sábado, junho 07, 2008

O estado a que chegámos…

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“… este é o estado a que chegámos”, foi a expressão que teria sido dita pelo Capitão Salgueiro Maia, como justificação para a marcha desencadeada sobre Lisboa, na madrugada de 25 de Abril de 1974, com o objectivo de derrubar o regime totalitário.
Agora, como complemento daquilo que alguma comunicação social tem difundido, leiam o que se segue, da autoria do cidadão José Neves:
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«A Câmara Municipal de Lisboa e os seus vereadores Marco Perestrello e José Sá Fernandes acharam por bem alugar a Praça das Flores, durante 17 dias, a uma marca de automóveis, a Skoda. Durante estes 17 dias, a Skoda realizará várias festas nocturnas de lançamento internacional de um seu novo modelo automóvel, ocupando ininterruptamente a praça. As pessoas - transeuntes, população do bairro, turistas - não poderão ter acesso à praça entre as 17h e a 01h, período durante o qual decorre a festa privada da Skoda. Uma parte de estrada está vedada e o jardim está todo ele vedado, com gradeamento disfarçado de arbustos. Existem uns seguranças privados à 'porta' (?!?) do jardim e muita polícia. Existiram já confrontos entre as polícias e os habitantes, com dois destes a serem levados para a esquadra. As festas sucessivas fazem barulho sucessivo, noite após noite. O comércio local (excepto os restaurantes e cafés mais finos que estão instalados na praça e que estão abertos apenas para os convidados-skoda) está a ser prejudicado, segundo os próprios. MAS, mais importante, há um sentimento de revolta pela privatização do espaço público que está em curso (ou, como dizia um vizinho, 'quem tem o pilim é quem manda aqui nos joaquim'). Os moradores e os comerciantes, entre a revolta e o conformismo, estão a pensar organizar algumas coisas de que darei conta assim que tiver mais informação.»
E-mail do cidadão José Neves, que o blog O TEMPO DAS CEREJAS de Víctor Dias divulgou, e que eu acho oportuno reproduzir.
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Agora digo eu:
“… este é o estado a que chegámos”, foi a expressão que teria sido dita pelo Capitão Salgueiro Maia, como justificação para a marcha desencadeada sobre Lisboa, na madrugada de 25 de Abril de 1974, com o objectivo de derrubar o regime totalitário.
Hoje não se põe a questão de derrube do regime, mas se este é “o estado a que chegámos”, impõe-se despertar aquela frase, para cortar o caminho a estas atitudes de tipo fascizante, que são a “cedência” de um espaço público à iniciativa privada, barrando-o a quem tem direito a ele, contando antecipadamente com o nosso medo e silencioso consentimento, produto de uma herança que vem das práticas da “santa” inquisição e dos esbirros e torcionários do velho Estado Novo. Os “seguranças privados” desta “nova ordem”, com a prestimosa ajuda do “braço armado” da “nova” polícia de “segurança pública”, estão-se a encarregar de acordar os fantasmas de um passado, que era suposto estar enterrado e esquecido.

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