sábado, junho 14, 2008

Nos 120 Anos

A
A
Nos 120 anos e 1 dia do nascimento de Fernando Pessoa, deixo aqui, por empréstimo do jornal PÚBLICO, um poema inédito de um dos heterónimos do poeta, Alberto Caeiro, na versão proposta por Richard Zenith, tradutor, editor e organizador das obras do poeta.
A
Gosto do céu porque não creio que ele seja infinito.
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito, não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa algures e algures acaba
E que longe e atrás disso há absolutamente nada.
Creio que o tempo tem um princípio e terá um fim,
E que antes e depois disso não havia tempo.
Por que há-de ser isto falso? Falso é falar de infinitos
Como se soubéssemos o que são de os podermos entender.
Não: tudo é uma quantidade de cousas.
Tudo é definido, tudo é limitado, tudo é cousas.

Sem comentários: