domingo, fevereiro 05, 2012

(Des)acordo Ortográfico

VASCO Graça Moura pode ter defeitos, a par de outras tantas virtudes, ser apontado como tendo ajudado a engrossar a lista dos "boys" do PSD, mas há uma coisa de que não pode ser acusado: incoerência. Chegou à presidência do Centro Cultural de Belém e contrariando as instruções dadas a todas as instituições tuteladas pelo Governo, em Setembro de 2011, ordenou aos serviços do CCB para não aplicarem o novo Acordo Ortográfico, de que ele é um dos mais acérrimos opositores, embora a razão invocada seja o facto de Angola e Moçambique ainda não o terem ratificado. A atitude da Graça Moura, não só destoa do habitual lambotismo e seguidismo da rapaziada que pulula por aí, como é bemvinda para a saúde linguística, que precisa de bons contributos, e não ser desvalorizada com aberrações. Assim as resistências e discordâncias fossem extensivas a outras áreas da (des)governação.

3 comentários:

lino disse...

Não posso com o homem, mas nesta teve razão!
Abraço

Carlos Acciaioli de Gouveia disse...

Caro Torres,

Não posso deixar passar esta oportunidade sem comentar o seu post. O Vasco Graça Moura (VGM) não tem razão. Nem pode ter razão quem lhe dá razão pelas razões que exponho de seguida, embora, fica já dito, eu continue e escrever sem adoptar o acordo ortográfico (AO). Eis então as razões:

1. VGM dirige um organismo na directa tutela do Estado, logo tem de cumprir o que Estado determina... e ponto final. As nunaces sobre isto fazem com que pareçamos uma república das bananas (com a devida desculpa para as repúblicas). É do tipo "´Tá bem pá, eu cumpro o que disseres mas só se me apetecer". Se as determinações do Estado forem de cumprimento duvidoso então as consequências serão desastrosas. Uns cumprem e outros não?
2. O acordo ortográfico, ao contrário da opinião do meu amigo Torres, não é nenhum disparate, muito menos uma aberração. Já tinham existido outros, entre eles os de 1931 e 1945, embora sem grandes resultados práticos. Mas o mais importante é que este AO faz alguns ajustes na língua que são perfeitamente normais, em especial porque nem são novidade. Ver as novidades do Formulário Ortográfico de 1911. Sem a simplificação natural da língua ainda hoje escreveriamos pharmácia e "qüando", usando o ph e o trema...

A desautorização do Estado Português sobre o AO pelo irritante VGM devia ser resolvida de imediato com o seu despedimento. Mas este país nem chega a uma república das bananas. A não ser que possamos pedir algumas ao Alberto João Jardim.
Ou já chegámos à Madeira?

Um abraço.
CG

Fernando Torres disse...

Estimado Carlos,
Mas admitir que VGM se excedeu e devia ter acatado a postura governamental, mantendo a sua discordância, como mau feitio que é, apenas em termos pessoais, então não percebo porque é que o Governo acaba por lhe lhe dar razão, admitindo que o A.O. não está em vigor, por carecer de ser ratificado por todos os membros da CPLP.