AS COISAS estão agora no seu devido lugar. Enquanto os ministros vão empatando e Passos Coelho vai viajando, a "troika" vai governando.
O senhor Passos vai viajando por Angola, país do café, do petróleo, dos diamantes e outras coisas mais desagradáveis, debitando mais tiradas de antologia. Neste aspecto os governantes portugueses quanto mais longe estão do torrão natal, mais pródigos são em declarações. Desta vez, afirmou que o "Estado não precisa de intervir de forma directa" nos salários do sector privado, que é como quem diz, os empresários podem fazer o que lhes apetecer e der na real gana, que o Estado não é para aí chamado. Quanto aos jovens, espera que não desesperem, que é uma forma encapotada de dizer para irem fazendo as malas… Por outro lado, com jeitinho, só falta dizer que o Código de Trabalho será suspenso, bem como toda a legislação laboral, no capítulo de remunerações, e não só. Passos Coelho estava assim a dar ênfase e suporte institucional à "sugestão" avançada pela "troika" governante, para que os cortes salariais sejam extensivos ao sector privado, e isto tudo porque, no dizer do representante da Comissão Europeia na "troika", um tal Jürgen Kröger, não há risco de Portugal se tornar numa Grécia, pois os indígenas deste protectorado são "gente boa", o que talvez queira dizer que somos “tementes” e "ajuizados", não gostamos de ser incomodados, não reclamamos, e coisa e tal, enfim, cartas de amor... Olha se não éramos!
É a minha vez de
dizer: portugueses, tenham medo, tenham muito medo... E não digo isto de ânimo
leve. Tenho aquele anão amigo – o Serapião - que costuma infiltrar-se nos
conselhos de ministros, nas reuniões do governo com os banqueiros e com a
“troika”, que ouve tudo em pormenor, e que sai de lá, umas vezes em polvorosa,
outras vezes aterrado. Quando chega ao pé de mim, só diz: - nem imaginas o que
eles cozinham! Tem medo, tem muito medo!...
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