domingo, novembro 19, 2006

O Livro do Lopes

O
O senhor Lopes publicou um livro, objecto que dá pelo nome de PERSEPÇÕES E REALIDADE. Nada nos garante que o tenha escrito (para já, mal sabe ler), já que, hoje em dia, com um gravador para onde se vão debitando algumas memórias e considerações, mais a contratação de um bom escriba para ajeitar o material, e se a tudo isto juntarmos a simpática ajuda das competentes e promocionais entrevistas televisivas, feitas em horário nobre, e em cima do acontecimento, consegue-se arranjar um candidato a “best-seller”, tal é a opinião da preclaríssima Zita Seabra. Como diria a saudosa avó Bernarda, “embora esse Lopes seja um eterno desistente, temos homem! Com uma beijoca aqui, uma bicada acoli, mais uma trincadela acolá, lá vai sobrevivendo”. Além de ser um catedrático jubilado das vidas nocturnas, presidente inacabado de clubes de futebol e ter grangeado fama (sem proveito) de “menino terrível” da política, onde os culpados da má governação são sempre os outros, agora, para não cair no esquecimento, está a tentar-se perfilar como um historiador-escritor-repórter das sacanices, matreirices, brejeirices e politiquices ocorridas durante o seu consulado como primeiro-ministro. Para já, e só para as primeiras impressões, o senhor Lopes ficou-se, humildemente, pelos 5.000 exemplares deste devaneio proto-literário.
Não li o livro, não faço conta de o ler, mas tenho saboreado algumas dissertações de terceiros sobre o seu conteúdo, o qual não divergirá muito da “metodogia de galinheiro”, uma vezes anarco-intuitiva, outras delico-doce e intimista, outras ainda a esbracejar o papel de vítima, que o senhor Lopes adoptou, enquanto primeiro-ministro falhado daquele poleiro, que dava pelo nome de Governo de Portugal.
Diz ele que “está longe da vida política” mas vai “continuar a andar por aí”, como se de uma “reserva da república” se tratasse, não está nos seus planos voltar a assumir funções governativas, mas como “o futuro a Deus pertence”, ninguém sabe o dia de amanhã. Pois não, a não ser que todo o povo desta terra ficasse atacado, de um dia para o outro, com a doença de Alzheimer. No entanto, com o baixo nível a que os políticos nos foram habituando, e depois de ter visto um porco a andar de bicicleta, já nada me espanta.

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