A
A notícia do Diário de Notícias, de 29/11/2007, de que passo alguns parágrafos, é inquietantemente esclarecedora:
“A actual Lei das Armas pode dar prisão aos militares que usem as suas espadas e espadins sem ser no exercício de funções, as transportem na via pública ou as tenham em casa. Em causa está a definição do que são armas brancas, a sua inclusão na chamada "classe A" das armas e o facto de a lei 5/2006 se referir às Forças Armadas como instituição e sem abranger os seus efectivos, na prática equiparando os militares aos civis.
…
A referida lei, aprovada em 2006 e quando o ministro da Administração Interna era António Costa, diz que "são proibidos (...) a detenção, o uso e o porte de armas, acessórios e munições da classe A", onde se incluem "as armas brancas sem afectação ao exercício de quaisquer práticas venatórias, comerciais, agrícolas, industriais, florestais, domésticas ou desportivas, ou que pelo seu valor histórico ou artístico não sejam objecto de colecção". A arma branca é o objecto com lâmina "igual ou superior a 10 centímetros.
…
Sucede que as espadas e espadins, além de símbolo do oficial dos quadros permanentes, são uma "oferta pessoal" dada no fim dos cursos. Acresce que o melhor aluno da Academia é distinguido por países estrangeiros com espadas ou sabres - como aconteceu há dias, na abertura do ano lectivo da Academia Militar do Exército.”
A
Não sei porquê, isto faz-me lembrar a “noite dos facas longas” (1) numa versão, não sei se arrogantemente pacóvia, se impulsivamente pseudo-democrática. Nos últimos tempos, há qualquer coisa de paranóico que paira no ar, e que em rigor ninguém me consegue explicar. Não esqueçamos que estas armas, para além do seu significado simbólico, são objectos emblemáticos que fazem parte integrante dos uniformes de gala e cerimónia dos militares, e não as consigo ver a armarem o braço dos seus possuidores, para virem pôr em causa a “ordem pública”.
De facto, estamos a viver tempos escandalosamente interessantes. Deixo aqui uma pergunta: a seguir, o que irá acontecer às facas de cozinha, ao canivete-suisso, à navalha de barba, ao machado com que corto a lenha, à foice e à gadanha?
A
(1) A Noite das Facas Longas ou Noite dos Longos Punhais (em alemão Nacht der langen Messer), decorreu na noite de 29 para 30 de junho de 1934, quando Hitler procedeu à eliminação das Sturmabteilung (SA), ou "Secção de Assalto", em alemão, organização paramilitar nazi, e do seu chefe Ernst Röhm. Este, capitão do Exército alemão e notório pela sua capacidade administrativa, ansiava em transformar as suas SA (que já contavam com dois milhões de elementos nas suas fileiras) no embrião do futuro Exército da Alemanha Nazi; entretanto, os seus interesses chocavam-se com os da Reichswehr, o Exército alemão do período entre guerras. (Extracto de artigo da Wikipédia)
A notícia do Diário de Notícias, de 29/11/2007, de que passo alguns parágrafos, é inquietantemente esclarecedora:
“A actual Lei das Armas pode dar prisão aos militares que usem as suas espadas e espadins sem ser no exercício de funções, as transportem na via pública ou as tenham em casa. Em causa está a definição do que são armas brancas, a sua inclusão na chamada "classe A" das armas e o facto de a lei 5/2006 se referir às Forças Armadas como instituição e sem abranger os seus efectivos, na prática equiparando os militares aos civis.
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A referida lei, aprovada em 2006 e quando o ministro da Administração Interna era António Costa, diz que "são proibidos (...) a detenção, o uso e o porte de armas, acessórios e munições da classe A", onde se incluem "as armas brancas sem afectação ao exercício de quaisquer práticas venatórias, comerciais, agrícolas, industriais, florestais, domésticas ou desportivas, ou que pelo seu valor histórico ou artístico não sejam objecto de colecção". A arma branca é o objecto com lâmina "igual ou superior a 10 centímetros.
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Sucede que as espadas e espadins, além de símbolo do oficial dos quadros permanentes, são uma "oferta pessoal" dada no fim dos cursos. Acresce que o melhor aluno da Academia é distinguido por países estrangeiros com espadas ou sabres - como aconteceu há dias, na abertura do ano lectivo da Academia Militar do Exército.”
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Não sei porquê, isto faz-me lembrar a “noite dos facas longas” (1) numa versão, não sei se arrogantemente pacóvia, se impulsivamente pseudo-democrática. Nos últimos tempos, há qualquer coisa de paranóico que paira no ar, e que em rigor ninguém me consegue explicar. Não esqueçamos que estas armas, para além do seu significado simbólico, são objectos emblemáticos que fazem parte integrante dos uniformes de gala e cerimónia dos militares, e não as consigo ver a armarem o braço dos seus possuidores, para virem pôr em causa a “ordem pública”.
De facto, estamos a viver tempos escandalosamente interessantes. Deixo aqui uma pergunta: a seguir, o que irá acontecer às facas de cozinha, ao canivete-suisso, à navalha de barba, ao machado com que corto a lenha, à foice e à gadanha?
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(1) A Noite das Facas Longas ou Noite dos Longos Punhais (em alemão Nacht der langen Messer), decorreu na noite de 29 para 30 de junho de 1934, quando Hitler procedeu à eliminação das Sturmabteilung (SA), ou "Secção de Assalto", em alemão, organização paramilitar nazi, e do seu chefe Ernst Röhm. Este, capitão do Exército alemão e notório pela sua capacidade administrativa, ansiava em transformar as suas SA (que já contavam com dois milhões de elementos nas suas fileiras) no embrião do futuro Exército da Alemanha Nazi; entretanto, os seus interesses chocavam-se com os da Reichswehr, o Exército alemão do período entre guerras. (Extracto de artigo da Wikipédia)
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