domingo, junho 15, 2008

O Monstro Morreu!

O
O tal “plano B”, que nas palavras do “camarada Veiga” (nome de código de Durão Barroso nos seus tempos de maoísta) não existia, caso o referendo irlandês desse para o torto, está a tomar forma, mas não passa despercebido. Quando em 2005 a França e a Holanda rejeitaram em referendo a Constituição Europeia (primeira versão do agora Tratado de Lisboa), os euro-meliantes coadjuvados pelos seus euro-burocratas, correram a considerar as consequências da rejeição como um problema da comunidade europeia, no seu conjunto, para a qual havia que encontrar solução. Disso resultou o actual o documento travestido, que furtiva e manhosamente perderia o epíteto de constituição, passando a ostentar o bem mais comestível sobrenome de tratado (de Lisboa), muito embora o produto fosse indigestível.
Agora, com os irlandeses a recusarem o tratado, os euro-tratantes, desdobrando-se em exercícios de contorcionismo semântico (que alguma imprensa corrobora), começaram a sacudir a água do capote, situando o problema criado fora do contexto comunitário europeu, e transferindo, por inteiro, a responsabilidade do impasse para a Irlanda, ao ponto de já ser equacionada a sua saída negociada da união europeia. Até o nosso imperdível presidente Cavaco Silva, num assomo de ridículo e pacóvio intervencionismo, veio debitar para a opinião pública, uma presidencial e intolerável sentença, em que disse que “cabia agora ao governo irlandês encontrar e levar a cabo uma solução para o problema criado”. Coitado, nestas alturas, mais valia pô-lo a mastigar uma presidencial fatia de bolo-rei!
Só por isto se vê que a Irlanda, para já, não está a ser tratada em pé de igualdade com a França e a Holanda. Quanto a este abominável tratado constitucional, senhores euro-adeptos de políticas furtivas, com vários pesos e muitas medidas, desenganem-se! O monstro que geraram está morto, bem morto, e apenas falta sepultá-lo em campa rasa.

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