QUINZE por cento dos portugueses, englobando descontentes, indignados, ofendidos, desempregados, revoltados, humilhados, espoliados e empobrecidos, originou uma grande onda, soma de várias marés, que tomou conta do país durante algumas horas, transmitindo a mensagem de que o caldo está entornado. Acabou por reflectir a ruptura que se está a consumar entre o país real e um governo autista, insolente, pau-mandado da troika e dos "mercados", que durante essas horas perdeu o pio e desapareceu de circulação. Quanto ao Presidente da República, continua para os lados de Belém, entretido a fazer crochet. Era bom que isto não ficasse assim...
domingo, março 03, 2013
quarta-feira, fevereiro 27, 2013
segunda-feira, fevereiro 25, 2013
Problemas de Comunicação (2)
José Pedro Aguiar-Branco, ministro da Defesa, referindo-se às "grandoladas" com que os membros do governo têm sido interrompidos nas suas discursatas, fez questão de sentenciar que "quando não se deixa alguém falar, se calhar não estamos a respeitar as regras da democracia". Esqueceu-se de acrescentar que, talvez não sejamos adeptos de todos os instrumentos da democracia, quando não apreciamos ser contestados, por quem quer exteriorizar o seu descontentamento e indignação, com carradas de razão. Melhor ainda: diga-me cá senhor ministro, se tem alguma coisa a ver com democracia, colocar o país na miséria e à beira do colapso, sem o prévio consentimento dos eleitores, e esperar que tudo fique resignado, calmo e sereno?
Problemas de Comunicação
EM S. João da Madeira, como convidado da Distrital do PSD de Aveiro, e no âmbito das II Jornadas sobre Consolidação, Crescimento e Coesão, o ministro da Economia Álvaro Santos Pereira disse: "o país não é amigo do investimento nem das empresas". Está errado, senhor ministro! Devia antes ter dito: este Governo não é amigo do investimento nem das empresas. Na verdade, este Governo não é amigo das empresas, nem do investimento, nem da economia, nem dos portugueses (sejam eles empregados ou desempregados), nem do país. É apenas amigo dos seus amigos (sobretudo os que andaram a rechear-se pelo BPN), dos banqueiros, e de muitos vigaristas e corruptos que se passeiam por aí. Daí que se conclua que, entre muitos outros, persistem os "problemas de comunicação" do Governo e dos ministros com o país real.
sábado, fevereiro 23, 2013
quinta-feira, fevereiro 21, 2013
Experimentalismo Tributário
PRIMEIRO vêm os serviços tributários garantir que já há casos de consumidores que foram multados, por não terem exibido as facturas das suas compras, quando abordados pelos fiscais. Depois, perante uma sociedade civil escandalizada com a medida, vem o secretário de Estado assegurar que é falso que os tais serviços tributários tenham instruções para adoptar tal procedimento.
Há quem lhe chame falhas de comunicação, mas eu chamo-lhe outra coisa: experimentalismo tributário de matriz e rosto fascizante, "a-ver-se-pega".
Há quem lhe chame falhas de comunicação, mas eu chamo-lhe outra coisa: experimentalismo tributário de matriz e rosto fascizante, "a-ver-se-pega".
Contribuição Extraordinária de Solidariedade
Passo a transcrever as CONCLUSÕES do parecer emitido pelo constitucionalista Prof. Doutor Gomes Canotilho, com o fim de esclarecer a conformidade constitucional da Contribuição Extraordinária de Solidariedade, imposto extraordinário decretado pelo Governo de Pedro Passos Coelho, que atinge apenas reformados e pensionistas, pré-aposentados e equiparados.
«...
3. Conclusões
1. A distribuição das “medidas de austeridade” não poderá deixar de se conformar com critérios próprios de um Estado constitucional.
2. A “contribuição extraordinária de solidariedade” tem a natureza de imposto, distinto do IRS. Trata-se, na verdade, de um “imposto de classe”, que atinge apenas reformados e pensionistas, pré aposentados e equiparados e que apresenta características de imposto sobre o rendimento.
3. Resulta do art. 78.º da LOE 2013 a dupla tributação dos rendimentos de pensões, em sede de IRS e em sede de imposto especial sobre o rendimento – a designada “contribuição especial de solidariedade” –, em violação da regra da unicidade consagrada no art. 104.º, n.º 1, da CRP.
4. A “contribuição extraordinária de solidariedade”, juntamente com outras medidas fiscais e parafiscais, designadamente em sede de IRS, conduz a uma excessiva desigualdade de tratamento entre rendimentos das diversas categorias, configurando uma violação do princípio constitucional da igualdade, na sua dimensão de igualdade perante os encargos públicos.
5. Enquanto imposto sobre o rendimento, assinala-se a distorção que emerge da desconsideração do critério da capacidade contributiva, que levará a que contribuintes com rendimentos de outras categorias que evidenciem maior capacidade possam, na verdade, vir a suportar uma taxa efetiva de tributação inferior.
6. Do art. 78.º da LOE 2013 resulta um agravamento fiscal para reformados e pensionistas que desconsidera a pessoalidade do imposto, em virtude de a “contribuição especial de solidariedade” não atender às necessidades e aos rendimentos do agregado familiar, em violação da norma contida no art. 104.º, n.º 1, da CRP.
7. Taxas efetivas de tributação da ordem de grandeza daquelas que impendem sobre os reformados e pensionistas, e para a qual contribui decisivamente a “contribuição especial de solidariedade” (art. 78, n.os 1 e 2 da LOE 2013), assumem um manifesto carácter confiscatório.
8. A medida prevista no art. 78.º da LOE 2013 reveste um carácter expropriatório, atingindo o núcleo fundamental da posição jusfundamental pensionista.
9. Para que seja minimamente assegurada a previsibilidade e a estabilidade do sistema jurídico-fiscal, postulados pelo princípio do Estado de direito, não são admissíveis taxas efetivas de tributação da ordem de valores daquelas que impendem sobre os rendimentos de pensões. Estas traduzem-se num postergação excessiva e intolerável dos princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança dos cidadãos, ínsitos no princípio do Estado de Direito.
10. A norma contida no n.º 8 do art. 78.º da LOE 2013, ao prever a consignação das receitas provenientes da CES, ofende o princípio da não consignação de receitas previsto no artigo 7.º da Lei do Enquadramento Orçamental (LEO), traduzindo-se numa ilegalidade qualificada, por violação de lei com valor reforçado.
Salvo melhor juízo, é este o nosso parecer.
Coimbra, 16 de Janeiro de 2012
Prof. Doutor José Joaquim Gomes Canotilho»
«...
3. Conclusões
1. A distribuição das “medidas de austeridade” não poderá deixar de se conformar com critérios próprios de um Estado constitucional.
2. A “contribuição extraordinária de solidariedade” tem a natureza de imposto, distinto do IRS. Trata-se, na verdade, de um “imposto de classe”, que atinge apenas reformados e pensionistas, pré aposentados e equiparados e que apresenta características de imposto sobre o rendimento.
3. Resulta do art. 78.º da LOE 2013 a dupla tributação dos rendimentos de pensões, em sede de IRS e em sede de imposto especial sobre o rendimento – a designada “contribuição especial de solidariedade” –, em violação da regra da unicidade consagrada no art. 104.º, n.º 1, da CRP.
4. A “contribuição extraordinária de solidariedade”, juntamente com outras medidas fiscais e parafiscais, designadamente em sede de IRS, conduz a uma excessiva desigualdade de tratamento entre rendimentos das diversas categorias, configurando uma violação do princípio constitucional da igualdade, na sua dimensão de igualdade perante os encargos públicos.
5. Enquanto imposto sobre o rendimento, assinala-se a distorção que emerge da desconsideração do critério da capacidade contributiva, que levará a que contribuintes com rendimentos de outras categorias que evidenciem maior capacidade possam, na verdade, vir a suportar uma taxa efetiva de tributação inferior.
6. Do art. 78.º da LOE 2013 resulta um agravamento fiscal para reformados e pensionistas que desconsidera a pessoalidade do imposto, em virtude de a “contribuição especial de solidariedade” não atender às necessidades e aos rendimentos do agregado familiar, em violação da norma contida no art. 104.º, n.º 1, da CRP.
7. Taxas efetivas de tributação da ordem de grandeza daquelas que impendem sobre os reformados e pensionistas, e para a qual contribui decisivamente a “contribuição especial de solidariedade” (art. 78, n.os 1 e 2 da LOE 2013), assumem um manifesto carácter confiscatório.
8. A medida prevista no art. 78.º da LOE 2013 reveste um carácter expropriatório, atingindo o núcleo fundamental da posição jusfundamental pensionista.
9. Para que seja minimamente assegurada a previsibilidade e a estabilidade do sistema jurídico-fiscal, postulados pelo princípio do Estado de direito, não são admissíveis taxas efetivas de tributação da ordem de valores daquelas que impendem sobre os rendimentos de pensões. Estas traduzem-se num postergação excessiva e intolerável dos princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança dos cidadãos, ínsitos no princípio do Estado de Direito.
10. A norma contida no n.º 8 do art. 78.º da LOE 2013, ao prever a consignação das receitas provenientes da CES, ofende o princípio da não consignação de receitas previsto no artigo 7.º da Lei do Enquadramento Orçamental (LEO), traduzindo-se numa ilegalidade qualificada, por violação de lei com valor reforçado.
Salvo melhor juízo, é este o nosso parecer.
Coimbra, 16 de Janeiro de 2012
Prof. Doutor José Joaquim Gomes Canotilho»
terça-feira, fevereiro 19, 2013
Obstáculos
O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho anda a dizer que o Estado é um obstáculo ao desenvolvimento, como justificação para o corte de 4.000 milhões de euros nas funções sociais desse mesmo Estado.
A isso respondo eu que o Estado só é um obstáculo ao desenvolvimento quando é comandado por uma quadrilha de malfeitores, contratados pelas "associações" das grandes fortunas e dos grandes grupos económicos e financeiros, e com um presidente que anda entretido a jogar à batalha naval.
A isso respondo eu que o Estado só é um obstáculo ao desenvolvimento quando é comandado por uma quadrilha de malfeitores, contratados pelas "associações" das grandes fortunas e dos grandes grupos económicos e financeiros, e com um presidente que anda entretido a jogar à batalha naval.
segunda-feira, fevereiro 18, 2013
Adaptação do «Auto da Barca do Inferno»
Vem Miguel Relvas conduzindo aos zigue zagues o seu Mercedes banhado a ouro e sai do carro com o seu diploma na mão. Chegando ao batel infernal, diz:
RELVAS - Hou da barca!
DIABO - Ó poderoso Doutor Relvas, que forma é essa de conduzir?
RELVAS - Tirei a carta de scooter e deram-me equivalência. Esta barca onde vai hora?
DIABO - Pera um sítio onde não hai contribuintes para roubar!
RELVAS - Pois olha, não sei do que falais. Quantas aulas eu ouvi, nom me hão elas de prestar.
DIABO - Ha Ha Ha. Oh estudioso sandeu, achas-te digno de um diploma comprado nos chineses ao fim de três aulas?
RELVAS - Um senhor de tal marca não há de merecer este diploma!
DIABO - Senhores doutores como tu, tenho eu cá muitos.
Miguel Relvas, indignado com a conversa, dirige-se ao batel divinal.
RELVAS - Oh meu santo salvador, que barca tão bela, porque nom eu dir eu nela?
ANJO - Esta barca pertence ao Céu, nom a irás privatizar!
RELVAS - Tanto eu estudei, que nesta barca eu entrarei.
ANJO - Tu aqui não entrarás, contribuintes cortaste, dinheiro roubaste e um curso mal tiraste.
Relvas, sem alternativa, volta à barca do Diabo.
RELVAS - Pois vejo que não tenho alternativa. Nesta barca eu irei.Tanto roubei, tanto cortei, não cuidei que para o inferno fosse.
DIABO - Bem vindo ao teu lar, muitos da tua laia já cá tenho e muitos mais virão. Entra, entra, ó poderoso senhor doutor magistrado Relvas. Pegarás num remo e remarás com a força e vontade com que roubaste aos que afincadamente trabalharam.
NOTA – Recebido por e-mail.
domingo, fevereiro 17, 2013
Temos Novidades... Até 2015!
A AUSTERIDADE acabou, não se pode esticar mais a corda, diz o Coelho. Ele e a sua quadrilha de malfeitores vão iniciar agora a chamada "reforma do Estado", com o corte de 4.000 milhões de euros nas funções do Estado Social, suavemente, até 2015. Se até aqui torrámos nas chamas do churrasco, a partir de agora, e com a benção da troika, vamos ser lançados na panela, e cozer em fogo lento até àquela data. Se entretanto não os travarmos, é difícil dizer o que sobrará.
sábado, fevereiro 16, 2013
Registo Para Memória Futura (76)
É CASO para dizer que andamos todos distraídos, senão mesmo, redondamente enganados!
O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, disse ontem, durante o debate quinzenal, na Assembleia da República, que o Governo não falhou nos objectivos por si traçados, que não há nenhuma evidência de que o país esteja a viver uma espiral recessiva, que os números do que corre mal, estão em linha com as previsões do Governo, e que hoje estamos melhor (sem especificar em quê) do que quando o seu Governo tomou posse.
O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, disse ontem, durante o debate quinzenal, na Assembleia da República, que o Governo não falhou nos objectivos por si traçados, que não há nenhuma evidência de que o país esteja a viver uma espiral recessiva, que os números do que corre mal, estão em linha com as previsões do Governo, e que hoje estamos melhor (sem especificar em quê) do que quando o seu Governo tomou posse.
sexta-feira, fevereiro 15, 2013
Os Autarcas Itinerantes
HÁ UNS cavalheiros que depois de terem cumprido três mandatos autárquicos consecutivos como presidentes de câmara, resolveram fazer as malas, e contornando o que a Lei n.º 406/2005 estipula, através de uma interpretação abusiva, decidiram ir pregar para outros municípios, na esperança de assim se eternizarem no sempre gratificante exercício do poder, nem que para isso tenham que voltar a mudar de poiso de três em três anos. A ser assim, a lei em vez de ter por objectivo limitar os mandatos autárquicos (promovendo a renovação geracional e evitando os vícios que andam associados ao poder vitalício), estaria, perversamente, a instituir a figura do autarca auto-deslocalizável ou perpétuamente itinerante.
Como diz o J.M.Correia Pinto, autor do blog POLITEIA, «para que pudesse prevalecer o sentido daqueles que entendem que a mesma pessoa pode desempenhar quatro, seis, doze mandatos, enfim, uma vida, como presidente de câmara, desde que fosse mudando de câmara de três em três anos era preciso que houvesse uma lacuna na lei. E não há lacuna nenhuma. A lei é clara. Três mandatos consecutivos é o máximo que a lei permite. Não há quarto mandato consecutivo previsto na lei, seja qual for a câmara. Para os que falaciosamente dizem que a lei se refere ao órgão e não à pessoa que o integra, enfim, o mínimo que se poderia dizer é que então a maior parte das câmaras tinha de ficar com o órgão vago… porque já tinha sido preenchido três vezes consecutivas.»
Como diz o J.M.Correia Pinto, autor do blog POLITEIA, «para que pudesse prevalecer o sentido daqueles que entendem que a mesma pessoa pode desempenhar quatro, seis, doze mandatos, enfim, uma vida, como presidente de câmara, desde que fosse mudando de câmara de três em três anos era preciso que houvesse uma lacuna na lei. E não há lacuna nenhuma. A lei é clara. Três mandatos consecutivos é o máximo que a lei permite. Não há quarto mandato consecutivo previsto na lei, seja qual for a câmara. Para os que falaciosamente dizem que a lei se refere ao órgão e não à pessoa que o integra, enfim, o mínimo que se poderia dizer é que então a maior parte das câmaras tinha de ficar com o órgão vago… porque já tinha sido preenchido três vezes consecutivas.»
quinta-feira, fevereiro 14, 2013
Os Sem-Vergonha (2)
A TAXA de desemprego em Portugal subiu para 16,9% (923.200 desempregados) no quarto trimestre do ano passado, anunciou ontem o INE. Entretanto, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, exibindo a habitual descontração e um acrobático optimismo, afirmou que os números do desemprego estão "razoavelmente em linha" com as previsões do Governo e disse esperar uma inversão da tendência ao longo do ano. Nas palavras e actos dos membros do governo, a falta de vergonha tornou-se um lugar comum.
quarta-feira, fevereiro 13, 2013
Reflexões Vaticanas
SABE-SE que o Vaticano e a Cúria Romana sempre foram, em todas as épocas, um vespeiro, um saco de escorpiões, senão mesmo um ninho de serpentes, com papas mais tiranos e sanguinários que o pior dos tiranos. O Vaticano, convém não esquecer, é uma cidade-estado, regida por um sistema teo-autocrático, e hoje em dia, sede de uma grande empresa multinacional, detentora de uma riqueza incomensurável, altamente influente na política, na economia e na alta finança.
Em vinte séculos de história, a trajectória do papado é algo de fascinante, deixando-nos mais do que surpreendidos, direi mesmo, escandalizados, de tão recheada que está de lutas e envolvimentos com e pelo poder temporal, implicada em abjectos crimes e ignomínias, sem esquecer que na sua génese era uma confissão vocacionada para os humildes. De qualquer modo a iniquidade não é um exclusivo desta ICAR. Todas as religiões, enquanto instituições, acabaram por desaguar na preversidade e, na actualidade, as coisas não são muito diferentes, embora os métodos e a forma sejam mais refinados e sofisticados. É que no seu interior (da ICAR) existem facções, forças muito poderosas (Opus Dei, Comunhão e Libertação, Legionários de Cristo, etc.), que não se conformavam com o facto de o cardeal Ratzinguer ser pouco permeável a pressões, demasiado disciplinado e disciplinador, e não ser suficientemente conservador. Muitos do que se movem nos corredores do Vaticano, são gente que não teme a justiça divina e acredita muito pouco na vida eterna, para quem a santidade é uma embalagem enganadora, destinada apenas a vender perdões e meríficas aposentadorias celestiais, em contraste com a muita apetência que tem pelo poder, e a volúpia dos prazeres e bens terrenos. Pedir desculpa pelos crimes da Inquisição e da pedofilia não consegue ocultar o recheio de más práticas que entretanto persistem, sob as mais variadas formas. Pode sempre dizer-se que tudo aquilo em que o homem toca, fica marcado pela sua congénita maldade e imperfeição, mas quando se fala de uma organização religiosa que alberga muitos milhões de crentes, isso não é razão para se considerar protegida pela imunidade, nem resistir à reflexão e à crítica. Quando as bibliotecas e os arquivos secretos do Vaticano virem a luz do dia, sem restrições, será grande o espanto e a incredulidade que nos avassalará.
Embora a decisão de Joseph Ratzinger resignar do seu cargo, tenha sido um acto inteligente e corajoso, próprio de um intelectual e do espírito prático germânico, rompendo com a tradição e quebrando a rigidez das ancestrais práticas vaticanas, há quem suspeite que tenha sido pressionado (coisa que nunca se provará), sobretudo por aqueles que têm pressa de um regresso ao passado, com vista ao apagamento das incomodidades e "modernices" saídas do concílio Vaticano II, mais agora quando se volta a falar de acabar com o celibato dos padres e se insiste em franquear o sacerdócio às mulheres. Pressionado ou não, o certo é que haverá quem não perca tempo, já esteja a movimentar-se e a "contar espingardas" para o conclave. Quanto a nós, crentes e incréus, não devemos esquecer o mistério que continua a pairar à volta da morte prematura (e muito mal explicada) do incómodo papa João Paulo I, antecessor de João Paulo II. E isso não aconteceu há tanto tempo como possa parecer.
Consultar no CARTÓRIO DO ESCREVINHADOR o texto de resignação do Papa Bento XVI
Em vinte séculos de história, a trajectória do papado é algo de fascinante, deixando-nos mais do que surpreendidos, direi mesmo, escandalizados, de tão recheada que está de lutas e envolvimentos com e pelo poder temporal, implicada em abjectos crimes e ignomínias, sem esquecer que na sua génese era uma confissão vocacionada para os humildes. De qualquer modo a iniquidade não é um exclusivo desta ICAR. Todas as religiões, enquanto instituições, acabaram por desaguar na preversidade e, na actualidade, as coisas não são muito diferentes, embora os métodos e a forma sejam mais refinados e sofisticados. É que no seu interior (da ICAR) existem facções, forças muito poderosas (Opus Dei, Comunhão e Libertação, Legionários de Cristo, etc.), que não se conformavam com o facto de o cardeal Ratzinguer ser pouco permeável a pressões, demasiado disciplinado e disciplinador, e não ser suficientemente conservador. Muitos do que se movem nos corredores do Vaticano, são gente que não teme a justiça divina e acredita muito pouco na vida eterna, para quem a santidade é uma embalagem enganadora, destinada apenas a vender perdões e meríficas aposentadorias celestiais, em contraste com a muita apetência que tem pelo poder, e a volúpia dos prazeres e bens terrenos. Pedir desculpa pelos crimes da Inquisição e da pedofilia não consegue ocultar o recheio de más práticas que entretanto persistem, sob as mais variadas formas. Pode sempre dizer-se que tudo aquilo em que o homem toca, fica marcado pela sua congénita maldade e imperfeição, mas quando se fala de uma organização religiosa que alberga muitos milhões de crentes, isso não é razão para se considerar protegida pela imunidade, nem resistir à reflexão e à crítica. Quando as bibliotecas e os arquivos secretos do Vaticano virem a luz do dia, sem restrições, será grande o espanto e a incredulidade que nos avassalará.
Embora a decisão de Joseph Ratzinger resignar do seu cargo, tenha sido um acto inteligente e corajoso, próprio de um intelectual e do espírito prático germânico, rompendo com a tradição e quebrando a rigidez das ancestrais práticas vaticanas, há quem suspeite que tenha sido pressionado (coisa que nunca se provará), sobretudo por aqueles que têm pressa de um regresso ao passado, com vista ao apagamento das incomodidades e "modernices" saídas do concílio Vaticano II, mais agora quando se volta a falar de acabar com o celibato dos padres e se insiste em franquear o sacerdócio às mulheres. Pressionado ou não, o certo é que haverá quem não perca tempo, já esteja a movimentar-se e a "contar espingardas" para o conclave. Quanto a nós, crentes e incréus, não devemos esquecer o mistério que continua a pairar à volta da morte prematura (e muito mal explicada) do incómodo papa João Paulo I, antecessor de João Paulo II. E isso não aconteceu há tanto tempo como possa parecer.
Consultar no CARTÓRIO DO ESCREVINHADOR o texto de resignação do Papa Bento XVI
segunda-feira, fevereiro 11, 2013
Tantas Vezes Vai o Cântaro à Fonte…
"É em nome das minhas ideias, das minhas convicções e dos valores do partido que eu me apresento como candidato à liderança do PS. Por essa via, se vier a merecer como espero a confiança dos socialistas, serei o candidato do PS a primeiro-ministro nas próximas eleições legislativas".
Palavras de António José Seguro na Comissão Nacional do PS, realizada em Coimbra, em 10 de Fevereiro de 2012.
Meu comentário: Já ouvi António José Seguro repetir esta intenção (ser primeiro-ministro) várias vezes, desde que assumiu a liderança do PS. Esta insistência convida-me a tirar uma amarga conclusão: declarações deste tipo acontecem quando as ambições e objectivos pessoais dos políticos se sobrepôem aos interesses do país, transformando o poder político naquele brinquedo que sempre, teimosamente, se desejou possuir.
domingo, fevereiro 10, 2013
Jornalismo Grosseiro
«Mulher e criança morrem após caírem no passeio. Uma mulher de 47 anos e o filho de 12 (autista) morreram hoje após caíram do quarto andar de um hotel.»
Do DIÁRIO DE NOTÍCIAS online de 10 de Fevereiro de 2012
Meu comentário: Falta de poder de síntese e uso incorrecto incorrecto do tempo verbal, é o que sobressai neste apontador. O novo acordo ortográfico não tem nada a ver com isto, apenas a pouca exigência em português, na formação de jornalistas, e a ausência do indispensável revisor.
Do DIÁRIO DE NOTÍCIAS online de 10 de Fevereiro de 2012
Meu comentário: Falta de poder de síntese e uso incorrecto incorrecto do tempo verbal, é o que sobressai neste apontador. O novo acordo ortográfico não tem nada a ver com isto, apenas a pouca exigência em português, na formação de jornalistas, e a ausência do indispensável revisor.
sábado, fevereiro 09, 2013
Predito e Confirmado
«A moeda única é um projecto ao serviço de um directório de grandes potências e de consolidação do poder das grandes transnacionais, na guerra com as economias americanas e asiáticas, por uma nova divisão internacional do trabalho e pela partilha dos mercados mundiais.
A moeda única é um projecto político que conduzirá a choques e a pressões a favor da construção de uma Europa federal, ao congelamento de salários, à liquidação de direitos, ao desmantelamento da segurança social e à desresponsabilização crescente das funções sociais do Estado.»
Excerto da intervenção de Carlos Carvalhas na Assembleia da República, em 19 de Março de 1997 (naquela data Secretário-geral do PCP), durante a interpelação do PCP sobre a Moeda Única. Excerto tirado do blog ANTREUS de António Abreu.
quinta-feira, fevereiro 07, 2013
Um no Papo e Outro no Saco
ERA UMA VEZ um senhor chamado Alexandre Nuno Vieira e Brito que foi convidado para ser secretário de estado da ministra Assunção Cristas, porém, na véspera de ser empossado, e com os olhos postos no futuro, fez-se nomear director-geral dos serviços de veterinária, num concurso em que era, em simultâneo, candidato e avaliador de candidaturas. Assim, contornando a escassez que grassa no mercado de trabalho, quando terminar a "patriótica" missão governativa para que foi indigitado, ingressará no tal novo emprego que diligentemente assegurou, pois nesta coisa de empregos, não há nada como ter um no papo e outro no saco.
terça-feira, fevereiro 05, 2013
Livros e Autores Que Me Fascinaram (2)
A Barca dos Sete Lemes
Autor – Alves Redol
Editor - Publicações Europa-América
Colecção – Século XX, Nº. 14
Data desta terceira edição - 1962
Data da primeira edição - 1958
Nº de páginas – 403
Composto e impresso na Tipografia Nunes, Porto
Nota - António Alves Redol (Vila Franca de Xira, 29 de Dezembro de 1911 – Lisboa, 29 de Novembro de 1969), foi considerado um dos expoentes máximos do neo-realismo português.
sábado, fevereiro 02, 2013
O Governo Deu Emprego a Mais Um Sem-Abrigo
NA SUA tomada de posse como secretário de Estado para o empreendedorismo, competitividade e inovação (mais uma aberração para dar lustro a um governo decrépito), um tal senhor Franquelim Alves, disse que ia cumprir as novas funções com dedicação e lealdade, mas fica por saber se a sua lealdade é para com a matilha da SLN/BPN, ou para com a Nação. Na dúvida, e porque há razões para tal - pois se até omitiu no currículo a sua passagem pela administração da SLN/BPN, depois de na comissão parlamentar de inquérito de 2009 ter confessado que ocultou a gestão danosa da instituição, para não fazer ondas - devia ter sido liminarmente preterido, mas não foi. Bastou-lhe dizer, calmo e sereno, que tudo isto não passavam de "falsas questões", para que Pedro Passos Coelho achasse por bem dar guarida a mais um sem-abrigo do caso BPN. Quanto ao almirante Cavaco, igual a si próprio, e como supremo protector da corja, não tugiu nem mugiu com a escolha.
Subscrever:
Mensagens (Atom)