quinta-feira, maio 18, 2006

Cortado pela CENSURA!


No programa Opinião Pública da SIC Notícias de 18/5/2006, coordenado pela jornalista Marta Atalaya, assistiu-se a uma situação curiosa: foi cortada a palavra e colocado fora do programa um interveniente, quando, a propósito da estreia do filme “Código Da Vinci”, baseado no livro do mesmo nome, aquele emitiu a opinião de que o Opus Dei era uma organização tenebrosa.
A jornalista-coordenadora fundamentou a sua atitude, argumentando que o termo empregue era injurioso e ofensivo da dita organização. Fiquei perplexo. O Opus Dei é uma organização poderosa, nascida com o estatuto de prelatura pessoal, no seio da igreja católica, e com grande influência junto das elites do poder político e financeiro. Por isso mesmo, e não só, o Opus Dei, não sendo uma sociedade secreta, não é propriamente conhecida por ser uma organização aberta à sociedade, sendo pouco dada a deixar transpirar para o domínio público, pormenores dos seus meandros, práticas e vivência interna. O termo tenebroso, tal como o dicionário esclarece, aplica-se a algo onde não há claridade, tem falta de luz, é escuro, repleto de trevas, o que não corresponde propriamente a um atributo insultuoso. Por outro lado, e tal como o dicionário também explica, só em sentido figurado se aplica aquele termo, para definir algo de pérfido ou criminoso, mas fiquei sem saber se era essa a intenção do interveniente, pois entretanto a palavra foi-lhe cortada.
Sabe-se que a língua portuguesa, ou é ambígua, ou é traiçoeira, mas na dúvida, nada justifica que se emudeça, quem tem direito a tecer opinião. Muito menos que se faça, tal como o fazia, aquele execrando censor de serviço, da TENEBROSA Comissão de Censura de outros tempos, que fazia girar o tal lápis azul de triste memória, célere, fulgurante e aniquilador, cortando a palavra, amputando ideias e ceifando críticas. Tudo isso “a bem da nação”…

1 comentário:

Anónimo disse...

Todas as organizações secretas com projectos de poder são tenebrosas.