segunda-feira, fevereiro 23, 2009

O Espírito e os Ideais Moram Aqui

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Fui Visitar as Novas Fronteiras

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ONTEM estive a visitar o fórum Novas Fronteiras do Partido Socialista, e tal como já tinham referenciado vários meios de comunicação social, a votação que pede para dizer qual o balanço que os visitantes fazem dos 3 anos de governo socialista, apresentava, à hora da minha consulta, resultados curiosos: 48,79% dos votantes a considerarem que estamos perante um BOM desempenho, 48,74% a considerarem-no MAU, e apenas 2,47% a acharem-no RAZOÁVEL. Como se pode verificar, o meio-termo é insignificante e o grosso do escrutínio apresenta nas posições extremas valores quase empatados, coisa que deveria deixar o PS a reflectir, ou talvez não. Pela parte que me toca também lá deixei a minha opinião, e obviamente que foi direitinha para a caixa do MAU desempenho. Como entretanto, também pediam para enviarmos SUGESTÕES, deixei lá o seguinte comentário: Para já este governo é um governo PS e não um governo socialista, depois governou pessimamente, e quanto a sugestões, entendo que já é um pouco tarde para deixar conselhos, a fim de ser reparado o que de mal foi feito ao país, de forma tão alucinada quanto imprudente.
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ADENDA: A habituação ao uso do computador e a banalização da NET geram faltas imperdoáveis. A verdade é que esqueci-me de referir que a visita às Novas Fronteiras foi levada a cabo através do seu site, o qual tem o endereço http://www.novasfronteiras.pt/ , e não a ida a qualquer domicílio tradicional. As minhas desculpas pela imprecisão.

domingo, fevereiro 22, 2009

O Respeitinho é Muito Bonito

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O MINISTRO dos Assuntos Parlamentares Augusto Santos Silva, quinta-feira, na “Grande Entrevista” concedida à RTP, considerou "inaceitável" que a estação haja colocado na promoção da sua entrevista uma expressão que o ministro disse numa reunião partidária, com imagens do Parlamento. Em directo, como qualquer impertinente e autoritário patrão que se preza, disse esperar desculpas da mesma televisão, as quais vieram certinhas no final do programa, isto apesar de se perceber que à falta de imagens das polémicas declarações (aquelas em que o ministro disse que gosta é de malhar), haja sido feita uma "colagem" com outras imagens do ministro no Parlamento, com o objectivo de identificar o seu autor. Resumindo: a pressão vergou a cerviz e calou a expressão.
A manifesta atitude servil que a RTP exibe face ao actual governo, teve neste episódio a sua expressão mais requintada. Está à vista de toda a gente que a bajulação descarada e as tentativas de manipular a opinião pública não ocorrem apenas quando as direcções de informação, no conteúdo e critérios dos telejornais, se não ignoram as notícias, tentem a desvalorizar umas em benefício de outras, fazem correr no rodapé considerações curtas e tendencialmente ardilosas em termos noticiosos, ou estabelecem discutíveis prioridades no seu alinhamento, transformando um meio de informação que deveria ser isento e rigoroso, em autênticas manchetes de descarada propaganda política.
Curvada e subserviente ante o poder, esta é televisão pública que temos.

“O presidencialismo autoritário do primeiro-ministro”

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Passo a transcrever o post publicado pelo Prof. António Balbino Caldeira em 20 de Fevereiro de 2009 no seu blog DO PORTUGAL PROFUNDO. Na generalidade concordo com aquele ponto de vista, porém, quanto à alínea b) tenho as minhas dúvidas. Será que Manuel Alegre é um simples “fait-divers” de exígua consequência política, ou estará sim a funcionar como uma válvula que vai servindo para conter, dosear e equilibrar as até agora discretas pressões da ala esquerda do partido, sem chegar ao ponto de ruptura?

“Na prática, o regime português sofreu uma entorse socratina: do semi-presidencialismo passámos a um presidencialismo autoritário do primeiro-ministro, que só é mitigado em alturas críticas pela acção do Presidente da República. Este modelo de presidencialismo do primeiro-ministro tem a seguinte configuração:

a) o primeiro-ministro assumiu todo o poder executivo, sendo o Conselho de Ministros (art. 184.º e 200.º da Constituição) uma figura formal, sem conteúdo operativo;

b) o primeiro-ministro, ele próprio, domina o poder legislativo de uma forma tão dura que nem nos países com regime presidencialista se encontra - a dissidência Alegre é um fait-divers que não lhe custa qualquer derrota.

c) o primeiro-ministro domina o poder judicial e os máximos dirigentes do Ministério Público - que, segundo as notícias, o está a investigar e ao seu tio, ao seu primo e à sua mãe, no âmbito do caso Freeport - funcionam como seus porta-vozes de defesa pública;

d) o primeiro-ministro até estabelece antenas e facções nos partidos da oposição (PSD, PC e CDS) com vista à sua manutenção do poder e domesticação das alternativas, com excepção do Bloco de Esquerda, onde essa intromissão foi contida.

É um novo modelo que os constitucionalistas evitam abordar. Mas a falta de análise teórica da realidade não o desmente: existe.

A minha convicção é de que a deriva autoritária do Estado socratino só não é mais extrema porque a supervisão da União Europeia, cujo perigo de dissolução é uma nuvem negra suspensa sobre o continente, constitui um limite que não é viável ultrapassar. Sem União Europeia vigorava o chavismo socratino.”

sábado, fevereiro 21, 2009

Será Verdade?

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Cada vez me convenço mais que o pior mentiroso é aquele que acredita nas suas próprias mentiras.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Coisas Importantes

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Em Portugal, muito, mas mesmo muito importante, para a Educação e para a DREN da dona Margarida Moreira (antiga sindicalista e hoje “comandante de castelo” do ME), é pôr as criancinhas da pré-primária e do primeiro ciclo do ensino básico a desfilar nos corsos de Carnaval de Paredes de Coura (dos quais nem todos são adeptos, tanto alunos com professores), e não envolvê-los noutros objectivos pedagógicos essenciais à aprendizagem;

Em Portugal, importante mesmo, nos preocupantes tempos que correm, é pensar nos objectivos eleitoralistas e cavalgar a causa da legalização dos matrimónios civis entre homossexuais e a eutanásia (causas que subscrevo, numa adequada escala de prioridades), deixando para segundo plano a precária situação económica e social do país;

Em Portugal, importante, direi mesmo que importantíssimo, é a soberana participação do “Zézito” Sócrates no congresso do PS, e não a sua presença na cimeira especial de líderes da União Europeia (UE) prevista para 1 de Março, para discutirem a crise e encontrarem soluções comuns para a mesma. A reunião foi convocada de emergência há pouco mais de uma semana para tentar evitar que o agravamento da crise económica e financeira gere uma nova crise, desta vez política, entre os 27 países da UE.
A ausência do “menino de ouro do PS” deve-se à justaposição de calendários, coisa que os secretariados da organização do evento europeu, como é fácil de perceber, não cuidaram de tomar em consideração.

Delírio Solar

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Perto da Lourinhã em 14 Fevereiro 2009

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Alguém se Lembra Disto?

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A propósito da entrada em vigor do novo Código do Trabalho, convém lembrar o que sobre o assunto dizia o PROGRAMA DO PS para as legislativas de 2005, documento que foi denominado «Compromisso de Governo para Portugal - 2005-2009», e que rezava o que abaixo se transcreve. Os comentários entre parêntesis são meus e também de Victor Dias, autor do blog O TEMPO DAS CEREJAS, onde fui respigar esta “simpática” e esquecida promessa.

«Em devido tempo, o PS deu reiteradas provas de que é favorável a uma transformação modernizadora da legislação laboral, capaz de conciliar os direitos de cidadania dos trabalhadores com o aumento da capacidade de adaptação das empresas aos desafios da produtividade e da competitividade.
Infelizmente, o Código do Trabalho [da autoria do governo PSD/CDS-PP e de Bagão Félix] desequilibrou as relações sociais no mundo do trabalho sem responder a alguns dos problemas fundamentais dos nossos dias. Não criou condições facilitadoras da negociação e acordo de novas combinações de flexibilidade e segurança no emprego, nem de articulação do reforço da competitividade com a equidade social. Em diversos aspectos, representou mesmo um retrocesso nos direitos laborais sem nenhuma justificação razoável.
Assim, o Governo do PS promoverá a revisão do Código do Trabalho, tomando por base as propostas de alteração que em devido tempo apresentou na Assembleia da República [que há meses o PCP veio a recuperar e apresentou a votos na A.R., e que o PS correu a chumbar], bem como a avaliação do novo regime legal. Sem prejuízo deste processo, o PS discutirá com os parceiros sociais os termos de uma intervenção urgente destinada, a evitar as consequências da actual crise da contratação colectiva.»

Alguém se lembra desta meritória promessa? Vai ficar para a História como um “novo” Código do Trabalho da lavra do PS/Sócrates, que está a transformar o país (apesar da crise global) no paraíso dos salários em atraso, no reino da “lay-off”, no tormento do desemprego e no inferno do trabalho à tarefa.

A Pretexto da Crise (*)

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“Não constituiu surpresa a hostilidade orquestrada pela gerência de uma têxtil de Penafiel, chegando ao ponto de invadir uma sede comunista e agredir quem lá estava. Muitas entidades patronais estão a aproveitar o pretexto da crise para exercerem ou reforçarem pressões sobre os seus trabalhadores. Tentativas de, com ou sem redução dos dias de trabalho, cortar salários (já muito baixos), fazer despedimentos parciais e individuais, ameaçar com o encerramento das empresas, são as formas comuns desse condicionamento, cada vez mais frequente. No caso de Penafiel, são ritmos de produção com penalizações salariais e um enquadramento laboral agressivo, factos aliás já parcialmente conhecidos de responsáveis do Ministério do Trabalho (…) Importa passar das palavras aos actos, dar indicações e meios aos "inspectores de trabalho" para agirem e actuarem com mão exemplar contra esta pressão patronal. É isto que nem se vislumbra na acção política de Vieira da Silva… “

(*) Extracto do artigo de Honório Novo (deputado do PCP) no Jornal de Notícias de 16 de Fevereiro de 2009. O título é meu.

terça-feira, fevereiro 17, 2009

O Justo e o Pecador

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PERANTE a minha repulsa de ver a Câmara Municipal de Felgueiras, melhor, os respeitáveis e massacrados contribuintes que todos nós somos, a terem que arcar com as facturas das despesas judiciais e dos honorários dos advogados da inacreditável presidenta Fátima Felgueiras, nos processos em que ela é arguida, o meu amigo FF esclareceu-me que tudo isso estava previsto na legislação que regula os eleitos autárquicos, e que a reivindicação da dita senhora não era nenhuma coisa do outro mundo. Como é habitual nestes casos, e na pior das hipóteses, de recurso em recurso (pagos por todos nós), a criatura vai acabar por levar a água ao seu moinho. Vamos ver como.

Em 3 de Fevereiro “a Procuradoria-Geral da República (PGR) emitiu um parecer referindo que os pagamentos efectuados pela Câmara de Felgueiras aos advogados de Fátima Felgueiras, no valor de cerca de 500 mil euros, devem ser devolvidos ao município, uma vez que são ilegais. O parecer do Conselho Consultivo da PGR que é divulgado esta terça-feira pelo jornal PÚBLICO, refere que o pagamento das despesas relativas a processos judiciais em que está em causa o «eleito local», ou seja, autarca, presidente de junta ou outro governante semelhante, apenas pode ser exigido «após decisão final». Neste sentido, o parecer esclarece que os pagamento das referidas despesas noutras circunstâncias é ilegal pelo que «deve ser exigida a devolução das respectivas quantias».”

Informação extraída do site notícias.portugalmail.pt em 3 de Fevereiro

Adianta ainda o mesmo jornal PÚBLICO que “considerando que o pagamento previsto na lei se refere aos casos em "que não se prove dolo ou negligência por parte dos eleitos", o parecer salienta que, "sobretudo em relação aos crimes imputados aos eleitos locais, não se vêem razões para que possa ser feito antes de o processo terminar (...) e não vemos que deva ser deixado ao critério dos órgãos autárquicos decidir, em cada caso, se o pagamento pode ser feito antes ou depois de o processo terminar, assim fazendo uma espécie de 'pré-julgamento.” … “Referindo-se ao caso dos pagamentos que foram feitos ao advogado que a autarca contratou quando fugiu para o Brasil, o parecer deixa claro que em circunstância alguma tais despesas poderiam ter sido consideradas. "O arguido que se ausenta para o estrangeiro foge à justiça do seu país. O seu comportamento já não está relacionado com a condição de autarca, actuando completamente fora do exercício de funções."”

Para que melhor se compreender quais as prerrogativas que assistem aos autarcas eleitos, transcreve-se a seguir o que sobre o assunto diz a tal Lei Nº. 29/1987 de 30 de Junho, republicada pela Lei Nº. 52-A/2005 de 10 de Outubro:

Estatuto dos Eleitos Locais
Artigo 1º
Âmbito
1 - A presente lei define o Estatuto dos Eleitos Locais.
2 - Consideram-se eleitos locais, para efeitos da presente lei, os membros dos órgãos deliberativos e executivos dos municípios e das freguesias.

Artigo 5º
Direitos
1 - Os eleitos locais têm direito:
a) A uma remuneração ou compensação mensal e a despesas de representação;
b) A dois subsídios extraordinários anuais;
c) A senhas de presença;
d) A ajudas de custo e subsídio de transporte;
e) À segurança social;
f) A férias;
g) A livre circulação em lugares públicos de acesso condicionado, quando em exercício das respectivas funções;
h) A passaporte especial, quando em representação da autarquia;
i) A cartão especial de identificação;
j) A viatura municipal, quando em serviço da autarquia;
l) A protecção em caso de acidente;
m) A solicitar o auxílio de quaisquer autoridades, sempre que o exijam os interesses da respectiva autarquia local;
n) À protecção conferida pela lei penal aos titulares de cargos públicos;
o) A apoio nos processos judiciais que tenham como causa o exercício das respectivas funções;
p) A uso e porte de arma de defesa;
q) Ao exercício de todos os direitos previstos na legislação sobre protecção à maternidade e à paternidade;
r) A subsídio de refeição, a abonar nos termos e quantitativos fixados para a Administração Pública.

Artigo 21º
Apoio em processos judiciais
Constituem encargos a suportar pelas autarquias respectivas as despesas provenientes de processos judiciais em que os eleitos locais sejam parte, desde que tais processos tenham tido como causa o exercício das respectivas funções e não se prove dolo ou negligência por parte dos eleitos.

É evidente que sobre este assunto, e porque é tal a quantidade de casos que giram pelos tribunais portugueses, quase se pode dizer que existem pareceres para todos os gostos e feitios. Transcreve-se a seguir um desses pareceres, relacionado com um vereador de uma Câmara Municipal, que a propósito de um processo em que esteve envolvido, durante o seu mandato, requereu o reembolso das despesas decorrentes do processo.

“Parecer jurídico da CCDR Alentejo

A alínea q), do nº 1, do normativo referido, dispõe que os eleitos locais têm direito a apoio nos processos judiciais que tenham como causa o exercício das respectivas funções.

O artigo 21º, do mesmo Estatuto estatui por seu turno, o seguinte:

“Apoio em processos judiciais

Constituem encargos a suportar pelas autarquias respectivas as despesas provenientes de processos judiciais em que os eleitos locais sejam parte, desde que tais processos tenham tido como causa o exercício das respectivas funções e não se prove dolo ou negligência por parte dos eleitos.”

Da análise efectuada a estes dois normativos, três são as questões que se levantam, a saber:

· O apoio judicial verifica-se apenas quando o eleito for arguido, ou pelo contrário também quando for ofendido?

· O eleito local tem direito ao apoio judicial em causa desde que não se prove o dolo ou negligência da sua parte, assim sendo, apenas no final do processo é possível apoiar o eleito, ou será que pode ser apoiado antes do termo do processo a título condicional?

· O que é que se pode incluir neste “apoio judicial”, apenas os pagamentos feitos ao tribunal ou também o pagamento eventualmente feito ao advogado?

2. A primeira questão coloca-se atendendo à redacção do artigo 21º do Estatuto dos Eleitos Locais que na ultima parte do normativo refere que uma das condições para a concessão do apoio judicial ao eleito é não se provar o dolo ou a negligência por parte deste, o que pode pressupor que só o eleito arguido tem direito àquele apoio, já que esta condição só pode estar ligada ao arguido.
A nosso ver, o normativo aplica-se a todas as situações em que o eleito intervier em processo judicial, desde que essa intervenção se dê por força do exercício das funções autárquicas, estando portanto também incluída a situação em que o eleito é ofendido ou queixoso e ele próprio até instaure o processo.

O que o normativo quer significar ao mencionar o dolo ou a negligência, é que se o eleito for arguido no processo – o que não é o caso da situação em apreço – para poder beneficiar do apoio judicial previsto naquele artigo 21º, é necessário que a sua atitude não seja considerada dolosa ou negligente.

No que respeita à segunda questão colocada, importa referir que o eleito local em exercício de funções apenas tem direito ao apoio judicial de que estamos tratando desde que o processo tenha tido como causa o exercício das respectivas funções e não se prove o dolo ou negligência por parte do mesmo.

Ora, tendo o processo judicial várias fases, é sabido que há várias custas judiciais a pagar no seu decorrer, e que apenas no seu termo é possível determinar o dolo ou a negligência do acusado.

Desta forma, o apoio em processos judiciais pode deixar de ter efeito útil, a não ser que esse apoio possa ser prestado sempre que solicitado, no decorrer do processo a título condicional, sendo no termo do processo pedido um reembolso no caso de ser provado o dolo ou a negligência do eleito.

Por outro lado, caso o apoio judicial seja solicitado à autarquia apenas no final do processo, deverá a autarquia efectuar o pagamento – já que a responsabilidade é sua – mediante a apresentação dos respectivos recibos acompanhados de nota descriminativa das despesas, devendo efectuar-se o correspondente reembolso da autarquia se o eleito também vier a ser reembolsado por parte do tribunal.

3. Relativamente à terceira questão por nós colocada importa referir o que o artigo 54º, do Estatuto da Ordem dos Advogados, aprovado pelo Decreto-Lei nº 84/84, de 16 de Março, estatui:

“Artigo 54º
(Do mandato judicial e da representação por advogado)

1. O mandato judicial, a representação e a assistência por advogado são sempre admissíveis e não podem ser impedidos perante qualquer jurisdição, autoridade ou entidade pública ou privada, nomeadamente para a defesa de direitos, patrocínio de relações jurídicas controvertidas, com posição de interesses ou em processo de mera averiguação, ainda que administrativa, oficiosa ou de qualquer outra natureza.

2. O mandato judicial não pode ser objecto, por qualquer forma, de medida ou acordo que impeça ou limite a escolha directa e livre do mandatário pelo mandante.”

Por outro lado, somos de parecer que o pagamento ao advogado do eleito também está incluído no apoio judicial referido no artigo 21º, do Estatuto dos Eleitos Locais já que “o apoio compreende a dispensa, total ou parcial, de preparos e do pagamento de custas, ou o seu deferimento, assim como do pagamento dos serviços do advogado ou solicitador” – vide Dicionário Jurídico de Ana Prata, e Decreto-Lei nº 387-B/87, de 29 de Dezembro, na redacção da Lei nº 46/96, de 3 de Setembro.

Importa concluir:

- Os eleitos locais apenas têm direito ao apoio judicial expresso no artigo 21º, da Lei nº 29/87, de 30 de Junho, desde que os processos tenham tido como causa o exercício das respectivas funções, e, no caso de serem arguidos não se prove o dolo ou negligência por parte dos mesmos.

- No caso do apoio judicial ser solicitado no final do processo, deverá a autarquia efectuar o pagamento – já que é da sua responsabilidade – mediante a apresentação dos respectivos recibos acompanhados de nota discriminativa das despesas, devendo incluir-se o pagamento dos preparos, apesar de mais tarde o tribunal os devolver, caso em que a câmara deverá ser reembolsada.

- Somos de parecer que no conceito de apoio judicial está incluído o pagamento dos serviços do advogado, cabendo ao eleito a escolha do mesmo, conforme decorre do artigo 54º, do Decreto-Lei nº 84/84, de 16 de Março.

Salvo melhor opinião, este é o meu parecer.”
[segue a identificação do autor do parecer]

Compreende-se que a lei pretenda garantir e salvaguardar o autarca eleito dos efeitos inibidores que poderia ter sobre a sua administração, a probabilidade de ser confrontado com eventuais processos judiciais, que tivessem por objectivo colocar em causa as suas decisões. Contudo, há decisões que sendo polémicas estão isentas de iniquidade, enquanto que outras não tanto. Quer-me parecer que excluir de reembolso das despesas judiciais e afins, apenas as decisões que não envolvam dolo ou negligência, isto é, a prática de fraudes que produzam manifestos prejuízos a outrém, ou actos que se possam enquadrar no desleixo ou incúria, é manifestamente insuficiente. Então que dizer dos actos de demonstrada incompetência, esbanjamento de dinheiros públicos, participações em negócio, abuso de prerrogativas, enriquecimento ilícito, favorecimentos, e toda uma infinidade de actos que cabem dentro dos conceitos de corrupção activa e passiva? Este esquecimento ou ingenuidade do legislador não é mais do que um aval aos brandos costumes e ao tradicional porreirismo português, com que se selam tantos arranjinhos, promessas, pactos, contratos, e nos ambiciosos tempos que correm, muitas outras coisas de duvidosa legalidade, como sacos azuis e quejandos. Os cidadãos sabem que, fatal e constantemente, são chamados a contribuir para que as instituições da república e da democracia funcionem, e que quem foi eleito para as gerir, disponha de meios e garantias para tal, porém, situações há que mereciam mais cuidado, prudência e discernimento por parte do legislador, porque senão é caso para dizer que, também aqui, volta a pagar (e de que maneira ) o justo pelo pecador.

domingo, fevereiro 15, 2009

Tal como a Mulher de César…

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O ADVOGADO José Maria Martins, sugeriu que a procuradora Cândida Almeida, actual directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, pedisse o seu afastamento da coordenação das investigações do caso Freeport. A senhora veio muito ofendida para as câmaras de televisão dizer que não admite nem recebe lições de ninguém, muito menos do dito advogado, em questões de isenção. Ora acontece que a sugestão do advogado José Maria Martins não é assim tão descabida e ofensiva, como à primeira vista possa parecer, se atendermos ao facto da senhora procuradora ter feito parte da comissão de honra da candidatura socialista à Presidência da República, em 2006, assumida pelo Dr. Mário Soares, o que deixa fragilizada a condição de independência e separação de poderes que deve nortear os procuradores do Ministério Público. Como se dizia na Roma antiga, à mulher de César, não basta ser séria, é preciso parecê-lo.

sábado, fevereiro 14, 2009

A Roda da Preguiça

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De há uns tempos a esta parte que quase não faço outra coisa senão transcrever e subscrever as opiniões dos outros, e há quem me tenha feito sentir isso. Penso eu que é um bom sinal, mas também pode ser indício de fraqueza ou de preguiça, esta última também conhecida pela lei do menor esforço. Inclino-me mais para a preguiça, pois sempre defendi que não vale a pena voltar a inventar o que já foi inventado, se não tiver caído no olvido, como é o caso da roda. Continuo a manter a mesma disposição, tenha essa roda oito, dez ou doze raios, ou mesmo nenhum. O que é importante é que não seja quadrada nem triangular, e nos faça seguir em frente.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

“Está bem... façamos de conta”

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“Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões (contos, libras, euros?). Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.
Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês. Façamos de conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que, pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris irrepreensível. Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu. Façamos de conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não passa de uma invenção dos média. Façamos de conta que o "Magalhães" é a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar acções de propaganda do Governo sobre a educação. Façamos de conta que a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do melhor que há no Mundo. Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse que "quem se mete com o PS leva". Façamos de conta que Augusto Santos Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na Direita" (acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda). Façamos de conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport. Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro e sem confianças de natureza pessoal. Façamos de conta que Edmundo Pedro não está preocupado com a "falta de liberdade". E Manuel Alegre também. Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso comparar o Caso Freeport ao Caso Dreyfus. Façamos de conta que não aconteceu nada com o professor Charrua e que não houve indagações da Polícia antes de manifestações legais de professores. Façamos de conta que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são normais e de boa prática democrática as declarações do procurador-geral da República. Façamos de conta que não há SIS. Façamos de conta que o presidente da República não chamou o PGR sobre o Freeport e quando disse que isto era assunto de Estado não queria dizer nada disso. Façamos de conta que esta democracia está a funcionar e votemos. Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada há-de acabar-se como todas as coisas. Votemos Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja. Votemos por unanimidade porque de facto não interessa. A continuar assim, é só a fazer de conta que votamos.”

Mário Crespo in JORNAL DE NOTÍCIAS em 9 de Fevereiro de 2009

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Adoçar a Boca

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Provavelmente José Pacheco Pereira tem razão quando diz que “no programa não escrito do PS para as próximas eleições, aquele que não aparece nas sessões em que se anda a discutir o casamento dos homossexuais, está um brutal aumento dos impostos e um apertar do cinto drástico com o fim de muitas das benesses que estão agora a ser distribuídas. Já repararam como todos os programas especiais de ajuda aos desempregados, à indústria automóvel e outros, coincidem apenas com o período pré-eleitoral ou com o ano de 2009? Terá que ser, no caminho da dívida que temos e do desequilibro orçamental que vamos ter. No afã de obter dividendos eleitorais, o governo está a governar mal, a deitar imenso dinheiro fora sem critério e sem vantagem e a condenar o país a muitos anos de apertar do cinto.”

O eleitorado, já devia estar avisado sobre aquilo que Sócrates e o seu PS prometem em campanhas eleitorais, e aquilo que depois praticam quando chegam ao governo. Basta reler o programa de governo das eleições de 2005 e confrontá-lo com a situação actual. O que agora se promete, e que terá curta validade, e que serve apenas para adoçar a boca dos eleitores, tem a ver com as várias formas, não de conquistar o poder, mas sim de o conservar a todo o custo, sendo que algumas são genuínas e transparentes nos compromissos, e outras não tanto, as quais darão origem às respectivas facturas tardias, que são invariavelmente cobradas com altos juros, à mistura com outros amargos de boca.

"O megafone, doença infantil"

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Tomo a liberdade de transcrever o “post” que se segue, o qual subscrevo.

“"Uma esquerda grande contra a ganância do capital" foi o destaque maior da Convenção do BE no fim-de-semana passado.Segundo Louçã para combater a exploração e a ganância - que é o "nome próprio do capitalismo" - é necessária uma "esquerda grande".
Este discurso faz-me temer mais uma daquelas ondas emotivas em que a esquerda tem sido pródiga e ineficaz. Em plena era digital ataca-se o capitalismo com o velho arsenal dos adjectivos da revolução industrial.
Sem cuidar de encontrar novas formulações e novas respostas cavalga-se a conjuntura que nos caiu do céu aos trambolhões. Mas uma esquerda, mesmo que grande, não pode deixar de ser esclarecida e inteligente.
À falta de verdadeiras propostas de futuro as atenções são agora polarizadas em torno de Manuel Alegre. Por vezes tenho a sensação de regressar à campanha presidencial de Otelo em 1976, com as mesmas esperanças infundadas e com o mesmo tipo de militantes, retóricas e radicalismos.
Neste tempo em que o sistema revela as suas fraquezas e limitações importaria, em vez de gritar a ganância, demonstrar a necessidade e inevitabilidade de uma alternativa ao sistema e não só ao governo.
Neste tempo em que milhares são lançados no desemprego, com reduzidas probabilidades de regressar ao "mercado de trabalho", um partido como o BE devia estar a explicar que o trabalho assalariado não é uma solução natural e muito menos obrigatória. Devia estar a apoiar iniciativas dos desempregados para refazerem as suas vidas em novas bases, adoptando a lógica das cooperativas.
O BE em vez de estar a exigir a proibição dos despedimentos, na prática a continuação da exploração e da "ganância", devia era estar a exigir o apoio do Estado para formas alternativas de organização da produção e da distribuição. Para recusar aos patrões gananciosos o seu bem mais precioso: o trabalho (dos outros) que cria valor.
Fazer crer que o capitalismo é mau porque os patrões são gananciosos induz a falsa ideia de que ele seria aceitável se os patrões fossem moderados.Ou se trata de uma visão teórica paupérrima ou, ainda pior, de uma forma de convencer "as massas" assumindo que tal só é possível na base das imagens simplistas e da manipulação.”

Fernando Penim Redondo, em DOTeCOMe_Blog, em 10 de Fevereiro de 2009

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Pairando Sobre um Campo de Urtigas

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SEM CONTAR com as habituais fugas de informação e os atropelos ao segredo de justiça, tudo coisas que podem conduzir à desacreditação das averiguações, vem agora o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público assegurar que os investigadores do caso Freeport suspeitam que, tanto eles como os seus movimentos e diligências, estão sob vigilância do SIS (Serviço de Informações e Segurança), controle esse que, nalguns aspectos, se assume como um autêntico “clima de intimidação”. O SIS diz que não, que são conjecturas "completamente falsas e fantasiosas", mas para quem investiga, não existe pior pressão que ver os seus passos serem seguidos e perscrutadas as suas diligências, pois sabe que alguém se irá aproveitar disso, e estar um passo à frente do adversário, é uma mais-valia que pode pôr em causa a idoneidade dessa investigação e levar ao seu arquivamento. Além disso, sabendo-se que quem coordena todas as polícias, bem como as suas actividades, é uma personagem que dá pelo nome de secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), e que responde directamente perante o primeiro-ministro (por sinal um dos citados neste caso Freeport), tal não constitui uma garantia de isenção nem de transparência, antes pelo contrário. Não é novidade para ninguém que o aparecimento desta figura, que faz lembrar aquela eminência conhecida por Intendente Pina Manique, chefe dos esbirros e das polícias do absolutismo esclarecido de D.José I e do seu ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, nunca augurou nada de bom. Esperemos que a república e o regime deste século XXI, saibam colher lições da História, corrigindo estas entorses de que a democracia vai padecendo.
Entretanto, indiferente e superior a estas congeminações, o primeiro-ministro Zézito todos os dias muda de farpela e gravata para continuar a vender a banha da jibóia, à mistura com o recurso a causas fracturantes, por esse país fora, numa tournée que mais parece uma tentativa para reparar os danos causados à sua pessoa pelo caso Freeport. Quanto ao governo quedou-se paralisado à espera que o chefe regresse, ao mesmo tempo que o senhor Elias da tabacaria continua a perguntar quem é esse tal Pinóquio envolvido na tramóia de Alcochete, que tanto pode ser um simples narigudo como um consumado mentiroso, e a dona Estefânia continua a ficar toda cheia de urticária sempre que ouve falar do “magalhães” ou das “offshores”. O Presidente da República chama o governador do Banco de Portugal para se inteirar do estado calamitoso da economia e das finanças. O PCP pede um alargamento do âmbito e dos prazos de concessão dos subsídios aos desempregados, medida que o governo rejeita liminarmente, ao passo que o PSD reclama a criação de um gabinete de crise, coisa que o governo não sabe bem o que é. Entrementes, dia após dia, o novelo de carências dos portugueses vai aumentando de volume de forma imparável.

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Neurónios Criativos e Espermatozóides Demolidores

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José Sócrates encontrou mais um adjectivo para classificar o seu PS. Para além dos atributos que já lhe conhecíamos, tais como ser do socialismo moderno, moderado e popular, José Sócrates, que anda a promover as suas ideias pelo país, e por todos os recantos onde exista uma secção desse PS que ele descreve como o “partido do povo de esquerda e não de vanguardas e elites”, numa exaustiva campanha eleitoral com vista ao próximo congresso, ao mesmo tempo que o país vai definhando desgovernado nos tentáculos da crise, José Sócrates, dizia eu, encontrou mais um termo para adjectivar o seu PS, que vai passar a ser conhecido como pertencendo ao socialismo moderno, moderado e popular, e agora também descendente colateral da esquerda progressista. Tudo isto é dito em altos berros e com uma expressão entre desvairada e alucinada, para as câmaras de televisão que acompanham o querido líder no seu périplo.
Politicamente falando, penso que estamos a assistir ao aparecimento de uma nova espécie de dirigentes políticos, resultantes de uma incursão pelos terrenos da engenharia genética, onde se operou, de forma concertada, o cruzamento de estirpes de neurónios criativos com espermatozóides demolidores, os quais acabaram por gerar líderes que são autênticos “animais ferozes”, bem como comissários políticos insolentes e ameaçadores, vocacionados para ameaçar “quem se mete com o PS”, ou então que gostam “é de malhar na direita reaccionária e na esquerda plebeia ou chique”.

domingo, fevereiro 08, 2009

Já Agora...

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Já agora, e a propósito da inauguração do site sobre A GUERRA COLONIAL, alguém me saberá dizer quando são exibidos os restantes 9 episódios da série A GUERRA, organizada e dirigida pelo jornalista Joaquim Furtado, coisa que tinha ficado prometida para Outubro de 2008?
Há um mês atrás, através de e-mail enviado para o endereço rtpmultimedia@rtp.pt, inquiri a RTP sobre o mesmo assunto mas até à data não obtive qualquer resposta, excepto o habitual e-mail automático que confirmou a recepção da minha pergunta. Apesar de já estarmos habituados a promessas não cumpridas, era curial e desejável que a RTP actualizasse a sua própria informação.

Qualquer semelhança com a realidade NÃO é mera coincidência

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A minha caixa de e-mail tem recebido, nos últimos dias, muitas mensagens que são autêntica revisão da matéria. Este caso é um deles.

"Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar bens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até que se torne insuportável. O débito não pago levará os bancos à falência, que terão que ser nacionalizados pelo Estado".

Karl Marx, Das Kapital, 1867
(Qualquer semelhança com a realidade NÃO é mera coincidência)

sábado, fevereiro 07, 2009

O Caso Freeport (Acto 5)

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A ser verdade que há uma "campanha negra" desenvolvida por "forças ocultas", que é indispensável esclarecer, para que a idoneidade do primeiro-ministro e a transparência dos seus actos políticos fique bem acentuada, e também porque é muito irresponsável e melindroso estar a disseminar acusações gratuitas dirigidas contra incertos, este post do blog ABRUPTO de José Pacheco Pereira, de 6 de Fevereiro de 2009, tem carradas de razão, e deve ser tomado em consideração pelas entidades competentes. Antes que a tinta se esgote, subscrevo-o na totalidade.

"Ao fim de quinze dias de caso Freeport assiste-se a uma curiosa evolução, que não é novidade no tipo de resposta pública do Primeiro-ministro José Sócrates a qualquer tipo de dúvidas sobre o seu currículo, actividade profissional e política: a partidarização e politização agressiva, contra adversários nomeados ou não. O Primeiro-ministro nega sem esclarecer e depois ataca. Desta vez não são nomeados os sujeitos do ataque, são as “forças” os “poderes ocultos” que estão por trás desta “campanha negra”. Por isso, a politização do caso Freeport pelo Primeiro-ministro vai de vento em popa e é bastante unilateral. E é mau que seja unilateral. Porque uma coisa é os partidos da oposição não se quererem pronunciar sobre as questões de justiça e a investigação do caso Freeport, o que se compreende, outra é não se quererem pronunciar sobre as “forças ocultas” a que se refere o Primeiro-ministro.

Se há “forças ocultas” a atacar o Primeiro-ministro de Portugal, e se são “forças”, ou seja têm poder, e se são “ocultas”, ou seja se se escondem e dissimulam, tal é matéria para a justiça e para os serviços de informação, porque é desestabilização do Estado que daí resulta, por um lado, e a quebra do prestígio de Portugal (que já não abunda) no exterior, ou seja, matéria de segurança, por outro. Por isso, se eu estivesse na Assembleia, ou o entrevistasse num jornal, faria uma simples pergunta ao Primeiro-ministro: como sabe ele que há “forças ocultas” e quais são essas “forças”? Sabe-o porque recebeu informações nesse sentido, ele que tem o gabinete recheado de serviços de informações? Sabe porque conhece quem faz as fugas e com quem existe um conluio para as divulgar? Se sabe, deve comunicá-lo ao Ministério Público. Por aí adiante. E não largava o Primeiro-ministro sem ter uma resposta cabal, porque um Primeiro-ministro não pode ficar apenas por uma insinuação de grande gravidade e depois aproveitar-se das eventuais vantagens políticas da insinuação. É um mau caminho, que não mostra sequer a indignação de um inocente falsamente acusado, mas o tacticismo de um político profissional."