«A verdadeira ambição só pode ser uma, ser secretário-geral e ser o próximo primeiro-ministro de Portugal»
Declaração de Francisco Assis numa sessão de apresentação e debate com militantes do Porto.
UMA grande franja de políticos continua a usar e abusar daquilo que eu defino como a regra de três desincronizada, isto é, aquilo que pensam, não coincide com o que dizem, nem com o que fazem. Francisco Assis é um digno representante desta espécie, no entanto, há um aspecto em que a sua coerência é notória e digna de registo. Voltou a exprimi-lo num encontro com militantes do Porto e, ignorando os conselhos do Almanaque Borda d’Água, que recomenda que cada coisa tem o seu tempo, não se conteve e voltou a repetir que tem a aspiração de ser primeiro-ministro, custe o que custar, seja lá quando for.
Não gosto de fazer comparações, mas tudo isto me faz lembrar Fernando Nobre que, depois de derrotado nas presidenciais, como patética compensação, e sem possuir qualquer experiência parlamentar, “candidatou-se” resolutamente ao cadeirão de Presidente da Assembleia da República, segunda figura do Estado, para depois, duas vezes falhado o propósito, ver espatifado todo o seu prestígio, alcançado noutras batalhas.
Quanto a Assis, também ele persiste no sonho de ser primeiro-ministro (há quem lhe chame birra), quase como uma fixação a resvalar para a obsessão, a fazer lembrar uma outra figura, um certo engenheiro incompleto, que também tinha a ambição de se manter perpetuamente no poder (quase o conseguia), como timoneiro e primeiro-ministro de um grande projecto de esquerda democrática, moderada, moderna e popular, tão recheado de atributos, que deu os resultados que deu.
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