Está agora a chegar ao domínio público, a circunstância da NSA (Agência Nacional de Segurança) dos EUA, estar a constituir, com a colaboração das principais empresas de comunicações, a maior base de dados de que há memória, com os registos das chamadas telefónicas de milhões de norte-americanos, sob o pretexto da tão vaga quanto abstracta guerra ao terrorismo, com o objectivo de apertar o garrote das medidas de segurança, transformando cada cidadão num potencial suspeito de actividades anti-patrióticas.
Em versão portuguesa, provinciana e mal enjorcada, temos o famigerado caso do “envelope 9”, tendo então o presidente da república da altura, exigido ao procurador geral da república uma urgente investigação, com a divulgação das respectivas conclusões. Agora, decorridos que são vários meses, depois do caso ter sido divulgado pela comunicação social, e depois de ter sido desencadeada uma aberrante acção policial contra o jornal e os jornalistas que divulgaram o caso, deixando para trás a questão essencial de saber como, porquê e quem obteve os registos telefónicos arquivados no tal “envelope”, o “affaire” parece ter caído na prescrição e no esquecimento. No primeiro caso temos os americanos a ensaiarem o controle maciço da sociedade, em moldes industriais, enquanto que no segundo, vemos como os portugueses, com muita conversa fiada e um sorriso nos lábios, praticam a devassa caseira, sem se saber bem a que propósito, e vá-se lá saber com que intenções.
Uma coisa é certa: nada acontece por acaso! Abstraindo os meios e a abrangência do que está a acontecer na terra do Tio Sam, fruto de grandes e suspeitas cumplicidades, suportadas pelo competente aparato tecnológico, e o que sucede nesta terrinha de brandos costumes, de forma mais pitoresca e artesanal, a verdade é que não é difícil concluir que, à conta das escutas telefónicas, andamos todos “debaixo de olho”, para o que der e vier.
Sem comentários:
Enviar um comentário