segunda-feira, setembro 17, 2007

Fidelidades

F
Tal como é comum entre as mais variadas religiões, também existe uma espécie de fundamentalismo ateu, o qual se sente na obrigação de espancar, sem dó nem piedade, não só todas as religiões, como todos os seus crentes. Debater ou argumentar é uma coisa bem diferente de caluniar, e até aqui, ateus e crentes não têm tido um comportamento que se possa chamar de civilizado. Ora quem não tem religião, nem escrituras, nem crenças, nem deuses, nem santos, nem papas, deve-se abster de tais propósitos, já que, certamente, também não apreciará ver-se a si, e aos que perfilham as suas ideias, serem vilipendiados e perseguidos. O fanatismo embota o espírito e a capacidade de reflexão, e em casos extremos chega mesmo a matar.
Assim como há quem não seja adepto de qualquer clube desportivo, ou embora vivendo num estado democrático, nunca tenha aderido a qualquer partido político, também é compreensível e aceitável que haja quem não abrace qualquer religião. Não ter religião é um direito tão legítimo como o de ser católico, anglicano, protestante, adventista, muçulmano, judeu, budista, hinduísta ou testemunha de geová. O direito à diferença, o respeito e a coexistência pacífica entre confissões religiosas, e entre estas e quem não foi tocado pela fé, é a matriz que revela o nível cultural de uma sociedade, ao passo que a laicidade do estado tem por função assegurar que ninguém será priviligiado ou prejudicado, à custa da sua opção religiosa, ou da ausência dela.
Quanto a mim, e para que não haja confusão, as coisas passam-se mais ou menos assim: as minhas lealdades têm a ver com princípios e amizades consolidadas, mais do que qualquer outra coisa. Quanto às religiões, embora curioso e com um pouco de estudioso, sou ateu, e ponto final, parágrafo.

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