquela frase é que "o Estado de direito deve sempre conservar a serenidade da razão". Ficaram esclarecidos, não ficaram? Pois eu também não, e deve ser defeito meu.
quarta-feira, julho 24, 2013
De Vítimas a Carrascos
EM 11 DE JULHO, perante um numeroso grupo de pessoas que se manifestou nas galerias da Assembleia da República, com gritos de "demissão!" dirigidos ao Governo, a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, mandou evacuar as mesmas, ao mesmo tempo que deixava no ar a sugestão de que o acesso às mesmas deveria ser repensado. Ripostou ainda com a frase "não podemos deixar que os nossos carrascos nos criem maus costumes", da autoria de Simone de Beauvoir, quando se referiu à repressão dos nazis sobre o povo francês, durante a ocupação da França na II Guerra Mundial. Qualquer pessoa de mediano entendimento interpretaria esta analogia, identificando os carrascos com os manifestantes, e os maus costumes com a liberdade de acesso às sessões parlamentares. Assim, os sindicalistas do STAL (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local e Regional) não apreciaram aquela comparação, acharam as palavras indignas e ofensivas, e pediram explicações. A resposta de Assunção Esteves foi de uma douta clarividência, à sua maneira, claro está. Diz ela na sua carta dirigida ao STAL que o que queria dizer com aquela frase é que "o Estado de direito deve sempre conservar a serenidade da razão". Ficaram esclarecidos, não ficaram? Pois eu também não, e deve ser defeito meu.
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