sexta-feira, dezembro 05, 2008

Eles Andam Aí, Eles Estão Entre Nós!

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Salteadores e Encobridores

Passo a citar a jornalista Helena Garrido. Ela afirma que “usar o dinheiro dos contribuintes para salvar o banco gerido por João Rendeiro, uma instituição de gestão de fortunas e sem risco para o sector financeiro, seria efectivamente socializar prejuízos. Os accionistas do banco têm de suportar as perdas tal como no passado ficaram com os ganhos. O mercado é isso mesmo… o Banco Privado tem um conjunto de accionistas que devem ser chamados a resolver o problema que o seu presidente diz ser apenas de liquidez… o mercado tem fases em que se vence e em que se é vencido. Em que se ganha e em que se perde. A crise financeira e os riscos que ela gerou não podem servir de escudo para proteger os investidores das fases em que perdem dinheiro, sem que essa ajuda seja justificada pelo interesse público de proteger o sistema. Se a partir de agora os contribuintes passarem a ser chamados a compensar as perdas em bolsa dos bancos, então temos de passar a exigir que os contribuintes ou quem os represente recebam a fatia equivalente dos ganhos passados… salvar o Banco Privado é salvar investidores das menos valias em bolsa e é salvar uma actividade que é mais bolsista que bancária. É verdadeiramente impor o princípio da socialização das menos valias e privatização das mais valias. É, finalmente, dizer que o mercado, para alguns, não existe porque só se permite que funcione quando ganham com ele.”
Estas são palavras corajosas, entre muitas outras que se ouvem por aí, para criticar as políticas e os políticos que desprezam as vítimas, mitigando-as com algumas poucas migalhas, ao passo que correm a proteger e salvaguardar os tesouros dos seus amigos salteadores.
Entretanto, para tentar desviar as atenções do impacto da greve dos professores, das escandalosas medidas de salvação do BPN e do BPP e do negócio, de perfil maquiavélico-mafioso, da concessão do parque de contentores do Porto de Lisboa, ou ainda a drástica redução de assistência aos deficientes das forças armadas, o primeiro ministro Pinto de Sousa, também conhecido por José Sócrates, em mais uma arenga de propaganda demagógica e ultra ilusionista – e fiquei extasiado com esta intervenção - veio para a televisão dizer que o ano de 2009 irá sorrir para os portugueses, já que os preços dos combustíveis e as prestações do crédito à habitação irão baixar, aliviando assim a pressão sobre as famílias. Esqueceu-se de dizer que, afinal, tudo aquilo que veio exibir para as câmaras é o resultado das medidas de contenção decididas a nível internacional, e não consequência da intervenção directa do (des)qualificado (des)governo de que ele é arquitecto e mestre de cerimónias. Os ricos e abastados, esses sim, terão razões de sobra para respirar fundo e bendizer a oportuna e decisiva intervenção socretina, na salvaguarda das suas suculentas fortunas, muitas delas obtidas sabe-se lá como.
Para quem anda distraído, acabam assim os países que se deixam entregar totalmente nas mãos dos pistoleiros e gangs de colarinho branco.

Ditadores e Colaboracionistas

Diz o jornal PÚBLICO que “a emissão online do plenário da Assembleia Legislativa da Madeira (ALRAM) voltou ontem a ser retardada cinco minutos para permitir o corte de "cenas desprestigiantes" para este primeiro órgão do governo da região”. Quer isto dizer que haverá um “comité de sábios” daquela região autónoma, que numa salinha contígua ao parlamento regional, avaliam em tempo real, o que deve chegar aos cidadãos ou ser cortado pela tesoura da censura, em prol daquela paupérrima democracia, onde as liberdades de expressão quase não têm expressão. Os órgãos de soberania da nação, do Governo à Presidência da República, mantêm-se mudos e quedos, sem uma palavra, sem uma iniciativa, assobiando para o lado.Para quem anda distraído, convém lembrar que as tiranias começam assim.

1 comentário:

mfc disse...

A emissão televisiva da AR da Madeira arrisca-se a ficar apenas com a mira técnica.