quarta-feira, agosto 14, 2013

Uma Pergunta de Algibeira


COMO é que os chamados "briefings" (conferências de imprensa), podem ser melhorados, ter mais "transparência" e serem menos "fonte de ruído" - como é intenção do Governo -, se ele próprio, sujeito a ser escrutinado, cada vez é mais frequentado por gente de grosso calibre que se quer passar por respeitável, cada vez mente mais descaradamente, cada vez comete mais ilegalidades, cada vez é mais contestado, cada vez se entende menos no seu seio, sendo cada vez mais um factor de instabilidade, e governando cada vez mais para os grandes interesses da “troika”, da alta finança e do capital, do seu círculo de amigos e afilhados, interesses que nada têm a ver com Portugal e com os portugueses?

Cá por mim, tenho a solução: vão de férias e não voltem!

segunda-feira, agosto 12, 2013

Manobras de Diversão

«Nunca engolir os engodos que lhe são oferecidos» in "A Arte da Guerra", obra com aproximadamente 2.000 anos, da autoria de Sun Tzu, supostamente um general chinês.

EM ESPANHA, a crise política resultante dos casos de corrupção envolvendo o PP (Partido Popular) e o primeiro-ministro Mariano Rajoy, obrigou a que o Governo procurasse um alvo suficientemente grande, destinado a mobilizar a opinião pública, desviando as suas atenções do tal caso de corrupção. A escolha recaiu sobre Gibraltar, com um conflito despoletado pelos direitos de pesca dos espanhóis e os "direitos de soberania" daquele território britânico, encravado em território espanhol.

Em Portugal, como o Governo está assoberbado por uma quase permanente crise política nas suas entranhas, onde os ministros e afins andam presos por arames, como temos menos recursos que Espanha, e não querendo despertar Olivença (um pretexto que não se compara com Gibraltar), foram arranjados vários alvos domésticos, tais como os "swaps" e as PPPs, arranjinhos negociados pelo ex-governo Sócrates e alimentados por Passos Coelho, e que servem às mil maravilhas para um assanhado duelo de ping-pong entre o governo e o PS, cujo objectivo é desviar as atenções do caos governativo. Mas como era preciso arranjar um espectáculo complementar para emoldurar a quezília, inventou-se aquela coisa dos "briefings" diários, que depois passaram a bissemanais, onde dois "entretainers" de meia tijela apalhaçavam as sessões com os jornalistas, e tanto apalhaçaram e repetiram a frase "não vou responder à sua pergunta", que as exibições acabaram por ser suspensas, por causa das férias dos palhaços (diz o Governo...), para virem depois a ser retomadas, em novos moldes, e talvez com outros protagonistas (promete o Governo...). Aquilo que era para ser uma nova forma de comunicação do Governo, tentando imitar o inultrapassável "marketing" politico socratino, acabou por se transformar numa paródia nacional, com alguns tiques ao jeito do salazarento SNI (Secretariado Nacional da Informação), um queijinho amanteigado para os comentadores do burgo.

Entretanto, o Governo começou a enviar aos funcionários públicos cartas a sugerir e a convidá-los à rescisão do contrato, já com as contas feitas e tudo. Questionado o Ministério das Finanças, não deu qualquer esclarecimento sobre o assunto, alegando que o secretário de Estado da Administração Pública, nem mais, se encontra em gozo de férias. Para quem ainda tem dúvidas, volto a garantir que eles sabem perfeitamente o que querem, onde chegar, quando e como fazê-las. E ainda há quem lhes chame incompetentes! Para eles não há "Querido Mês de Agosto". É quando as pessoas baixam a guarda, afogueadas com o calor e com os seus problemas, e distraídas com as manobras de diversão, que eles desferem o golpe. Daí o ter-me lembrado do intemporal Sun Tzu, e dos engodos que nunca devemos engolir. Quanto ao CDS-PP, companheiro de jornada desta tertúlia governativa, e das indigestas decisões a que o "popularíssimo" partido do contribuinte se viu constrangido, e do qual se aguarda a "irrevogável" coragem e responsabilidade de acabar com o despautério, não há novas nem sinais, ou como diria o senhor regedor, que seja tudo a bem da nação!

domingo, agosto 11, 2013

Democracia em Dó Menor


COM os votos favoráveis do PS (do inoxidável Mesquita Machado), com a abstenção dos vereadores eleitos pela coligação Juntos por Braga (PSD, CDS-PP e PPM), e com os votos contra do PCP e do BE, por iniciativa de alguns bracarenses piedosos e agradecidos, e num espaço que é do domínio público, foi erigida em Braça (de madrugada e em segredo) uma estátua ao cónego Melo (de seu nome completo Eduardo Melo Peixoto), inspirador e organizador da rede bombista, do ELP e do MDLP (movimentos de extrema-direita) que em 1974/75 plantaram assassinatos, agressões e puseram a ferro e fogo a região norte do país, e que depois se tornou um activo promotor de interesses imobiliários especulativos. A haver inferno, estará lá de certeza a torrar. Ficamos por aqui ou querem que diga mais coisas?

NOTA - Na foto o cónego Melo abraça o pistoleiro Ramiro Moreira

sábado, agosto 10, 2013

Marcas Que Perduram


Urbano Tavares Rodrigues já não está entre nós. Encerrou-se o seu ciclo de vida, porém, deixou as suas obras e memórias ao nosso cuidado. Conheci-o há muito anos, e de entre os muitos professores que tive, foi o único que até hoje me marcou, de forma permanente e inapagável. Para sustentar o que digo, recuperei um escrito meu de Novembro de 2002, e que diz o seguinte: 

Éramos um bando de garotos, projectos de gente, ainda a cheirar a escola primária, com pastas novas, meio vazias de livros, atulhadas de sonhos e devaneios, a entrar naquele mundo tão inquietante e nebuloso. Foi aí por volta do ano 1956 ou 1957, naquela recém-criada secção de Alvalade do Liceu Camões, à sombra da igreja de S. João de Brito, entre muitas horas de fastidiosas e intermináveis aulas que apareceu o Professor Urbano Tavares Rodrigues, jovem e risonho (foto que junto será dessa época), a tratar-nos como gente, para um mundo em que as surpresas e adversidades eram mais que as facilidades. Ele entrava na aula e falava de Português, partilhando tudo o que sabia, empenhado em não fazer distinção entre os melhores e os menos bons. Dizia que a gramática se aprende de forma intuitiva, desde que nos saibamos expressar verbalmente e não tenhamos medo de escrever. Privilegiava as entrevistas, colóquios e composições, à procura do verbo de comunicação, do dom da palavra, da verve da língua. Eram aulas mistério, coisa próxima de aventuras, quase exercícios lúdicos. Todos os dias havia coisas novas para desvendar, umas saídas das páginas dos mestres da língua, outras saídas de nós próprios, quantas vezes sem jeito, mas também sem preconceito. Mesmo para os menos aptos, mais distraídos ou insensíveis, aqueles 50 minutos consumiam-se num ápice, num rodopio, tal era o diálogo, a comunicação, o falar de coisas que tinham sempre algo a ver com a língua, as nossas toscas experiências e fantasias, roçando aqui e ali pelo intragável latim e a cultura geral. Era Português a tornar-se paixão, a insinuar-se nas nossas veias, oxigenando a sensibilidade, senão mesmo alguma promissora criatividade. Ele provavelmente não se lembra deste episódio, mas um belo dia entrou na aula com o olhar cintilante e a exibir um livro, ao mesmo tempo que dava a notícia, sem falsa modéstia, e mais ou menos com estas palavras:
- Hoje estou muito feliz! Foi publicado este meu livro!
Era a NOITE ROXA. Ficámos perplexos e boquiabertos. Ninguém imaginava que o nosso professor fosse um escritor em carne e osso, porque no nosso imaginário os escritores seriam sempre personagens distantes e quase intocáveis. Um ou dois dias depois, alguém tomou a iniciativa de levar a cabo uma pequena cerimónia no pátio do recreio, onde o Prof. Urbano foi “agraciado” por aquele bando de miúdos, como se fosse um Petrarca lusitano, com uma singela coroa artesanal, feita com alguns raminhos surripiados aos arbustos da vedação da escola, e uma prédica alinhavada pelo mais talentoso da turma. E ele ficou entre surpreendido e sensibilizado com a aquela ingénua iniciativa.
Conforme chegou, o nosso professor-escritor partiu. Se bem me lembro, acho que só durou um ano. Corriam tempos em que tudo era arriscado, tudo era vigiado e controlado, e até o direito de ensinar era retirado, para castigar, fazer vergar e banir todos os rebeldes, lutadores e insubmissos da pátria e da língua. Disse bem a VISÃO quando afirmou que “gerações de nós foram tocadas, melhoradas por ele”. Hoje, quase cinquenta anos depois, aquele inesquecível ano de aulas de Português ainda continua a resistir, multiplicando em mim as suas indeléveis marcas. Enquanto Urbano Tavares Rodrigues continuou a dar mais do que recebeu, a lavrar campos de liberdade e a semear de prosa as letras portuguesas, eu, na minha tosca presunção, fiquei definitivamente apaixonado por esta língua, e a não resistir ir escrevendo umas coisinhas, aqui e ali, entre os longínquos toques de sineta e o rumor das correrias pelos corredores, para a próxima aula!

Passaram onze anos, desde que escrevi aquelas linhas, e quando ontem de manhã soube que o mestre Urbano tinha partido, embora não seja nada que me diga respeito, fiquei a imaginar que diálogo iria ele travar com O Barqueiro, durante esta sua última viagem. Voltei a recordar o seu trato, em tudo diferente, desde a matéria que em 50 minutos não era despachada por obrigação, ou a tolerância com que aqueles “pequenos maçadores” eram acolhidos, com deferência e entusiasmo, como pessoas em potência. E quando o tema da aula era árido e a impaciência corria o risco de se instalar, ele tinha sempre um jogo de parêntesis onde introduzia um novo tema, despertando-nos para outras visões do mundo e da vida. Foi por essas e por outras, que quando ontem de manhã soube que tinha partido, senti assomar uma furtiva lágrima votiva, à mistura com a emoção de não se ter quebrado o feitiço, nem rompido o umbilical fervor. Escrevinhador tento ser, e de Urbano continuo devedor. E esta é das poucas situações em que ficar devedor, ao invés de ser uma atitude indigna e desprezível, é sinónimo de gratidão.

sexta-feira, agosto 09, 2013

Pois Claro!


CONFORME já foi noticiado, as subvenções vitalícias dos antigos políticos escapam aos novos cortes nas reformas e pensões porque não cabem, naturalmente, no Estatuto da Aposentação, regime jurídico próprio que regula a matéria das pensões dos funcionários públicos, sendo o Orçamento de Estado a sede própria para gerir este tipo de medidas. Pois claro, e eles até nem são masoquistas! Além disso, não é reforma nem pensão, é “apenas” uma subvenção, um subsídio, um abono, uma compensação, uma mordomia, etecetera e tal.

quinta-feira, agosto 08, 2013

A Nuvem Tóxica


QUEM anda a dizer que eles são incompetentes e não sabem o que fazem, está redondamente enganado. Em plena "silly season", mesmo a coxear com um secretário de estado demissionário por indecente e má figura, e mais dois ministros carregados de mazelas, não estão com meias medidas e lançam mais uma nuvem tóxica sobre a população de pensionistas e reformados. Cortes nas pensões de reforma, invalidez e sobrevivência, actuais e futuras, pagas pela Caixa Geral de Aposentações, já a partir de 1 de Janeiro de 2014, sendo de 10% a média dos cortes sobre o valor ilíquido da pensão. Se entrar em vigor, a medida afectará 36% dos actuais 462 mil aposentados da Caixa Geral de Aposentações.

E a propósito destas medidas, continua a fazer-me muita confusão porque é o Adolf Hitler recorreu aos campos de concentração com fornos crematórios, às câmaras e ao gás Zyklon-B, para eliminar os "indesejáveis" do III Reich. Se tivesse antecipado os modelos de estrangulamento económico-social adoptados pelo XIX Governo da República Portuguesa, com calma, paciência, sem pressa, sem grandes investimentos e sem estardalhaço, teria chegado exactamente aos mesmos resultados.

quarta-feira, agosto 07, 2013

O TRICICLO

EMBORA a informação ainda seja escassa, sabe-se que está em curso uma nova remodelação (há quem lhe chame reencarnação) do Governo, contudo face às muitas recusas com que Passos Coelho se tem confrontado, depois das férias na Manta Rota, só lhe restava a solução da Manta de Retalhos. Fala-se que a escolha vai para Vale e Azevedo como ministro dos Negócios Estrangeiros, Oliveira e Costa para ministro das Finanças, Isaltino de Morais para ministro das Obras Públicas e José Castelo Branco para ministro da Educação Sexual. Azevedo, Costa e Morais, despacharão todas as quintas-feiras, à hora das visitas, nas respectivas instalações prisionais, participando nos Conselhos de Ministros através de teleconferência. Ricardo Salgado, acumulando com a presidência do BES, mantém-se como "ministro com pasta", ao passo que o relacionamento com a comunicação social foi entregue, por ajuste directo, ao escritório de advogados de José Miguel Júdice. Já Dias Loureiro, consta que vai assessorar António Borges nas privatizações que faltam fazer. Maria Luís Albuquerque transita para o gabinete de estudos do Fundo Monetário Internacional, com a missão de conceber antídotos para "swaps" tóxicos. Quanto aos secretários de Estado que faltarem, serão votados a nível nacional e em horário nobre, por uma espécie de conclave de "celebridades", concebido pelo departamento de programas da RTP, e baseado num guião do economista Pedro Arroja. A troika só regressará lá para Janeiro de 2014, juntando numa única missão, a oitava, nona e décima avaliações. Paulo Portas, em conversa informal com os jornalistas, durante uma visita à Feira do Relógio, baptizou esta remodelação de "triciclo", e garantiu que é uma solução patriótica, coesa e "irrevogável", perfeitamente adequada aos tempos excepcionais que vivemos, que tem todo o apoio do casal de Belém, logo tem todas as condições para não voltar a tropeçar, até às legislativas de 2015.

terça-feira, agosto 06, 2013

Agostembro Já Cá Canta, Setembrosto Vem a Caminho

NESTE querido mês de Agosto, Joaquim Pais Jorge, Miguel Poiares Maduro e Pedro Lomba, um mentiroso e dois pantomineiros de serviço, foram deixados para trás, para entretém do povo. Um é um vendilhão de "swaps", que não sei quantas vezes os tentou impingir ao Sócrates, e outras tantas o renegou. É um mentiroso de grosso calibre, sem um pingo de vergonha por toda a superfície do corpo, que insiste em ser secretário de Estado; os outros são secretário de Estado e seu adjunto, que fazem palhaçadas e cabriolas, para dar tempo a que o outro possa voltar a mentir e a desmentir-se, e o Governo a “averiguar as inconsistências problemáticas”.

Nas últimas semanas, a rápida sucessão de dramas, comédias e tragicomédias, tem sido vertiginosa: Miguel Relvas, Franquelim Alves, Vítor Gaspar, Paulo Portas, Maria Luís Albuquerque, Rui Machete e Joaquim Pais Jorge, são uma verdadeira troupe de relapsos mentirosos, em acirrada concorrência, a ver qual deles mais consegue mentir, para escapar com o rabo à seringa. Podemos agradecer a Aníbal Cavaco Silva, o grande empresário das variedades políticas deste protectorado - e honra lhe seja feita -, o degradante espectáculo a que estamos a assistir, com ministros e secretários de Estado no grelhador, e ele lá pela Coelha, paredes-meias com o Coelho na Manta Rota. Com a escolha que fez, reconduzindo o Governo "recauchutado", bem pode limpar às mãos à parede.

Animem-se! Agostembro já cá canta, Setembrosto chega num instantinho, e entretanto, para compensar, o Governo já confirmou o corte nas pensões dos funcionários públicos (a TSU mascarada), e lançou na NET um simulador que permite a estes calcularem o valor das compensações a receber, caso rescindam o contrato por mútuo acordo. Tudo isto me faz lembrar um filme policial da década de 90, onde a frase-chave que encerrava as chamadas telefónicas do serial killer para o investigador, fornecendo-lhe pistas, rezava assim: O tempo está a esgotar-se! Tique-taque, tique-taque, tique-taque...

segunda-feira, agosto 05, 2013

Sem Papas na Língua

O PROVEDOR dos leitores do DIÁRIO DE NOTÍCIAS, Óscar Mascarenhas, escreveu um artigo arrasador sobre o comportamento do ministro Miguel Poiares Maduro e do secretário Pedro Lomba, nos chamados "briefings", ou encontros com a comunicação social, ou conferências de imprensa, ou lá o que aquilo seja. Curiosamente, há meia dúzia de dias atrás, abordei este mesmo assunto AQUI. Entretanto, uns acham que Óscar fez bem, outros sugerem que como provedor dos leitores não pode manifestar opiniões políticas, outros que ultrapassou as suas funções, outros que desacredita a função de provedor, outros que se excedeu, outros que foi muito duro, outros etecetera e tal. Interessante é que todos bateram na mesma tecla, dizendo que Óscar Mascarenhas, ao querer fazer pedagogia, inverteu os alvos, trocando os jornalistas pelos políticos, o que me parece não ter sido o caso. Quem se der ao trabalho de ler o artigo em causa, verá que quando Óscar Mascarenhas diz que

«... manda o nosso Código Deontológico [do DIÁRIO DE NOTÍCIAS], no seu ponto 3, que "o jornalista deve lutar contra as restrições no acesso às fontes de informação e as tentativas de limitar a liberdade de expressão e o direito de informar. É obrigação do jornalista divulgar as ofensas a estes direitos." Venham os Poiares Pedros ou os Lombas Maduros que vierem, jornalista do DN que se acobarde perante este fascismo com pés de lã, pode ter a certeza, à fé de quem sou, que fica com o nome num pelourinho de cobardolas que prometo expor aos leitores. Porque é dos direitos dos leitores que estamos a falar. Enquanto estiver nesta casa e nela tiver voz, o fascismo não entra de esguelha.»,

não está a fazer mais do que a "defender a liberdade de imprensa", a "defender a deontologia profissional", condenando a tentativa "de intromissão dos membros do governo" e lançando um "apelo para que os jornalistas do DN não entrassem nesse jogo". Na verdade, o que está em causa não é a política em si, mas sim o posicionamento e comportamento dos políticos perante a comunicação social e a sua função. Se lá pelo meio há o recurso a uma linguagem mais colorida, longe dos habituais "tons pastel" do politicamente correcto, não é nada que se compare às expressões abjectas e ofensivas que ultimamente temos ouvido, como por exemplo, quando o Passos Coelho mandou os desempregados emigrarem ou irem para outro lado, seja esse lado qual for. Neste caso, muitos dos que deveriam ter falado, ficaram calados, ao passo que agora, com Óscar Mascarenhas, decidiram alegremente, meter a sua garfada. Na verdade, salvo raras excepções, está-se a perder o salutar hábito de "chamar os bois pelos nomes", pôr os pontos nos "is" e os traços nos "tês". Será com medo do tal fascismo, ou seja lá o que for, que se anda a insinuar de esguelha?

sábado, agosto 03, 2013

Arrasador!

HOJE não escrevo nada, a tentar desmantelar o Governo. Deixo essa tarefa entregue a Óscar Mascarenhas, provedor do leitor do jornal DIÁRIO DE NOTÍCIAS, e ao seu artigo publicado em 3 de Agosto de 2013, e que pode ser lido AQUI.

sexta-feira, agosto 02, 2013

Mais Outro Que Não Sabia de Nada...

«Um dia depois de ter saído a notícia sobre a tentativa de venda de produtos financeiros para tentar maquilhar as contas públicas portuguesas ao Governo de José Sócrates em 2005, eis que o secretário de Estado do Tesouro veio a público apresentar a sua defesa. "Não participei nem na elaboração nem na preparação desses derivados financeiros", afirmou hoje Joaquim Pais Jorge durante o briefing do Governo. "Era responsável pela relação com os clientes. Não tive qualquer responsabilidade na elaboração e preparação destas propostas".

Segundo a revista VISÃO, após a tomada de posse do governo socialista, em 2005, o Citigroup ofereceu uma solução para Portugal maquilhar as suas contas públicas, tal como o Goldman Sachs fez na Grécia. O banco norte-americano era então liderado por Paulo Gray, director-executivo do Citi no País, e pelo secretário de Estado Joaquim Pais Jorge director do Citybank Coverage Portugal.»

Excerto de um artigo do DIÁRIO DE NOTÍCIAS de 2 de Agosto de 2013

Meu comentário: Não fizeram nada, não sabiam de nada, nunca tomaram uma decisão nem deram directivas para tal. Só falta dizer que desconhecem o que é um "swap" ou um depósito a prazo! Vendo bem as coisas, estavam lá, mas nada faziam. É extraordinário! Afinal, porque será que recebiam os tais faraónicos vencimentos e mordomias? Não me digam que era apenas para declarar (sempre que fosse necessário) que nada decidiram, que nada fizeram e que nada sabiam, todos uns anjinhos papudos. Resumindo: estagiando pela banca para chegar ao poder, há gente pequena com grandes empregos!

quinta-feira, agosto 01, 2013

Recheio e Papel de Embrulho

COM o Governo "recauchutado" e a considerar-se revalidado com o cavacal embrulho da moção de confiança, foi oficialmente inaugurado um "novo ciclo" (ou circo), onde a ideia persistente continua a ser "deitar a escada" ao PS (partido Seguro), para que aquele contribua para a tal nova "união nacional" e avalize o pacote de 4,7 mil milhões de euros de prometidas atrocidades.Veremos se o PS consegue resistir.

Entretanto, o frenético Passos Coelho, vai dando uns lamirés sobre o recheio e os temperos do tal "novo ciclo", falando sobre as reformas que vão ser feitas “de forma muito concentrada”, para satisfazerem a tal reforma do Estado, que é mais uma porta de entrada para os apetites do costume. E começa logo com o aumento de horário de trabalho na função pública (por agora), de 35 para 40 horas semanais, onde o mesmo trabalho poderá ser feito por menos trabalhadores, logo os que estão a mais, serão dispensáveis, e terão de "ir fazer alguma coisa para outro lado”, ao passo que os que mantêm o emprego vêem reduzida a sua retribuição, dado que num mês passam a trabalhar mais vinte e tal horas pelo mesmo salário. Assim se premeia o esforço e os sacrifícios que os portugueses têm feito. Depois de mandar os portugueses emigrarem, agora, usando a sua habitual conversa de carroceiro engravatado, começou a mandá-los para outro lado, quando podia ser ele a ir, o mais ligeiro possível, para aquele sítio que todos nós sabemos.

quarta-feira, julho 31, 2013

Super Pobrezinhos


«Vir para aqui é como brincar aos pobrezinhos»

EXPRESSÃO zombeteira de um dos proprietários da Quinta da Comporta, localizada junto ao litoral alentejano, com 15 mil hectares de superfície e 12 quilómetros de praias em estado semi-selvagem, herdade rural adquirida em 1950, partilhada e desfrutada por membros da família Espírito Santo e seus amigos com interesses afins, tudo gente abastada, da alta finança, dos grandes negócios e empreendimentos, celebridades e estrelas das artes "plásticas", à mistura com membros da realeza europeia, tudo gente sofisticada, que se auto-selecciona, tudo gente de grandes cabedais, grossos dividendos e altas cilindradas. É uma espécie de retiro rústico, polvilhado de cabanas, moradias e mansões, onde as elites convivem com os indígenas locais, fingindo-se de pobrezinhos, numa espécie de terapia para se desenfastiarem da civilização, do “stress” dos negócios, das suas “agruras”, perdições e toxinas. Esta informação foi recolhida da Revista do semanário EXPRESSO de 27 de Julho de 2013, e retracta de modo tão rigoroso quanto possível, os que vivendo de forma tão modesta, aguentam estoicamente todas as contrariedades e não sabem propriamente o que é essa coisa da crise que atravessamos, pois andamos todos a "descontar" para eles.

terça-feira, julho 30, 2013

PMMP ou MPPM, Tanto Faz

SEJA Poiares Maduro, Ministro da Propaganda (PMMP), ou seja o Ministro da Propaganda, Poiares Maduro (MPPM), em qualquer dos casos, as siglas são capicuas perfeitas. Com a prestimosa “adjuda” de Pedro Lomba, o secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional (um espanto, estes títulos!), ainda estamos longe das prometidas conferências diárias (briefings) de ponto de situação (agendadas há um mês atrás), mas já se começam a distinguir os contornos deste novo tipo de "comunicação" governamental, a prometer mundos e fundos, a lavar a cara aos ministros para torná-los apresentáveis, a traçar contornos e perfis, a delinear os desafios que há pela frente, a falar pela “troika”, a dar conta daquilo que o governo fez e desfez, do que faz e desfaz e do que pensa fazer e desfazer, seja a curto, médio ou longo prazo, querendo impingir a ideia de que entrou em novos e abrangentes moldes, que o ritmo está a acelerar e que todos estão ocupadíssimos, a gerir o barco e a enfrentar a grande tormenta. E digo mais, acho que isto não vai ter grande duração, pois quando o Governo recorre à encenação, ao espectáculo de feira, dia sim, dia não, é porque perdeu o pé, já não controla nada (nem a si próprio) e anda a esbracejar à procura de uma saliência onde se agarrar. Querem um responsável? O patrono desta coesa solução, sua excelência o divertido e inoxidável Aníbal Cavaco Silva!

Perante este espectáculo, que faz a comunicação social? Pouco ou nada! Nem sequer se contorce. Não tenho nada contra os seus profissionais, muitos deles estagiários à procura de uma oportunidade, mas a pobreza é confrangedora. Limitam-se a comparecer ao beija-mão, a transcrever e a divulgar as patranhas anunciadas e enunciadas, engolem tudo em seco, calma e serenamente, sem pedidos de esclarecimento, deixando correr o marfim, anichando-se numa desesperante postura situacionista de cortar a respiração, sem fazer as perguntas incómodas, que gostaríamos de ver respondidas. Longe vão os tempos em que, mesmo sob a vigilância apertada dos “majores” da censura, sem espaço para nada poder transpirar, se deixavam nas entrelinhas alguns sinais e pistas para reflexão. Hoje é coisa que não lhes passa pela cabeça. E se lhes passa, logo começa a funcionar a patilha de segurança da autocensura, ou então, como último recurso, o senhor director não deixa passar.

segunda-feira, julho 29, 2013

Buracos

«Muito embora o primeiro-ministro diga que esta matéria é “complexa” e que vai ser estudada “com atenção”, o Ministério da Saúde garante que “não há buraco” nas contas das PPPs do sector.»

Cabeçalho de notícia do suplemento de Economia do jornal PÚBLICO em 28 de Julho de 2013

Meu comentário: Primeiro-ministro a falar verdade e PPPs sem “buraco” são coisas raras de encontrar, mas se não há "buraco" visível, pode ser que tenha sido bem suturado, o que não quer dizer que lá por baixo não esteja a progredir uma infecção, que vai corroer as contas públicas até chegar ao osso, lá para 2042.

domingo, julho 28, 2013

Leituras em Atraso

Pedro Passos Coelho, discursando em Pombal na sessão solene de abertura das Festas do Bodo, apelou a um acordo e convergência de objectivos com o PS, para além da actual legislatura, que termina em 2015. Afirmou que "desde que tenhamos os pés assentes na terra e sejamos realistas - quer dizer, não comecemos a estabelecer objectivos que estão manifestamente para além daquilo que as condições nos permitem -, então é possível vencer e ultrapassar obstáculos e conseguir um clima de união nacional, não é de unidade nacional, é de união nacional, que permita essa convergência".

Este apelo, pode de alguma maneira ter a ver com a moção de confiança que vai levar a votos na Assembleia da República na próxima Terça-feira, e seja uma nova tentativa de “deitar a escada” à habitual “abstenção violenta”, que a “oposição responsável” do PS costuma adoptar.

Entretanto, como Passos Coelho, no intervalo das suas cabotinices, ainda não chegou à última parte da biografia de Salazar que anda a ler, ignora que foi no consulado de Marcelo Caetano que a "União Nacional", evoluindo na continuidade, se transfigurou em "Acção Nacional Popular", daí a triste figura.

sábado, julho 27, 2013

Sherlock Holmes e o Caso dos "Swaps"


- Mas Holmes, ela diz que não mentiu…
- É elementar, meu caro Watson! Não basta lady Maria Luís dizer que está a falar verdade, e ter todo o apoio e confiança do lorde da Ordem dos Barreteiros; face aos dados e factos que a contradizem, é necessário que prove que são falsos...

quinta-feira, julho 25, 2013

Ser e Parecer

QUANDO se aceita um cargo público há que avaliar com rigor quais os aspectos do nosso percurso curricular, e até da nossa vida pessoal, que possam afectar negativamente o desempenho desse cargo público. De falso moralismo está o mundo saturado, e a decência e a vergonha, são espécies cada vez mais difíceis de encontrar para os lados de quem ocupa tais cargos. Passar pelos órgãos superiores de gestão de um banco, que à mesma data foi o epicentro de uma mega fraude de escandalosas proporções, excluir esse facto dos seus dados biográficos, dizer que não se apercebeu de nada enquanto por lá andou, e garantir que se está de consciência tranquila, é pouco ético, de um cinismo e hipocrisia extremos, ao passo que tentar ocultá-lo é inadmissível. Se acaso há sinais de podridão nos hábitos políticos, eles não estão do lado de quem denuncia, mas sim do lado de quem é denunciado. Mesmo admitindo que se tem as mãos e a consciência limpas do crime, a verdade é que nunca se podem evitar os salpicos que resultam de se ter andado perto da cena do crime, e não basta escudar-se atrás dos apelos vindos da emergência em que o país se encontra, como justificação para ter aceite um cargo de ministro. Como teria dito Caio Júlio César a Pompeia: à mulher de César não basta ser honesta, há também que parecê-lo. E por aqui me fico.

quarta-feira, julho 24, 2013

Agendas e Guiões

ATÉ AQUI os comentadores e a comunicação social chamavam-lhes agenda, agora passou a guião, termo importado da actividade cinematográfica, e que serve para auxiliar e orientar o realizador, com grande detalhe, na condução de todos os passos das filmagens, e que agora é suposto aplicar-se também à política, sendo usado, por tudo e por nada, até à exaustão, como invólucro de mais umas quantas fitas em fase de produção. Começou com o guião de Aníbal Cavaco Silva para solucionar a crise do Governo, e já vai no guião de António Pires de Lima para o ministério da Economia. Além dos presumíveis guiões de Paulo Portas e Jorge Moreira da Silva, falta também saber qual será o guião de Rui Machete como ministro dos Negócios Estrangeiros, pois há outros guiões que lhe conhecemos, mas que não estão a ser divulgados no seu currículo. Para que se saiba, fez parte do Conselho Consultivo do Banco Privado Português (BPP), falido e com múltiplos processos em tribunal, e entre 2007 e 2009 integrou o Conselho Superior da Sociedade Lusa de Negócios, proprietária do Banco Português de Negócios (BPN), o escandaloso e sobejamente conhecido caso de polícia, um grande polvo com múltiplos tentáculos no meio político e financeiro, e com um peso desmesurado nos bolsos dos portugueses, que por sorte ou azar, nunca foram “clientes” do dito cujo. Se por acaso, alguma coisa lhe for perguntada, por algum jornalista mais afoito, sobre os factos ocorridos nestas duas instituições, dirá, como os outros “inocentes”, que nada lhe passou pelas mãos e que nada sabia do que se estava a passar.

De Vítimas a Carrascos


EM 11 DE JULHO, perante um numeroso grupo de pessoas que se manifestou nas galerias da Assembleia da República, com gritos de "demissão!" dirigidos ao Governo, a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, mandou evacuar as mesmas, ao mesmo tempo que deixava no ar a sugestão de que o acesso às mesmas deveria ser repensado. Ripostou ainda com a frase "não podemos deixar que os nossos carrascos nos criem maus costumes", da autoria de Simone de Beauvoir, quando se referiu à repressão dos nazis sobre o povo francês, durante a ocupação da França na II Guerra Mundial. Qualquer pessoa de mediano entendimento interpretaria esta analogia, identificando os carrascos com os manifestantes, e os maus costumes com a liberdade de acesso às sessões parlamentares. Assim, os sindicalistas do STAL (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local e Regional) não apreciaram aquela comparação, acharam as palavras indignas e ofensivas, e pediram explicações. A resposta de Assunção Esteves foi de uma douta clarividência, à sua maneira, claro está. Diz ela na sua carta dirigida ao STAL que o que queria dizer com aquela frase é que "o Estado de direito deve sempre conservar a serenidade da razão". Ficaram esclarecidos, não ficaram? Pois eu também não, e deve ser defeito meu.