EMBORA
continue a pavonear-se, de inauguração em inauguração, com o taxímetro da
dívida sempre em contagem crescente, o régulo Alberto João Jardim, já não diz
coisa com coisa. Num dia diz que não há nenhum buraco nas contas, para no dia
seguinte dizer que escondeu esse buraco em legítima defesa. Num dia diz que o
buraco é qualquer de coisa como 5 mil milhões euros, para logo a seguir dizer
que é uma coisita pequena, uma coisita de nada. Num dia pede que o Estado
português dê a independência à Madeira, para no dia seguinte dizer que é contra
a independência da Madeira e que as suas palavras foram um desabafo contra os
interesses financeiros e económicos do cont'nente. Logo a seguir veio agradecer
a decisão da Procuradoria-Geral da República de abrir um inquérito-crime ao
caso de ocultação da dívida pública da região, nada temendo e que até é um
favor que lhe fazem. E todas estas contradições desenrolaram-se no curto espaço
de uma semana, entre entrevistas, comícios, sandochas e copos de três.
E no
meio desta bandalheira, lá vem o régulo multi-usos, todo lampeiro, depois de
ter despachado mais uma inauguração, desta vez as patéticas obras de
alargamento de uma rua, sempre rodeado pela moldura de tropa indígena, ataviada
de fatinhos domingueiros e com perucas cheias de laca, cuja função é debitarem
risos aparvalhados de aprovação pelas graçolas badalhocas do homenzinho que
tanto faz de rei como de bobo, que logo remata que é preciso dar pancada em
quem ofende o povo madeirense, comprometendo-se a continuar a lutar contra o
Estado central até a região conseguir os seus direitos. Por cá, o governo
garante que na próxima sexta-feira irão ser divulgados todos os pormenores do
cambalacho madeirense, muito embora fique para mais tarde a decisão, assaz
importante, de quem vai assumir os custos daquela jardinada, que por omissão só
beneficia o infractor nas eleições legislativas regionais.
É por estas e por outras que acho que o presidente do
Governo Regional da Madeira se está a tornar uma aberração botânica, uma
espécie de Jardim sem flores. E a Madeira que se cuide, pois corre o risco de
ficar sem norte, sem siso, sem dinheiro e com um tresloucado à solta…