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Heróis do mar, pobre Povo
Nação doente, etc e tal …
quinta-feira, junho 10, 2010
quarta-feira, junho 09, 2010
Compromisso Histórico
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ASSISTI anteontem ao FRENTE A FRENTE da SIC Notícias, entre Bernardino Soares do PCP e Miguel Relvas do PSD, onde se falou, entre outras coisas, sobre uma prometida revisão do Código do Trabalho, sugerida pelo líder Passos Coelho, destinada a liberalizar os despedimentos, e como forma de atrair mais investimento para o país. Disse Miguel Relvas que tal liberalização, não visava apenas simplificar os despedimentos, mas também facilitar as futuras admissões, tendo em vista assegurar a competitividade das empresas. Bernardino Soares, muito naturalmente, contrapôs que tal pretensão, outro objectivo não tinha senão o de fazer substituir trabalhadores permanentes, utilizando um simplificado processo de despedimento sem justa causa, por trabalhadores precários, medida que pouco ou nada tem a ver com competitividade, além de que é potenciadora de desemprego, uma das chagas que o governo diz pretender combater.
Em desespero de causa, Miguel Relvas contrapôs que, na actual situação de crise, é bem melhor ser trabalhador precário do que desempregado, tentando encobrir que a verdadeira intenção do PSD é subverter as relações laborais, eliminando uma das premissas que é o contrato de trabalho permanente, o qual passaria à história.
Nunca vi que a excelência das empresas (motor da apregoada competitividade), entre outros factores, resultasse da aplicação da precariedade laboral, antes pelo contrário. Qualquer projecto que se pretenda consistente e inovador, aposta na estabilidade da sua população laboral, com adequado nível remuneratório, ao mesmo tempo que investe na elevação dos seus níveis de qualificação. Superação da crise não significa reduzir despesas com pessoal e, consequentemente, manter, senão mesmo, aumentar os lucros. Se como dizem, o prejuízo tem que ser distribuído de forma equitativa, que o seja, sem falsas aritméticas, entre o capital e o trabalho. Sempre ouvi dizer que as empresas são feitas pelas pessoas e com as pessoas, ou será que isto também já é uma verdade caída em desuso?
Eu diria que tudo isto não passava de uma curiosidade, se não fosse dramático o que se está a cozinhar e o que se avizinha. A título de exemplo, observemos o que escreveu a ministra Helena André, num artigo publicado no JORNAL DE NOTÍCIAS de 7 de Junho. Num mirabolante devaneio, misturado com um ataque descabelado ao deputado Honório Novo do PCP, sentenciou que o Partido Comunista Português faria bem melhor ao país, aos portugueses e às grandes causas nacionais, se apoiasse a “esquerda”(?) que governa o país (leia-se PS+PSD), subscrevendo um “compromisso histórico” com o PS (partido Sócrates). Ora bem, considerando a hipótese académica de tal “apoio”se concretizar, quer isto dizer que o PCP, entre outras coisas, passaria a ter que “relativizar” os princípios constitucionais, para não contrariar os “estados de excepção” que o governo decretaria, iria apoiar as privatizações dos mais alguns sectores estratégicos da economia nacional, concordar com mais agravamentos de impostos sobre quem trabalha, sem tocar nos privilégios das grandes empresas, fortunas e transacções financeiras, que continuariam a regalar-se pelas off-shores, e dar o seu aval a que o trabalho precário se tornasse a medida-padrão do mundo do trabalho, com resultados catastróficos, nas já de si diminuídas condições de vida dos portugueses, bem como nos níveis de desemprego.
Assim mesmo, sem tirar nem pôr, e a coberto de um mais que indecoroso “compromisso histórico”, viria a caminho uma nova versão do Estado Novo, de fachada pseudo-democrática, e estaria constituída, para delícia de uns tantos teóricos do “socialismo moderno, moderado e popular”, uma nova versão da União Nacional – Acção Nacional Popular.
ASSISTI anteontem ao FRENTE A FRENTE da SIC Notícias, entre Bernardino Soares do PCP e Miguel Relvas do PSD, onde se falou, entre outras coisas, sobre uma prometida revisão do Código do Trabalho, sugerida pelo líder Passos Coelho, destinada a liberalizar os despedimentos, e como forma de atrair mais investimento para o país. Disse Miguel Relvas que tal liberalização, não visava apenas simplificar os despedimentos, mas também facilitar as futuras admissões, tendo em vista assegurar a competitividade das empresas. Bernardino Soares, muito naturalmente, contrapôs que tal pretensão, outro objectivo não tinha senão o de fazer substituir trabalhadores permanentes, utilizando um simplificado processo de despedimento sem justa causa, por trabalhadores precários, medida que pouco ou nada tem a ver com competitividade, além de que é potenciadora de desemprego, uma das chagas que o governo diz pretender combater.
Em desespero de causa, Miguel Relvas contrapôs que, na actual situação de crise, é bem melhor ser trabalhador precário do que desempregado, tentando encobrir que a verdadeira intenção do PSD é subverter as relações laborais, eliminando uma das premissas que é o contrato de trabalho permanente, o qual passaria à história.
Nunca vi que a excelência das empresas (motor da apregoada competitividade), entre outros factores, resultasse da aplicação da precariedade laboral, antes pelo contrário. Qualquer projecto que se pretenda consistente e inovador, aposta na estabilidade da sua população laboral, com adequado nível remuneratório, ao mesmo tempo que investe na elevação dos seus níveis de qualificação. Superação da crise não significa reduzir despesas com pessoal e, consequentemente, manter, senão mesmo, aumentar os lucros. Se como dizem, o prejuízo tem que ser distribuído de forma equitativa, que o seja, sem falsas aritméticas, entre o capital e o trabalho. Sempre ouvi dizer que as empresas são feitas pelas pessoas e com as pessoas, ou será que isto também já é uma verdade caída em desuso?
Eu diria que tudo isto não passava de uma curiosidade, se não fosse dramático o que se está a cozinhar e o que se avizinha. A título de exemplo, observemos o que escreveu a ministra Helena André, num artigo publicado no JORNAL DE NOTÍCIAS de 7 de Junho. Num mirabolante devaneio, misturado com um ataque descabelado ao deputado Honório Novo do PCP, sentenciou que o Partido Comunista Português faria bem melhor ao país, aos portugueses e às grandes causas nacionais, se apoiasse a “esquerda”(?) que governa o país (leia-se PS+PSD), subscrevendo um “compromisso histórico” com o PS (partido Sócrates). Ora bem, considerando a hipótese académica de tal “apoio”se concretizar, quer isto dizer que o PCP, entre outras coisas, passaria a ter que “relativizar” os princípios constitucionais, para não contrariar os “estados de excepção” que o governo decretaria, iria apoiar as privatizações dos mais alguns sectores estratégicos da economia nacional, concordar com mais agravamentos de impostos sobre quem trabalha, sem tocar nos privilégios das grandes empresas, fortunas e transacções financeiras, que continuariam a regalar-se pelas off-shores, e dar o seu aval a que o trabalho precário se tornasse a medida-padrão do mundo do trabalho, com resultados catastróficos, nas já de si diminuídas condições de vida dos portugueses, bem como nos níveis de desemprego.
Assim mesmo, sem tirar nem pôr, e a coberto de um mais que indecoroso “compromisso histórico”, viria a caminho uma nova versão do Estado Novo, de fachada pseudo-democrática, e estaria constituída, para delícia de uns tantos teóricos do “socialismo moderno, moderado e popular”, uma nova versão da União Nacional – Acção Nacional Popular.
terça-feira, junho 08, 2010
É Disto Que o Meu Povo Gosta! (*)
segunda-feira, junho 07, 2010
A Estrada
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Título: A Estrada
Título Original: The Road
Ano: 2009
Realizador: John Hillcoat
Argumento: Cormac McCarthy
Adaptação: Joe Penhall
Género: Drama
Actores:
Viggo Mortensen ... The Father
Kodi Smit-McPhee ... The Son
Robert Duvall ... Old Man
Guy Pearce ... The Final Man
Molly Parker ... The Final Woman
Michael K. Williams ... Thief (as Michael Kenneth Williams)
Garret Dillahunt ... Urinating Gang Member
Charlize Theron ... The Mother
Bob Jennings ... Bearded Man
Agnes Herrmann ... Archer's Woman
Buddy Sosthand ... Archer
Kirk Brown ... Bearded Face
Jack Erdie ... Bearded Man #2
David August Lindauer ... Man On Mattress
Gina Preciado ... Well Fed Woman
Duração: 111 min
País: E.U.A.
Cor: Color
Formato: 2.35 : 1
Audio: DTS Dolby Digital
Meu comentário:
Imaginemos que aconteceu um cataclismo de enormes proporções, não sabemos como nem porquê, mas ele foi um acontecimento a nível planetário, que destruiu os sistemas básicos da civilização, tal como a conhecemos, desde o sistema produtivo até ao sistema governativo. Há fogos descomunais, tremores de terra, frio, gelo, o céu ficou cinzento e já não deixa passar os raios solares, paira um nevoeiro fuliginoso e permanente, deixaram de se ver e ouvir as aves, as árvores transformaram-se em tocos mortos, e a terra apenas exibe líquenes raquíticos. Há gente que vagueia, um pouco por todo o lado, quase sem destino, apenas a tentar subsistir. O mundo tornou-se um sítio tão inóspito e perigoso, que nem a mais rudimentar sobrevivência está assegurada.
Se reflectirmos atentamente sobre as consequências que uma tal situação acarretaria, não seria difícil reconhecer que tudo entraria em colapso e os seres humanos ficariam entregues a si próprios, desconfiados de quem se cruza no caminho a pedir ajuda. Se projectarmos uma calamidade dessa dimensão, sem retorno e sem remédio, pelo período de dez ou quinze anos, iríamos assistir à disseminação da velha máxima que diz “cada um por si, e salve-se quem puder”. Como o ser humano vive, basicamente, para encher o estômago, defecar e nos intervalos tentar reproduzir-se, e como já não há autoridades, primeiro assaltam-se os armazéns, depois as lojas, as grandes superfícies, as despensas particulares e todo o local onde se guarde comida. Depois começa-se a abater toda a fauna que possa fornecer proteínas, passando pela ratazana até à barata. Finalmente, quando a extinção dos animais inferiores já estiver quase consumada, está na altura de se dar roda livre ao canibalismo, transformando o mundo numa imensa reserva onde se caçam humanos para matar a fome.
O mundo começa a dividir-se entre os bons e os maus. Maus são os comem seres humanos, bons são os que sobrevivem sem comer o seu semelhante. De um lado, a barbárie já está a caminho, do outro sobrevive uma mentalidade que quer continuar a ser civilizada, porém, disposta a vender cara a sua carne.
O filme é baseado no livro homónimo de Cormac McCarthy, vencedor do prémio Pulitzer. O tema é chocante, porque nos confronta com uma realidade possível. É polémico, nu e cru, porque confronta o ser humano com situações limite, que descem imparáveis, até aos abismos profundos da natureza humana. Grande filme e grandes interpretações, porque, felizmente, e por agora, é somente e apenas disso que se trata.
Título Original: The Road
Ano: 2009
Realizador: John Hillcoat
Argumento: Cormac McCarthy
Adaptação: Joe Penhall
Género: Drama
Actores:
Viggo Mortensen ... The Father
Kodi Smit-McPhee ... The Son
Robert Duvall ... Old Man
Guy Pearce ... The Final Man
Molly Parker ... The Final Woman
Michael K. Williams ... Thief (as Michael Kenneth Williams)
Garret Dillahunt ... Urinating Gang Member
Charlize Theron ... The Mother
Bob Jennings ... Bearded Man
Agnes Herrmann ... Archer's Woman
Buddy Sosthand ... Archer
Kirk Brown ... Bearded Face
Jack Erdie ... Bearded Man #2
David August Lindauer ... Man On Mattress
Gina Preciado ... Well Fed Woman
Duração: 111 min
País: E.U.A.
Cor: Color
Formato: 2.35 : 1
Audio: DTS Dolby Digital
Meu comentário:
Imaginemos que aconteceu um cataclismo de enormes proporções, não sabemos como nem porquê, mas ele foi um acontecimento a nível planetário, que destruiu os sistemas básicos da civilização, tal como a conhecemos, desde o sistema produtivo até ao sistema governativo. Há fogos descomunais, tremores de terra, frio, gelo, o céu ficou cinzento e já não deixa passar os raios solares, paira um nevoeiro fuliginoso e permanente, deixaram de se ver e ouvir as aves, as árvores transformaram-se em tocos mortos, e a terra apenas exibe líquenes raquíticos. Há gente que vagueia, um pouco por todo o lado, quase sem destino, apenas a tentar subsistir. O mundo tornou-se um sítio tão inóspito e perigoso, que nem a mais rudimentar sobrevivência está assegurada.
Se reflectirmos atentamente sobre as consequências que uma tal situação acarretaria, não seria difícil reconhecer que tudo entraria em colapso e os seres humanos ficariam entregues a si próprios, desconfiados de quem se cruza no caminho a pedir ajuda. Se projectarmos uma calamidade dessa dimensão, sem retorno e sem remédio, pelo período de dez ou quinze anos, iríamos assistir à disseminação da velha máxima que diz “cada um por si, e salve-se quem puder”. Como o ser humano vive, basicamente, para encher o estômago, defecar e nos intervalos tentar reproduzir-se, e como já não há autoridades, primeiro assaltam-se os armazéns, depois as lojas, as grandes superfícies, as despensas particulares e todo o local onde se guarde comida. Depois começa-se a abater toda a fauna que possa fornecer proteínas, passando pela ratazana até à barata. Finalmente, quando a extinção dos animais inferiores já estiver quase consumada, está na altura de se dar roda livre ao canibalismo, transformando o mundo numa imensa reserva onde se caçam humanos para matar a fome.
O mundo começa a dividir-se entre os bons e os maus. Maus são os comem seres humanos, bons são os que sobrevivem sem comer o seu semelhante. De um lado, a barbárie já está a caminho, do outro sobrevive uma mentalidade que quer continuar a ser civilizada, porém, disposta a vender cara a sua carne.
O filme é baseado no livro homónimo de Cormac McCarthy, vencedor do prémio Pulitzer. O tema é chocante, porque nos confronta com uma realidade possível. É polémico, nu e cru, porque confronta o ser humano com situações limite, que descem imparáveis, até aos abismos profundos da natureza humana. Grande filme e grandes interpretações, porque, felizmente, e por agora, é somente e apenas disso que se trata.
domingo, junho 06, 2010
"O Atestado Médico"
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Com o mesmo título do post, transcrevo o texto do professor José Ricardo Costa, publicado no jornal O TORREJANO, em 11 de Dezembro 2008.
«Imagine o meu caro que é professor, que é dia de exame do 12º ano e vai ter de fazer uma vigilância.
Continue a imaginar. O despertador avariou durante a noite. Ou fica preso no elevador. Ou o seu filho, já à porta do infantário, vomitou o quente, pastoso, húmido e fétido pequeno-almoço em cima da sua imaculada camisa.
Teve, portanto, de faltar à vigilância. Tem falta.
Ora esta coisa de um professor ficar com faltas injustificadas é complicada, por isso convém justificá-la. A questão agora é: como justificá-la?
Passemos então à parte divertida. A única justificação para o facto de ficar preso no elevador, do despertador avariar ou de não poder ir para uma sala do exame com a camisa vomitada, ababalhada e malcheirosa, é um atestado médico.
Qualquer pessoa com um pouco de bom senso percebe que quem precisa aqui do atestado médico será o despertador ou o elevador. Mas não. Só uma doença poderá justificar sua ausência na sala do exame. Vai ao médico. E, a partir deste momento, a situação deixa de ser divertida para passar a ser hilariante.
Chega-se ao médico com o ar mais saudável deste mundo. Enfim, com o sorriso de Jorge Gabriel misturado com o ar rosado do Gabriel Alves e a felicidade do padre Melícias. A partir deste momento mágico, gera-se um fenómeno que só pode ser explicado através de noções básicas da psicopatologia da vida quotidiana. Os mesmos que explicam uma hipnose colectiva em Felgueiras, o holocausto nazi ou o sucesso da TVI.
O professor sabe que não está doente. O médico sabe que ele não está doente. O presidente do executivo sabe que ele não está doente. O director regional sabe que ele não está doente. O Ministério da Educação sabe que ele não está doente.
O próprio legislador, que manda a um professor que fica preso no elevador apresentar um atestado médico, também sabe que o professor não está doente.
Ora, num país em que isto acontece, para além do despertador que não toca, do elevador parado e da camisa vomitada, é o próprio país que está doente.
Um país assim, onde a mentira é legislada, só pode mesmo ser um país doente.
Vamos lá ver, a mentira em si não é patológica. Até pode ser racional, útil e eficaz em certas ocasiões. O que já será patológico é o desejo que temos de sermos enganados ou a capacidade para fingirmos que a mentira é verdade.
Lá nesse aspecto somos um bom exemplo do que dizia Goebbels: uma mentira várias vezes repetida transforma-se numa verdade. Já Aristóteles percebia uma coisa muito engraçada: quando vamos ao teatro, vamos com o desejo e uma predisposição para sermos enganados.
Mas isso é normal. Sabemos bem, depois de termos chorado baba e ranho a ver o 'ET', que este é um boneco e que temos de poupar a baba e o ranho para outras ocasiões. O problema é que em Portugal a ficção se confunde com a realidade. Portugal é ele próprio uma produção fictícia, provavelmente mesmo desde D. Afonso Henriques, que Deus me perdoe.
A começar pela política. Os nossos políticos são descaradamente mentirosos. Só que ninguém leva a mal porque já estamos habituados.
Aliás, em Portugal é-se penalizado por falar verdade, mesmo que seja por boas razões, o que significa que em Portugal não há boas razões para falar verdade. Se eu, num ambiente formal, disser a uma pessoa que tem uma nódoa na camisa, ela irá levar a mal. Fica ofendida se eu digo isso para a ajudar, para que possa disfarçar a nódoa e não fazer má figura. Mas ela fica zangada comigo só porque eu vi a nódoa, sabe que eu sei que tem a nódoa e porque assumi perante ela que sei que tem a nódoa e que sei que ela sabe que eu sei.
Nós, portugueses, adoramos viver enganados, iludidos e achamos normal que assim seja. Por exemplo, lemos revistas sociais e ficamos derretidos (não falo do cérebro, mas de um plano emocional) ao vermos casais felicíssimos e com vidas de sonho.
Pronto, sabemos que aquilo é tudo mentira, que muitos deles divorciam-se ao fim de três meses e que outros vivem um alcoolismo disfarçado. Mas adoramos fingir que aquilo é tudo verdade.
Somos pobres, mas vivemos como os alemães e os franceses. Somos ignorantes e culturalmente miseráveis, mas somos doutores e engenheiros. Fazemos malabarismos e contorcionismos financeiros, mas vamos passar férias a Fortaleza. Fazemos estádios caríssimos para dois ou três jogos em 15 dias, temos auto-estradas modernas e europeias, mas para ver passar, a seu lado, entulho, lixo, mato por limpar, eucaliptos, floresta queimada, barracões com chapas de zinco, casas horríveis e fábricas desactivadas.
Portugal mente compulsivamente. Mente perante si próprio e mente perante o mundo.
Claro que não é um professor que falta à vigilância de um exame por ficar preso no elevador que precisa de um atestado médico. É Portugal que precisa, antes que comece a vomitar sobre si próprio.»
Meu comentário:
Desde que nasci que sempre ouvi aquela frase-modelo, que normalmente anda na boca dos descontentes do estado da Nação: “o povo tem o que merece!”. A questão é simples: desde que a Inquisição se instalou em Portugal, por volta de 1536, com o beneplácito dos poderes seculares, que fomos perdendo aquela força anímica que tinha feito descer à rua a arraia miúda de que falava Fernão Lopes, que pôs à frente da nação a dinastia de Aviz. A partir daí, corridos quase 500 anos, e até ao dia em que caiu a ditadura salazarista, fomo-nos transformando num “povo de brandos costumes”, temente dos poderes do céu e da terra, por eles tiranizado, explorado, amachucado, espremido, e com isso fomos perdendo a capacidade de reagir. Passámos a viver, melhor, a sobreviver, tentando contornar esses poderes, coexistindo com eles de forma apagada, vivendo e deixando viver, usando a astúcia, tentando não ser molestados, e para isso era preciso adquirir poder de adaptação, recorrer a expedientes, e se necessário saber mentir, muito e bem. Desde o berço era-nos ensinado que revoltar-se, contestar ou indignar-se, era o caminho certo para arranjar problemas, ao passo que a invisibilidade e a mediocridade eram a atitude ideal para não se ser atormentado. A Revolução de Abril abriu muitas portas e janelas, arejou o país, mas também foram muitos os que rapidamente se empenharam em fechá-las, não para um regresso ao passado, mas para criar uma democracia virtual, em que, lá no fundo, continuavam a prevalecer os ancestrais moldes de comportamento social, nos quais a intrujice e os expedientes têm um papel dominante.
Em 1878 havia no país 80% de analfabetos, ao passo que hoje, 2010, o número ainda ronda os 9% , isto sem falarmos da iliteracia, isto é, pessoas que sabendo ler e escrever, habitualmente não fazem uso da leitura e da escrita. Já nem falo dos esquemas facilitistas e mirabolantes que os governos adoptam para melhorar as estatísticas e camuflar a realidade. A verdade, tal como o azeite, acaba sempre por vir à superfície, exibindo o nosso baixo grau de aptidões, isto sem falar de nível cultural. Tivesse o povo um sistema educativo bem estruturado, baseado em conhecimento e na cidadania, e minimamente adequado ao estado civilizacional do Século XXI, e os cidadãos portugueses já não comeriam gato por lebre, já não se deixariam enganar pelo primeiro político ambicioso e mal formado, seja ele engenheiro incompleto ou vendedor de unguentos, que lhe aparecesse pela frente, e já o povo não seria tão ingenuamente enganado. Não faria genuflexões perante os juízes que passam metade do mês em caçadas e tertúlias jantaristas, e que quando se sentam para redigir sentenças deviam previamente soprar no balão. De juízes que fazem passagens pela política e outras áreas (como o futebol ou a PGR), para simularem um ar de credibilidade, mas encobrindo a corrupção e outras actividades, mais ou menos controversas. Que devia haver regras tão exigentes (e para cumprir), tanto para o trabalhador como para o patrão, com este último a ser impossibilitado de declarar falência aqui, ao mesmo tempo que abre nova empresa no distrito ao lado. Que devia ser obrigatória a revelação dos rendimentos e a assinatura de uma declaração de interesses, para quem vai ocupar um lugar público, para servir a comunidade e não para dele tirar proveito, sob pena de ter que abdicar daquela função. Que as leis produzidas, fossem provadas e comprovadas, e não redigidas com tantas lacunas e escapatórias, que apenas servem para inocentar os malfeitores do costume, continuando a que não seja feita justiça, logo, incentivando ao crime. Que a justiça seja acessível, tanto ao rico como ao pobre. Que o uso e abuso da mentira, e a sua propagação, fosse duramente penalizada.
Quando a deputada Inês de Medeiros, a tal que disse que morava em Lisboa, mas que afinal tem uma casa em Paris, e o país por isso lhe paga, todas as semanas, uma viagem de avião de ida e volta, essa deputada, dizia eu, numa entrevista concedida à revista SÁBADO disse, para que todo o país a ouvisse, que “não sei se mentiu ou não mentiu, mas, se mentiu, nem acho isso muito grave”, isto referindo-se às mentiras que o primeiro-ministro tinha dito, a propósito do negócio PT/TVI (fora as outras que tem produzido, de forma continuada), acho que está tudo dito e não é necessário acrescentar mais nada. Gente desta espécie, era perfeitamente dispensável, naquele que é o lugar onde se produzem as leis que regem o país. Enquanto eles por lá andarem, num apressado vai-e-vem entre Lisboa e Paris, com eles se continuará a eleger a mentira como uma falta nada grave, quase uma virtude, e por via deles assim se vai continuando a estruturar a mentalidade e o modo de vida do português, ambas recheadas de mentiras, e destinadas a manter de rastos um país mentiroso, e o povo a continuar a ter o que merece.
Com o mesmo título do post, transcrevo o texto do professor José Ricardo Costa, publicado no jornal O TORREJANO, em 11 de Dezembro 2008.
«Imagine o meu caro que é professor, que é dia de exame do 12º ano e vai ter de fazer uma vigilância.
Continue a imaginar. O despertador avariou durante a noite. Ou fica preso no elevador. Ou o seu filho, já à porta do infantário, vomitou o quente, pastoso, húmido e fétido pequeno-almoço em cima da sua imaculada camisa.
Teve, portanto, de faltar à vigilância. Tem falta.
Ora esta coisa de um professor ficar com faltas injustificadas é complicada, por isso convém justificá-la. A questão agora é: como justificá-la?
Passemos então à parte divertida. A única justificação para o facto de ficar preso no elevador, do despertador avariar ou de não poder ir para uma sala do exame com a camisa vomitada, ababalhada e malcheirosa, é um atestado médico.
Qualquer pessoa com um pouco de bom senso percebe que quem precisa aqui do atestado médico será o despertador ou o elevador. Mas não. Só uma doença poderá justificar sua ausência na sala do exame. Vai ao médico. E, a partir deste momento, a situação deixa de ser divertida para passar a ser hilariante.
Chega-se ao médico com o ar mais saudável deste mundo. Enfim, com o sorriso de Jorge Gabriel misturado com o ar rosado do Gabriel Alves e a felicidade do padre Melícias. A partir deste momento mágico, gera-se um fenómeno que só pode ser explicado através de noções básicas da psicopatologia da vida quotidiana. Os mesmos que explicam uma hipnose colectiva em Felgueiras, o holocausto nazi ou o sucesso da TVI.
O professor sabe que não está doente. O médico sabe que ele não está doente. O presidente do executivo sabe que ele não está doente. O director regional sabe que ele não está doente. O Ministério da Educação sabe que ele não está doente.
O próprio legislador, que manda a um professor que fica preso no elevador apresentar um atestado médico, também sabe que o professor não está doente.
Ora, num país em que isto acontece, para além do despertador que não toca, do elevador parado e da camisa vomitada, é o próprio país que está doente.
Um país assim, onde a mentira é legislada, só pode mesmo ser um país doente.
Vamos lá ver, a mentira em si não é patológica. Até pode ser racional, útil e eficaz em certas ocasiões. O que já será patológico é o desejo que temos de sermos enganados ou a capacidade para fingirmos que a mentira é verdade.
Lá nesse aspecto somos um bom exemplo do que dizia Goebbels: uma mentira várias vezes repetida transforma-se numa verdade. Já Aristóteles percebia uma coisa muito engraçada: quando vamos ao teatro, vamos com o desejo e uma predisposição para sermos enganados.
Mas isso é normal. Sabemos bem, depois de termos chorado baba e ranho a ver o 'ET', que este é um boneco e que temos de poupar a baba e o ranho para outras ocasiões. O problema é que em Portugal a ficção se confunde com a realidade. Portugal é ele próprio uma produção fictícia, provavelmente mesmo desde D. Afonso Henriques, que Deus me perdoe.
A começar pela política. Os nossos políticos são descaradamente mentirosos. Só que ninguém leva a mal porque já estamos habituados.
Aliás, em Portugal é-se penalizado por falar verdade, mesmo que seja por boas razões, o que significa que em Portugal não há boas razões para falar verdade. Se eu, num ambiente formal, disser a uma pessoa que tem uma nódoa na camisa, ela irá levar a mal. Fica ofendida se eu digo isso para a ajudar, para que possa disfarçar a nódoa e não fazer má figura. Mas ela fica zangada comigo só porque eu vi a nódoa, sabe que eu sei que tem a nódoa e porque assumi perante ela que sei que tem a nódoa e que sei que ela sabe que eu sei.
Nós, portugueses, adoramos viver enganados, iludidos e achamos normal que assim seja. Por exemplo, lemos revistas sociais e ficamos derretidos (não falo do cérebro, mas de um plano emocional) ao vermos casais felicíssimos e com vidas de sonho.
Pronto, sabemos que aquilo é tudo mentira, que muitos deles divorciam-se ao fim de três meses e que outros vivem um alcoolismo disfarçado. Mas adoramos fingir que aquilo é tudo verdade.
Somos pobres, mas vivemos como os alemães e os franceses. Somos ignorantes e culturalmente miseráveis, mas somos doutores e engenheiros. Fazemos malabarismos e contorcionismos financeiros, mas vamos passar férias a Fortaleza. Fazemos estádios caríssimos para dois ou três jogos em 15 dias, temos auto-estradas modernas e europeias, mas para ver passar, a seu lado, entulho, lixo, mato por limpar, eucaliptos, floresta queimada, barracões com chapas de zinco, casas horríveis e fábricas desactivadas.
Portugal mente compulsivamente. Mente perante si próprio e mente perante o mundo.
Claro que não é um professor que falta à vigilância de um exame por ficar preso no elevador que precisa de um atestado médico. É Portugal que precisa, antes que comece a vomitar sobre si próprio.»
Meu comentário:
Desde que nasci que sempre ouvi aquela frase-modelo, que normalmente anda na boca dos descontentes do estado da Nação: “o povo tem o que merece!”. A questão é simples: desde que a Inquisição se instalou em Portugal, por volta de 1536, com o beneplácito dos poderes seculares, que fomos perdendo aquela força anímica que tinha feito descer à rua a arraia miúda de que falava Fernão Lopes, que pôs à frente da nação a dinastia de Aviz. A partir daí, corridos quase 500 anos, e até ao dia em que caiu a ditadura salazarista, fomo-nos transformando num “povo de brandos costumes”, temente dos poderes do céu e da terra, por eles tiranizado, explorado, amachucado, espremido, e com isso fomos perdendo a capacidade de reagir. Passámos a viver, melhor, a sobreviver, tentando contornar esses poderes, coexistindo com eles de forma apagada, vivendo e deixando viver, usando a astúcia, tentando não ser molestados, e para isso era preciso adquirir poder de adaptação, recorrer a expedientes, e se necessário saber mentir, muito e bem. Desde o berço era-nos ensinado que revoltar-se, contestar ou indignar-se, era o caminho certo para arranjar problemas, ao passo que a invisibilidade e a mediocridade eram a atitude ideal para não se ser atormentado. A Revolução de Abril abriu muitas portas e janelas, arejou o país, mas também foram muitos os que rapidamente se empenharam em fechá-las, não para um regresso ao passado, mas para criar uma democracia virtual, em que, lá no fundo, continuavam a prevalecer os ancestrais moldes de comportamento social, nos quais a intrujice e os expedientes têm um papel dominante.
Em 1878 havia no país 80% de analfabetos, ao passo que hoje, 2010, o número ainda ronda os 9% , isto sem falarmos da iliteracia, isto é, pessoas que sabendo ler e escrever, habitualmente não fazem uso da leitura e da escrita. Já nem falo dos esquemas facilitistas e mirabolantes que os governos adoptam para melhorar as estatísticas e camuflar a realidade. A verdade, tal como o azeite, acaba sempre por vir à superfície, exibindo o nosso baixo grau de aptidões, isto sem falar de nível cultural. Tivesse o povo um sistema educativo bem estruturado, baseado em conhecimento e na cidadania, e minimamente adequado ao estado civilizacional do Século XXI, e os cidadãos portugueses já não comeriam gato por lebre, já não se deixariam enganar pelo primeiro político ambicioso e mal formado, seja ele engenheiro incompleto ou vendedor de unguentos, que lhe aparecesse pela frente, e já o povo não seria tão ingenuamente enganado. Não faria genuflexões perante os juízes que passam metade do mês em caçadas e tertúlias jantaristas, e que quando se sentam para redigir sentenças deviam previamente soprar no balão. De juízes que fazem passagens pela política e outras áreas (como o futebol ou a PGR), para simularem um ar de credibilidade, mas encobrindo a corrupção e outras actividades, mais ou menos controversas. Que devia haver regras tão exigentes (e para cumprir), tanto para o trabalhador como para o patrão, com este último a ser impossibilitado de declarar falência aqui, ao mesmo tempo que abre nova empresa no distrito ao lado. Que devia ser obrigatória a revelação dos rendimentos e a assinatura de uma declaração de interesses, para quem vai ocupar um lugar público, para servir a comunidade e não para dele tirar proveito, sob pena de ter que abdicar daquela função. Que as leis produzidas, fossem provadas e comprovadas, e não redigidas com tantas lacunas e escapatórias, que apenas servem para inocentar os malfeitores do costume, continuando a que não seja feita justiça, logo, incentivando ao crime. Que a justiça seja acessível, tanto ao rico como ao pobre. Que o uso e abuso da mentira, e a sua propagação, fosse duramente penalizada.
Quando a deputada Inês de Medeiros, a tal que disse que morava em Lisboa, mas que afinal tem uma casa em Paris, e o país por isso lhe paga, todas as semanas, uma viagem de avião de ida e volta, essa deputada, dizia eu, numa entrevista concedida à revista SÁBADO disse, para que todo o país a ouvisse, que “não sei se mentiu ou não mentiu, mas, se mentiu, nem acho isso muito grave”, isto referindo-se às mentiras que o primeiro-ministro tinha dito, a propósito do negócio PT/TVI (fora as outras que tem produzido, de forma continuada), acho que está tudo dito e não é necessário acrescentar mais nada. Gente desta espécie, era perfeitamente dispensável, naquele que é o lugar onde se produzem as leis que regem o país. Enquanto eles por lá andarem, num apressado vai-e-vem entre Lisboa e Paris, com eles se continuará a eleger a mentira como uma falta nada grave, quase uma virtude, e por via deles assim se vai continuando a estruturar a mentalidade e o modo de vida do português, ambas recheadas de mentiras, e destinadas a manter de rastos um país mentiroso, e o povo a continuar a ter o que merece.
sábado, junho 05, 2010
Mais ou Menos Crise
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O (des)GOVERNO, para quem há 15 dias atrás, era tudo um mar de rosas, está a admitir e a fazer-nos chegar a realidade, a conta-gotas. Teixeira dos Santos já diz que Portugal está a encontrar dificuldades em se financiar, ao mesmo tempo que Passos Coelho, concertado com o caixeiro-viajante José Sócrates, até já admite que tenhamos que recorrer ao fundo europeu para crises financeiras, senão mesmo ao próprio FMI. Aliás, vai mais longe, chegando a propor que se suspendam as garantias do Código do Trabalho, criando medidas especiais, que contemplem a alteração da duração dos contratos de trabalho. Pior que isto, só nos campos de algodão da Louisiana, em pleno século XIX! Acresce que tudo isto é emoldurado pela suave, “responsável” e criativa oposição” do PSD, que aplaude as medidas de austeridade (só para alguns), e insiste em adormecer-nos com a figura do dever “patriótico” de “dar ao mão” ao país.
Enquanto isso, e argumentando com a situação de emergência e o "estado de excepção" (lembram-se da suspensão da democracia, sugerida por Manuela Ferreira Leite?), potenciado pelas dificuldades económicas, financeiras e orçamentais, Teixeira dos Santos faz uma finta legislativa e contorna a Constituição, diz que não é necessário aprovar qualquer orçamento rectificativo (essa coisa só complica), e faz aplicar os aumentos de impostos, com efeitos retroactivos, sobre todos os que vivem do seu trabalho e das reformas, dizendo enfaticamente que a medida “toca a todos”. Ah, é verdade! Ainda por cima não descarta a hipótese de vir aí mais uma dose de agravamento de impostos. Quanto ao PS, aplaude tudo isto, ruidosamente.
O resto já se adivinha como vai ser. De fora, irão continuar os mesmos de sempre, embora o Partido Comunista Português vá insistir na adopção de medidas de "equidade fiscal", tais como:
A tributação das transacções e transferências financeiras realizadas nos mercados da Euronext Lisboa e para os paraísos fiscais;
A tributação extraordinária dos patrimónios mais elevados e bens de luxo, nomeadamente prédios acima de 1,2 milhões de euros, automóveis ligeiros de valor superior a 100 mil euros e sobre a propriedade de iates e aviões particulares;
A aplicação de uma taxa de IRC de 25 por cento ao sector bancário e aos grupos económicos com mais de 50 milhões de euros de lucro, bem como a eliminação de todos os benefícios fiscais que são concedidos, em sede de IRC, aos bancos com estabelecimentos situados na Zona Franca da Madeira;
Propõe também o fim dos benefícios fiscais dos Planos de Poupança e Reforma. Enfim, tudo medidas que iriam permitir ao Estado arrecadar três mil milhões de euros de receita e poupança fiscal, porém, não recaindo sobre os contribuintes do costume, mas sim sobre alguns dos principais e grandes responsáveis pela crise.A temperatura vai subir, tanto a meteorológica como a política. Escaldados e chamuscados já nós estamos, desde aqueles que trabalham ou estão reformados, empobrecendo cada dia que passa, ou quem anda a palmilhar o calvário dos centros de emprego. Era razoável que agora chegasse a vez dos outros.
O (des)GOVERNO, para quem há 15 dias atrás, era tudo um mar de rosas, está a admitir e a fazer-nos chegar a realidade, a conta-gotas. Teixeira dos Santos já diz que Portugal está a encontrar dificuldades em se financiar, ao mesmo tempo que Passos Coelho, concertado com o caixeiro-viajante José Sócrates, até já admite que tenhamos que recorrer ao fundo europeu para crises financeiras, senão mesmo ao próprio FMI. Aliás, vai mais longe, chegando a propor que se suspendam as garantias do Código do Trabalho, criando medidas especiais, que contemplem a alteração da duração dos contratos de trabalho. Pior que isto, só nos campos de algodão da Louisiana, em pleno século XIX! Acresce que tudo isto é emoldurado pela suave, “responsável” e criativa oposição” do PSD, que aplaude as medidas de austeridade (só para alguns), e insiste em adormecer-nos com a figura do dever “patriótico” de “dar ao mão” ao país.
Enquanto isso, e argumentando com a situação de emergência e o "estado de excepção" (lembram-se da suspensão da democracia, sugerida por Manuela Ferreira Leite?), potenciado pelas dificuldades económicas, financeiras e orçamentais, Teixeira dos Santos faz uma finta legislativa e contorna a Constituição, diz que não é necessário aprovar qualquer orçamento rectificativo (essa coisa só complica), e faz aplicar os aumentos de impostos, com efeitos retroactivos, sobre todos os que vivem do seu trabalho e das reformas, dizendo enfaticamente que a medida “toca a todos”. Ah, é verdade! Ainda por cima não descarta a hipótese de vir aí mais uma dose de agravamento de impostos. Quanto ao PS, aplaude tudo isto, ruidosamente.
O resto já se adivinha como vai ser. De fora, irão continuar os mesmos de sempre, embora o Partido Comunista Português vá insistir na adopção de medidas de "equidade fiscal", tais como:
A tributação das transacções e transferências financeiras realizadas nos mercados da Euronext Lisboa e para os paraísos fiscais;
A tributação extraordinária dos patrimónios mais elevados e bens de luxo, nomeadamente prédios acima de 1,2 milhões de euros, automóveis ligeiros de valor superior a 100 mil euros e sobre a propriedade de iates e aviões particulares;
A aplicação de uma taxa de IRC de 25 por cento ao sector bancário e aos grupos económicos com mais de 50 milhões de euros de lucro, bem como a eliminação de todos os benefícios fiscais que são concedidos, em sede de IRC, aos bancos com estabelecimentos situados na Zona Franca da Madeira;
Propõe também o fim dos benefícios fiscais dos Planos de Poupança e Reforma. Enfim, tudo medidas que iriam permitir ao Estado arrecadar três mil milhões de euros de receita e poupança fiscal, porém, não recaindo sobre os contribuintes do costume, mas sim sobre alguns dos principais e grandes responsáveis pela crise.A temperatura vai subir, tanto a meteorológica como a política. Escaldados e chamuscados já nós estamos, desde aqueles que trabalham ou estão reformados, empobrecendo cada dia que passa, ou quem anda a palmilhar o calvário dos centros de emprego. Era razoável que agora chegasse a vez dos outros.
sexta-feira, junho 04, 2010
Passaram 75 anos!
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VEICULADO por um curioso sistema de publicidade comercial (ver algumas das imagens abaixo), pagava-se a si próprio o livrinho de promoção do filme A VIÚVA ALEGRE de Ernst Lubitsch (não sei se os actores receberam alguma verba por cederem os direitos de imagem), o qual era distribuído tanto à entrada como à saída do cinema S.Luís. A data de estreia em Portugal (segundo o IMDB) foi em 30 de Abril de 1935, data que coincide com a nota manuscrita por minha falecida mãe, na capa do dito livreco. Contava ela que tinha sido a primeira vez que tinha entrado num cinema, tendo-se ataviado e comportado como se tivesse sido convidada para uma cerimónia de alto gabarito. Depois disso, e a propósito de cinema, sei que viu 11 vezes o filme MÚSICA NO CORAÇÃO, de Robert Wise, sem nunca se cansar.
Título: A Viúva Alegre
Título original: The Merry Widow
Ano: 1934
Realizador: Ernst Lubitsch
Argumento: Ernest Vajda e Samson Raphaelson
Género: Musical - Comédia - Romance
Actores:
Maurice Chevalier ... Count Danilo
Jeanette MacDonald ... Madame Sonia / Fifi
Edward Everett Horton ... Ambassador Popoff
Una Merkel ... Queen Dolores
George Barbier ... King Achmet
Minna Gombell ... Marcelle
Ruth Channing ... Lulu
Sterling Holloway ... Mischka
Donald Meek ... Valet
Herman Bing ... Zizipoff
Duração:99 minutos
Cor: Preto e Branco
Formato: 1.37 : 1
Som: Mono
Estreia em Portugal em 30 de Abril de 1935
VEICULADO por um curioso sistema de publicidade comercial (ver algumas das imagens abaixo), pagava-se a si próprio o livrinho de promoção do filme A VIÚVA ALEGRE de Ernst Lubitsch (não sei se os actores receberam alguma verba por cederem os direitos de imagem), o qual era distribuído tanto à entrada como à saída do cinema S.Luís. A data de estreia em Portugal (segundo o IMDB) foi em 30 de Abril de 1935, data que coincide com a nota manuscrita por minha falecida mãe, na capa do dito livreco. Contava ela que tinha sido a primeira vez que tinha entrado num cinema, tendo-se ataviado e comportado como se tivesse sido convidada para uma cerimónia de alto gabarito. Depois disso, e a propósito de cinema, sei que viu 11 vezes o filme MÚSICA NO CORAÇÃO, de Robert Wise, sem nunca se cansar.
Título: A Viúva Alegre
Título original: The Merry Widow
Ano: 1934
Realizador: Ernst Lubitsch
Argumento: Ernest Vajda e Samson Raphaelson
Género: Musical - Comédia - Romance
Actores:
Maurice Chevalier ... Count Danilo
Jeanette MacDonald ... Madame Sonia / Fifi
Edward Everett Horton ... Ambassador Popoff
Una Merkel ... Queen Dolores
George Barbier ... King Achmet
Minna Gombell ... Marcelle
Ruth Channing ... Lulu
Sterling Holloway ... Mischka
Donald Meek ... Valet
Herman Bing ... Zizipoff
Duração:99 minutos
Cor: Preto e Branco
Formato: 1.37 : 1
Som: Mono
Estreia em Portugal em 30 de Abril de 1935
Mais ou Menos TGV
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OS PORMENORES do projecto da alta velocidade são um grande mistério que o governo mantém na penumbra (quando não no segredo dos deuses), e habituados como estamos que a realidade supere largamente a ficção, tudo pode estar a acontecer. O problema já não está em fazer ou não fazer. A preocupação actual (do governo), e não só relativamente ao TGV, está em recuar nas promessas, de forma contida e sustentada, deixando para trás as que foram feitas em 2009, as que já vêm de 2005, e assim sucessivamente, num recuo sem fim, até se esgotarem os culpados, as desculpas e a memória dos eleitores.
O TGV é um caso paradigmático. Se houvesse dinheiro com fartura, haveria, como sempre houve, projectos mal avaliados, mal conduzidos, e o resultado final seriam sempre as colossais derrapagens nos custos, cuja tradução seria haver mais umas quantas carteiras recheadas, para os amigos de sempre, e outros tantos bolsos vazios para as vítimas do costume. No entanto, a música agora é outra, e como a Espanha está metida de permeio, e não está disposta a dançar a rumba, a coisa vai ter outro desfecho, com notícias de adiamentos divulgados aos solavancos, onde não se exclui a hipótese de tanto Portugal como Espanha estarem a efectuar recuos tácticos e concertados no avanço do projecto do TGV, para não perderem a face perante as opiniões públicas de ambos os países. Tudo porque os financiadores, cá e lá, começaram a reequacionar o seu envolvimento nas obras e não estão dispostos a perder dinheiro (era o que faltava!). Em Portugal, o BPI já se retirou do consórcio, e vejo isso como um sintoma de precaução.
Também sabemos que se a direita apadrinha um adiamento, não deve ser por boas, generosas e descomprometidas razões. Ela sabe que enquanto o pau vai e vem, folgam as costas, até ao momento da sua chegada ao poder, e então sim, porque a pressão talvez tenha aliviado, estará na altura de mudar de financiadores e executores da obra, recolhendo assim os proveitos políticos de ter levado a cabo o feito.
Chama-se a isto a alternância de poder, dos habituais partidos do arco do poder (PS e PSD), com resultados imprevisíveis, que nunca se sabe onde irão parar. Andamos a fazer exercícios de equilibrismo no gume da navalha, mas poucos estão dispostos a dar o necessário passo em frente. Eles sabem que o povo, mais ou menos convencido, mais ou menos enganado, com mais ou menos conversa, será sempre a rede que atenuará as quedas desastrosas, de quem vai andando pelos corredores do poder.
OS PORMENORES do projecto da alta velocidade são um grande mistério que o governo mantém na penumbra (quando não no segredo dos deuses), e habituados como estamos que a realidade supere largamente a ficção, tudo pode estar a acontecer. O problema já não está em fazer ou não fazer. A preocupação actual (do governo), e não só relativamente ao TGV, está em recuar nas promessas, de forma contida e sustentada, deixando para trás as que foram feitas em 2009, as que já vêm de 2005, e assim sucessivamente, num recuo sem fim, até se esgotarem os culpados, as desculpas e a memória dos eleitores.
O TGV é um caso paradigmático. Se houvesse dinheiro com fartura, haveria, como sempre houve, projectos mal avaliados, mal conduzidos, e o resultado final seriam sempre as colossais derrapagens nos custos, cuja tradução seria haver mais umas quantas carteiras recheadas, para os amigos de sempre, e outros tantos bolsos vazios para as vítimas do costume. No entanto, a música agora é outra, e como a Espanha está metida de permeio, e não está disposta a dançar a rumba, a coisa vai ter outro desfecho, com notícias de adiamentos divulgados aos solavancos, onde não se exclui a hipótese de tanto Portugal como Espanha estarem a efectuar recuos tácticos e concertados no avanço do projecto do TGV, para não perderem a face perante as opiniões públicas de ambos os países. Tudo porque os financiadores, cá e lá, começaram a reequacionar o seu envolvimento nas obras e não estão dispostos a perder dinheiro (era o que faltava!). Em Portugal, o BPI já se retirou do consórcio, e vejo isso como um sintoma de precaução.
Também sabemos que se a direita apadrinha um adiamento, não deve ser por boas, generosas e descomprometidas razões. Ela sabe que enquanto o pau vai e vem, folgam as costas, até ao momento da sua chegada ao poder, e então sim, porque a pressão talvez tenha aliviado, estará na altura de mudar de financiadores e executores da obra, recolhendo assim os proveitos políticos de ter levado a cabo o feito.
Chama-se a isto a alternância de poder, dos habituais partidos do arco do poder (PS e PSD), com resultados imprevisíveis, que nunca se sabe onde irão parar. Andamos a fazer exercícios de equilibrismo no gume da navalha, mas poucos estão dispostos a dar o necessário passo em frente. Eles sabem que o povo, mais ou menos convencido, mais ou menos enganado, com mais ou menos conversa, será sempre a rede que atenuará as quedas desastrosas, de quem vai andando pelos corredores do poder.
quinta-feira, junho 03, 2010
Ventos e Casamentos
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DESTA vez, de Espanha, os ventos que sopram, deixam tudo enevoado. Sabe-se agora que o país vizinho, também a braços com a sua aguda crise económica e um complexo plano de austeridade pela frente, decidiu atrasar, por tempo indeterminado, os procedimentos para a construção de um dos troços da linha de TGV, que faz a ligação de Lisboa a Madrid. Assim sendo, o TGV português passou a ter 2 versões:
Na primeira versão, se bem se lembram, o nosso pitoresco ministro António Mendonça, garantiu que a ligação de TGV iria servir para os madrilenos virem passar os fins-de-semana às praias da região de Lisboa;
Agora, nesta segunda versão, o troço português do TGV só vai servir para os portugueses irem comprar caramelos à fronteira espanhola, isto se ainda houver portugueses com dinheiro para comprar caramelos e o bilhete de regresso.
Na expectativa, fico a aguardar pela terceira versão.
quarta-feira, junho 02, 2010
Páginas em Branco
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Transcrição do post de João Eduardo Severino em 2.6.10 publicado no blog PAU PARA TODA A OBRA, em http://pauparatodaaobra.blogspot.com/2010/06/escandalo-nacional.html#links
«Esta vocês não acreditam. Mas, podem ficar certos que é autêntica. Deixou-me chocado e considero esta notícia como um escândalo nacional, à qual o governo português terá de tomar medidas.
Desloquei-me à Biblioteca Nacional a fim de fotocopiar uma portaria publicada no Boletim Oficial de Macau de 1988. Ao fim de 45 minutos de esperar, e por minha insistência, comunicaram-me que não existiam nos arquivos NACIONAIS os Boletins Oficiais de Macau de vários anos e de 1988 só existia o do mês de Junho. E mesmo assim, o espólio referente ao mês de Junho apenas contém o referente a alguns dias. Isto é uma vergonha. Macau que usufruiu de milhares de milhões de patacas para todos os gastos não encontrou verbas para cumprir a obrigatoriedade de enviar todas as publicações do território sob administração portuguesa para os Arquivos Nacionais.
Em face do exposto, vou dar conhecimento ao Presidente da República, primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros.»
Meu comentário: Eu subscrevo o seu pedido de explicações. As Nações também se avaliam pela forma como tratam e preservam os seus arquivos documentais, pois eles, pelo seu indiscutível valor, fazem parte do património histórico e cultural, melhor, da memória colectiva, não só dessas Nações, mas também da Humanidade.
Seja por negligência, incompetência ou outra razão qualquer, mal vai Portugal (e isso já não é novidade) se aqueles arquivos forem dados como perdidos, deixando a História de Portugal ferida de um hiato indesculpável.
Transcrição do post de João Eduardo Severino em 2.6.10 publicado no blog PAU PARA TODA A OBRA, em http://pauparatodaaobra.blogspot.com/2010/06/escandalo-nacional.html#links
«Esta vocês não acreditam. Mas, podem ficar certos que é autêntica. Deixou-me chocado e considero esta notícia como um escândalo nacional, à qual o governo português terá de tomar medidas.
Desloquei-me à Biblioteca Nacional a fim de fotocopiar uma portaria publicada no Boletim Oficial de Macau de 1988. Ao fim de 45 minutos de esperar, e por minha insistência, comunicaram-me que não existiam nos arquivos NACIONAIS os Boletins Oficiais de Macau de vários anos e de 1988 só existia o do mês de Junho. E mesmo assim, o espólio referente ao mês de Junho apenas contém o referente a alguns dias. Isto é uma vergonha. Macau que usufruiu de milhares de milhões de patacas para todos os gastos não encontrou verbas para cumprir a obrigatoriedade de enviar todas as publicações do território sob administração portuguesa para os Arquivos Nacionais.
Em face do exposto, vou dar conhecimento ao Presidente da República, primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros.»
Meu comentário: Eu subscrevo o seu pedido de explicações. As Nações também se avaliam pela forma como tratam e preservam os seus arquivos documentais, pois eles, pelo seu indiscutível valor, fazem parte do património histórico e cultural, melhor, da memória colectiva, não só dessas Nações, mas também da Humanidade.
Seja por negligência, incompetência ou outra razão qualquer, mal vai Portugal (e isso já não é novidade) se aqueles arquivos forem dados como perdidos, deixando a História de Portugal ferida de um hiato indesculpável.
Maus Actores e Condutores Suicidas
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O EUROSTAT diz que o desemprego em Portugal já vai em 10,8%, ao passo que o intraduzível secretário de estado do trabalho Valter Lemos (que também já foi da educação, no tempo da Milu Rodrigues, lembram-se?), diz que não, que o Eurostat está mal informado, que lá fora fizeram mal as contas, que "nós" é que sabemos, e que a "coisa" até está a descer e promete descomplicar-se. Entenda-se que esta criatura, apesar de também não ser forte em aritmética, apenas está a cumprir as ordens da sua ministra, uma senhora duplamente frustada (nunca será conhecida, nem como ministra nem como sindicalista) de seu nome Helena André, que há uns dias atrás veio dizer outras tantas barbaridades, a propósito do estado em que se encontra o mundo do trabalho, numa alocução de resposta imediata, na sequência da manifestação da CGTP Intersindical do dia 29 de Maio.
Estes “funcionários”, para responderem às perguntas incómodas dos jornalistas, costumam exibir dois comportamentos distintos: umas vezes, antes de abrirem a boca e alinhavarem algumas mentirolas e baboseiras, posicionam-se numa atitude de expectativa, como quem diz, "vamos lá a ver se consigo enganar mais estes!", outras vezes, estão mesmo convictos daquilo que dizem. Os primeiros já sabemos que são maus actores a fazerem o papel de paus-mandados; quantos aos segundos, como muito acertadamente observou há dias Joaquim Letria, parecem aqueles velhinhos que se metem pelas auto estradas em contra-mão, a gritarem que os outros é que vêm ao contrário. Já agora podiam suicidar-se sozinhos, evitando arrastar com eles todo o país.
O EUROSTAT diz que o desemprego em Portugal já vai em 10,8%, ao passo que o intraduzível secretário de estado do trabalho Valter Lemos (que também já foi da educação, no tempo da Milu Rodrigues, lembram-se?), diz que não, que o Eurostat está mal informado, que lá fora fizeram mal as contas, que "nós" é que sabemos, e que a "coisa" até está a descer e promete descomplicar-se. Entenda-se que esta criatura, apesar de também não ser forte em aritmética, apenas está a cumprir as ordens da sua ministra, uma senhora duplamente frustada (nunca será conhecida, nem como ministra nem como sindicalista) de seu nome Helena André, que há uns dias atrás veio dizer outras tantas barbaridades, a propósito do estado em que se encontra o mundo do trabalho, numa alocução de resposta imediata, na sequência da manifestação da CGTP Intersindical do dia 29 de Maio.
Estes “funcionários”, para responderem às perguntas incómodas dos jornalistas, costumam exibir dois comportamentos distintos: umas vezes, antes de abrirem a boca e alinhavarem algumas mentirolas e baboseiras, posicionam-se numa atitude de expectativa, como quem diz, "vamos lá a ver se consigo enganar mais estes!", outras vezes, estão mesmo convictos daquilo que dizem. Os primeiros já sabemos que são maus actores a fazerem o papel de paus-mandados; quantos aos segundos, como muito acertadamente observou há dias Joaquim Letria, parecem aqueles velhinhos que se metem pelas auto estradas em contra-mão, a gritarem que os outros é que vêm ao contrário. Já agora podiam suicidar-se sozinhos, evitando arrastar com eles todo o país.
terça-feira, junho 01, 2010
Israel, Estado Neo-Nazi
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AS FORÇAS israelitas atacaram, em águas internacionais, uma pequena frota de navios turcos que levava ajuda humanitária à Faixa de Gaza, sob bloqueio sionista, fazendo 10 mortos e 29 feridos entre os perto de 600 activistas que seguiam a bordo. Entre os passageiros estavam o escritor sueco Henning Mankell e a Nobel da Paz irlandesa Mariead Corrigan-Maguire, bem como deputados europeus e jornalistas.
Há grandes protestos por parte de muitos países, da própria O.N.U., que reuniu o Conselho de Segurança a pedido da Turquia (que até é membro da NATO), e onde se esboça um documento que condena tal actuação, típica do terrorismo de estado, mas Israel não dá grande importância a isso, pois Israel continuará a fazer aquilo que os outros permitem que ele faça. Aliás, sempre foi assim, de há 62 anos para cá, desde a controversa e conflituosa formação do país. As resoluções da O.N.U. e as reacções internacionais nunca passaram de retórica, de palavras, que esbarram na sua indiferença e não impedem que Israel continue a comportar-se como um estado expansionista, insolente, agressor e genocida, que aplica em relação ao povo palestiniano, as mesmas técnicas que Adolf Hitler empregou no Holocausto: o extermínio.
Há grandes protestos por parte de muitos países, da própria O.N.U., que reuniu o Conselho de Segurança a pedido da Turquia (que até é membro da NATO), e onde se esboça um documento que condena tal actuação, típica do terrorismo de estado, mas Israel não dá grande importância a isso, pois Israel continuará a fazer aquilo que os outros permitem que ele faça. Aliás, sempre foi assim, de há 62 anos para cá, desde a controversa e conflituosa formação do país. As resoluções da O.N.U. e as reacções internacionais nunca passaram de retórica, de palavras, que esbarram na sua indiferença e não impedem que Israel continue a comportar-se como um estado expansionista, insolente, agressor e genocida, que aplica em relação ao povo palestiniano, as mesmas técnicas que Adolf Hitler empregou no Holocausto: o extermínio.
segunda-feira, maio 31, 2010
Coisas Que Não Percebo
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VOLTEMOS à questão da aprovação ou não (porque não o adiamento?) do arranque do projecto do TGV.
O interesse do PS (partido Sócrates) percebo; são as grandes construtoras, os grandes negócios e os grandes amigos a quem se deve dar uma mão e não faltar ao prometido.
Os interesses do PCP, do BE e do PEV não percebo; aliás, o Partido Comunista Português, além do envolvimento de substancial mão-de-obra, a que não há ninguém que não seja sensível, o que atenuaria a actual situação de desemprego, colocou três exigências para concordar com a aprovação do projecto, a saber:
1) A defesa e modernização da rede ferroviária nacional;
2) Que o investimento fosse público;
3) Que houvesse significativa incorporação da produção nacional no projecto.
Quanto à modernização da rede ferroviária nacional, o que se tem assistido nos últimos tempos, é a uma política de desinvestimento e descontinuação de certos troços, por parte da Refer, isto para não falar na extravagância que é a prometida linha de TGV (em bitola europeia) não contemplar o transporte de mercadorias, e para esse efeito ir ser construída uma linha paralela à do TGV, esta em bitola ibérica.
No aspecto do investimento ser público, o que tem sido divulgado é a existência de um consórcio constituído por uma constelação de entidades predominantemente privadas, tais como, Soares da Costa, Brisa (Grupo Mello), Grupo Lena, Edifer, Alves Ribeiro, Zagobe, BES, CGD, BCP, banco Invest, Vinci , Somague, Teixeira Duarte, etc, o que sugere que o lucro será privado, e que tendencialmente, havendo prejuízos, como é habitual, acabem por vir desaguar ao domínio público.
No capítulo da incorporação da indústria nacional, diz quem sabe que a percentagem será insignificante ou mesmo nula, tanto mais que o material circulante (e não só) será totalmente importado.
Quanto à mão-de-obra, isto é, o contributo para o aumento do emprego, não será coisa significativa, na medida em que as grandes construtoras actuam em regime de subcontratação com outras empresas do sector, onde predomina a mão-de-obra imigrante e estrangeira, e que, particularmente neste caso, será essencialmente temporária. Não é que essa mão-de-obra não tenha direito ao trabalho, mas não convém confundir as coisas. Entretanto, benefícios e retorno do investimento, se os houver, apenas ocorrerão a médio ou longo prazo.
As exigências do PCP não tiveram eco por parte do governo. Apesar disso o PCP votou a favor da continuação do projecto, nos moldes apresentados pelo governo. Assim sendo, não creio que tenham sido devidamente acautelados os interesses nacionais, nem pesadas as vantagens e os inconvenientes de tal projecto, pois o seu impacto para a recuperação económica do país, tanto pela natureza dos envolvimentos como pelos recursos investidos, não têm comparação com o que foi feito nos E.U.A., como resposta do New Deal de Franklin Delano Roosevelt, à depressão de 1930. Numa abordagem simples do caso TGV, parece-me que são maiores os inconvenientes do que as vantagens, logo continuo sem perceber o porquê e com que fundamento o PCP votou contra a proposta de adiamento do projecto.
Esta minha opinião é condicionada pela circunstância da existência da actual crise, muito embora seja adepto do investimento público, levado a cabo segundo uma rigorosa escala de prioridades, e considere que Portugal não pode nem deve ficar de fora da rede europeia de alta velocidade (apenas deve adiar o projecto), sob pena de se tornar mais periférico do que já é. Sempre fui adepto da frase de Aníbal, general cartaginês, que quando confrontado com a travessia dos Alpes, para invadir a Itália, terá dito: «É preciso encontrar um caminho! Se não houver, temos que abrir um!». Mesmo que esse caminho seja longo e difícil, acrescento eu.
VOLTEMOS à questão da aprovação ou não (porque não o adiamento?) do arranque do projecto do TGV.
O interesse do PS (partido Sócrates) percebo; são as grandes construtoras, os grandes negócios e os grandes amigos a quem se deve dar uma mão e não faltar ao prometido.
Os interesses do PCP, do BE e do PEV não percebo; aliás, o Partido Comunista Português, além do envolvimento de substancial mão-de-obra, a que não há ninguém que não seja sensível, o que atenuaria a actual situação de desemprego, colocou três exigências para concordar com a aprovação do projecto, a saber:
1) A defesa e modernização da rede ferroviária nacional;
2) Que o investimento fosse público;
3) Que houvesse significativa incorporação da produção nacional no projecto.
Quanto à modernização da rede ferroviária nacional, o que se tem assistido nos últimos tempos, é a uma política de desinvestimento e descontinuação de certos troços, por parte da Refer, isto para não falar na extravagância que é a prometida linha de TGV (em bitola europeia) não contemplar o transporte de mercadorias, e para esse efeito ir ser construída uma linha paralela à do TGV, esta em bitola ibérica.
No aspecto do investimento ser público, o que tem sido divulgado é a existência de um consórcio constituído por uma constelação de entidades predominantemente privadas, tais como, Soares da Costa, Brisa (Grupo Mello), Grupo Lena, Edifer, Alves Ribeiro, Zagobe, BES, CGD, BCP, banco Invest, Vinci , Somague, Teixeira Duarte, etc, o que sugere que o lucro será privado, e que tendencialmente, havendo prejuízos, como é habitual, acabem por vir desaguar ao domínio público.
No capítulo da incorporação da indústria nacional, diz quem sabe que a percentagem será insignificante ou mesmo nula, tanto mais que o material circulante (e não só) será totalmente importado.
Quanto à mão-de-obra, isto é, o contributo para o aumento do emprego, não será coisa significativa, na medida em que as grandes construtoras actuam em regime de subcontratação com outras empresas do sector, onde predomina a mão-de-obra imigrante e estrangeira, e que, particularmente neste caso, será essencialmente temporária. Não é que essa mão-de-obra não tenha direito ao trabalho, mas não convém confundir as coisas. Entretanto, benefícios e retorno do investimento, se os houver, apenas ocorrerão a médio ou longo prazo.
As exigências do PCP não tiveram eco por parte do governo. Apesar disso o PCP votou a favor da continuação do projecto, nos moldes apresentados pelo governo. Assim sendo, não creio que tenham sido devidamente acautelados os interesses nacionais, nem pesadas as vantagens e os inconvenientes de tal projecto, pois o seu impacto para a recuperação económica do país, tanto pela natureza dos envolvimentos como pelos recursos investidos, não têm comparação com o que foi feito nos E.U.A., como resposta do New Deal de Franklin Delano Roosevelt, à depressão de 1930. Numa abordagem simples do caso TGV, parece-me que são maiores os inconvenientes do que as vantagens, logo continuo sem perceber o porquê e com que fundamento o PCP votou contra a proposta de adiamento do projecto.
Esta minha opinião é condicionada pela circunstância da existência da actual crise, muito embora seja adepto do investimento público, levado a cabo segundo uma rigorosa escala de prioridades, e considere que Portugal não pode nem deve ficar de fora da rede europeia de alta velocidade (apenas deve adiar o projecto), sob pena de se tornar mais periférico do que já é. Sempre fui adepto da frase de Aníbal, general cartaginês, que quando confrontado com a travessia dos Alpes, para invadir a Itália, terá dito: «É preciso encontrar um caminho! Se não houver, temos que abrir um!». Mesmo que esse caminho seja longo e difícil, acrescento eu.
domingo, maio 30, 2010
Um Tosco!
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«Sócrates foi tomar um café a casa do músico. A pedido deste, disse o seu gabinete. Chico Buarque desmentiu-o categoricamente. "Foi o vosso ministro quem pediu o encontro. Nem faria muito sentido eu pedir um encontro e o primeiro-ministro vir ter à minha casa". (…) No dia antes, de resto, o meio cultural brasileiro foi motivo para uma desventura. Estava marcado, também no Rio, um jantar no consulado com 35 personalidades da vida cultural da cidade. Mas, nesse dia, José Sócrates não esteve para tanto. Deu ordem para reduzir o jantar ao mínimo, deslocou-o para um restaurante italiano da moda (também em Ipanema) e causou um embaraço ao cônsul português obrigado a desconvidar personalidades como a actriz Marília Pera, o ex-campeão do mundo de futebol Zico e, sobretudo, o ex-ministro e cantor Caetano Veloso. (...)».
Estes episódios narrados pelo DIÁRIO DE NOTÍCIAS de 30 de Maio de 2010, provam bem que José Sócrates, engenheiro incompleto, ávido de protagonismo, fraco em matéria de cultura e também péssimo aluno em etiqueta e boas maneiras, nem sequer consegue representar Portugal condignamente, nas deslocações que faz ao estrangeiro. Enfim, um trambolho, um tosco!
«Sócrates foi tomar um café a casa do músico. A pedido deste, disse o seu gabinete. Chico Buarque desmentiu-o categoricamente. "Foi o vosso ministro quem pediu o encontro. Nem faria muito sentido eu pedir um encontro e o primeiro-ministro vir ter à minha casa". (…) No dia antes, de resto, o meio cultural brasileiro foi motivo para uma desventura. Estava marcado, também no Rio, um jantar no consulado com 35 personalidades da vida cultural da cidade. Mas, nesse dia, José Sócrates não esteve para tanto. Deu ordem para reduzir o jantar ao mínimo, deslocou-o para um restaurante italiano da moda (também em Ipanema) e causou um embaraço ao cônsul português obrigado a desconvidar personalidades como a actriz Marília Pera, o ex-campeão do mundo de futebol Zico e, sobretudo, o ex-ministro e cantor Caetano Veloso. (...)».
Estes episódios narrados pelo DIÁRIO DE NOTÍCIAS de 30 de Maio de 2010, provam bem que José Sócrates, engenheiro incompleto, ávido de protagonismo, fraco em matéria de cultura e também péssimo aluno em etiqueta e boas maneiras, nem sequer consegue representar Portugal condignamente, nas deslocações que faz ao estrangeiro. Enfim, um trambolho, um tosco!
O Apagador como Solução
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«"O Conselho de Ministros de 27 de Maio aprovou um diploma que visa regular a eliminação de algumas medidas que tinham sido adoptadas transitoriamente no auge da crise económica internacional". É assim que se anuncia, no portal do governo, a eliminação de vários apoios sociais.
Reparem que foi no "auge da crise económica internacional" que as medidas agora eliminadas foram decididas. Das duas uma: ou tudo que temos ouvido resulta de um delírio colectivo ou há um estádio depois do auge que nós desconhecemos. E que tem como principal característica dispensar, apesar de ser mais grave, qualquer tipo de medidas.
Entre várias mediadas extintas, todas relativas ao apoio aos desempregados, acaba-se com a majoração de dez por cento no subsídio de desemprego para agregados desempregados com crianças a cargo. Todos temos de fazer sacrifícios e é de pequenino que se torce o pepino.
Como os números do desemprego ainda não são suficientemente consistentes, acaba-se com o programa qualificação-emprego, com a redução de três por cento da taxa social única para as pequenas empresas que empreguem trabalhadores com mais de 45 anos, com o programa de incentivo ao emprego de jovens licenciados e com a linha bonificada de apoio à criação de empresas por desempregados.
Quando o governo quer reduzir despesas sociais e no momento em que o desemprego aumenta, nada parece mais adequado do que acabar com todos os incentivos à criação de emprego. Serão, assim, ainda mais os candidatos ao subsídio de desemprego e menos os trabalhadores a contribuir com os seus impostos para os pagar.
Já se percebeu que ninguém está a pensar no que anda a fazer. Perante a enfermidade o governo já só trata da extrema-unção. Quando for o velório o serviço estará completo.
Só o facto do governo anunciar que vai acabar com as medidas anti-crise para fazer frente à crise deveria chegar para se perceber ao absurdo a que chegámos. O suicídio assistido passou a ser política de Estado.»
Artigo de Daniel Oliveira, publicado no EXPRESSO on-line em Sexta-feira, 28 de Maio de 2010. O título do post é de minha autoria.
Meu comentário: Até parece que o governo e o PS (partido Sócrates) estão apostados em pôr tudo de rastos, antes de se dissolverem no meio do caos, e como se esse caos não tivesse nada a ver com eles.
«"O Conselho de Ministros de 27 de Maio aprovou um diploma que visa regular a eliminação de algumas medidas que tinham sido adoptadas transitoriamente no auge da crise económica internacional". É assim que se anuncia, no portal do governo, a eliminação de vários apoios sociais.
Reparem que foi no "auge da crise económica internacional" que as medidas agora eliminadas foram decididas. Das duas uma: ou tudo que temos ouvido resulta de um delírio colectivo ou há um estádio depois do auge que nós desconhecemos. E que tem como principal característica dispensar, apesar de ser mais grave, qualquer tipo de medidas.
Entre várias mediadas extintas, todas relativas ao apoio aos desempregados, acaba-se com a majoração de dez por cento no subsídio de desemprego para agregados desempregados com crianças a cargo. Todos temos de fazer sacrifícios e é de pequenino que se torce o pepino.
Como os números do desemprego ainda não são suficientemente consistentes, acaba-se com o programa qualificação-emprego, com a redução de três por cento da taxa social única para as pequenas empresas que empreguem trabalhadores com mais de 45 anos, com o programa de incentivo ao emprego de jovens licenciados e com a linha bonificada de apoio à criação de empresas por desempregados.
Quando o governo quer reduzir despesas sociais e no momento em que o desemprego aumenta, nada parece mais adequado do que acabar com todos os incentivos à criação de emprego. Serão, assim, ainda mais os candidatos ao subsídio de desemprego e menos os trabalhadores a contribuir com os seus impostos para os pagar.
Já se percebeu que ninguém está a pensar no que anda a fazer. Perante a enfermidade o governo já só trata da extrema-unção. Quando for o velório o serviço estará completo.
Só o facto do governo anunciar que vai acabar com as medidas anti-crise para fazer frente à crise deveria chegar para se perceber ao absurdo a que chegámos. O suicídio assistido passou a ser política de Estado.»
Artigo de Daniel Oliveira, publicado no EXPRESSO on-line em Sexta-feira, 28 de Maio de 2010. O título do post é de minha autoria.
Meu comentário: Até parece que o governo e o PS (partido Sócrates) estão apostados em pôr tudo de rastos, antes de se dissolverem no meio do caos, e como se esse caos não tivesse nada a ver com eles.
sábado, maio 29, 2010
Pouca Vergonha
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QUANDO a multidão ainda não tinha dispersado da Praça dos Restauradores, a ministra do Trabalho, de sua graça Helena André, em instantânea resposta à manifestação da CGTP Intersindical que juntou 300.000 portugueses, contestando as medidas de austeridade que penalizam, particularmente, o mundo trabalho e os desempregados, teve o arrojo de afirmar que a redução ou extinção do apoio aos desempregados, não são medidas que ponham em causa a coesão social, e que “é preciso haver mais consertação e menos contestação”, quando toda a gente já sabe que consertação apenas existe, com sorrisos e salamaleques, entre o governo e as associações patronais, com a União Geral de Trabalhadores (UGT) (de cujos quadros é oriunda este rascunho de ministra) a fazer vista grossa e a assobiar para o lado, como se nada estivesse a passar-se.
QUANDO a multidão ainda não tinha dispersado da Praça dos Restauradores, a ministra do Trabalho, de sua graça Helena André, em instantânea resposta à manifestação da CGTP Intersindical que juntou 300.000 portugueses, contestando as medidas de austeridade que penalizam, particularmente, o mundo trabalho e os desempregados, teve o arrojo de afirmar que a redução ou extinção do apoio aos desempregados, não são medidas que ponham em causa a coesão social, e que “é preciso haver mais consertação e menos contestação”, quando toda a gente já sabe que consertação apenas existe, com sorrisos e salamaleques, entre o governo e as associações patronais, com a União Geral de Trabalhadores (UGT) (de cujos quadros é oriunda este rascunho de ministra) a fazer vista grossa e a assobiar para o lado, como se nada estivesse a passar-se.
"Notícias da crise"
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«Não pago muitos impostos (pago apenas um pouco mais do que a banca, em percentagem algo como o dobro), mas tenho o gosto das inutilidades e tento-me às vezes a seguir saudosamente o rasto dos meus descontos através do tortuoso mundo da despesa pública.
Foi assim que descobri na estimada II Série do DR os despachos nºs. 8346, 8347, 8348, 8349, 8350, 8351, 8352, 8353, 8354, 8355, 8356 e 8357 da Secretaria-geral da Presidência do Conselho de Ministros requisitando 12 motoristas para o Gabinete do Primeiro-Ministro. Todos faziam já parte do selecto e felizardo grupo dos portugueses com emprego (na Deloitte & Touche, nos Bombeiros de Colares, no Sindicato dos Trabalhadores de Escritório, Comércio, Hotelaria e Serviços, na PSP e na Carris), e gostei de saber que os meus impostos servem para recompensar o mérito e não para dar trabalho a madraços desempregados. Ou, como fez o pelintra governo francês (7,5% de défice; Portugal tem 9,4%), para obrigar os ministros a guiar utilitários e andar de táxi ou a decorar os gabinetes com flores de plástico por serem mais baratas e durarem mais que as naturais.»
Artigo de Manuel António Pina, com o mesmo título do post, publicado no JORNAL DE NOTÍCIAS de 27 de Maio de 2010
«Não pago muitos impostos (pago apenas um pouco mais do que a banca, em percentagem algo como o dobro), mas tenho o gosto das inutilidades e tento-me às vezes a seguir saudosamente o rasto dos meus descontos através do tortuoso mundo da despesa pública.
Foi assim que descobri na estimada II Série do DR os despachos nºs. 8346, 8347, 8348, 8349, 8350, 8351, 8352, 8353, 8354, 8355, 8356 e 8357 da Secretaria-geral da Presidência do Conselho de Ministros requisitando 12 motoristas para o Gabinete do Primeiro-Ministro. Todos faziam já parte do selecto e felizardo grupo dos portugueses com emprego (na Deloitte & Touche, nos Bombeiros de Colares, no Sindicato dos Trabalhadores de Escritório, Comércio, Hotelaria e Serviços, na PSP e na Carris), e gostei de saber que os meus impostos servem para recompensar o mérito e não para dar trabalho a madraços desempregados. Ou, como fez o pelintra governo francês (7,5% de défice; Portugal tem 9,4%), para obrigar os ministros a guiar utilitários e andar de táxi ou a decorar os gabinetes com flores de plástico por serem mais baratas e durarem mais que as naturais.»
Artigo de Manuel António Pina, com o mesmo título do post, publicado no JORNAL DE NOTÍCIAS de 27 de Maio de 2010
sexta-feira, maio 28, 2010
O Possível Poeta-Presidente
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COM O APOIO vagaroso e quase contrafeito (para não lhe chamar encavacado) do PS (partido Sócrates), o vigor inicial e os objectivos da candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República, estão-se a esvaziar. Provavelmente, os votos que ele supõe ir ganhar com a acanhada adesão do PS, não vão compensar os que ele vai perder, entre o seu potencial milhão de apoiantes de há quatro anos atrás. A verdade é que, depois de o PS se ter deixado iludir e sufocar por Sócrates, ao ponto de quase ter perdido a sua matriz e identidade, Alegre continuou a reclamar, melhor, a mendigar o seu apoio. Ora, se não conseguiu ganhar fôlego, avocar e unir o PS, com a sua eloquência de fundador, como é que vai convencer o país de que é, mais uma vez, o candidato ideal para derrotar a direita e renovar a vida política?
Quanto ao Bloco de Esquerda (BE) é provável que já esteja a maldizer o dia em que correu a antecipar-se no apoio ao poeta, mesmo antes de ele se declarar oficialmente candidato. Isto só vem provar que as decisões apressadas, fruto de algum entusiasmo juvenil, correm o risco de se esgotarem antes do fim, seja porque as intenções do outro lado, não passaram de meras aspirações ou teimosias pessoais, ou porque foram arruinadas com posteriores acordos oportunistas e conjunturais.
Já o ancião Mário Soares, com larga e calejada experiência em traições à esquerda (apoio à candidatura do Gen.Soares Carneiro em 1980, por exemplo!) e especialista em cultivar ódios e antipatias pessoais, como já se previa, disse que vai decidir pela sua "consciência" e que não apoiará Alegre (era o que faltava!).
Entretanto, Aníbal Cavaco Silva, lá vai aparecendo em público, dia sim, dia não, fazendo de conta que está muito preocupado com o estado do país, a aconselhar moderação e caldos de galinha, e em privado a deixar que os outros, alegre(mente), lhe desimpeçam o caminho, rumo à segunda estadia em Belém.
COM O APOIO vagaroso e quase contrafeito (para não lhe chamar encavacado) do PS (partido Sócrates), o vigor inicial e os objectivos da candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República, estão-se a esvaziar. Provavelmente, os votos que ele supõe ir ganhar com a acanhada adesão do PS, não vão compensar os que ele vai perder, entre o seu potencial milhão de apoiantes de há quatro anos atrás. A verdade é que, depois de o PS se ter deixado iludir e sufocar por Sócrates, ao ponto de quase ter perdido a sua matriz e identidade, Alegre continuou a reclamar, melhor, a mendigar o seu apoio. Ora, se não conseguiu ganhar fôlego, avocar e unir o PS, com a sua eloquência de fundador, como é que vai convencer o país de que é, mais uma vez, o candidato ideal para derrotar a direita e renovar a vida política?
Quanto ao Bloco de Esquerda (BE) é provável que já esteja a maldizer o dia em que correu a antecipar-se no apoio ao poeta, mesmo antes de ele se declarar oficialmente candidato. Isto só vem provar que as decisões apressadas, fruto de algum entusiasmo juvenil, correm o risco de se esgotarem antes do fim, seja porque as intenções do outro lado, não passaram de meras aspirações ou teimosias pessoais, ou porque foram arruinadas com posteriores acordos oportunistas e conjunturais.
Já o ancião Mário Soares, com larga e calejada experiência em traições à esquerda (apoio à candidatura do Gen.Soares Carneiro em 1980, por exemplo!) e especialista em cultivar ódios e antipatias pessoais, como já se previa, disse que vai decidir pela sua "consciência" e que não apoiará Alegre (era o que faltava!).
Entretanto, Aníbal Cavaco Silva, lá vai aparecendo em público, dia sim, dia não, fazendo de conta que está muito preocupado com o estado do país, a aconselhar moderação e caldos de galinha, e em privado a deixar que os outros, alegre(mente), lhe desimpeçam o caminho, rumo à segunda estadia em Belém.
quinta-feira, maio 27, 2010
Segunda Anedota do Dia
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O SENHOR Procurador-geral da República, Pinto Monteiro, após alguns dias de contenção verbal, declarou hoje para as câmaras das televisões, sem esboçar qualquer sorriso nem precisar o sentido da sua afirmação, que «Portugal não é um país de corruptos».
O SENHOR Procurador-geral da República, Pinto Monteiro, após alguns dias de contenção verbal, declarou hoje para as câmaras das televisões, sem esboçar qualquer sorriso nem precisar o sentido da sua afirmação, que «Portugal não é um país de corruptos».
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