sábado, agosto 31, 2013

Pedro e Leonor

MESTRE Pedro Santana Lopes, enquanto vai andando por aí, sempre loquaz e directo, também vai dando umas aulas. Desta feita, coube-lhe a missão de advertir os seus alunos da Universidade de Estio do PSD, de que o Estado Social – uma espécie de insaciável e insustentável Lobo Mau -, tem os dias contados, já foi chão que deu uvas, estando em vias de deixar de garantir a aplicação das nossas contribuições nas prestações sociais. Assim, aconselhou os seus discípulos, caso não tenham emigrado e ainda tenham trabalho, a entregar o dinheiro aos bancos e a começarem a fazer PPRs (Planos de Poupança-Reforma), para garantir na velhice o respectivo pé-de-meia. Como é óbvio, há uma solução complementar daquela, que passa por investir nos jogos da Santa Casa.

Leonor Beleza, no intervalo dos seus afazeres, também veio dar a sua aula. Porque não quer ficar para trás e deixar os seus pergaminhos por mãos alheias, fez questão de relembrar aos seus jovens discípulos de que estes tempos são perigosos e não estão para brincadeiras, e pegando na ideia e nos conselhos que Passos Coelhos já havia formulado, voltou a sugerir que os jovens devem ir para fora do país, para estudar, trabalhar, talvez passear, se tiverem bolsa para tal, mas atenção, isso não quer dizer que emigrem, vejam lá, ninguém vos está a mandar embora, isto é, depois de encontrarem lá fora, aquilo que não encontraram cá dentro, não se desenraizem nem cortem os laços com o país. Sejam afoitos, e quando os tempos perigosos tiverem passado, desempreguem-se, abandonem as vossas carreiras de recurso, insistam em recomeçar tudo de novo, façam as malas e voltem depressa, pois o país ama-vos, agradece muito o vosso exílio temporário, pois é garantido que precisa muito de vós.

Estes dois deixaram-me cheio de urticária. Com catedráticos destes, e o seu típico e contumaz descaramento, que devia pagar um imposto especialmente agravado, nem estas universidades, nem o país, chegarão muito longe.

sexta-feira, agosto 30, 2013

O Governo Já Está a Afiar as Facas


BRONZEADO, cheio de iodo e com as forças renovadas, o Governo prepara-se para reeditar a acusação de que o Tribunal Constitucional é uma "força de bloqueio" à sua "boa" governação, ao mesmo tempo que já está a afiar as facas para consumar a vingança, preparando-se para levar a cabo mais reduções nas reformas e pensões dos funcionários públicos, a pretexto da convergência dos sistemas da Caixa Geral de Aposentações e Caixa Nacional de Pensões. Em agenda tem também a receita de mais cortes salariais, onde a vítima é o salário mínimo nacional, afectando o meio milhão de trabalhadores que recebem os opíparos 485 euros mensais, particularmente, os jovens entre os 18 e os 24 anos, sendo esta uma das exigências com a chancela do Fundo Monetário Internacional. A troika irá exigir ainda a eliminação das cláusulas de protecção dos postos de trabalho nas empresas privadas e a revisão das condições de despedimento por justa causa, medidas que trás na calha para a oitava e nona avaliações ao programa de ajustamento. Como se pode ver, estas são mais umas quantas guinadas, destinadas a garantir a coelhal "viragem" no estado de crise, e caso apareça por aí o banqueiro Fernando Ulrich, com aquele discurso de anjinho exterminador, é quase certo que irá acrescentar mais qualquer coisa, como por exemplo: - Eu não disse que iam aguentar? E vão aguentar ainda mais, ai vão, vão!

quinta-feira, agosto 29, 2013

No Alvo!

«Sabe, os políticos não morrem no campo de batalha, por isso dizem essas coisas»

Resposta de David Kay, antigo inspector da ONU, que em 2003 liderou as investigações à polémica (e falsa) pista de armas de destruição massiva iraquiana, quando lhe perguntaram o que pensava dos políticos que apoiam uma imediata retaliação militar contra a Síria, mesmo sem qualquer resolução do Conselho de Segurança da ONU.

quarta-feira, agosto 28, 2013

Registo Para Memória Futura (90)

«O Facebook recebeu pedidos de informação de 74 governos, incluindo o português, sobre 38 mil utilizadores no primeiro semestre.

(...) Portugal foi um dos países que pediu dados. Segundo o relatório divulgado hoje pelo Facebook, de Portugal chegaram 177 pedidos de informação - mais do que de países como a Turquia -, sobre 213 utilizadores/contas. A rede social respondeu afirmativamente a menos de metade desses pedidos - 42%.

(...) O relatório do Facebook não revela o teor destes pedidos, nomeadamente se derivam de questões criminais ou se têm origem na actividade das secretas.

(...) "Dispomos de processos rigorosos para dar resposta a todos os pedidos de dados por parte dos governos" e "contestamos muitos destes pedidos, rejeitando-os quando encontramos irregularidades jurídicas e reduzindo o âmbito de pedidos excessivamente latos ou vagos", refere o Facebook. (...)»

Fonte: DIÁRIO ECONÓMICO on-line de 27 de Agosto de 2013

Meu comentário: Grão a grão enche a galinha o papo, passo a passo vai-se apertando o cerco. Depois de tempos interessantes, estamos a viver tempos perigosos, e tudo isto porque (dizem eles) estão apenas "preocupados" com a nossa "segurança e bem-estar". Oh, oh, não me façam rir que estou com cieiro, e ainda por cima no pino do Verão...

domingo, agosto 25, 2013

Atenção às Vozes!

TODOS esperamos que os senhores juízes do Tribunal Constitucional se apercebam que o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho está a tentar provocar uma confrontação, e para que terrenos os quer empurrar. Numa manobra evasiva, própria de políticos de baixo perfil e nada recomendáveis, Passos Coelho quer transferir a guerra que desencadeou contra os portugueses para dentro do Palácio Ratton.

Autarcas Meia-Cura

Francisco Moita Flores, apoiante do PSD e ex-autarca de Santarém, candidata-se agora pelo PSD à Câmara de Oeiras, porém, faz questão de assegurar que não tem nada a ver com o Governo, que este o tem roubado, que a sua reforma já levou três cortes, que não responde por aquilo que diz o Passos Coelho, e que o combate que vai travar é moral e não político.

Assim, é muito estranho que, com mais de dois anos de Governo de Passos Coelho, só agora se oiça Moita Flores a demarcar-se das malfeitorias do Coelho. Em tempos de descontentamento generalizado, assumir-se como um descontente de última hora, não é sinónimo de sucesso garantido, pois não se deve negligenciar a inteligência das pessoas. Por isso, Moita Flores, sublime aspirante à Câmara de Oeiras, sempre com o continuado apoio do PSD, não precisa de produzir mais ficção, pois já o percebemos: para ele todos os meios são bons, mesmo os menos dignos, quando a qualquer preço quer obter vantagens para atingir um fim. Quem mesmo de forma simulada, e em benefício próprio, despreza a lealdade que deve a quem lhe dá apoio, dificilmente dá garantias de que vai ser leal para com os outros que se propõe servir, mais a mais quando diz que o combate que vai travar é moral e não político.

sábado, agosto 24, 2013

Registo Para Memória Futura (89)

«A Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos da América (NSA) pagou milhões de dólares a grandes empresas da internet, como a Google, a Microsoft, Facebook e Yahoo, para compensar os custos associados aos pedidos de vigilância informática.

Segundo o jornal "THE GUARDIAN", que cita novos documentos fornecidos pelo ex-analista da CIA Edward Snowden, isto prova pela primeira vez a vinculação entre estas empresas de internet e os programas de espionagem norte-americanos.»

Excerto da nota da agência LUSA de 23 de agosto de 2013

Meu comentário: Quais serão os problemas de consciência que têm, e qual o medo que os aflige, para nos policiarem tão persistentemente, ao abrigo da Lei de Vigilância e Inteligência Estrangeira, que permite interceptar milhões de e-mails e comunicações, em violação da privacidade de pessoas, sem qualquer relação com o terrorismo?

sexta-feira, agosto 23, 2013

A Meretriz Digital Terrestre

«O discurso de Passos Coelho no Pontal foi mais um episódio de propaganda política, só possível porque as televisões perderam a vergonha. A pretexto de informação em directo, fizeram a transmissão na íntegra de um discurso de comício. Nada que espante, porque hoje a televisão desempenha um papel central na construção de uma narrativa hegemónica da crise, um discurso simples sobre as suas origens, os seus responsáveis e as transformações do Estado que nos farão sair dela. Para executarem o seu projecto político, os partidos que nos governam precisam, no mínimo, de uma generalizada resignação dos cidadãos. A forma mais eficaz de a produzir consiste em criar uma larga maioria de fazedores de opinião (jornalistas, economistas, politólogos, deputados, políticos senadores) que sustente nas televisões a mesma narrativa da crise, a narrativa neoliberal. (...)»

Primeiro parágrafo do post de Jorge Bateira, publicado no blog LADRÕES DE BICICLETAS em 22 de Agosto de 2013, e com o título "A narrativa neoliberal não foi de férias". O título deste post é de minha autoria.

Andam Vermes Por Aí...


TUDO indica que a Inspecção-Geral de Finanças (IGF) está infestada de uma espécie desconhecida de vermes-glutões, especializados em devorar documentos relacionados com a avaliação e o controlo dos "swaps" tóxicos, contratados pelas empresas do sector público. Segundo opinião de um perito em desratizações e desinfestações, é provável que os parasitas sejam de uma estirpe semelhante àquela que no Ministério da Defesa organizou um banquete com os documentos relacionados com a aquisição e as contrapartidas dos submarinos.

quinta-feira, agosto 22, 2013

Percebe-se a Intenção!

A PRÓXIMA avaliação do memorando da troika, bem como a definição dos cortes na despesa pública, que irão afectar as reformas e pensões, prestações sociais e outras coisas mais, bem como as novas linhas de austeridade do Orçamento de Estado para 2014, só serão conhecidas depois das eleições autárquicas, pois não há nada como tomar medidas e antecipar o controle de danos. Para aquecer o ambiente e fazer estragos, já bastam as baboseiras de alguns candidatos a autarcas, as altas temperaturas deste mês de Agosto e os incêndios que continuam a esturricar o país.

segunda-feira, agosto 19, 2013

BPN - A Orgia Continua


UM ACCIONISTA da Sociedade Lusa de Negócios (dona do BPN), já depois de ter recebido 20 milhões de euros de indemnização em 2011, exige agora mais 22 milhões de euros do Estado (isto é, de todos nós), alegando que o contrato que tinha lhe dava direito a vender as acções que detinha daquela sociedade, antes da nacionalização do BPN, tendo o Estado assumido a responsabilidade pelos litígios do BPN, com data anterior à reprivatização. No caso da sua pretensão ser bem sucedida, e somadas as duas verbas, o tal accionista recebe do Estado mais do que aquilo que os angolanos do BIC pagaram pela compra do BPN (40 milhões de euros), depois de limpinho de créditos incobráveis e de activos tóxicos...

Mas como o BPN já tem um lugar cativo no nosso imaginário, o povo permanece calmo e sereno. Mais 22 milhões, ou menos 22 milhões, tanto faz, pois 22 milhões de euros a dividir (em teoria) por 10 milhões de portugueses, dá 2 euros e 20 cêntimos a cada um, uma ninharia, uma bagatela, uma minúscula renda, mais um óbolo para este interminável peditório nacional, nada que se compare com tudo o que já pagámos, e com tudo o que vamos continuar a pagar. Nas contas do Estado, tal como na natureza, nada se cria e nada se perde, tudo se transforma, e os milhões que a fogueira do BPN continua a consumir, são sempre compensáveis por uns quantos medicamentos a menos no Serviço Nacional de Saúde. Ou mais uns quantos cortes nos subsídios de desemprego, nas pensões ou nas reformas. Ou mais uns quantos agravamentos do IVA, do IRS ou do IMI. Ou mais um aumento das propinas. Ou menos uns milhares de professores a darem aulas nas escolas públicas. Ou mais umas quantas privatizações. Basta escolher!

domingo, agosto 18, 2013

Estamos no "Bom" Caminho?

«Mais de 12 mil casais tinham, no final de Junho deste ano, ambos os cônjuges desempregados, o que representa um aumento de 45% face ao mesmo mês do ano passado, segundo o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). De acordo com os números do IEFP, o número de casais em que ambos os cônjuges estavam no desemprego atingiu os 12.065 no final de Junho de 2013, mais 3.749 casais do que no período homólogo (+45,1%).»

Excerto da notícia do DIÁRIO ECONÓMICO de 16 de Agosto 2013

Meu comentário: Estes números são usados e abusados para tentar provar que "estamos num momento de viragem", na senda do "bom" caminho da recuperação económica, tal como o Governo nos quer impingir, fazendo comparações com as percentagens do mês anterior, e ignorando as do mesmo período do ano anterior (homólogas), as quais retratam uma situação bem diferente.

sexta-feira, agosto 16, 2013

A Enésima “Viragem”

"Estamos num momento de viragem", disse António Pires de Lima, recém-empossado ministro da Economia, referindo-se à divulgação pelo Instituto Nacional de Estatística de que o PIB teve um crescimento de 1,1% no segundo trimestre de 2013. Ora o que acontece é que a mensagem não é nova, e o Governo já anunciou tantas vezes estas "viragens", nas suas habituais acrobacias discursivas, que se tal fosse autêntico, de duas uma, ou andávamos perdidos às voltas, ou então estávamos condenados a voltar ao ponto de partida.

quinta-feira, agosto 15, 2013

Sobre a Desnecessidade da Lei

«(...) Se a lei diz: “No caso de renúncia ao mandato, os titulares dos órgãos referidos nos números anteriores não podem candidatar-se nas eleições imediatas nem nas que se realizem no quadriénio imediatamente subsequente à renúncia”, como pode um juiz ter o desplante de corrigir o legislador, fazendo-o dizer uma coisa que ele não disse nem quis dizer?

É por esta e por outras que as instituições perdem prestígio e a democracia se degrada aos olhos do povo que não compreende como pode o órgão que tem por missão assegurar a defesa da legalidade democrática ser o primeiro a violá-la flagrantemente no desempenho da sua função.»

Excerto do post de J.M. Correia Pinto, publicado no blog POLITEIA em 15 de Agosto de 2013, e com o título "A LETRA DA LEI E CARTA DE PAULO PORTAS - Os Tribunais e a Lei". O título deste post é de minha autoria.

Meu comentário: A Justiça faz questão de acompanhar o estado geral do país. Uma lástima!

quarta-feira, agosto 14, 2013

Sai Um Comité de Sábios Para a Mesa do Canto

O Governo, através do seu "speaker" Maduro (afinal os “briefings” já não estão suspensos) anunciou hoje a criação de um Comité de Sábios para ajudar o Executivo a definir as prioridades e os programas a financiar pelo quadro comunitário 2014-2020, coisa que terá que ficar acertada até ao fim de 2013. Não é brincadeira de meninos; são seis (6) anos de programas (é mais que um plano quinquenal), é coisa de se lhe tirar o chapéu, não uma, mas repetidas vezes. E eu, grande ignorante, que julgava que só se convocavam comités de sábios para solucionar problemas como a conjectura de Hodge ou o bosão de Higgs, fiquei atónito!

Um governo que para produzir legislação, recorre à "ajuda" dos conhecidos gabinetes de advogados, e para ter ideias para meia dúzia de anos, precisa do concurso de um comité de sábios, não é um governo, é um bando de madraços e ignorantes, uma perfeita anomalia. Por isso, sempre que oiço falar de parcerias, prioridades, competitividade, sustentabilidade, sinergias, estratégia, agilização, eficiência, recuperação, bem como da lendária luz ao fundo do túnel, e outros chavões da gíria socrato-passista, apetece-me logo puxar da carabina, meter uma bala na câmara e recitar com voz canora, uma das fábulas de Esopo, de La Fontaine ou do nosso Bocage.

Uma Pergunta de Algibeira


COMO é que os chamados "briefings" (conferências de imprensa), podem ser melhorados, ter mais "transparência" e serem menos "fonte de ruído" - como é intenção do Governo -, se ele próprio, sujeito a ser escrutinado, cada vez é mais frequentado por gente de grosso calibre que se quer passar por respeitável, cada vez mente mais descaradamente, cada vez comete mais ilegalidades, cada vez é mais contestado, cada vez se entende menos no seu seio, sendo cada vez mais um factor de instabilidade, e governando cada vez mais para os grandes interesses da “troika”, da alta finança e do capital, do seu círculo de amigos e afilhados, interesses que nada têm a ver com Portugal e com os portugueses?

Cá por mim, tenho a solução: vão de férias e não voltem!

segunda-feira, agosto 12, 2013

Manobras de Diversão

«Nunca engolir os engodos que lhe são oferecidos» in "A Arte da Guerra", obra com aproximadamente 2.000 anos, da autoria de Sun Tzu, supostamente um general chinês.

EM ESPANHA, a crise política resultante dos casos de corrupção envolvendo o PP (Partido Popular) e o primeiro-ministro Mariano Rajoy, obrigou a que o Governo procurasse um alvo suficientemente grande, destinado a mobilizar a opinião pública, desviando as suas atenções do tal caso de corrupção. A escolha recaiu sobre Gibraltar, com um conflito despoletado pelos direitos de pesca dos espanhóis e os "direitos de soberania" daquele território britânico, encravado em território espanhol.

Em Portugal, como o Governo está assoberbado por uma quase permanente crise política nas suas entranhas, onde os ministros e afins andam presos por arames, como temos menos recursos que Espanha, e não querendo despertar Olivença (um pretexto que não se compara com Gibraltar), foram arranjados vários alvos domésticos, tais como os "swaps" e as PPPs, arranjinhos negociados pelo ex-governo Sócrates e alimentados por Passos Coelho, e que servem às mil maravilhas para um assanhado duelo de ping-pong entre o governo e o PS, cujo objectivo é desviar as atenções do caos governativo. Mas como era preciso arranjar um espectáculo complementar para emoldurar a quezília, inventou-se aquela coisa dos "briefings" diários, que depois passaram a bissemanais, onde dois "entretainers" de meia tijela apalhaçavam as sessões com os jornalistas, e tanto apalhaçaram e repetiram a frase "não vou responder à sua pergunta", que as exibições acabaram por ser suspensas, por causa das férias dos palhaços (diz o Governo...), para virem depois a ser retomadas, em novos moldes, e talvez com outros protagonistas (promete o Governo...). Aquilo que era para ser uma nova forma de comunicação do Governo, tentando imitar o inultrapassável "marketing" politico socratino, acabou por se transformar numa paródia nacional, com alguns tiques ao jeito do salazarento SNI (Secretariado Nacional da Informação), um queijinho amanteigado para os comentadores do burgo.

Entretanto, o Governo começou a enviar aos funcionários públicos cartas a sugerir e a convidá-los à rescisão do contrato, já com as contas feitas e tudo. Questionado o Ministério das Finanças, não deu qualquer esclarecimento sobre o assunto, alegando que o secretário de Estado da Administração Pública, nem mais, se encontra em gozo de férias. Para quem ainda tem dúvidas, volto a garantir que eles sabem perfeitamente o que querem, onde chegar, quando e como fazê-las. E ainda há quem lhes chame incompetentes! Para eles não há "Querido Mês de Agosto". É quando as pessoas baixam a guarda, afogueadas com o calor e com os seus problemas, e distraídas com as manobras de diversão, que eles desferem o golpe. Daí o ter-me lembrado do intemporal Sun Tzu, e dos engodos que nunca devemos engolir. Quanto ao CDS-PP, companheiro de jornada desta tertúlia governativa, e das indigestas decisões a que o "popularíssimo" partido do contribuinte se viu constrangido, e do qual se aguarda a "irrevogável" coragem e responsabilidade de acabar com o despautério, não há novas nem sinais, ou como diria o senhor regedor, que seja tudo a bem da nação!

domingo, agosto 11, 2013

Democracia em Dó Menor


COM os votos favoráveis do PS (do inoxidável Mesquita Machado), com a abstenção dos vereadores eleitos pela coligação Juntos por Braga (PSD, CDS-PP e PPM), e com os votos contra do PCP e do BE, por iniciativa de alguns bracarenses piedosos e agradecidos, e num espaço que é do domínio público, foi erigida em Braça (de madrugada e em segredo) uma estátua ao cónego Melo (de seu nome completo Eduardo Melo Peixoto), inspirador e organizador da rede bombista, do ELP e do MDLP (movimentos de extrema-direita) que em 1974/75 plantaram assassinatos, agressões e puseram a ferro e fogo a região norte do país, e que depois se tornou um activo promotor de interesses imobiliários especulativos. A haver inferno, estará lá de certeza a torrar. Ficamos por aqui ou querem que diga mais coisas?

NOTA - Na foto o cónego Melo abraça o pistoleiro Ramiro Moreira

sábado, agosto 10, 2013

Marcas Que Perduram


Urbano Tavares Rodrigues já não está entre nós. Encerrou-se o seu ciclo de vida, porém, deixou as suas obras e memórias ao nosso cuidado. Conheci-o há muito anos, e de entre os muitos professores que tive, foi o único que até hoje me marcou, de forma permanente e inapagável. Para sustentar o que digo, recuperei um escrito meu de Novembro de 2002, e que diz o seguinte: 

Éramos um bando de garotos, projectos de gente, ainda a cheirar a escola primária, com pastas novas, meio vazias de livros, atulhadas de sonhos e devaneios, a entrar naquele mundo tão inquietante e nebuloso. Foi aí por volta do ano 1956 ou 1957, naquela recém-criada secção de Alvalade do Liceu Camões, à sombra da igreja de S. João de Brito, entre muitas horas de fastidiosas e intermináveis aulas que apareceu o Professor Urbano Tavares Rodrigues, jovem e risonho (foto que junto será dessa época), a tratar-nos como gente, para um mundo em que as surpresas e adversidades eram mais que as facilidades. Ele entrava na aula e falava de Português, partilhando tudo o que sabia, empenhado em não fazer distinção entre os melhores e os menos bons. Dizia que a gramática se aprende de forma intuitiva, desde que nos saibamos expressar verbalmente e não tenhamos medo de escrever. Privilegiava as entrevistas, colóquios e composições, à procura do verbo de comunicação, do dom da palavra, da verve da língua. Eram aulas mistério, coisa próxima de aventuras, quase exercícios lúdicos. Todos os dias havia coisas novas para desvendar, umas saídas das páginas dos mestres da língua, outras saídas de nós próprios, quantas vezes sem jeito, mas também sem preconceito. Mesmo para os menos aptos, mais distraídos ou insensíveis, aqueles 50 minutos consumiam-se num ápice, num rodopio, tal era o diálogo, a comunicação, o falar de coisas que tinham sempre algo a ver com a língua, as nossas toscas experiências e fantasias, roçando aqui e ali pelo intragável latim e a cultura geral. Era Português a tornar-se paixão, a insinuar-se nas nossas veias, oxigenando a sensibilidade, senão mesmo alguma promissora criatividade. Ele provavelmente não se lembra deste episódio, mas um belo dia entrou na aula com o olhar cintilante e a exibir um livro, ao mesmo tempo que dava a notícia, sem falsa modéstia, e mais ou menos com estas palavras:
- Hoje estou muito feliz! Foi publicado este meu livro!
Era a NOITE ROXA. Ficámos perplexos e boquiabertos. Ninguém imaginava que o nosso professor fosse um escritor em carne e osso, porque no nosso imaginário os escritores seriam sempre personagens distantes e quase intocáveis. Um ou dois dias depois, alguém tomou a iniciativa de levar a cabo uma pequena cerimónia no pátio do recreio, onde o Prof. Urbano foi “agraciado” por aquele bando de miúdos, como se fosse um Petrarca lusitano, com uma singela coroa artesanal, feita com alguns raminhos surripiados aos arbustos da vedação da escola, e uma prédica alinhavada pelo mais talentoso da turma. E ele ficou entre surpreendido e sensibilizado com a aquela ingénua iniciativa.
Conforme chegou, o nosso professor-escritor partiu. Se bem me lembro, acho que só durou um ano. Corriam tempos em que tudo era arriscado, tudo era vigiado e controlado, e até o direito de ensinar era retirado, para castigar, fazer vergar e banir todos os rebeldes, lutadores e insubmissos da pátria e da língua. Disse bem a VISÃO quando afirmou que “gerações de nós foram tocadas, melhoradas por ele”. Hoje, quase cinquenta anos depois, aquele inesquecível ano de aulas de Português ainda continua a resistir, multiplicando em mim as suas indeléveis marcas. Enquanto Urbano Tavares Rodrigues continuou a dar mais do que recebeu, a lavrar campos de liberdade e a semear de prosa as letras portuguesas, eu, na minha tosca presunção, fiquei definitivamente apaixonado por esta língua, e a não resistir ir escrevendo umas coisinhas, aqui e ali, entre os longínquos toques de sineta e o rumor das correrias pelos corredores, para a próxima aula!

Passaram onze anos, desde que escrevi aquelas linhas, e quando ontem de manhã soube que o mestre Urbano tinha partido, embora não seja nada que me diga respeito, fiquei a imaginar que diálogo iria ele travar com O Barqueiro, durante esta sua última viagem. Voltei a recordar o seu trato, em tudo diferente, desde a matéria que em 50 minutos não era despachada por obrigação, ou a tolerância com que aqueles “pequenos maçadores” eram acolhidos, com deferência e entusiasmo, como pessoas em potência. E quando o tema da aula era árido e a impaciência corria o risco de se instalar, ele tinha sempre um jogo de parêntesis onde introduzia um novo tema, despertando-nos para outras visões do mundo e da vida. Foi por essas e por outras, que quando ontem de manhã soube que tinha partido, senti assomar uma furtiva lágrima votiva, à mistura com a emoção de não se ter quebrado o feitiço, nem rompido o umbilical fervor. Escrevinhador tento ser, e de Urbano continuo devedor. E esta é das poucas situações em que ficar devedor, ao invés de ser uma atitude indigna e desprezível, é sinónimo de gratidão.

sexta-feira, agosto 09, 2013

Pois Claro!


CONFORME já foi noticiado, as subvenções vitalícias dos antigos políticos escapam aos novos cortes nas reformas e pensões porque não cabem, naturalmente, no Estatuto da Aposentação, regime jurídico próprio que regula a matéria das pensões dos funcionários públicos, sendo o Orçamento de Estado a sede própria para gerir este tipo de medidas. Pois claro, e eles até nem são masoquistas! Além disso, não é reforma nem pensão, é “apenas” uma subvenção, um subsídio, um abono, uma compensação, uma mordomia, etecetera e tal.

quinta-feira, agosto 08, 2013

A Nuvem Tóxica


QUEM anda a dizer que eles são incompetentes e não sabem o que fazem, está redondamente enganado. Em plena "silly season", mesmo a coxear com um secretário de estado demissionário por indecente e má figura, e mais dois ministros carregados de mazelas, não estão com meias medidas e lançam mais uma nuvem tóxica sobre a população de pensionistas e reformados. Cortes nas pensões de reforma, invalidez e sobrevivência, actuais e futuras, pagas pela Caixa Geral de Aposentações, já a partir de 1 de Janeiro de 2014, sendo de 10% a média dos cortes sobre o valor ilíquido da pensão. Se entrar em vigor, a medida afectará 36% dos actuais 462 mil aposentados da Caixa Geral de Aposentações.

E a propósito destas medidas, continua a fazer-me muita confusão porque é o Adolf Hitler recorreu aos campos de concentração com fornos crematórios, às câmaras e ao gás Zyklon-B, para eliminar os "indesejáveis" do III Reich. Se tivesse antecipado os modelos de estrangulamento económico-social adoptados pelo XIX Governo da República Portuguesa, com calma, paciência, sem pressa, sem grandes investimentos e sem estardalhaço, teria chegado exactamente aos mesmos resultados.

quarta-feira, agosto 07, 2013

O TRICICLO

EMBORA a informação ainda seja escassa, sabe-se que está em curso uma nova remodelação (há quem lhe chame reencarnação) do Governo, contudo face às muitas recusas com que Passos Coelho se tem confrontado, depois das férias na Manta Rota, só lhe restava a solução da Manta de Retalhos. Fala-se que a escolha vai para Vale e Azevedo como ministro dos Negócios Estrangeiros, Oliveira e Costa para ministro das Finanças, Isaltino de Morais para ministro das Obras Públicas e José Castelo Branco para ministro da Educação Sexual. Azevedo, Costa e Morais, despacharão todas as quintas-feiras, à hora das visitas, nas respectivas instalações prisionais, participando nos Conselhos de Ministros através de teleconferência. Ricardo Salgado, acumulando com a presidência do BES, mantém-se como "ministro com pasta", ao passo que o relacionamento com a comunicação social foi entregue, por ajuste directo, ao escritório de advogados de José Miguel Júdice. Já Dias Loureiro, consta que vai assessorar António Borges nas privatizações que faltam fazer. Maria Luís Albuquerque transita para o gabinete de estudos do Fundo Monetário Internacional, com a missão de conceber antídotos para "swaps" tóxicos. Quanto aos secretários de Estado que faltarem, serão votados a nível nacional e em horário nobre, por uma espécie de conclave de "celebridades", concebido pelo departamento de programas da RTP, e baseado num guião do economista Pedro Arroja. A troika só regressará lá para Janeiro de 2014, juntando numa única missão, a oitava, nona e décima avaliações. Paulo Portas, em conversa informal com os jornalistas, durante uma visita à Feira do Relógio, baptizou esta remodelação de "triciclo", e garantiu que é uma solução patriótica, coesa e "irrevogável", perfeitamente adequada aos tempos excepcionais que vivemos, que tem todo o apoio do casal de Belém, logo tem todas as condições para não voltar a tropeçar, até às legislativas de 2015.

terça-feira, agosto 06, 2013

Agostembro Já Cá Canta, Setembrosto Vem a Caminho

NESTE querido mês de Agosto, Joaquim Pais Jorge, Miguel Poiares Maduro e Pedro Lomba, um mentiroso e dois pantomineiros de serviço, foram deixados para trás, para entretém do povo. Um é um vendilhão de "swaps", que não sei quantas vezes os tentou impingir ao Sócrates, e outras tantas o renegou. É um mentiroso de grosso calibre, sem um pingo de vergonha por toda a superfície do corpo, que insiste em ser secretário de Estado; os outros são secretário de Estado e seu adjunto, que fazem palhaçadas e cabriolas, para dar tempo a que o outro possa voltar a mentir e a desmentir-se, e o Governo a “averiguar as inconsistências problemáticas”.

Nas últimas semanas, a rápida sucessão de dramas, comédias e tragicomédias, tem sido vertiginosa: Miguel Relvas, Franquelim Alves, Vítor Gaspar, Paulo Portas, Maria Luís Albuquerque, Rui Machete e Joaquim Pais Jorge, são uma verdadeira troupe de relapsos mentirosos, em acirrada concorrência, a ver qual deles mais consegue mentir, para escapar com o rabo à seringa. Podemos agradecer a Aníbal Cavaco Silva, o grande empresário das variedades políticas deste protectorado - e honra lhe seja feita -, o degradante espectáculo a que estamos a assistir, com ministros e secretários de Estado no grelhador, e ele lá pela Coelha, paredes-meias com o Coelho na Manta Rota. Com a escolha que fez, reconduzindo o Governo "recauchutado", bem pode limpar às mãos à parede.

Animem-se! Agostembro já cá canta, Setembrosto chega num instantinho, e entretanto, para compensar, o Governo já confirmou o corte nas pensões dos funcionários públicos (a TSU mascarada), e lançou na NET um simulador que permite a estes calcularem o valor das compensações a receber, caso rescindam o contrato por mútuo acordo. Tudo isto me faz lembrar um filme policial da década de 90, onde a frase-chave que encerrava as chamadas telefónicas do serial killer para o investigador, fornecendo-lhe pistas, rezava assim: O tempo está a esgotar-se! Tique-taque, tique-taque, tique-taque...

segunda-feira, agosto 05, 2013

Sem Papas na Língua

O PROVEDOR dos leitores do DIÁRIO DE NOTÍCIAS, Óscar Mascarenhas, escreveu um artigo arrasador sobre o comportamento do ministro Miguel Poiares Maduro e do secretário Pedro Lomba, nos chamados "briefings", ou encontros com a comunicação social, ou conferências de imprensa, ou lá o que aquilo seja. Curiosamente, há meia dúzia de dias atrás, abordei este mesmo assunto AQUI. Entretanto, uns acham que Óscar fez bem, outros sugerem que como provedor dos leitores não pode manifestar opiniões políticas, outros que ultrapassou as suas funções, outros que desacredita a função de provedor, outros que se excedeu, outros que foi muito duro, outros etecetera e tal. Interessante é que todos bateram na mesma tecla, dizendo que Óscar Mascarenhas, ao querer fazer pedagogia, inverteu os alvos, trocando os jornalistas pelos políticos, o que me parece não ter sido o caso. Quem se der ao trabalho de ler o artigo em causa, verá que quando Óscar Mascarenhas diz que

«... manda o nosso Código Deontológico [do DIÁRIO DE NOTÍCIAS], no seu ponto 3, que "o jornalista deve lutar contra as restrições no acesso às fontes de informação e as tentativas de limitar a liberdade de expressão e o direito de informar. É obrigação do jornalista divulgar as ofensas a estes direitos." Venham os Poiares Pedros ou os Lombas Maduros que vierem, jornalista do DN que se acobarde perante este fascismo com pés de lã, pode ter a certeza, à fé de quem sou, que fica com o nome num pelourinho de cobardolas que prometo expor aos leitores. Porque é dos direitos dos leitores que estamos a falar. Enquanto estiver nesta casa e nela tiver voz, o fascismo não entra de esguelha.»,

não está a fazer mais do que a "defender a liberdade de imprensa", a "defender a deontologia profissional", condenando a tentativa "de intromissão dos membros do governo" e lançando um "apelo para que os jornalistas do DN não entrassem nesse jogo". Na verdade, o que está em causa não é a política em si, mas sim o posicionamento e comportamento dos políticos perante a comunicação social e a sua função. Se lá pelo meio há o recurso a uma linguagem mais colorida, longe dos habituais "tons pastel" do politicamente correcto, não é nada que se compare às expressões abjectas e ofensivas que ultimamente temos ouvido, como por exemplo, quando o Passos Coelho mandou os desempregados emigrarem ou irem para outro lado, seja esse lado qual for. Neste caso, muitos dos que deveriam ter falado, ficaram calados, ao passo que agora, com Óscar Mascarenhas, decidiram alegremente, meter a sua garfada. Na verdade, salvo raras excepções, está-se a perder o salutar hábito de "chamar os bois pelos nomes", pôr os pontos nos "is" e os traços nos "tês". Será com medo do tal fascismo, ou seja lá o que for, que se anda a insinuar de esguelha?

sábado, agosto 03, 2013

Arrasador!

HOJE não escrevo nada, a tentar desmantelar o Governo. Deixo essa tarefa entregue a Óscar Mascarenhas, provedor do leitor do jornal DIÁRIO DE NOTÍCIAS, e ao seu artigo publicado em 3 de Agosto de 2013, e que pode ser lido AQUI.

sexta-feira, agosto 02, 2013

Mais Outro Que Não Sabia de Nada...

«Um dia depois de ter saído a notícia sobre a tentativa de venda de produtos financeiros para tentar maquilhar as contas públicas portuguesas ao Governo de José Sócrates em 2005, eis que o secretário de Estado do Tesouro veio a público apresentar a sua defesa. "Não participei nem na elaboração nem na preparação desses derivados financeiros", afirmou hoje Joaquim Pais Jorge durante o briefing do Governo. "Era responsável pela relação com os clientes. Não tive qualquer responsabilidade na elaboração e preparação destas propostas".

Segundo a revista VISÃO, após a tomada de posse do governo socialista, em 2005, o Citigroup ofereceu uma solução para Portugal maquilhar as suas contas públicas, tal como o Goldman Sachs fez na Grécia. O banco norte-americano era então liderado por Paulo Gray, director-executivo do Citi no País, e pelo secretário de Estado Joaquim Pais Jorge director do Citybank Coverage Portugal.»

Excerto de um artigo do DIÁRIO DE NOTÍCIAS de 2 de Agosto de 2013

Meu comentário: Não fizeram nada, não sabiam de nada, nunca tomaram uma decisão nem deram directivas para tal. Só falta dizer que desconhecem o que é um "swap" ou um depósito a prazo! Vendo bem as coisas, estavam lá, mas nada faziam. É extraordinário! Afinal, porque será que recebiam os tais faraónicos vencimentos e mordomias? Não me digam que era apenas para declarar (sempre que fosse necessário) que nada decidiram, que nada fizeram e que nada sabiam, todos uns anjinhos papudos. Resumindo: estagiando pela banca para chegar ao poder, há gente pequena com grandes empregos!

quinta-feira, agosto 01, 2013

Recheio e Papel de Embrulho

COM o Governo "recauchutado" e a considerar-se revalidado com o cavacal embrulho da moção de confiança, foi oficialmente inaugurado um "novo ciclo" (ou circo), onde a ideia persistente continua a ser "deitar a escada" ao PS (partido Seguro), para que aquele contribua para a tal nova "união nacional" e avalize o pacote de 4,7 mil milhões de euros de prometidas atrocidades.Veremos se o PS consegue resistir.

Entretanto, o frenético Passos Coelho, vai dando uns lamirés sobre o recheio e os temperos do tal "novo ciclo", falando sobre as reformas que vão ser feitas “de forma muito concentrada”, para satisfazerem a tal reforma do Estado, que é mais uma porta de entrada para os apetites do costume. E começa logo com o aumento de horário de trabalho na função pública (por agora), de 35 para 40 horas semanais, onde o mesmo trabalho poderá ser feito por menos trabalhadores, logo os que estão a mais, serão dispensáveis, e terão de "ir fazer alguma coisa para outro lado”, ao passo que os que mantêm o emprego vêem reduzida a sua retribuição, dado que num mês passam a trabalhar mais vinte e tal horas pelo mesmo salário. Assim se premeia o esforço e os sacrifícios que os portugueses têm feito. Depois de mandar os portugueses emigrarem, agora, usando a sua habitual conversa de carroceiro engravatado, começou a mandá-los para outro lado, quando podia ser ele a ir, o mais ligeiro possível, para aquele sítio que todos nós sabemos.

quarta-feira, julho 31, 2013

Super Pobrezinhos


«Vir para aqui é como brincar aos pobrezinhos»

EXPRESSÃO zombeteira de um dos proprietários da Quinta da Comporta, localizada junto ao litoral alentejano, com 15 mil hectares de superfície e 12 quilómetros de praias em estado semi-selvagem, herdade rural adquirida em 1950, partilhada e desfrutada por membros da família Espírito Santo e seus amigos com interesses afins, tudo gente abastada, da alta finança, dos grandes negócios e empreendimentos, celebridades e estrelas das artes "plásticas", à mistura com membros da realeza europeia, tudo gente sofisticada, que se auto-selecciona, tudo gente de grandes cabedais, grossos dividendos e altas cilindradas. É uma espécie de retiro rústico, polvilhado de cabanas, moradias e mansões, onde as elites convivem com os indígenas locais, fingindo-se de pobrezinhos, numa espécie de terapia para se desenfastiarem da civilização, do “stress” dos negócios, das suas “agruras”, perdições e toxinas. Esta informação foi recolhida da Revista do semanário EXPRESSO de 27 de Julho de 2013, e retracta de modo tão rigoroso quanto possível, os que vivendo de forma tão modesta, aguentam estoicamente todas as contrariedades e não sabem propriamente o que é essa coisa da crise que atravessamos, pois andamos todos a "descontar" para eles.

terça-feira, julho 30, 2013

PMMP ou MPPM, Tanto Faz

SEJA Poiares Maduro, Ministro da Propaganda (PMMP), ou seja o Ministro da Propaganda, Poiares Maduro (MPPM), em qualquer dos casos, as siglas são capicuas perfeitas. Com a prestimosa “adjuda” de Pedro Lomba, o secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional (um espanto, estes títulos!), ainda estamos longe das prometidas conferências diárias (briefings) de ponto de situação (agendadas há um mês atrás), mas já se começam a distinguir os contornos deste novo tipo de "comunicação" governamental, a prometer mundos e fundos, a lavar a cara aos ministros para torná-los apresentáveis, a traçar contornos e perfis, a delinear os desafios que há pela frente, a falar pela “troika”, a dar conta daquilo que o governo fez e desfez, do que faz e desfaz e do que pensa fazer e desfazer, seja a curto, médio ou longo prazo, querendo impingir a ideia de que entrou em novos e abrangentes moldes, que o ritmo está a acelerar e que todos estão ocupadíssimos, a gerir o barco e a enfrentar a grande tormenta. E digo mais, acho que isto não vai ter grande duração, pois quando o Governo recorre à encenação, ao espectáculo de feira, dia sim, dia não, é porque perdeu o pé, já não controla nada (nem a si próprio) e anda a esbracejar à procura de uma saliência onde se agarrar. Querem um responsável? O patrono desta coesa solução, sua excelência o divertido e inoxidável Aníbal Cavaco Silva!

Perante este espectáculo, que faz a comunicação social? Pouco ou nada! Nem sequer se contorce. Não tenho nada contra os seus profissionais, muitos deles estagiários à procura de uma oportunidade, mas a pobreza é confrangedora. Limitam-se a comparecer ao beija-mão, a transcrever e a divulgar as patranhas anunciadas e enunciadas, engolem tudo em seco, calma e serenamente, sem pedidos de esclarecimento, deixando correr o marfim, anichando-se numa desesperante postura situacionista de cortar a respiração, sem fazer as perguntas incómodas, que gostaríamos de ver respondidas. Longe vão os tempos em que, mesmo sob a vigilância apertada dos “majores” da censura, sem espaço para nada poder transpirar, se deixavam nas entrelinhas alguns sinais e pistas para reflexão. Hoje é coisa que não lhes passa pela cabeça. E se lhes passa, logo começa a funcionar a patilha de segurança da autocensura, ou então, como último recurso, o senhor director não deixa passar.

segunda-feira, julho 29, 2013

Buracos

«Muito embora o primeiro-ministro diga que esta matéria é “complexa” e que vai ser estudada “com atenção”, o Ministério da Saúde garante que “não há buraco” nas contas das PPPs do sector.»

Cabeçalho de notícia do suplemento de Economia do jornal PÚBLICO em 28 de Julho de 2013

Meu comentário: Primeiro-ministro a falar verdade e PPPs sem “buraco” são coisas raras de encontrar, mas se não há "buraco" visível, pode ser que tenha sido bem suturado, o que não quer dizer que lá por baixo não esteja a progredir uma infecção, que vai corroer as contas públicas até chegar ao osso, lá para 2042.

domingo, julho 28, 2013

Leituras em Atraso

Pedro Passos Coelho, discursando em Pombal na sessão solene de abertura das Festas do Bodo, apelou a um acordo e convergência de objectivos com o PS, para além da actual legislatura, que termina em 2015. Afirmou que "desde que tenhamos os pés assentes na terra e sejamos realistas - quer dizer, não comecemos a estabelecer objectivos que estão manifestamente para além daquilo que as condições nos permitem -, então é possível vencer e ultrapassar obstáculos e conseguir um clima de união nacional, não é de unidade nacional, é de união nacional, que permita essa convergência".

Este apelo, pode de alguma maneira ter a ver com a moção de confiança que vai levar a votos na Assembleia da República na próxima Terça-feira, e seja uma nova tentativa de “deitar a escada” à habitual “abstenção violenta”, que a “oposição responsável” do PS costuma adoptar.

Entretanto, como Passos Coelho, no intervalo das suas cabotinices, ainda não chegou à última parte da biografia de Salazar que anda a ler, ignora que foi no consulado de Marcelo Caetano que a "União Nacional", evoluindo na continuidade, se transfigurou em "Acção Nacional Popular", daí a triste figura.

sábado, julho 27, 2013

Sherlock Holmes e o Caso dos "Swaps"


- Mas Holmes, ela diz que não mentiu…
- É elementar, meu caro Watson! Não basta lady Maria Luís dizer que está a falar verdade, e ter todo o apoio e confiança do lorde da Ordem dos Barreteiros; face aos dados e factos que a contradizem, é necessário que prove que são falsos...

quinta-feira, julho 25, 2013

Ser e Parecer

QUANDO se aceita um cargo público há que avaliar com rigor quais os aspectos do nosso percurso curricular, e até da nossa vida pessoal, que possam afectar negativamente o desempenho desse cargo público. De falso moralismo está o mundo saturado, e a decência e a vergonha, são espécies cada vez mais difíceis de encontrar para os lados de quem ocupa tais cargos. Passar pelos órgãos superiores de gestão de um banco, que à mesma data foi o epicentro de uma mega fraude de escandalosas proporções, excluir esse facto dos seus dados biográficos, dizer que não se apercebeu de nada enquanto por lá andou, e garantir que se está de consciência tranquila, é pouco ético, de um cinismo e hipocrisia extremos, ao passo que tentar ocultá-lo é inadmissível. Se acaso há sinais de podridão nos hábitos políticos, eles não estão do lado de quem denuncia, mas sim do lado de quem é denunciado. Mesmo admitindo que se tem as mãos e a consciência limpas do crime, a verdade é que nunca se podem evitar os salpicos que resultam de se ter andado perto da cena do crime, e não basta escudar-se atrás dos apelos vindos da emergência em que o país se encontra, como justificação para ter aceite um cargo de ministro. Como teria dito Caio Júlio César a Pompeia: à mulher de César não basta ser honesta, há também que parecê-lo. E por aqui me fico.

quarta-feira, julho 24, 2013

Agendas e Guiões

ATÉ AQUI os comentadores e a comunicação social chamavam-lhes agenda, agora passou a guião, termo importado da actividade cinematográfica, e que serve para auxiliar e orientar o realizador, com grande detalhe, na condução de todos os passos das filmagens, e que agora é suposto aplicar-se também à política, sendo usado, por tudo e por nada, até à exaustão, como invólucro de mais umas quantas fitas em fase de produção. Começou com o guião de Aníbal Cavaco Silva para solucionar a crise do Governo, e já vai no guião de António Pires de Lima para o ministério da Economia. Além dos presumíveis guiões de Paulo Portas e Jorge Moreira da Silva, falta também saber qual será o guião de Rui Machete como ministro dos Negócios Estrangeiros, pois há outros guiões que lhe conhecemos, mas que não estão a ser divulgados no seu currículo. Para que se saiba, fez parte do Conselho Consultivo do Banco Privado Português (BPP), falido e com múltiplos processos em tribunal, e entre 2007 e 2009 integrou o Conselho Superior da Sociedade Lusa de Negócios, proprietária do Banco Português de Negócios (BPN), o escandaloso e sobejamente conhecido caso de polícia, um grande polvo com múltiplos tentáculos no meio político e financeiro, e com um peso desmesurado nos bolsos dos portugueses, que por sorte ou azar, nunca foram “clientes” do dito cujo. Se por acaso, alguma coisa lhe for perguntada, por algum jornalista mais afoito, sobre os factos ocorridos nestas duas instituições, dirá, como os outros “inocentes”, que nada lhe passou pelas mãos e que nada sabia do que se estava a passar.

De Vítimas a Carrascos


EM 11 DE JULHO, perante um numeroso grupo de pessoas que se manifestou nas galerias da Assembleia da República, com gritos de "demissão!" dirigidos ao Governo, a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, mandou evacuar as mesmas, ao mesmo tempo que deixava no ar a sugestão de que o acesso às mesmas deveria ser repensado. Ripostou ainda com a frase "não podemos deixar que os nossos carrascos nos criem maus costumes", da autoria de Simone de Beauvoir, quando se referiu à repressão dos nazis sobre o povo francês, durante a ocupação da França na II Guerra Mundial. Qualquer pessoa de mediano entendimento interpretaria esta analogia, identificando os carrascos com os manifestantes, e os maus costumes com a liberdade de acesso às sessões parlamentares. Assim, os sindicalistas do STAL (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local e Regional) não apreciaram aquela comparação, acharam as palavras indignas e ofensivas, e pediram explicações. A resposta de Assunção Esteves foi de uma douta clarividência, à sua maneira, claro está. Diz ela na sua carta dirigida ao STAL que o que queria dizer com aquela frase é que "o Estado de direito deve sempre conservar a serenidade da razão". Ficaram esclarecidos, não ficaram? Pois eu também não, e deve ser defeito meu.

terça-feira, julho 23, 2013

O Triângulo PGM


SEMELHANTE ao celebérrimo e muito citado Triângulo das Bermudas, também temos o nossoTriângulo PGM, este porém, não é uma área geográfica onde desaparecem coisas, tais como barcos e aviões, mas um vórtice semelhante a um buraco negro, insaciável devorador de factos e acontecimentos indesejáveis, manipulado por um (P)residente, um (G)overno e uma (M)aioria. A última vítima foi uma crise política. Começou no dia 11 quando o Presidente disse que o Governo estava em «perda de credibilidade e de confiança gerada pelos acontecimentos da semana passada», para 10 dias depois, todos aqueles epítetos se transformarem em «coesão e solidez» do mesmíssimo Governo, que foi reconduzido como se nada se tivesse passado. O Governo não estava à altura, agora já está. Não era de confiança, agora já é. Parecia que estava a desmanchar-se, agora já não. Afinal a crise não passou disso mesmo, de uma espécie de aberração espácio-temporal que o tal buraco cósmico se encarregou de suprimir, a pedido de várias famílias. Por obra e graça de um anibalesco sortilégio, a crise nunca existiu, e provavelmente, nunca será citada nos livros como um facto histórico, mas sim como uma encenação, melhor, uma grande trafulhice.

domingo, julho 21, 2013

A Cavacal Narrativa


O senhor Aníbal que é tudo menos um todo-o-terreno da política, atascou-se até ao pescoço com o seu bizarro propósito de compromisso, e não há pedregulho ou cagarra que o salvem. Acabou por falhar o desejado “sentido de responsabilidade, a vontade séria e o empenho em conseguir chegar a um entendimento", por parte do PSD, PS e CDS-PP nas negociações para o tal compromisso de salvação nacional, em que ele estava tão empenhado. Chegou mesmo a Insistir no argumento ameaçador de que há adversários do acordo de salvação nacional, que tudo farão e não irão olhar a meios para que ele não se concretize, continuando a demonstrar com este sobressalto, que convive muito mal com a diversidade de ideias e opiniões, em resumo, com a própria democracia. A cavacal lenga-lenga chegou ao ponto de se servir dos sindicatos e das associações patronais como escudos-humanos, para nos fazer crer que agarrados à troika é que estamos bem, muito embora tenhamos que abrir mão de mais umas quantas coisitas, para aliviarmos o Estado dos tais encargos de 4,7 mil milhões de euros.

Hoje, na sua comunicação ao país, continuou a insistir na ideia de que as eleições antecipadas são uma incerteza, uma solução perversa e desestabilizadora, recheada de perigos, apenas servindo para desperdiçar os sacrifícios feitos até aqui, podendo levar a perigosas mudanças de rumo do resgate. Portanto, e com o seu beneplácito, o Governo que estava é para continuar até ao fim da legislatura (2015), mas é preciso que tenham muito juízo e sejam bem comportados, devendo para já apresentar uma moção de confiança, para todos ficarmos descansados. Cavaco, se já andava com os pés inchados, ficou pior. Vai ter dificuldade em descalçar as botas, e para já, não se livra de ser acusado de ser o chefe e protector da quadrilha de malfeitores que continua por aí à solta.

sábado, julho 20, 2013

A Irrevogável Podridão

CONFRONTADO com um Governo atacado de “irrevogável” podridão, que há um mês a esta parte passa os dias a simular coesão, agarrado ao manual de sobrevivência política e a jogar ao "toca e foge" com a dura e deprimente realidade, parece que Cavaco Silva vai ter que voltar às Selvagens, para se aconselhar com os pedregulhos e as cagarras, já que nem ele, nem os seus assessores e conselheiros, conseguem dar conta do recado.

Havia várias soluções para a crise política. Cavaco Silva começou por rejeitar dar posse ao Governo "recauchutado" depois da saída de Vítor Gaspar e das piruetas de Paulo Portas, por ser uma solução frágil e pouco abrangente. Excluiu a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições antecipadas neste Setembro de 2013, porque tal solução iria provocar (diz ele) descontinuidade governativa e fragilizar o país perante os credores e os mercados. Por quebra do PS, acabou por falhar a sua solução de acordo tripartido de salvação nacional (PSD, CDS-PP e PS), com eleições antecipadas marcadas para Junho de 2014. Fica em aberto a solução de um governo de iniciativa presidencial que ele sempre disse não querer adoptar. Este é o resultado que dá ter andado a manter prolongados silêncios e cultivando um conceito minimalista dos seus poderes, quando tudo pedia que interviesse.

Entretanto, o que fica de pé? Quase nada, porque se Cavaco voltar atrás, acabando por dar posse a um desacreditado Governo "recauchutado", com isso acaba por reconhecer que cometeu um estrondoso erro de avaliação, caindo na armadilha que ele próprio engendrou, desacreditando-se perante a opinião pública, e começando a desenhar-se a hipótese da sua própria renúncia.

sexta-feira, julho 19, 2013

Bengaladas

Carlos Zorrinho, com aquele permanente sorriso seráfico a aflorar-lhe aos cantos da boca, acusou o PCP de ser a bengala da direita, fazendo tudo o que está ao seu alcance, inclusivamente "jogos partidários", para dinamitar os "patrióticos" fretes e acordos que o PS costuma tramar com essa mesma direita. Já não é a primeira vez que o PS tem saídas destas, muito embora continue a ser uma boa piada, não fossem as tragicomédias que habitualmente andam associadas a estas cambalhotas políticas. Aliás, o último caso é paradigmático, e serve para demonstrar como o PS adora pôr-se a jeito e cair nas armadilhas que lhe montam, como esta última de entrar em conversações e negociações com o PSD e o CDS-PP, na tentativa de salvar o Governo (e não o país, como se quer fazer crer), depois daquele ter andado a auto mutilar-se com a demissão de facto do Vítor Gaspar, a demissão simuladamente "irrevogável" do Paulo Portas, e uma patética remodelação ministerial, que nem sequer teve a concordância do senhor Aníbal.

quinta-feira, julho 18, 2013

"Sem Intransigência e Com Espírito de Abertura"...

... no espaço de uma semana, juntaram-se para "salvar" Portugal, os três partidos que durante trinta e tal anos, de Mário Soares a Passos Coelho, passando por Cavaco Silva, António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes e José Sócrates, paulatinamente, têm conduzido Portugal até ao ponto em que está: o desastre. Cavaco Silva, o actual inquilino de Belém, tem especiais responsabilidades não assumidas, já que governou entre 1985 e 1995 com o seu pouco escrupuloso "deixem-me trabalhar", andou rodeado de gente pouco recomendável, colheu favores e benefícios com as negociatas e traficâncias do BPN, para agora estar a coordenar e a cronometrar os trabalhos da suposta "salvação nacional". No meio disto tudo, ainda há quem diga que é o regime que caducou, e que precisa de ser substituído, quando o que precisa de ser mudado são os protagonistas e as suas políticas.

quarta-feira, julho 17, 2013

Missão Patriótica

 
Cavaco Silva vai pernoitar Quinta-Feira nas Ilhas Selvagens, a 1.000 quilómetros de Lisboa e do epicentro da crise política, dia da votação da moção de censura do PEV ao Governo. Vai em missão de soberania e como forma de assegurar o regular funcionamento das instituições da República em todas as latitudes. Para o coadjuvarem na sua missão e garantirem a biodiversidade daquela reserva natural, podia levar com ele o Coelho, o Portas, o Oliveira e Costa, o Alberto João Jardim que até mora ali perto, o Duarte Lima, o Oliveira e Costa e o Isaltino Morais, todos algemados entre si, e à cautela com pulseira electrónica, o Dias e o Valentim Loureiro, o João Rendeiro, o Vitor Gaspar e mais uns quantos, e ficarem todos por lá a conviverem e a bronzearem-se. Ouvi dizer que as colónias de cagarras não estão a gostar do programa.

terça-feira, julho 16, 2013

Mesmo Longe no Tempo, Convém Recordar


«A medo vivo, a medo escrevo e falo,
hei medo do que falo só comigo;
mas ainda a medo cuido, a medo calo.»

António Ferreira (1528 - 1569) considerado um dos maiores poetas do classicismo renascentista de língua portuguesa, autor de "A Castro" ou "Tragédia de Inês de Castro", e "Poemas Lusitanos"

domingo, julho 14, 2013

Insuportáveis

COM um Governo arruinado com a demissão de Vitor Gaspar e que não se conseguiu "recauchutar" nem empossar, muito embora fosse aplaudido pela União Europeia, com um ministro dos Negócios Estrangeiros "irrevogavelmente" demissionário por discordar da escolha para ministra das Finanças, um secretário de estado também dos Estrangeiros a fazer as vezes do ministro no Conselho de Ministros, embora ambos não apareçam no ministério, e até tenham esvaziado os gabinetes, empacotando os seus haveres, com um ministro da Economia que era para ser substituído, mas já não foi, um ministro que era para ser do Ambiente mas ficou "congelado", e com Cavaco Silva a dizer que o Governo está em plenitude de funções, o panorama é do pior que se possa imaginar. Se o Governo já desgovernava o país, agora entrou em roda livre, a desgovernar-se a si próprio.

O objectivo de se verem concretizados os absurdos cortes de 4,7 mil milhões de euros, que ninguém diz onde serão aplicados, foi a grande motivação desta solução de compromisso tripartido proposto por Cavaco Silva, que ele quer que seja rápido, e que eufemisticamente apelidou de dever patriótico de salvação nacional, isto é, conseguir com três, aquilo que com dois, deu o resultado que deu. Contudo, responderam que sim senhor, que iam dialogar, mas a contragosto. O Governo porque se viu desacreditado e o PS porque se sentiu entalado. É uma solução que contemplou o PSD e CDS-PP com uma espécie de "castigo" por mau comportamento, e empurrou o PS para um caminho demasiado estreito e comprometedor para as suas ambições, para mais confrontado com a prometida moção de censura dos Verdes, que outro objectivo não tem senão de o obrigar a clarificar o seu inconstante posicionamento de "abstenção violenta". O caldo está definitivamente entornado, e não creio que a solução vá dar qualquer resultado, pois se o país já o estava, a partir de agora ficará mais ingovernável.

A dar-se o caso das negociações resultarem inconclusivas, e sabendo-se que as eleições antecipadas foram descartadas, porque o país - dizem eles - não suporta adiamentos ou mudanças no rumo traçado pelo memorando do resgate, fica apenas por descodificar o que Cavaco queria dizer quando advertiu que "há outras soluções". Na verdade, além do rumo insuportável que foi imprimido à vida dos portugueses, a verdade é que são eles que se tornaram cada vez mais insuportáveis, situação que apenas pode ser revertida, desalojando-os, com as tais eleições, a que todos gostam de tecer rasgar elogios, quando tal lhes convém, mas a que agora torcem o nariz, quando os ventos não sopram de feição. Vem a propósito lembrar as fresquíssimas declarações de José Miguel Júdice, outra aberração da nossa praça que deve andar a reeducar-se com alguma das biografias do Oliveira Salazar, quando diz que é preciso acabar com os partidos, haver um golpe de estado ou uma revolução que mude o sistema político, uma ruptura que opte pelo presidencialismo, que se concentre na pessoa de uma grande figura humanista, respeitada pelas elites, uma pessoa que dê algum sossego aos conservadores e algum sonho aos que são mais favoráveis à mudança. Mais um, que tem tanto de cretino e tonitruante, como de insuportável, num Portugal e numa Europa que se dizem das liberdades e das democracias.

sexta-feira, julho 12, 2013

Governo em Estado de Coma

ENQUANTO se aguarda que seja divulgada a tal personalidade de prestígio que Cavaco vai designar, para acertar agulhas e assegurar a manutenção dos cuidados intensivos ao Governo, a Assembleia da República reuniu-se para debater o estado da nação. Sem iniciativa nem novos argumentos, o Governo apareceu em estado comatoso, não recuperado do golpe-de-mão florentino de Paulo Portas, embora ainda com forças para levar a cabo mais uma pantomina, tentando convencer-nos que anda a carregar com o país rumo à glória, quando são os portugueses que continuam a ter que alombar com os arquitectos da sua desgraça. Passos Coelho insiste em não abandonar o país, em não se demitir, apesar de Victor Gaspar se ter demitido, declarando por escrito que as soluções austeritárias falharam redondamente. Apesar disso, Passos Coelho, tal como Cavaco, continuam a repetir que as eleições antecipadas não resolvem nada, apenas servindo para desperdiçar os sacrifícios feitos até aqui. Errado! Eles têm é receio que das eleições resultem novas políticas, que parem com os desnecessários sacrifícios, desacreditando o modelo e as políticas até aqui seguidas. Diz ele que está tudo a correr tão bem, com tantos sinais, indicadores e resultados positivos de recuperação económica, que até nem percebeu a intenção da tal iniciativa presidencial, que outra coisa não foi senão um atestado à sua falta de jeito e incapacidade de manter o governo neste caminho escabroso, empurrando-nos para o "admirável mundo novo" da indigência e da sopa dos pobres. Se a situação do país não fosse dramática, eu até diria que Passos Coelho era capaz de dar um razoável cómico, mas quando Passos Coelho diz, em tom de ameaça, que o destino do país está intimamente associado ao destino deste Governo, só espero que tudo seja feito para que tal não se concretize. Já agora, era o que faltava!

quinta-feira, julho 11, 2013

Evolução na Continuidade, Sim, Eleições Para Já, Não!

ONTEM, pela 20 horas e 30 minutos, Aníbal Cavaco Silva, sempre com os cinco sentidos apurados para a tão desejada estabilidade política, bem como para os superiores interesses da nação, deixou bem claro qual é o seu entendimento do conceito "Um Presidente, Um Governo e Uma Maioria", que herdou de Francisco Sá Carneiro, e que sempre acarinhou, só que agora com uma “grande” novidade de “engenharia política”: a maioria será alargada ao PS (o terceiro protagonista do arco da governação e da assinatura do memorando de entendimento com a troika), o mesmo que se tem andado a pôr a jeito, fazendo alguns fretes ao Governo, mas que agora será formalmente cooptado, caucionando um governo de iniciativa presidencial do tipo “evolução na continuidade”, com a promessa de eleições antecipadas só lá para Junho de 2014, depois da troika fazer as malas e ir embora. Eleições para já, está fora de questão. No entendimento de Cavaco Silva, com contornos de uma insuportável chantagem, diz ele que temos que ter juízo e ser bem comportados, pois estamos sob permanente escrutínio dos “mercados” e apertada vigilância da União Europeia, temos que nos esfalfar para amealhar dinheiro para pagar a dívida aos nossos credores, logo não nos podemos andar a distrair com campanhas eleitorais ou perder tempo com eleições, caso contrário o caldo está entornado. Homessa!

Curiosamente, parece-me que ninguém ficou satisfeito com aquela presidencial solução. Quem esperava por eleições antecipadas (PCP, BE e PEV) acabou a rejeitar liminarmente este “arranjo” de compromisso tripartido. O PS que dia sim, dia não, também queria eleições, já disse que não vai dar o seu contributo para este modelo, muito embora não enjeite manter a sua participação nos moldes parlamentares, rejeitando emprestar ao governo uma legitimidade que ele já não tem. Quanto ao PSD e CDS-PP que, tal como Cavaco Silva, fogem de eleições como o diabo da cruz, viram gorada a sua solução de um Governo “recauchutado”, deixaram transparecer que não estavam particularmente entusiasmados com esta solução presidencial, ficando a aguardar as iniciativas e desenvolvimentos posteriores. Quer-me parecer que se o caldo não ficou entornado de uma maneira, vai acabar por ficar de outra, pois o centro de gravidade da crise transferiu-se do Portas do Largo do Caldas para o Cavaco de Belém, passando a residir neste último o factor de perturbação. Imagino que as direcções políticas de todos os partidos políticos, nesta noite que passou, não tenham pregado olho, pois o modelo de Cavaco é enviezado como solução governativa, e retorcido como solução democrática, já que em termos práticos pretende pôr a democracia a hibernar durante um ano, e depois logo se verá. Aguardemos pelas cenas dos próximos capítulos.

quarta-feira, julho 10, 2013

Uma no Cravo, Outra na Ferradura

António José Seguro, depois de ter andado a repetir de forma descontínua que quer eleições antecipadas, afirmou ontem, já depois de ter saído da audiência com Cavaco Silva, que o PS (Partido Seguro) não precisa de eleições para apresentar propostas para o país. Será que é isto que Cavaco Silva quer ouvir (ou já ouviu), para aprovar a nova versão do (des)governo do "irrevogável" Paulo Portas e do "segunda linha" Passos Coelho?

O pastel de Belém

Cavaco Silva já teve audiências com quase metade do país, já ouviu banqueiros, patrões e sindicatos, já participou em fóruns com economistas, já se recolheu várias vezes ao seu retiro espiritual para tomar uma decisão sobre a superação da crise governamental, mas ou muito me engano ou tudo isto não passa de mais uma encenação. Sendo certo que mais vale decidir mal, do que não decidir, ou fingir que se está a fazê-lo, podem entretanto acontecer situações caricatas, como esta de a União Europeia já ter "validado" a "recauchutagem" governamental, antes mesmo de Cavaco ter dado o seu veredicto.

Reformas e Pensões na Loja de Penhores


«Governo manda investir até 90% do dinheiro das reformas em títulos do Estado. Se houver uma reestruturação da dívida, pode haver perdas altas.

A concentração do dinheiro do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) em aplicações na dívida pública portuguesa, como determina uma medida aprovada esta semana pelo Governo, poderá pôr em risco o pagamento futuro das pensões dos portugueses.

Caso a dívida pública portuguesa tenha de ser reestruturada, como vários especialistas já alertaram na sequência da actual crise política, "se houver perdas no FEFSS, as pensões correm sérios riscos de perder muito dinheiro", alerta João Cantiga Esteves, professor de Economia no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG). No final de Junho, o FEFSS tinha um valor total de 11 mil milhões de euros.

O Governo, através de uma portaria assinada ainda pelo ex-ministro das Finanças e pelo ministro da Segurança Social [Vitor Gaspar], determina que, a partir de 3 de julho, sejam investidos em dívida pública portuguesa até 90% das verbas do FEFSS. Vítor Gaspar e Pedro Mota Soares dizem que a medida está prevista no memorando assinado com a troika e tem em vista a sustentabilidade da dívida do Estado.

No final de Junho, segundo o Ministério da Segurança Social, o valor do FEFSS ascendia a 11 mil milhões de euros, dos quais cerca de 55% aplicados em dívida pública portuguesa. Com a nova orientação do Governo, o investimento do FEFSS em dívida pública aumentará para 9,9 mil milhões de euros, contra os atuais seis mil milhões de euros.

Para Cantiga Esteves, "o risco é demasiado", até porque "não é recomendável pôr os 'ovos todos no mesmo cesto'". José Santos Teixeira, responsável da Optimize, reconhece que o reforço das aplicações do FEFSS "é bom para a dívida pública, porque é um comprador suplementar e pode segurar as taxas de juro no mercado secundário." Só que, "no fundo, aumenta o risco no pagamento futuro das reformas", frisa.»

Artigo de António Sérgio Azenha, com o título "90% do dinheiro das reformas em títulos de dívida do Estado", in jornal CORREIO DA MANHÃ em 6 de Julho de 2013. O título do post é de minha autoria.

segunda-feira, julho 08, 2013

Segundo Resgate a Caminho…

… ou aquilo que os outros sabem e nós não sabemos, porque há quem nos queira manter na ignorância. A imagem é de um recorte do jornal EL PAÍS on-line de 8 de Julho de 2013.

domingo, julho 07, 2013

As Misérias De Que Se Fala

O SENHOR Manuel Clemente devia pensar duas vezes naquilo de diz, mais a mais na sua primeira homilia do Mosteiro dos Jerónimos, logo após a sua tomada de posse como patriarca. No meio dos tratos de polé a que o Governo sujeita o povo, era dispensável que alguém viesse acentuar, como ele o fez, que uns são mais sacrificados que outros, ou que uns são mais exemplo de resistência que outros, pois os portugueses não precisam que os dividam, mas sim que os unam. Que eu saiba, a pregação de Cristo nunca se inspirou ou fez distinção entre gentes do norte, do centro ou do sul, sobretudo quando todos estão sob o mesmo jugo e são alvo das mesmas malfeitorias. E numa audiência daquela solenidade, tão frequentada por gentes que sobraçam o poder e gostam de exibir a sua devoção, era desejável que não ficassem isentos de reparo, já que são eles que fabricam as misérias de que se fala.

sábado, julho 06, 2013

Ensaio Sobre a Crise-Mistério


A SOLUÇÃO da crise está encontrada, agora só falta o veredicto do inquilino de Belém (o tal que não é pressionável), que ainda tem que cumprir o calendário de receber os partidos da oposição, uma tarefa de faz-de-conta, apenas para simular que ainda está a formar a sua decisão, e que somos uma democracia cheia de nove horas. Entrementes, o Coelho e o Portas protagonizaram mais uma encenação e vieram confessar-nos, numa comunicação conjunta ao país, com tonalidades porno-softcore, que tinham encontrado a quadratura do círculo, a bem da durabilidade e da estabilidade governativa. Fica no ar a imagem junto do povo crente que o pequenote "david" derrotou o grande "golias". Em vez da pedrada certeira que eliminou o adversário, a "negociação" e o "consenso" prevaleceram. O mútuo desejo de salvação da pátria e de levar a bom termo o seu resgate, sobrepôs-se às diferenças que cada um deles tem sobre o modelo e aspectos particulares da governação, e o compromisso acabou por ser encontrado. Se não podes vencê-lo, junta-te a ele, mas impõe condições, e ficam ambos perdoados! Lá para terça ou quarta-feira, Sua Quinta-Essência o presidente Cavaco, descerá do "monte sinai" e dirá de sua justiça. Estão a perceber, não estão?

Assim, o CDS, com os olhos postos nos superiores interesses da nação - logo devíamos estar humildemente reconhecidos e obrigados pelo seu labor - reforça a sua posição no Governo, com o "contrabandista" Portas, que disse nunca transgredir a fronteira das suas convicções, fronteira essa que afinal tem um traçado variável, conforme as conveniências, a passar a vice-primeiro-ministro, indo agora mudar de fato, para voltar a tomar posse, fraternalmente agradecido a Passos Coelho por este ter rejeitado o seu “irrevogável” pedido de demissão, mas a deixar no ar a suspeita de que tudo não passou de jogo combinado. Já o Álvaro "pastel-de-nata" deixa a economia e regressa a Vancouver, parece que substituído por António Pires de Lima, ao passo que o Jorge Moreira da Silva parece que fica a tratar do Ambiente, ao passo que permanece a incógnita de quem ficará com o casarão das Necessidades, compondo assim o ramalhete deste simulacro de remodelação, onde o elenco governativo se transmuda de tamanho S em tamanho XL. Curiosamente, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, o factor determinante da "discórdia" do Portas com o Coelho, mantém-se no Governo e ficam todos amigos, renovando-se a suspeita de que ela apenas serviu de pretexto para o desencadear desta misteriosa "crise". O objectivo era dramatizar e colocar o meio político sobre uma pressão insuportável, tentando convencer-nos que com a agudização da crise social e o constante pedido de eleições antecipadas, desembocaríamos num inevitável segundo resgate, sendo adiado "sine die" o regresso aos queridos mercados.

Que se lixe a taça, que se lixem as eleições e outras complicações, pois os objectivos foram atingidos. Vejam só que até a meteorologia tem vindo, nos últimos dias, a dar uma preciosa ajuda à recuperação económica do país, passando a desenrolar-se em piloto automático. Para além da satisfação dos mercados e das agências de rating, importante mesmo era manter operacional a quadrilha de malfeitores, com a tarefa que têm entre-mãos de fazer o "reset" do país e dos portugueses. Volto a dizer que eles não são garotelhos inexperientes nem incompetentes, apenas se querem fazer passar por tal, e com isso obterem a nossa comiseração. Como diria o "outro", sabem muito bem o que querem e para onde vão, e com estes episódios, apenas nos querem fazer passar por parvos, enquanto eles, entre garraiadas e improvisações, vão levando a água ao seu moinho. Das aparências não reza a história, mas sempre vão dando uma ajuda substancial, para esbater as diferenças entre o ser e o parecer. Foi uma mini-série dramática que se irá arrastar durante semana e meia, que garantirá mais uns tempos de sobrevivência à coligação, contando que o 2015, não tarda nada, já estará ali ao virar da esquina. Mas isto são apenas as suas intenções, que não quer dizer se concretizem. A ver vamos!

sexta-feira, julho 05, 2013

Alguém Tem Dúvidas?

PARA regressar às feiras e aos mercados, a pessoa indicada é o Paulo Portas. Alguém tem dúvidas?

Crise, Qual Crise?

CRISE, qual crise? Afinal, tudo não passou de um equívoco. O Portas, cuja demissão passou de irrevogável a negociável, provavelmente por razões "patrióticas, apenas queria negociar (tal como a sardinha na lota) o peso de CDS-PP no Governo. Só os mal-intencionados podem dizer que houve crise. Como se pode ver, as presidenciais diligências de Cavaco, continuam em passo de caracol e envoltas em mistério. Uns dizem que ele exige que o Portas se mantenha no Governo, outros que isso não é condição essencial. Entretanto, o que transpira cá para fora, diz que tudo continua na mesma, e que ele apenas exige que o Governo encontre e apresente soluções de estabilidade e durabilidade, tal como as pilhas "duracell", e que evitem perturbar a sua magistratura de influência.

quarta-feira, julho 03, 2013

De Surpresa em Surpresa


COMEÇAM a juntar-se as peças do puzzle e verifica-se que as palhaçadas e as anedotas extravasaram Belém e São Bento e começam a contaminar toda a cena política do país. Reparem, o Governo começa por dizer que a demissão de Victor Gaspar o apanhou de surpresa. Paulo Portas repete que foi uma surpresa a nomeação da Maria Albuquerque para ministra das Finanças, que não concorda com a solução e demite-se. O primeiro-ministro Coelho, a ver o governo ficar em fanicos e o poder a fugir-lhe por entre os dedos, acrescenta que foi para si uma surpresa o pedido de demissão do "guarda fronteiriço" Paulo Portas, e por isso não a aceitou, pedindo mais explicações e rejeitando demitir-se, garantindo que não abandona Portugal, ao passo que o senhor Cavaco, com uma leitura minimalista dos seus poderes institucionais, sem o mínimo sentido de Estado e indiferente a tudo o que se passa à sua volta, dava posse à ministra Maria Albuquerque e aos seus secretários de Estado, duas horas depois de já ser conhecida a demissão do Paulo Portas, segunda figura do Governo. E assim vamos de surpresa em surpresa até ao descalabro total.

Conclusão: Cavaco Silva prefere continuar a brincar com os binóculos, a ver passar os comboios, mantendo o neófito tiranete ligado ao ventilador, como se nada estivesse a acontecer, ao mesmo tempo que se começa a ouvir um coro de vozes de "gente importante", banqueiros, grandes empresários, marcelos e marcelinhos, politólogos da treta e comentadores de aviário (só falta pedir a opinião ao Papa Francisco e ao Durão Barroso) a repetirem, em sincronizada algazarra, que eleições antecipadas nem pensar, olhem que se perde a estabilidade e a luz ao fundo do túnel, que há o vazio do poder, que a reforma do Estado fica adiada, que os sacrifícios dos portugueses não podem ser desperdiçados, que a troika não vai gostar, que os mercados não vão gostar e os juros vão disparar, que logo virá um segundo resgate, que Portugal não é a Grécia, etecetera e tal. A propósito, já me esquecia, que será feito do Relvas?

segunda-feira, julho 01, 2013

Ai a Minha Imaginação!

APESAR do retumbante "sucesso do programa de ajustamento", do desemprego a continuar a fazer a sua escalada ascensional, com a dívida pública quase em 130% e o défice a passar para 10,6%, o glorioso Pedro Passos Coelho garante que desta vez é que vai ser, e que é no último trimestre deste ano, nem mais, que se vai operar a milagrosa "viragem da tendência económica".

Entre o caos harmonioso do Sócrates e a luminosa obscuridade do Coelho, como é usual dizer-se, que venha o diabo e escolha. Por isso há quem acredite que todos os tormentos que nos afligem, são obra do diabo, que anda por aí à solta. Nada mais errado, pois os diabretes são outros! O pérfido estado de excepção em que vivemos é bem humano, não tem nada de sobrenatural, muito embora nos seus contornos tenha todas as perversas características daquilo que seria uma parceria público-privada entre o Governo e satanás, para instalar aqui uma sucursal do inferno, salvaguardada com mais um “swap” especulativo.

Entretanto, a cambada governativa, com todos os argumentos e embustes esgotados, passou a aconselhar que procuremos na fé, na esperança e numa grande dose de "boa sorte", os remédios para os nossos males. Para consumar essa intenção, e à falta de um balcão para serem passados atestados de pobreza, o Coelho achou por bem inaugurar uma "sala de chuto" para atender diariamente a comunicação social, onde o ministro Poiares Maduro exercitará os seus dotes de anestesista. Entretanto, fico à espera que me venha dizer (ou repetir) que o ministro Gaspar já tinha pedido a demissão há oito (8) meses, e que o Coelho não aceitou. Que isto foi um contratempo, mas que vai voltar tudo a entrar nos eixos. Há oito (8) meses, quem diria! Como vingança, vejam só o que ele fez de lá para cá! E depois, para que a História se volte a repetir, só falta que o Coelho se demita, queixando-se de falta de apoio, e o Cavaco, sempre desejoso de manter a estabilidade política e governativa, chame a Belém o "mago das finanças" Victor Gaspar, para o convidar para primeiro-ministro e formar governo...

domingo, junho 30, 2013

Registo Para Memória Futura (88)


«A proposta de lei que reduz o cálculo das indemnizações em caso de despedimento para 12 dias por cada ana de trabalho foi hoje aprovada na generalidade. A proposta de lei do Governo Nº. 120/XII foi aprovada no Parlamento com os votos favoráveis das bancadas do PSD, CDS-PP e PS. PCP, Bloco de Esquerda e Verdes votaram contra.»

Notícia da Agência LUSA em 28 de Junho de 2013

Meu comentário: Despedir é cada vez mais fácil, acreditar nos partidos da "troika" (PSD, CDS-PP e PS), seja pelo que dizem ou pelo que fazem, é cada vez mais difícil, senão mesmo impossível.

sexta-feira, junho 28, 2013

Documento Essencial da História Recente


Título - Alcora - O Acordo Secreto do Colonialismo
Autores - Aniceto Afonso - Carlos de Matos Gomes
Prefácio - Fernando Rosas
Género - História de Portugal Contemporânea

Editor - Divina Comédia
Data da Edição – 2013
Capa – Patrícia Furtado
Paginação – Segundo Capítulo
Impressão - Rainho e Neves, Lda.
Páginas – 399

NOTA – Um documento de capital importância que faz a abordagem de uma importante, altamente secreta e contranatura aliança, em que o salazarismo e o marcelismo se envolveram, na desesperada tentativa de sobreviverem aos “ventos de mudança” que assolaram a última fase do colonialismo português, até ao desfecho do 25 de Abril de 1974.

Sindicalismo Ornamental

«Quem se mete com o governo leva, é a tradução jorgecoelhista desta proposta vinda de quem vive mal com a liberdade sindical e o direito à greve. Quem faz este tipo ataque é a favor do direito à greve se ele não for exercido, a favor do sindicalismo livre se ele não for viável e a favor da concertação social se ela resultar em acordos em que só um dos lados tem uma palavra a dizer.»

Conclusões de um artigo do comentador Daniel Oliveira. O título deste post é de minha autoria.

quinta-feira, junho 27, 2013

No Decurso da Greve Geral

“O país não está parado e a opinião do Governo é que é exactamente de trabalho que o país precisa”, disse Marques Guedes na conferência de imprensa que se seguiu à reunião de Conselho de Ministros, ocorrida em dia de Greve Geral.

NOTA - Reunião essa do Conselho de Ministros onde certamente foram aprovadas mais umas quantas medidas do seu catálogo de malfeitorias, que levarão à destruição de mais uns quantos postos de trabalho.

Hoje Estou em GREVE!

 
De produtivo, ESCREVER é a única coisa que farei para desancar nos malfeitores que nos querem (ou já conseguiram) perder.

quarta-feira, junho 26, 2013

Haja Muita Paciência!

Um garatujador chamado Bruno Proença escreveu um comentário de grosso calibre no DIÁRIO ECONÓMICO sobre a greve dos professores. E fez a descoberta do século! No essencial, entre outras barbaridades, garante que Portugal faliu por causa de greves como esta, e que quando o governo capitula, os grandes derrotados são os contribuintes, pois os grevistas não produzem o suficiente para justificar o que custam, e com isso o Estado continua a acumular défice e dívida, e o País acaba às mãos da troika, a sofrer com as medidas de austeridade. Só faltou dizer que o bem intencionado ministro Nuno Crato, ao meter-se com os sindicatos, acabou todo emporcalhado. Nem mais! O garatujador disse isto tudo sem pestanejar nem titubear. Que foi por causa dos professores, e outros que tais, que Portugal está falido. Uma calamidade! Não foi por causa dos "swaps", nem das parcerias público-privadas, nem do BPP e do BPN, nem dos défices camuflados, nem dos cálculos mirabolantes do Victor Gaspar, nem da economia paralela, nem das fugas de capitais para os "paraísos fiscais", nem das fugas aos impostos, nem dos perdões fiscais, nem dos ajustes directos, nem dos estádios de futebol, nem da compra dos submarinos e dos blindados "pandur", nem da recapitalização dos bancos à custa dos contribuintes, nem da destruição do tecido económico, gerador de desemprego e pobreza, desprezo pelos pobres e roubo sistemático dos “remediados”, nem dos “furacões” sem fim à vista, nem da corrupção generalizada. Nada disso! As culpadas são as greves, e com isso, o persistente adiamento da tal reforma do Estado, uma medida tão necessária como um ataque de sarna. Em resumo: o rabiscador não resvalou, nem tropeçou, estatelou-se ao comprido e apenas resta desejar-lhe as melhoras. E quanto ao jornalismo situacionista e de meia-tigela, só lhe faltava emparceirar com o comentário rasca e acintoso. Haja muita paciência!

Notícias às Três Pancadas

Reparem no "bom português" do jornal PÚBLICO on-line de 26 de Junho de 2013...

 
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segunda-feira, junho 24, 2013

O Anjinho Bom e os Diabinhos Maus

Miguel Poiares Maduro funciona no Governo como válvula de compensação, uma espécie de anjinho bom que se põe do nosso lado, e nos canta umas lérias ao ouvido, sempre que os diabinhos maus, fazem ou vão fazer das suas. Depois de nos ter confidenciado que o Governo "quer oferecer esperança aos portugueses", agora, para justificar os "castigos" e "penitências" que nos estão a ser impostos pelos diabinhos exterminadores da troika e do Governo, foi a vez de nos vir dizer que isso se deve ao facto de "durante muito tempo este país ter vivido fora da realidade", como podem ver, uma variante do já estafado argumento do termos vivido acima das nossas possibilidades. E que tal se fosse dar banho às pulgas...