COM um abundante sabor a chantagem, alguns membros do governo (e não só!) andam a advertir as "massas populares" para os efeitos "catastróficos" que adviriam se o Tribunal Constitucional declarasse a inconstitucionalidade de alguns dos artigos do Orçamento de Estado, e se este tivesse que ser alterado, contrariando os ditames da troika. Garantem eles que ficaria em causa a ajuda financeira externa, bem como as conjecturas do "visionário" primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, quando volta a repetir que a fé na "luz ao fundo do túnel" é que nos salva.
terça-feira, janeiro 08, 2013
domingo, janeiro 06, 2013
Entrevista Pós-Réveillon
COM Pedro Passos Coelho, também os Conselhos de Ministros sofreram um grande reajustamento, com conselhos a terem direito a fotografia e conselhos sem direito a fotografia. As decisões são agora tomadas com os ministros divididos em quatro grupos, isto é, os que têm dossiers complicados, os que têm dossiers assim-assim, e os que têm dossiers fáceis ou não têm dossiers nenhuns. O quarto grupo, que por motivos óbvios, habitualmente não consta da ordem de trabalhos, integra o ministro plenipotenciário Relvas, bem como o ministro sem pasta ou das privatizações António Borges, ou ainda o ministro-sombra Ricardo Salgado. As decisões passaram a estar escalonadas em três grupos: as que se sabem logo, as que se sabem passado algum tempo e as que nunca se sabem, e dentro de cada um destes grupos, aquelas que são constitucionais, as que já roçam a insconstitucionalidade, e as que são declarada e manifestamente inconstitucionais.
Foi já com esta estrutura instalada que conseguimos obter a entrevista que se segue, realizada após o último Conselho de 2012, e depois de um discreto réveillon que teve lugar nas instalações do Governo, em que os ministros comeram passas, beberam vinho morangueiro e desejaram um bom ano, uns aos outros. Fomos encontrar o ministro das finanças às voltas com uma foilha de excel e a aprimorar uma apresentação em power-point para o próximo conselho europeu, ao mesmo tempo que mordiscava um croquete e molhava o bico numa água das pedras.
- Oh senhor doutor, diz-se por aí que o Governo decidiu no último dia do ano de 2012, recapitalizar o banco Banif, injectando-lhe 1.100 milhões de euros, daquele empréstimo da troika, numa espécie de "nacionalização temporária", como forma de garantir os depósitos dos clientes. É verdade?
- Correcto e afirmativo. Tomámos em consideração que havia uma situação de tratamento desigual do Banif, em relação aos outros bancos que já foram ajudados, e não queremos que haja descriminação, mas sim equidade entre as sociedades financeiras. Além disso, não fazendo nada, o Banco de Portugal ainda era capaz de levantar problemas...
- Oh senhor doutor, desculpe lá, mas isto até parece uma reedição do que foi feito com o famigerado BPN. Mas então não seria mais correcto serem os accionistas do banco, isto é, os seus verdadeiros donos, a terem a responsabilidade dessa recapitalização?
- Mau, não me estou a fazer entender! Veja, é que no quadro actual, tal não é possível nem aconselhável, pois os próprios accionistas, coitados, também atravessam dificuldades, também eles estão descapitalizados, além de que os accionistas estão mais vocacionados para receber dividendos do que a ter que fazer investimentos, e como é compreensível, fazer investimentos nesta altura é um grande risco, um grande bico-de-obra...
- Entretanto, e vendo as coisas que se passaram com o BCP, o BPN e o BPP, também já há quem diga que não há três sem quatro. Será?
- Repare, qualquer semelhança com os casos que referiu é pura coincidência. E não acredite em tudo o que ouve. Quem diz isso são os bota-abaixo do costume, gente que vive mergulhada na realidade virtual, gente que vive de especulação...
- Mas senhor doutor, assim a frio, isso é uma prática pouco correcta no actual quadro de crise de que fala. E isto quando o próprio Presidente da República diz que os sacrifícios têm que ser partilhados de forma proporcional, e mais uma vez quem vai pagar a factura são os pagadores do costume.
- Pois é, mas o que é que se há-de fazer? Para tempos de excepção têm que haver soluções excepcionais, e é este o caso. Em casa onde não há pão, todos ralham com carradas de razão, e o Governo não podia ficar imóvel, insensível e indiferente perante as dificuldades que a sociedade civil está a atravessar...
- A sociedade civil? Os accionistas do banco, quer o senhor dizer!
- Exactamente. Mas alguém duvida que os accionistas do banco pertencem à sociedade civil?
Foi já com esta estrutura instalada que conseguimos obter a entrevista que se segue, realizada após o último Conselho de 2012, e depois de um discreto réveillon que teve lugar nas instalações do Governo, em que os ministros comeram passas, beberam vinho morangueiro e desejaram um bom ano, uns aos outros. Fomos encontrar o ministro das finanças às voltas com uma foilha de excel e a aprimorar uma apresentação em power-point para o próximo conselho europeu, ao mesmo tempo que mordiscava um croquete e molhava o bico numa água das pedras.
- Oh senhor doutor, diz-se por aí que o Governo decidiu no último dia do ano de 2012, recapitalizar o banco Banif, injectando-lhe 1.100 milhões de euros, daquele empréstimo da troika, numa espécie de "nacionalização temporária", como forma de garantir os depósitos dos clientes. É verdade?
- Correcto e afirmativo. Tomámos em consideração que havia uma situação de tratamento desigual do Banif, em relação aos outros bancos que já foram ajudados, e não queremos que haja descriminação, mas sim equidade entre as sociedades financeiras. Além disso, não fazendo nada, o Banco de Portugal ainda era capaz de levantar problemas...
- Oh senhor doutor, desculpe lá, mas isto até parece uma reedição do que foi feito com o famigerado BPN. Mas então não seria mais correcto serem os accionistas do banco, isto é, os seus verdadeiros donos, a terem a responsabilidade dessa recapitalização?
- Mau, não me estou a fazer entender! Veja, é que no quadro actual, tal não é possível nem aconselhável, pois os próprios accionistas, coitados, também atravessam dificuldades, também eles estão descapitalizados, além de que os accionistas estão mais vocacionados para receber dividendos do que a ter que fazer investimentos, e como é compreensível, fazer investimentos nesta altura é um grande risco, um grande bico-de-obra...
- Entretanto, e vendo as coisas que se passaram com o BCP, o BPN e o BPP, também já há quem diga que não há três sem quatro. Será?
- Repare, qualquer semelhança com os casos que referiu é pura coincidência. E não acredite em tudo o que ouve. Quem diz isso são os bota-abaixo do costume, gente que vive mergulhada na realidade virtual, gente que vive de especulação...
- Mas senhor doutor, assim a frio, isso é uma prática pouco correcta no actual quadro de crise de que fala. E isto quando o próprio Presidente da República diz que os sacrifícios têm que ser partilhados de forma proporcional, e mais uma vez quem vai pagar a factura são os pagadores do costume.
- Pois é, mas o que é que se há-de fazer? Para tempos de excepção têm que haver soluções excepcionais, e é este o caso. Em casa onde não há pão, todos ralham com carradas de razão, e o Governo não podia ficar imóvel, insensível e indiferente perante as dificuldades que a sociedade civil está a atravessar...
- A sociedade civil? Os accionistas do banco, quer o senhor dizer!
- Exactamente. Mas alguém duvida que os accionistas do banco pertencem à sociedade civil?
quinta-feira, janeiro 03, 2013
Ainda o Pai Natal...
- SABIAS que a UGT, pela boca de João Proença, ameaçou rasgar o acordo tripartido de concertação social que assinou no início de 2012, porque o Governo deu o dito por não dito e resolveu baixar de 20 para 12 dias as indemnizações por cada ano de trabalho, em caso de despedimento?
- Ah sim, não me digas? É que o João Proença já devia saber que negociar e assinar acordos com o Governo é a mesma coisa que acreditar no Pai Natal...
- Ah sim, não me digas? É que o João Proença já devia saber que negociar e assinar acordos com o Governo é a mesma coisa que acreditar no Pai Natal...
quarta-feira, janeiro 02, 2013
Onde Pára a Bandeira?
NO PRIMEIRO dia de 2013, o Presidente Cavaco Silva, com mais de um ano de atraso, e depois de ter andado a repetir, com alguma insistência, que estava atento e não era pressionável, veio fazer-nos queixinhas do Governo. Falou do quão negativo seria renegociar a dívida ou rasgar o memorando, mas não sugeriu alternativas, falou da espiral recessiva, mas não apontou como revitalizar a economia, falou da situação social insustentável, mas nada fez para a evitar, falou do círculo vicioso da austeridade que falhou, mas deixou-a rolar à desfilada, falou das fundadas dúvidas sobre a equidade dos sacrifícios, mas até promulgou um Orçamento de Estado, inconstitucional e irrealizável, permitindo que o governo continue a espatifar o país, e achando que um mal maior era não haver orçamento, desacreditando-nos no plano externo. Diz que temos que bater o pé à Europa, mas ninguém acredita nisso.
Quem o ouviu é natural que tenha deixado perguntas no ar. Então e durante os dez anos em que Cavaco foi chefe do governo, mais os sete que leva como Presidente da República, não se passou nada? Quem deu cobertura a que fosse desmantelado o tecido económico do país, com a liquidação das pescas, da agricultura e de grandes fatias da indústria, fazendo do país um grande centro comercial de produtos importados da "europa connosco"?
Não sei o que é pior, se este choradinho de lágrimas de crocodilo, se as abstenções violentas do PS (partido Seguro), dando passagem e premiando a governação incendiária dos próceres Coelho e Portas. Em resumo: o homem que não tinha dúvidas e nunca se enganava, veio dizer, com largos meses de atraso, que isto assim não pode continuar, que é tempo de inverter o curso da governação, ao mesmo tempo que apela à nossa corajem e espírito de sacrifício, e continuando a querer sol na eira e chuva no nabal.
Não sei se podemos extrair disso algum significado, mas apercebi-me que a sua mensagem foi gravada com dois cenários distintos; um com bandeira a ombrear o excelentíssimo discursante, e outra sem bandeira. É caso para perguntar: onde pára a bandeira? Será que a meio da mensagem também decidiu emigrar?
terça-feira, janeiro 01, 2013
A Peste Roxa
AS EPIDEMIAS governativas que têm assolado Portugal até à actualidade, assumiram desde meados de 2011, com pezinhos de lã, uma insidiosa e perigosa mutação. Os bacilos do PSD e do CDS-PP acasalaram-se, coligaram-se e apresentaram-se, no início, como um remédio santo para todos os males, porém, numa acrobática rotação de 180 graus, transformaram-se numa epidemia de proporções incalculáveis. À falta de melhor expressão, baptizei este vírus de triplo invólucro (neoliberococus coelherbisgasparensis) de peste roxa, pois a dita, sob as mais variadas formas, e através de um numeroso exército de agentes propagadores, alastra e tem feito num calvário, a vida da maioria dos portugueses. É uma estirpe que não mata à primeira, mas mói muitíssimo, e por largo tempo. É uma epidemia hemorrágica que além de assegurar que o desemprego é uma benesse, uma oportunidade para mudar de vida, devora os recursos financeiros da população activa e reformada, mantendo-se imunes os detentores de rendimentos do capital. Onde quer que se ouça o tilintar de um cêntimo, lá estará o íman fiscal para o subtrair, e quando já não há mais cêntimos para capturar, são aplicadas as técnicas do arresto e da penhora.
Em vez de ser transmitida por ratos infecciosos, esse papel compete a alguma gente, mas gente muito especial, pouco ou nada recomendável, que funciona como sofisticada arma bacteriológica. Eles são mentirosos, aldrabões, especuladores, flibusteiros, intrujões, burlões, banqueiros, agiotas, vendilhões, charlatães, gatunos, malfeitores de vários calibres, ilusionistas e santinhos de pau carunchoso, que parecem multiplicar-se a um ritmo alucinante, todos concorrendo para infernizar a nossa existência e propagar a peste. E isto é duplamente preocupante, quando parece que tarda em ganhar-se coragem para aplicar o remédio ou vacina (já descoberto) que acabe com esta praga, ao passo que as estatísticas vão advertindo que no nosso país, sem contar com a emigração, como fuga ao risco de contaminação e queda no vazio, o número de óbitos já está a superar o número de nascimentos.
À primeira vista, aqueles agentes transmissores, podem parecer-nos incompetentes, cretinos, ignorantes, poucos hábeis e inexperientes, mas isso não passa de fumaça para manter o povo incauto, na dúvida, intrigado e confundido. Como qualquer bactéria que se preze, não se extingue ao primeiro grito. Lá bem no fundo, eles têm objectivos bem determinados, têm a sua "engenharia" a funcionar, sabem perfeitamente o que querem e para onde vão, isto é, nem mais, nem menos, do que suspender a democracia, acabar com o estado social, e recorrendo a um permanente estado-de-sítio consentido, garantir os grandes negócios dos amigos e implantar a ditadura dos mercados. Dizem eles que quem não estiver pelos ajustes deve emigrar, não se manifestar nem incomodar. E é tanta a pressa que até já publicam portarias no Diário da República, dando como certo e garantido (vá-se lá saber como) que o Orçamento de Estado foi promulgado, antes mesmo de o ter sido.
Com conversas, discursos e falinhas mansas, não são poucas as vezes que nos confundem com atrasados mentais, tentando enganar-nos e fazendo-nos cair, mais do que uma vez, no conto do vigário. O diagnóstico está feito e a solução terapêutica é simples: basta ter coragem, distinguir a verdade da mentira, retirar-lhes a governação e apontar-lhes a emigração como solução. E que o Grande Manitu nos proteja!
terça-feira, dezembro 25, 2012
Mensagem às Tropas
SOLDADOS,
e camaradas de armas! É Natal e daqui a dias vai terminar mais um ano, e outro vai começar, logo este é o momento indicado para recapitular algumas questões importantes. Para começar, e porque na poupança é que está o ganho, juntámos Natal e Ano Novo, para economizarmos nas palavras, nas proteínas e nas munições. Não se esqueçam que somos todos soldados, sob o indómito comando do marechal Silva, do general Coelho, do almirante Gaspar e do brigadeiro Relvas, e que fomos todos “voluntáriamente” mobilizados para travar esta guerra contra a crise, contra o défice, contra a dívida, contra os excessos que têm andado a ser praticados, e sobretudo por termos andado a gastar acima das nossas possibilidades. Para que nos resgatemos destes pecados, é importante que marchemos unidos e em força, rumo à grande batalha que se avizinha.
Somos um exército de voluntários pouco exigentes, alimentados apenas com as rações de combate fornecidas pela caridosa intendente Jonet, sem direito a fardamento nem pré, para não afundarmos ainda mais as contas públicas, e quanto a armamento ainda menos, não vá passarem-vos coisas pela cabeça. Porém, somos sensíveis ao dever patriótico de cumprir todas as ordens dos nossos aliados, fazendo todas as vontades à “frau” Merkel, à troika e aos mercados. Além dos submarinos do comodoro Portas, que vão ser a nossa arma letal, disparando contrapartidas a torto e a direito, as outras armas são a disciplina, o respeitinho pelas ordens e a grande capacidade que temos para andar de cócoras e de mão estendida, fazendo sacrifícios sem tugir nem mugir. Atentos e vigilantes, só assim conseguiremos averbar vitórias contra este insidioso inimigo que nos cerca.
Na nossa guerra sem quartel - e só para dar três exemplos - já conseguimos o inexcedível feito de extinguir 1.165 freguesias, estarmos a liquidar empresas a um ritmo de 27 por dia, e nada nos fará recuar na intenção de desmantelar o pantagruélico e ruinoso estado social. Estamos fartos de descontentes. Quem não está bem muda-se, emigra, e quem escolher ficar, sempre pode integrar os nossos batalhões de operações especiais. Portugal é todo ele uma grande frente de combate, e desta meritória acção, é garantido que o país, tal como a Fénix, renascerá das cinzas, e entretanto, que se lixem as eleições e as opiniões. E não acreditem em tudo o que se diz por aí, porque o boato fere como uma lâmina, e a pior coisa que pode acontecer a um exército, é abandalhar-se e deixar de acreditar na sua missão. Por isso tenham muito cuidado com aqueles que, insidiosamente, querem minar a nossa unidade, coesão e determinação, rumo à certa e garantida victória final.
Não vou alongar-me muito mais. O tempo é de acção e de poucas conversas, mas entretanto, se encontrarem por aí um inimigo infiltrado, um perigoso sniper, apoiado por uma obscura e traiçoeira “quinta coluna”, que dá pelo nome de Artur Baptista da Silva, que anda a desmoralizar as nossas fileiras, não se esqueçam de o capturar e amordaçar, com o nosso convicto apoio, e um sonoro “a bem da nação”.
O cabo-corneteiro Amorim
segunda-feira, dezembro 24, 2012
Não Acredite!
QUANDO Pedro Passos Coelho diz - antecipando pretextos para fazer mais um assalto concertado à bolsa dos contribuintes - que há muitos reformados e pensionistas que estão a receber mais do que aquilo que descontaram, ao longo da sua carreira contribuitiva…
… pois pode muito bem ser a próxima vítima.
… pois pode muito bem ser a próxima vítima.
sábado, dezembro 22, 2012
sexta-feira, dezembro 21, 2012
Mal-Entendidos e Com(Passos) de Espera
- Vê lá que a venda da TAP, essa mega-negociata, que diziam ser de uma inaudita lisura e transparência, acabou por ficar em águas de bacalhau…
- Não admira! É o resultado que dá quando se junta uma quadrilha de malfeitores com uma matilha de lobos esfaimados.
terça-feira, dezembro 18, 2012
A Ver Vamos, Como Diria o Cego
- Sabias que Passos Coelho, de visita à Turquia, garantiu que Portugal já não está à beira do precipício?
- Não admira, se o dissesse cá logo haveria quem lhe desse um empurrão para ver se era verdade…
- Não admira, se o dissesse cá logo haveria quem lhe desse um empurrão para ver se era verdade…
domingo, dezembro 16, 2012
No Poupar é Que Está o Ganho
O PRESIDENTE da República senhor Aníbal e a primeira dama dona Maria gravaram uma mensagem de Boas Festas dirigida aos portugueses que, quanto a conteúdo, não difere muito de uma redação de um aluno do ciclo básico, contemplando até os habituais e repisados lugares comuns usados na quadra.
Para quem se intitula “provedor do povo português” o discurso soube a nada, e sobre a sua insistência em que não devemos perder a esperança, só deve ter a ver com o nosso desígnio de mandarmos o governo embora. Talvez por exigência da troika, é evidente que houve a preocupação de poupar. Aliás, fazer poupança nas palavras, parece ser a preocupação nuclear do inquilino de Belém, quando não pode furtar-se a ter que se chegar à frente, para ciciar as poucas preocupações da sua presidencial figura, mesmo quando a turbulência governativa, varre o país de lés-a-lés. Embora em estilo miniatura e variando no embrulho, este pastel foi feito com a mesma massa da mensagem de Ano Novo, produzida em Janeiro de 2012, mas por ter sido curtíssimo, teve a vantagem de não agredir, por aí além, a paciência de quem o escutou.
Para quem se intitula “provedor do povo português” o discurso soube a nada, e sobre a sua insistência em que não devemos perder a esperança, só deve ter a ver com o nosso desígnio de mandarmos o governo embora. Talvez por exigência da troika, é evidente que houve a preocupação de poupar. Aliás, fazer poupança nas palavras, parece ser a preocupação nuclear do inquilino de Belém, quando não pode furtar-se a ter que se chegar à frente, para ciciar as poucas preocupações da sua presidencial figura, mesmo quando a turbulência governativa, varre o país de lés-a-lés. Embora em estilo miniatura e variando no embrulho, este pastel foi feito com a mesma massa da mensagem de Ano Novo, produzida em Janeiro de 2012, mas por ter sido curtíssimo, teve a vantagem de não agredir, por aí além, a paciência de quem o escutou.
sexta-feira, dezembro 14, 2012
Estória Breve: O Homem-de-Lata
HOJE, as duas últimas horas tinham passado sem dar por isso. Tinha voltado a ler uma narrativa simples, com linguagem directa e despretensiosa, situada naquela época pioneira das primeiras missões espaciais, quando os homens ainda tinham dificuldade em dominar a imponderabilidade, e as estações orbitais, acanhadas e mal cheirosas, eram o local onde os homens estudavam e testavam a resistência humana, tomando balanço para voos mais longínquos, apertados dentro de fatos que eram quase sarcófagos e no meio de espartanos racionamentos de água e alimentos. Eram depoimentos de antigos cosmonautas, onde eram descritas as longas permanências no espaço, e toda a imensa problemática que tal actividade envolvia, desde manter os homens sãos de corpo e espírito, bem como activos e operacionais todos os equipamentos de que as missões dependiam. Agora, quase duzentos anos depois destes pioneiros, tudo era diferente. Ali na Pegasus 2 não faltava nada. Era tudo tão fácil de operar e manobrar que até uma criança o podia fazer. Era um pequeno mundo. Havia espaço de sobra, atmosfera limpa, música ambiente, ginásios, estufas de culturas hidropónicas, alojamentos quase principescos, uma biblioteca de 100.000 volumes, uma cinemateca de 75.000 filmes, uma pinacoteca de 1 milhão de pinturas, desenhos, imagens de esculturas e visitas virtuais a monumentos, alguns que até já nem existiam, laboratórios bem equipados, e entre o pouco ou quase nada que ainda era preciso investigar, apenas a curiosidade humana subsistia. Para satisfazer isso, além das consultas que podiam ser efectuadas em qualquer momento à UNIV, até havia no sexto nível um atelier para manter ocupados os espíritos criativos, mas isto era quando havia uma tripulação de cento e sessenta humanos, entre os quais havia uma astro-navegadora Grace que pintava exuberantemente, e um exobiólogo Velasco que esculpia a canivete presépios em miniatura. Agora, quando era ele o único que restava a bordo, era a ver filmes e a ler que ocupava o seu tempo, entre as pequenas reparações que tinha que orientar, as verificações de rotina, emergências, como um ou outro impacto de meteoritos de fácil resolução, ajustes no posicionamento dos colectores solares, correções da trajectória e posição da estação, ou excepcionalmente, quando lá de baixo, das entranhas do omnipresente e sempre vigilante sistema central, vinham instruções que era preciso cumprir. Naquele contexto, ser um astrofísico a fazer trabalho de cantoneiro e a dirigir uma orquestra de robots desafinados, tornara-se irrelevante, mas isso também não vinha agora para o caso.
Ali estava ele, a 398 milhas da superfície da Terra, instalado num dos imensos braços da Pegasus 2, aquela que ainda continuava a ser uma das maiores e mais bem equipadas estações orbitais do mundo, um monumento de engenharia espacial, com os seus doze níveis de perto de duzentos mil metros quadrados de área utilizável, destinada a uma população que podia chegar a duas centenas de técnicos em actividade, cada um com a sua missão, e mais as suas cinco plataformas de docagem, aptas para receber qualquer transbordador. Só que isso também já eram recordações do passado, tal como a Grande Crise de 2156, época em que a força voltou a falar mais alto que a voz da razão, altura em que a Pegasus 2 chegou a ser militarizada, albergando lançadores de astro-virotões e um importante arsenal de armas avançadas. Depois disso foi núcleo de pesquizas, centro de estágio para futuros cosmonautas e local de quarentena para missões de regresso à Terra, até que o Centro Terrestre foi dispensando todo o pessoal, argumentando com cortes nos investimentos e nas despesas. Agora restava ele como seu único e voluntário tripulante, uma espécie de "faz-tudo" muito económico, acompanhado apenas por um casal de gatos tigrados e meia centena de robots especialistas, uns doentiamente competentes e obedientes, incansáveis e invulneráveis, outros como caricaturas de gente inteligente, burros tropeçudos que passavam o tempo a perder-se no labirinto dos corredores. Há três anos que a Pegasus 2 tinha sido totalmente despovoada. Muitas áreas tinham sido seladas, sete pisos tinham caído numa penumbra perpétua e muitos sistemas tinham sido desactivados. Embora tivesse deixado de ser utilizada como plataforma de formação para futuras tripulações, tornou-se evidente que, devido ao facto de os seus sistemas ainda se encontrarem longe de serem considerados obsoletos, poderia desempenhar muitas outras funções, embora com uma equipagem reduzida. Tão reduzida que bastava um homem e meia centena de carcaças com rodas, pinças telescópicas, tenazes articuladas e visores multicoloridos, para a manter operacional. Bastava a visita de um cargueiro de sete em sete meses, para garantir um provimento onde nem sequer faltavam caixas de vinhos raros e grande variedade de biscoitos para gato. Para que aquele mundo funcionasse, bastava haver alguém que voluntariamente não se importasse de viver longe da sua espécie, como era o seu caso. Bastava ser ele o caprichoso, estar ali e sentir-se bem, e continuar a renovar os contratos que de catorze em catorze meses lhe voltavam a apresentar, já lá iam sete anos.
A semana passada tinha sentido arrepios de frio, e decidira ir ao consultório do robot-médico, um aposento totalmente automatizado, equipado com uma mesa provida de sensores e instrumentos, aptos a fazerem todo o tipo de exames e um diagnóstico a preceito. Habitualmente era o “médico” que marcava as consultas, uma vez por semana, insistindo pelo sistema sonoro da estação, para que ele se apresentasse para o exame de rotina. Desta vez a inciativa tinha sido sua. A consulta foi rápida e o veredicto simples e claro: Você anda a ler muito, a meditar sobre citações de pensadores do século XIX, anda a ver filmes em demasia… o seu trabalho exige calma e dedicação… as leituras e os filmes causam transtornos psíquicos, depressões, ansiedade, pensamentos mórbidos, estimulam em excesso a imaginação, etc.. Ora esta, querem lá ver este robozeco, a dar-me sermões, armado em protector de gente de carne e osso… Levantou-se, vestiu-se, voltou para a sua suite, para logo se arrepender de ter ido à consulta. A razão estava em que, como sempre, já iria a caminho da Terra um relatório detalhado sobre o seu estado de saúde, e lá em baixo iriam concluir que a sua cabecinha andava avariada, que não andava a bater bem, talvez fosse da solidão, e depois, sabe-se lá, talvez se recusassem a renovar o contrato e o mandassem regressar. Como o mal já estava feito, e como dizia um provérbio antigo, o que não tem remédio, remediado está, recostou-se na poltrona e preparou-se para decidir qual a escolha daquele dia; tanto podia ser um mergulho nas páginas do “Robinson Cruzoe”, como ir deleitar-se, pela enésima vez, com as imagens do “Feiticeiro de Oz”.
Quando o filme terminou, ajustou a luz artificial da suite até ficar na penumbra, mudou a imagem do quadro de parede da "Vénus Reclinada" de Giorgione para o "Cavalo Branco" de Gauguin, e recostou-se naquele beliche que era quase uma cama de casal, observando a claridade crua, reflectida pela superfície do planeta, a esgueirar-se pela clarabóia e derramando-se a seus pés em manchas circulares, acompanhando o eterno bailado e os gemidos subtis da imensa estrutura da Pegasus. A Tsai chegou-se pé ante pé, ronronou, bocejou e saltou para junto dele. Quanto ao Tsoi, preguiçoso e independente como era, deve ter ficado lá em baixo, enroscado nalgum dos cadeirões da sala de controle. Pôs-se a pensar. Era curioso como os primeiros forasteiros do espaço amavam o seu planeta, muito embora o fascínio e deslumbramento das novas fronteiras do espaço fossem a sua razão de viver. Com ele passava-se o oposto. Era grande a aversão que sentia por aquele lugar infernal e repulsivo que girava lá em baixo, camuflado pelas belas e enganosas tonalidades de azul e ocre, entrecortadas pelas pinceladas e espirais leitosas do branco das nuvens, que escondiam um rochedo que se tornara quase inóspito, mas que em tempos ostentara belos e majestosos lagos cor de esmeralda, irresistíveis planícies douradas a perder de vista, florestas que eram autênticas catedrais, onde a humidade cobria como uma segunda pele aquele reino dos mais diversos e inesperados verdes e odores, numa tão grande e caleidoscópica diversidade, que querer descrevê-la era uma missão quase impossível de levar a cabo. Sentiu novamente um arrepio de frio, mas logo concluiu que devia ser sugestão. Ainda há pouco tinha controlado a temperatura da cúpula e tudo estava em conformidade. Aconchegou a roupa à volta do pescoço, fechou os olhos e voltou a sonhar com a tal Terra dos contos de fadas, à mistura com as imagens ainda difusas do “rendez-vous” do cargueiro que viria daí a um mês, lá de baixo, um lá de baixo que é apenas aparente, criado pela gravidade artificial da estação, pois no espaço não existe um lá em cima, nem um lá em baixo. Sentiu novo arrepio, e não fez caso. Fechou os olhos e começou a fingir que sonhava, imaginando que o cargueiro traria mais uma geração de robots, uns muito pequeninos, outros maiorzitos, sempre com instruções de activação que lhe consumiam um tempo imenso (sempre eram menos uns quantos filmes que via, e menos uns tantos livros que lia), e que faziam coisas incríveis, desde “desparasitar” os equipamentos do centro de controle, até averiguar as suas preferências gustativas. Qualquer escravo de engenho de açucar de uma roça brasileira do século XVII, era mais inteligente e competente que muita da sucata que lhe mandavam. Só o trabalho de os desembalar e ler as instruções, deixavam uma pessoa derreada e desiludida, como aconteceu com aquele KAM505, cuja função era dar de comer aos gatos, mas que não conseguia acertar com o relógio biológico dos bichanos. O resultado era eles votarem um desprezo absoluto àquela geringonça, preferindo requisitar as suas humanas atenções, com artísticos bailados entre as suas pernas, prolongadas marradinhas e miados, quando era preciso reabastecer os alvéolos com a ração diária.
Os trinta dias que o separavam da visita do cargueiro escoaram-se depressa. Aquela tarefa de registar os valores das emissões da Cintura de Van Allen, tinham absorvido muito do seu tempo. Contudo, começou a ficar ligeiramente preocupado quando faltando 48 horas para a esperada acoplagem do cargueiro, ainda não se tinha feito ouvir a habitual lenga-lenga, debitada hora a hora pelo centro de controle terrestre: "Atenção Pegasus 2: rendez-vous menos 46 horas, 14 minutos e 25 segundos... ". Embora as operações de aproximação e atracagem fossem inteiramente automáticas, era sempre requerida a sua presença na sala de controle, para supervisionar a fase final de abertura das câmaras de comunicação entre a estação e o cargueiro, o qual habitualmente não era tripulado. Eram depois os robots-estivadores que faziam a transfega dos contentores com os reabastecimentos, e que para lá voltavam com o lixo não reciclável produzido na estação. Apreensivo com aquele silêncio, testou a operacionalidade das comunicações, e depois deixou passar mais um par de horas, antes de fazer uma chamada para o centro terrestre, inquirindo a razão do silêncio. A resposta veio curta e incisiva; não iria ocorrer o programado reabastecimento porque o seu contrato não iria ser renovado. Iria regressar à Terra, depois de ser substituído por um robot inteligente da última geração, uma maquineta que dava pelo nome de SHERP712, sobre o qual já tinha lido qualquer coisa. Disseram ainda que tinha sido agraciado com a medalha de mérito por serviços distintos, e que por força da quebra unilateral de contrato, já estava calculada e creditada a sua indemnização compensatória, no valor de trezentos e cinquenta milhões de créditos. Só faltava esperar pelas instruções complementares, as quais seriam enviadas dentro de poucas horas. À pergunta de qual a razão porque não renovavam o contrato, a resposta veio fria e sem rodeios: o seu comportamento e os relatórios médicos indiciavam que o prolongado isolamento estava a provocar desvios da sua personalidade e a levá-lo a perder o controle da realidade, situação que desaconselhava a sua permanência à frente dos destinos da Pegasus 2. Nestas missões - acrescentaram eles - corre-se um grande risco quando alguém começa a não saber distinguir a ficção da realidade. Ora bem, lá na Terra, está visto que continuavam a ter a propensão para os maus hábitos, usando todos os pretextos mais à mão, para baixar os custos com o pessoal, indiferentes aos maus resultados que daí advinham, e insensíveis aos estragos que provocavam nas carreiras e na vida das pessoas.
Ainda pensou em amotinar-se, barricando-se nos níveis inferiores da Pegasus, mas acabou por abandonar a ideia, porque era duvidoso que pudesse ganhar algo com isso. Sublevar-se contra o CET, o todo-poderoso Centro Espacial Terrestre, apenas levaria a que tivesse que pagar o protesto com uma mais ou menos prolongada perda de liberdade, mais o cancelamento da sua reforma. Assim, quedou-se à espera das tais instruções e do seu desfecho. O Homem-de-Lata que o iria substituir, o tal SHERP712, versão R-27, especialmente adaptado para supervisionar a Pegasus, chegou sete dias depois. Antes disso o Centro Terrestre tinha-o informado que não haveria período de adaptação nem transmissão de agenda ou funções. A nave que levava Nicklaus - assim tinha sido baptizada aquela cibernética inteligência – seria a mesma que o recolheria a ele, de regresso à Terra. Quanto a Nicklaus, já sabia tudo, todos os lugares e recantos da estação, todas as suas funções e obrigações ao pormenor, informações de que fora atulhado, com afinco e determinação, durante largas semanas, no centro operacional terrestre. Quando chegou não houve espanto nem surpresa. Sua excelência tinha uma forma que oscilava entre um aracnídeo e um aspirador industrial, tinha alguns pares de rodas, muitos braços, muitas pinças, tenazes e sensores, era mudo e provávelmente também surdo. De facto, entre robots, para quê o dom da palavra e da audição, se entre eles as informações e as ordens circulavam à velocidade da luz através do sistema integrado da própria Pegasus? Nicklaus tinha todos os manuais operacionais memorizados, não se divertia, não se cansava, não dormia e o seu alimento era assegurado diáriamente, ligando-se durante breves minutos, aos colectores solares da estação. Resumindo: entrava ao serviço um luzidio Nicklaus, e saía ele, um astrofísico sonhador com supostos desvios de personalidade. Sem um queixume, não se despediu de nada e foi directamente para a câmara de acoplagem do transbordador que o aguardava impaciente, já em contagem decrescente, depois de ter recolhido os seus poucos pertences, e envergado o fato de voo para a viagem de regresso à Terra, sete anos depois de ter jurado que a ela não mais regressaria.
Antes isto que uma perna partida, pensou ele com os seus botões, sentindo novo arrepio de frio. Instalou-se no assento da cabine do transbordador, regulou a posição de conforto, correu o fecho do capacete, activou as funções de apoio de vida do fato, apertou o arnês, baixou a viseira e viu fechar-se lentamente a comporta de comunicação com a Pegasus. Dois minutos depois a contagem decrescente quedou-se no zero. Sentiu o ligeiro balanço da naveta a desprender-se da estação, e os propulsores começarem a rugir. Ali ao lado ainda estava o berço onde o seu substituto fizera, cómodamente, a viagem para a Pegasus. A iluminação baixou lentamente, e os monitores do transbordador automático animaram-se. Dali para a frente, até ao cosmódromo de Gobi, numa viagem de pouco mais de hora e meia, não precisaria de mexer uma palha, pois a navegação e a entrada na atmosfera terrestre, era toda por conta e risco do CET. Passou mentalmente em revista as últimas horas que passara na Pegasus, e havia uma preocupação que não o abandonava. Como é que a Tsai e o Tsoi iriam reagir ao seu desaparecimento físico e à total ausência de calor humano? Não estava a ver o super-inteligente Nicklaus-Homem-de-Lata conseguir interpretar, ou sequer condoer-se, com os seus miados e marradinhas, a fim de assegurar o competente reabastecimento, a tempo e horas, dos seus alvéolos de alimento.
quinta-feira, dezembro 13, 2012
Inesgotável Sophia
Poema inserto num texto em prosa inédito de Sophia de Mello Breyner Andresen, publicado na revista LER de Dezembro de 2012, com o título (atribuído por aquela publicação)"A casa desmedida".
«(...)
Mergulhávamos nos fetos como em ondas, fingíamos nadar, o que nos divertia infinitamente e me punha em grande estado de euforia - saltávamos, ríamos, mergulhávamos entre as folhas ásperas dos fetos, rente ao perfume da terra. Lá em cima baloiçavam as grandes copas dos pinheiros mansos. De repente passavam bandos de pássaros. Estalavam ramos, tudo estava cheio de murmúrios. Ao longe avistava-se o mar brilhante e o friso branco das espumas. Tomar banho nos fetos do pinhal como tomar banho de mar na praia, era a nossa união com a felicidade do terrestre.
Passavam pelos ares aves repentinas
O cheiro da terra era fundo e amargo
E ao longe as cavalgadas do mar largo
Sacudiam na areia as suas crinas
(...)»
quarta-feira, dezembro 12, 2012
Relvices
QUANDO Miguel Relvas diz que Nuno Santos não foi alvo de saneamento, o mais certo é que tenha sido.
Quando Miguel Relvas assegura que existe total transparência em todo o processo de privatização da RTP, o mais certo é que tal operação nada tenha de transparente, e não irá ter o sucesso que ele tanto alardeia.
Quando Miguel Relvas diz que vai dar todo o seu apoio à candidatura de Fernando Seara à Câmara Municipal de Lisboa, o mais certo é que Fernando Seara, considerando que tal apoio apenas o vai prejudicar, acabe por desistir do intento. Aliás. por isso mesmo, eu penso que Miguel Relvas devia manifestar e dar todo o seu apoio, sem excepção, a todos os candidatos do PSD às eleições autárquicas.
Quando Miguel Relvas diz que não se incomoda nada com aquilo que pensam e dizem dele, eu acho muitíssimo bem, e que ele deve continuar a insistir com as suas cabotinices. Quanto mais aquelas vozes críticas se levantarem, mais certo é que um deles, ou os dois, cairão: o Relvas ou o Governo todinho.
Quando Miguel Relvas assegura que existe total transparência em todo o processo de privatização da RTP, o mais certo é que tal operação nada tenha de transparente, e não irá ter o sucesso que ele tanto alardeia.
Quando Miguel Relvas diz que vai dar todo o seu apoio à candidatura de Fernando Seara à Câmara Municipal de Lisboa, o mais certo é que Fernando Seara, considerando que tal apoio apenas o vai prejudicar, acabe por desistir do intento. Aliás. por isso mesmo, eu penso que Miguel Relvas devia manifestar e dar todo o seu apoio, sem excepção, a todos os candidatos do PSD às eleições autárquicas.
Quando Miguel Relvas diz que não se incomoda nada com aquilo que pensam e dizem dele, eu acho muitíssimo bem, e que ele deve continuar a insistir com as suas cabotinices. Quanto mais aquelas vozes críticas se levantarem, mais certo é que um deles, ou os dois, cairão: o Relvas ou o Governo todinho.
segunda-feira, dezembro 10, 2012
Agarra-me se Puderes!
«O GOVERNO (português) perde todos os anos mais de 12 mil milhões de euros em fuga aos impostos, o triplo daquilo que pretende cortar na despesa pública em dois anos (2013 e 2014), mostra um estudo independente da consultora britânica Richard Murphy FCA, elaborado para o grupo Aliança Progressista de Socialistas e Democratas do Parlamento Europeu.
A investigação, hoje divulgada no âmbito de uma comunicação da Comissão Europeia sobre economia paralela e evasão e fraude fiscal, mostra que a perda fiscal associada à existência de atividades clandestinas ou paralelas na economia (que como tal não estão dentro do perímetro do Fisco) representa 23% da receita fiscal total (12,3 mil milhões de euros de prejuízo fiscal), um nível que está acima dos 22,1% de média da União Europeia. Portugal é assim o sétimo pior caso no ranking da Richard Murphy FCA.»
Notícia do DIÁRIO ECONÓMICO de 6 de Dezembro de 2012
Entretanto o jornal DIÁRIO DE NOTÍCIAS informou que o presidente do Conselho de Prevenção da Corrupção e do Tribunal de Contas está preocupado com o facto de Portugal estar no 33.º lugar no índice de percepção da corrupção, ao mesmo nível de países como o Butão e Porto Rico. Guilherme d'Oliveira Martins alerta também para a situação de a economia paralela e subterrânea em Portugal já representar 25% do PIB e de que a "crise não favorece o combate à corrupção".
ADENDA em 11-Dez-2012 – Na altura que as notícias atrás vieram a público ainda Cândida Almeida não se tinha pronunciado sobre o caso BPN, a qual estranhou que o julgamento ande a passo de caracol. Disse isto durante mais uma sessão do Clube dos Pensadores, em Gaia. Para combater a corrupção, Cândida Almeida apela aos cidadãos para colaborarem com a justiça, tendo adiantado mesmo que foi aberta “uma linha de denúncias anónimas”, que desde Novembro de 2010 já contabiliza 2.000 denúncias, mas que nem tudo é corrupção, e mais isto e mais aquilo, a maior parte é fraude fiscal, os mais bicudos são casos muito complexos, precisam de averiguação preventiva, etc e tal. Não se percebe muito bem este palavreado, isto porque a mesma senhora procuradora, ainda em Setembro deste ano, afiançava com a genica e intrepidez que lhe conhecemos, numa "aula" da Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, que não existia corrupção em Portugal, usando textualmente estas palavras: «Digo olhos nos olhos: O nosso país não é corrupto, os nossos políticos não são corruptos, os nossos dirigentes não são corruptos».
Será que a corrupção também já contaminou a justiça? Vejam só o que o país mudou (ou o entendimento de dona Cândida) no espaço de 3 meses…
sábado, dezembro 08, 2012
sexta-feira, dezembro 07, 2012
Também Tu, Deutsche Bank?
O Deutsche Bank é acusado, através de denúncia ao Securities and Exchange Commission, efectuada por três dos seus antigos funcionários, entretanto afastados do serviço, de ter escondido 9.230 milhões de euros em dívidas, resultantes de perdas nas operações de mercado, durante o pico da crise financeira, entre 2007 e 2009, para mascarar as contas e evitar um resgate pelo Governo alemão.
Gostava de saber como é que a coisa se compôs, pois 9.230 milhões de euros é muita “massa”, cuja falta dificilmente passa despercebida, e entretanto alguém deve ter ficado a arder.
Gostava de saber como é que a coisa se compôs, pois 9.230 milhões de euros é muita “massa”, cuja falta dificilmente passa despercebida, e entretanto alguém deve ter ficado a arder.
quinta-feira, dezembro 06, 2012
Registo Para Memória Futura (75)
«(...) É preciso que se saiba que os portugueses comuns (os que têm trabalho) ganham cerca de metade (55%) do que se ganha na zona euro, mas os nossos gestores recebem, em média mais 32% do que os americanos, mais 22,5% do que os franceses, mais 55 % do que os finlandeses e mais 56,5% do que os suecos.»
Do blog ANTREUS de António Abreu
Do blog ANTREUS de António Abreu
quarta-feira, dezembro 05, 2012
Conselho de Estado Alternativo
HÁ TRÊS dias (desde Sexta-Feira 30 de Novembro) que o Presidente da República tem mantido reuniões com o Conselho de Estado Alternativo, composto pelos banqueiros portugueses, isto é, com alguns dos donos de Portugal, nomeadamente, os presidentes dos conselhos de administração ou comissões executivas do Banco Espírito Santo, Banco Português de Investimento, Banco Comercial Português, Caixa Geral de Depósitos, Montepio Geral, Banco Santander-Totta, Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo e Banif, e só agora é que soubemos. Parece que está muito preocupado com a "estabilidade financeira dos bancos", queria saber como estão a correr os negócios e também, provávelmente, se eles precisam de mais alguma coisa.
segunda-feira, novembro 26, 2012
Sobre a Cavacal Amnésia
O Presidente da República em 21 de Novembro de 2012, durante a sessão de abertura do Congresso das Comunicações, afirmou que o país precisa de “ultrapassar estigmas” e voltar a olhar para os sectores que esqueceu nas últimas décadas: o mar, a agricultura e a indústria. É preciso descaramento!
Ora o desaparecimento das pescas, da agricultura e de amplos sectores do tecido industrial não resulta de um acto de amnésia colectiva, nem de uma chaga que tenha aparecido por geração expontânea, ou caído do céu aos trambolhões. Cavaco Silva finge-se desentendido e debita a sua homilia, como se não tivesse nada a ver com o assunto. Cavaco esquiva-se, quer passar uma esponja sobre o seu passado, varrer para debaixo do tapete tudo o que tem a sua assinatura, mas, na verdade, foi o próprio Aníbal Cavaco Silva, enquanto primeiro-ministro de Portugal, entre 6 de Novembro de 1985 e 28 de Outubro de 1995, que aproveitando a ainda fresca adesão à Comunidade Económica Europeia em 1986, se encarregou de iniciar o desmantelamento das pescas, da agricultura e de amplos sectores do tecido industrial, à sombra de uns promissores quadros comunitários de apoio que foram desperdiçados das mais variadas formas, sujeitando esses sectores a um processo de erosão, que tinha por finalidade transformar o país, não num produtor e exportador de bens, mas apenas num promissor mercado consumidor daquilo que importávamos da triunfante Europa Connosco.
O que foram as drásticas reduções (quotas) impostas pela UE sobre os nossos lacticínios, o concentrado de tomate e as pescas, senão uma forma capciosa de estrangular e desbaratar os nossos sectores produtivos. Isto para já não falar dos largos milhões de subsídios compensatórios, destinados à modernização do país, e que acabaram dissipados e desbaratados por uma corte de pseudo-empresários, quantas vezes com lautos proventos para as suas contas bancárias e nulos efeitos para a economia. Portanto, não vale a pena fazer fintas ou tergiversar, quando Cavaco diz agora, alinhavando conselhos e recadinhos, com o seu habitual ar seráfico, que é desejável que voltemos ao mar, depois de ele próprio ter contribuído para nos expulsar de lá, pondo os barcos parados e as tripulações em terra. A verdade é que chegámos onde chegámos, por ele ter trabalhado afincada e determinadamente para isso. O país que hoje somos está profundamente contaminado pelos genes de 10 (dez) anos de cavaquismo, e invocar estigmas e esquecimentos, é apenas mais uma chapada de areia lançada para os olhos dos desmemoriados e dos incautos.
Ora o desaparecimento das pescas, da agricultura e de amplos sectores do tecido industrial não resulta de um acto de amnésia colectiva, nem de uma chaga que tenha aparecido por geração expontânea, ou caído do céu aos trambolhões. Cavaco Silva finge-se desentendido e debita a sua homilia, como se não tivesse nada a ver com o assunto. Cavaco esquiva-se, quer passar uma esponja sobre o seu passado, varrer para debaixo do tapete tudo o que tem a sua assinatura, mas, na verdade, foi o próprio Aníbal Cavaco Silva, enquanto primeiro-ministro de Portugal, entre 6 de Novembro de 1985 e 28 de Outubro de 1995, que aproveitando a ainda fresca adesão à Comunidade Económica Europeia em 1986, se encarregou de iniciar o desmantelamento das pescas, da agricultura e de amplos sectores do tecido industrial, à sombra de uns promissores quadros comunitários de apoio que foram desperdiçados das mais variadas formas, sujeitando esses sectores a um processo de erosão, que tinha por finalidade transformar o país, não num produtor e exportador de bens, mas apenas num promissor mercado consumidor daquilo que importávamos da triunfante Europa Connosco.
O que foram as drásticas reduções (quotas) impostas pela UE sobre os nossos lacticínios, o concentrado de tomate e as pescas, senão uma forma capciosa de estrangular e desbaratar os nossos sectores produtivos. Isto para já não falar dos largos milhões de subsídios compensatórios, destinados à modernização do país, e que acabaram dissipados e desbaratados por uma corte de pseudo-empresários, quantas vezes com lautos proventos para as suas contas bancárias e nulos efeitos para a economia. Portanto, não vale a pena fazer fintas ou tergiversar, quando Cavaco diz agora, alinhavando conselhos e recadinhos, com o seu habitual ar seráfico, que é desejável que voltemos ao mar, depois de ele próprio ter contribuído para nos expulsar de lá, pondo os barcos parados e as tripulações em terra. A verdade é que chegámos onde chegámos, por ele ter trabalhado afincada e determinadamente para isso. O país que hoje somos está profundamente contaminado pelos genes de 10 (dez) anos de cavaquismo, e invocar estigmas e esquecimentos, é apenas mais uma chapada de areia lançada para os olhos dos desmemoriados e dos incautos.
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