DESDE que o Tribunal Constitucional vetou um punhado de medidas do Orçamento de Estado, que o Governo tem vindo a adiar, de Conselho em Conselho de Ministros, a divulgação das medidas alternativas que certamente tinha de reserva, para tal eventualidade. Não é crível que estivesse de mãos a abanar, à espera de um improvável veredicto milagroso, saído do Palácio Raton. Portanto, qual será a razão de andarem a sequestrar e a protelar a divulgação de tais medidas? É simples! Mesmo com a escandaloso amparo, colagem e empenhamento de Cavaco Silva, o Governo sabe que o que deitar cá para fora, vai provocar muitas faíscas e curtos-circuitos na sua coesão, e entalado como está, entre a espada e a parede, não olha a meios para furar o cerco. Só um Passos Coelho em pânico escreveria cartas a António Seguro a pedir reuniões para obter consensos, já depois de ter ouvido Seguro assegurar que já não há consenso possível. Sexta-Feira o Governo veio prometer mais um Conselho de Ministros, desta vez “extraordinário”, para a véspera do Primeiro de Maio, com a promessa de aprovação das tais medidas de excepção (se não estão já aprovadas), mas é sabido que, seja qual for a sua abrangência, não vai haver água que chegue para apagar o incêndio que irá deflagrar. Neste momento já é claro que a única solução para a queda do Governo, reside no rompimento da coligação, por parte do CDS-PP, o qual certamente já se apercebeu da erosão e dos tremendos custos eleitorais que envolve a sua permanência no Governo. Apenas faltará avaliar o que é pior. Se ficar até ao fim, tendo que assumir a sua quota-parte de responsabilidade no caos entretanto criado, com os respectivos custos eleitorais, ou abandonar a coligação, traindo-a, com a intenção de controlar os danos no seu prestígio, sabendo antecipadamente que o eleitorado nestes casos, não tem por costume pagar a traidores.
Sem comentários:
Enviar um comentário