LI HÁ DIAS um artigo de opinião de um historiador da nossa praça que me deixou algo perplexo. Falava de pobres e desprotegidos, da classe média em geral, dos seus opíparos salários e condições de trabalho, de ordens profissionais, sindicatos e greves, do todo-poderoso, mãos-largas, grande empregador e protector chamado Estado, para rematar com uma irónica, simplificada e abusiva teoria sobre a causa das revoluções, que quanto a protagonistas, até teriam as suas lendas. Eu sei que aquilo era apenas um artigo de opinião, e se até eu, que não sou historiador, posso verter comentários e pareceres no meu blog, qual é o problema? O problema é que historiador é historiador, aqui e na Moita, e não um mero interessado no tema, como é o meu caso. Como diria o meu saudoso professor A.A., artigos de opinião assim tratados às três pancadas, valem o que valem, mas o autor, por mais curriculum e encómios que coleccione, não é para ser levado a sério.
Por isso, começo a ficar um pouco mais preocupado, quando sei que o tal senhor historiador é (ou foi) coordenador de uma síntese da História de Portugal que está agora a ser distribuída (em meritória iniciativa) com as edições do semanário EXPRESSO. É certo que ser coordenador, não é ser autor, mas para o leitor, fica sempre a pairar a convicção (ou desconfiança) de que persiste na abordagem dos temas, de forma mais ou menos velada, o cunho pessoal de quem orienta (estou-me a lembrar dos casos do Dicionário da Língua Portuguesa e do “novo” Acordo Ortográfico). Assim, nestas coisas da História (que não admite ligeireza, leviandade ou rudeza, mesmo quando se trata de artigos de opinião), qualquer leitor um pouco mais incauto, logo mais vulnerável, pode assim ser levado a considerar os factos históricos e os seus protagonistas - por exemplo, a Lei das Sesmarias, a Revolução de 1383/1385, ou a de 25 de Abril de 1974 - como banais jogos de aristocracias sócio-profissionais, ou guerra subversiva de corporações e de “lobbys”. Ao contrário de Portugal, a História de Portugal não precisa de ser resgatada ou reescrita pelos adoradores da nova ordem mundial; basta que não seja maltratada, nem esvaziada de sentido.
Por isso, começo a ficar um pouco mais preocupado, quando sei que o tal senhor historiador é (ou foi) coordenador de uma síntese da História de Portugal que está agora a ser distribuída (em meritória iniciativa) com as edições do semanário EXPRESSO. É certo que ser coordenador, não é ser autor, mas para o leitor, fica sempre a pairar a convicção (ou desconfiança) de que persiste na abordagem dos temas, de forma mais ou menos velada, o cunho pessoal de quem orienta (estou-me a lembrar dos casos do Dicionário da Língua Portuguesa e do “novo” Acordo Ortográfico). Assim, nestas coisas da História (que não admite ligeireza, leviandade ou rudeza, mesmo quando se trata de artigos de opinião), qualquer leitor um pouco mais incauto, logo mais vulnerável, pode assim ser levado a considerar os factos históricos e os seus protagonistas - por exemplo, a Lei das Sesmarias, a Revolução de 1383/1385, ou a de 25 de Abril de 1974 - como banais jogos de aristocracias sócio-profissionais, ou guerra subversiva de corporações e de “lobbys”. Ao contrário de Portugal, a História de Portugal não precisa de ser resgatada ou reescrita pelos adoradores da nova ordem mundial; basta que não seja maltratada, nem esvaziada de sentido.
1 comentário:
Há muitos anos que não sujava as mãos com o jornal de Paço d'Arcos e no passado sábado fui ao engano. Chegou! Histórias de Portugal já cá há as do Mattoso e do Reis.
Abraço
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