terça-feira, fevereiro 10, 2009

Pairando Sobre um Campo de Urtigas

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SEM CONTAR com as habituais fugas de informação e os atropelos ao segredo de justiça, tudo coisas que podem conduzir à desacreditação das averiguações, vem agora o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público assegurar que os investigadores do caso Freeport suspeitam que, tanto eles como os seus movimentos e diligências, estão sob vigilância do SIS (Serviço de Informações e Segurança), controle esse que, nalguns aspectos, se assume como um autêntico “clima de intimidação”. O SIS diz que não, que são conjecturas "completamente falsas e fantasiosas", mas para quem investiga, não existe pior pressão que ver os seus passos serem seguidos e perscrutadas as suas diligências, pois sabe que alguém se irá aproveitar disso, e estar um passo à frente do adversário, é uma mais-valia que pode pôr em causa a idoneidade dessa investigação e levar ao seu arquivamento. Além disso, sabendo-se que quem coordena todas as polícias, bem como as suas actividades, é uma personagem que dá pelo nome de secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), e que responde directamente perante o primeiro-ministro (por sinal um dos citados neste caso Freeport), tal não constitui uma garantia de isenção nem de transparência, antes pelo contrário. Não é novidade para ninguém que o aparecimento desta figura, que faz lembrar aquela eminência conhecida por Intendente Pina Manique, chefe dos esbirros e das polícias do absolutismo esclarecido de D.José I e do seu ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, nunca augurou nada de bom. Esperemos que a república e o regime deste século XXI, saibam colher lições da História, corrigindo estas entorses de que a democracia vai padecendo.
Entretanto, indiferente e superior a estas congeminações, o primeiro-ministro Zézito todos os dias muda de farpela e gravata para continuar a vender a banha da jibóia, à mistura com o recurso a causas fracturantes, por esse país fora, numa tournée que mais parece uma tentativa para reparar os danos causados à sua pessoa pelo caso Freeport. Quanto ao governo quedou-se paralisado à espera que o chefe regresse, ao mesmo tempo que o senhor Elias da tabacaria continua a perguntar quem é esse tal Pinóquio envolvido na tramóia de Alcochete, que tanto pode ser um simples narigudo como um consumado mentiroso, e a dona Estefânia continua a ficar toda cheia de urticária sempre que ouve falar do “magalhães” ou das “offshores”. O Presidente da República chama o governador do Banco de Portugal para se inteirar do estado calamitoso da economia e das finanças. O PCP pede um alargamento do âmbito e dos prazos de concessão dos subsídios aos desempregados, medida que o governo rejeita liminarmente, ao passo que o PSD reclama a criação de um gabinete de crise, coisa que o governo não sabe bem o que é. Entrementes, dia após dia, o novelo de carências dos portugueses vai aumentando de volume de forma imparável.

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