.
Na mitologia grega, Cérbero ou Cerberus (em grego, Κέρβερος – Kerberos = "demónio do poço") era um monstruoso cão de múltiplas cabeças e cobras ao redor do pescoço que guardava a entrada do Hades, o reino subterrâneo dos mortos, deixando as almas entrarem, mas jamais saírem e despedaçando os mortais que por lá se aventurassem. Héracles (Hércules, na mitologia romana) filho de Zeus e Alcmena foi a Delfos consultar um oráculo que lhe ordenou que servisse, durante doze anos, o seu primo Euristeu, rei de Micenas e de Tirinto. Pondo-se Héracles ao seu serviço, o rei impôs-lhe, com a oculta intenção de o eliminar, doze perigosíssimos trabalhos, sendo que o 12º consistia em descer ao palácio de Hades e de lá trazer vivo Cérbero - o mastim de três cabeças, guardião do submundo - tarefa da qual o herói saiu vitorioso.
Esta analogia com os trabalhos de Héracles serve para ilustrar, embora simbolicamente, a luta que neste momento se trava nos E.U.A. entre o Presidente Barack Obama, empenhado em levar em frente a sua promessa de criar um serviço nacional de saúde, para quem dele carece, e o poderoso e tentacular lobby da medicina privada, que apoiado por muitas organizações e entidades, consome muitos milhões de dólares, com o único objectivo de sabotar a reforma do actual sistema de saúde, e continuando a manter sem assistência perto de 50 milhões de norte-americanos, isto em pleno século XXI e no país mais rico e poderoso do planeta. Sobre este assunto, passo a transcrever o artigo do Diário Económico de 23-AGO-2009. O título do post é da minha autoria.
«O presidente Barack Obama desafiou os críticos da sua reforma do sistema de saúde a participarem num debate nacional sobre aquele que é o seu assunto prioritário no plano interno.
No sábado, o chefe de Estado norte-americano sublinhou que - ao contrário do que tem sido dito por muitos elementos do partido conservador - a reforma, em debate no Congresso, não irá servir para cobrir as despesas de saúde dos imigrantes ilegais ou usar o dinheiro dos contribuintes para pagar abortos.
"Este é um tema vital para qualquer americano e estou satisfeito por ver que várias pessoas estão comprometidas com o assunto", afirma Obama na sua última intervenção semanal.
"Porém, o debate nacional tem de ser honesto e não dominado por representações intencionalmente erradas e por completas distorções, difundidas por aqueles que tiram benefício de manter o sistema exactamente como está", acrescenta o presidente norte-americano.
Obama prossegue dizendo que vai desmontar alguns dos "mitos" sobre a reforma na saúde que estão a circular na Internet e na televisão por cabo e que são repetidos em vários pontos do país, incidindo nos "painéis da morte", uma ideia veiculada pela ex-governadora do Alasca, a republicana Sarah Palin, no Facebook.
Para quando um sistema nacional de saúde?
Os Estados Unidos são o único país desenvolvido que não tem um sistema nacional de saúde, pelo que 50 dos seus 300 milhões de habitantes não estão abrangidos por nenhum tipo de assistência a este nível.
Durante a campanha eleitoral, Obama prometeu um sistema de saúde que abrangesse todos os americanos, mas a recessão económica e o agravamento do défice tornaram difícil, ao presidente norte-americano, obter apoio para um plano que terá custos elevados.
Além disso, rever o sistema de saúde é politicamente arriscado, havendo que gerir as pressões das companhias de seguros, dos médicos e outras classes ou entidades que defendem ferozmente os respectivos interesses.
O sistema proposto por Obama incluiria o governo e seguradoras privadas, mas a oposição republicana considera que as companhias de seguros não terão capacidade para competir, o que deixará o país apenas com um sistema de saúde público.
Uma situação que, segundo os republicanos, tornaria os Estados Unidos comparáveis a um regime "socialista" - uma das piores palavras que podem ser usadas na arena política norte-americana.»
Na mitologia grega, Cérbero ou Cerberus (em grego, Κέρβερος – Kerberos = "demónio do poço") era um monstruoso cão de múltiplas cabeças e cobras ao redor do pescoço que guardava a entrada do Hades, o reino subterrâneo dos mortos, deixando as almas entrarem, mas jamais saírem e despedaçando os mortais que por lá se aventurassem. Héracles (Hércules, na mitologia romana) filho de Zeus e Alcmena foi a Delfos consultar um oráculo que lhe ordenou que servisse, durante doze anos, o seu primo Euristeu, rei de Micenas e de Tirinto. Pondo-se Héracles ao seu serviço, o rei impôs-lhe, com a oculta intenção de o eliminar, doze perigosíssimos trabalhos, sendo que o 12º consistia em descer ao palácio de Hades e de lá trazer vivo Cérbero - o mastim de três cabeças, guardião do submundo - tarefa da qual o herói saiu vitorioso.
Esta analogia com os trabalhos de Héracles serve para ilustrar, embora simbolicamente, a luta que neste momento se trava nos E.U.A. entre o Presidente Barack Obama, empenhado em levar em frente a sua promessa de criar um serviço nacional de saúde, para quem dele carece, e o poderoso e tentacular lobby da medicina privada, que apoiado por muitas organizações e entidades, consome muitos milhões de dólares, com o único objectivo de sabotar a reforma do actual sistema de saúde, e continuando a manter sem assistência perto de 50 milhões de norte-americanos, isto em pleno século XXI e no país mais rico e poderoso do planeta. Sobre este assunto, passo a transcrever o artigo do Diário Económico de 23-AGO-2009. O título do post é da minha autoria.
«O presidente Barack Obama desafiou os críticos da sua reforma do sistema de saúde a participarem num debate nacional sobre aquele que é o seu assunto prioritário no plano interno.
No sábado, o chefe de Estado norte-americano sublinhou que - ao contrário do que tem sido dito por muitos elementos do partido conservador - a reforma, em debate no Congresso, não irá servir para cobrir as despesas de saúde dos imigrantes ilegais ou usar o dinheiro dos contribuintes para pagar abortos.
"Este é um tema vital para qualquer americano e estou satisfeito por ver que várias pessoas estão comprometidas com o assunto", afirma Obama na sua última intervenção semanal.
"Porém, o debate nacional tem de ser honesto e não dominado por representações intencionalmente erradas e por completas distorções, difundidas por aqueles que tiram benefício de manter o sistema exactamente como está", acrescenta o presidente norte-americano.
Obama prossegue dizendo que vai desmontar alguns dos "mitos" sobre a reforma na saúde que estão a circular na Internet e na televisão por cabo e que são repetidos em vários pontos do país, incidindo nos "painéis da morte", uma ideia veiculada pela ex-governadora do Alasca, a republicana Sarah Palin, no Facebook.
Para quando um sistema nacional de saúde?
Os Estados Unidos são o único país desenvolvido que não tem um sistema nacional de saúde, pelo que 50 dos seus 300 milhões de habitantes não estão abrangidos por nenhum tipo de assistência a este nível.
Durante a campanha eleitoral, Obama prometeu um sistema de saúde que abrangesse todos os americanos, mas a recessão económica e o agravamento do défice tornaram difícil, ao presidente norte-americano, obter apoio para um plano que terá custos elevados.
Além disso, rever o sistema de saúde é politicamente arriscado, havendo que gerir as pressões das companhias de seguros, dos médicos e outras classes ou entidades que defendem ferozmente os respectivos interesses.
O sistema proposto por Obama incluiria o governo e seguradoras privadas, mas a oposição republicana considera que as companhias de seguros não terão capacidade para competir, o que deixará o país apenas com um sistema de saúde público.
Uma situação que, segundo os republicanos, tornaria os Estados Unidos comparáveis a um regime "socialista" - uma das piores palavras que podem ser usadas na arena política norte-americana.»