segunda-feira, março 28, 2011

Buracos Negros (5)

Armando Vara, arguido do processo "Face Oculta", e por esse motivo suspenso e depois demitido das suas funções como administrador do Millennium BCP, foi agraciado, no ano de 2010, com 260.000 euros de remunerações, mesmo sem ter estado ao serviço, bem como um acerto de contas de 562.192 euros por ter saído antes do mandato, o que perfaz a simpática maquia de 882.192 euros (176.863 contos, na moeda antiga). Sem contabilizar as caixas de robalos que se poderiam comprar com esta verba, uma coisa é certa: com este aconchego financeiro, é garantido que a crise lhe está a passar ao lado.


«O antigo director da delegação de Braga do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (IGFSS), Fernando Salgado, vai ser julgado no Tribunal de Famalicão por alegadamente se ter apoderado de mais de 187 mil euros que eram destinados aos cofres do Estado.»


Excerto da notícia do JORNAL DE NOTÍCIAS de 27 de Março 2011


Numa altura em que se fala de combater o défice e reduzir as despesas do aparelho de Estado, o Governo aumenta os montantes que podem ser gastos por ajuste directo e sem concurso público. Assim, ministros, autarcas e directores-gerais, a partir de 1 Abril de 2011, estão autorizados a gastar mais dinheiro, sem concurso público nem visto do Tribunal de Contas. No caso dos directores-gerais o montante passa de 100 mil para 750 mil euros, os presidentes de câmara podem decidir por ajuste directo até 900 mil euros (até agora o máximo era de 150 mil), o primeiro-ministro passa de 7,5 para 11,2 milhões de euros, e os ministros de 3,75 para 5,6 milhões. Esta iniciativa do Governo (Decreto-Lei 40/2011) foi publicada na véspera do debate parlamentar do Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC IV), que acabou por ser chumbado na Assembleia da República. Enfim, como diz o ditado, “faz o que eu digo, não faças o que eu faço”.


Informação colhida do DIÁRIO DE NOTÍCIAS de 27 de Março de 2011

domingo, março 27, 2011

Sugestão

AS ELEIÇÕES nos clubes de futebol portugueses deviam começar a ser monitorizadas por observadores internacionais, não digo que das Nações Unidas ou da União Europeia, mas penso que a U.E.F.A. era uma escolha razoável.

Quem Tem Medo da Verdade dos Números?

AÍ ESTÁ um assunto que bem podia e devia ser decidido pela Assembleia da República, mesmo com a discordância de Cavaco Silva e da toda-poderosa União Europeia: uma completa e rigorosa auditoria externa às contas do Estado.
Eu pessoalmente, acredito que o problema dos défices é uma farsa, senão mesmo uma mentira pegada, levada a cabo por encenadores, manipuladores e mentirosos diplomados, que, umas vezes como sinal de escassez, outras como de abundância, tem servido para tudo, menos para administrar o país e reflectir a sua situação real.
Tanto o Governo como Cavaco Silva, e sobretudo este último, que diz ser adepto da verdade dos números, e se tem vindo a queixar de escassez de informação, passariam a dispor de dados suplementares sobre o estado das contas públicas, para tomarem as decisões acertadas, e quanto à União Europeia, que sustenta que os eventuais resultados de tal auditoria poderiam perturbar ainda mais os sacrossantos mercados, a experiência diz-nos que os agiotas, quando entendem que devem especular e ferrar os dentes, não estão à espera de boas ou más notícias.

sábado, março 26, 2011

Com Amigos Destes...

O PSD admite a possibilidade de uma nova subida do IVA, que poderá aumentar para 24 ou 25 por cento, para evitar o congelamento das pensões mais baixas e o corte nas mais elevadas. Em linguagem corrente, isto significa que os reformados não são fritos com o congelamento das suas exíguas pensões, mas são churrascados com o aumento do IVA, que incide sobre todos os bens de consumo. Com amigos destes, os reformados (e não só) não precisam de inimigos...

quarta-feira, março 23, 2011

Distribuir Responsabilidades e Arranjar Desculpas

HÁ DOIS meses atrás, alguém do PS (partido Sócrates) reclamava, dizendo que o Presidente da República é alguém que não se deve meter onde não é chamado.
Anteontem, o vetusto Mário Soares, veio dizer que Cavaco Silva, no contexto actual, não devia sacudir a água do capote, mas sim empenhar-se na solução da crise política.
Ontem, a dirigente do PS, Edite Estrela, declarou que o Presidente falou tardiamente e não agiu quando devia, para evitar a crise política decorrente do PEC.
Entretanto, Manuel Alegre rompeu o silêncio que vinha mantendo desde as eleições presidenciais, para afirmar que a crise política deve muito a Cavaco, o qual incendiou o ambiente no país, com o seu discurso de tomada de posse.
Por sua vez, o próprio Cavaco Silva afirmou que a rapidez com que a crise evoluiu, reduziu substancialmente a sua margem de manobra para actuar preventivamente na crise política, e que entretanto vai recolher o máximo de informação sobre o assunto, o que pressupõe que não tem ido aos treinos, além de andar bastante distraído.
Preocupados, uns de uma maneira, outros de outra, em distribuírem responsabilidades e arranjarem desculpas, com isto chega-se à conclusão que não é só o país que está em crise, por obra e graça das malfeitorias da governação, mas também a clarividência de muitos dos actores e opinantes políticos de segunda linha.

II – Jardim

Alguém diz:
«Aqui antigamente ouve roseiras» -
Então as horas
Afastam-se estrangeiras,
Como se o tempo fosse feito de demoras.

Sophia de Mello Breyner Andresen – Poesia

terça-feira, março 22, 2011

A Internacionalização da Mentira

NO FINAL da reunião extraordinária dos ministros das Finanças da Zona Euro, ocorrida ontem, 21 de Março, em Bruxelas, e onde Teixeira dos Santos também esteve presente, Jean-Claude Juncker, ao ser questionado sobre a possibilidade de o novo Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC IV) vir ainda a ser negociado e alterado, lembrou que o mesmo foi avalizado e aprovado na cimeira de há duas semanas, isto é, 11 de Março, pela Comissão Europeia e pelo Banco Central Europeu, nos moldes em que foi apresentado pelo Governo português, logo não via nenhuma razão para que os seus termos e objectivos fossem agora alterados. José Sócrates, não satisfeito em ser o campeão nacional da aldrabice, achou por bem internacionalizar-se, ao dizer que o que tinha levado a Bruxelas eram apenas tópicos e intenções, e que por cá, o pacote de medidas do PEC IV continuava aberto a negociação com os partidos da oposição, isto depois de, numa primeira investida, ter tentado chantagear as oposições com a ameaça do caos e do papão FMI, caso rejeitassem o novo pacote de austeridade.

segunda-feira, março 21, 2011

Há Cada Um!

EM Bruxelas, à entrada para uma reunião de ministros das finanças da União Europeia, Teixeira dos Santos disse que se o governo se demitisse, ele acompanhava. O que é que aconteceria se não acompanhasse?
Há cada um!

Apostas e Jogatanas

«Eu creio que estamos há demasiado tempo a jogar aos dados com o destino da economia portuguesa e dos portugueses. Creio que deveria haver mais responsabilidade política no país, tenho-o dito recorrentemente há mais de um ano.»

Meu comentário - Estas foram palavras do ministro Luís Amado, ditas em Bruxelas, à entrada para uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia. Como é óbvio, quando este senhor se refere que alguém tem andado na jogatana, e também a fazer muitas “apostas”, com a economia portuguesa e os portugueses, só pode estar a referir-se ao Governo de que faz parte...

domingo, março 20, 2011

Só Meia Indisponibilidade

O ENGENHEIRO incompleto José Sócrates, revelou durante a apresentação da sua moção de recandidatura como secretário-geral do PS, que não está disponível para governar o país com a ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI). Era bom que também se tivesse lembrado de dizer que não estava disponível para governar o país com a quarta versão do seus famigerados Planos de Estabilidade e Crescimento (PEC IV). Não ficávamos descansados, mas pelo menos, a indisponibilidade para maltratar os portugueses, seria total.

sábado, março 19, 2011

Dois Pesos e Duas Medidas

GOSTAVA de ter visto o Conselho de Segurança das Nações Unidas actuar com a mesma rapidez e eficácia, e autorizar o uso de todas as medidas necessárias, para proteger a população palestiniana, tanto na Cisjordânia como na Faixa de Gaza, contra os ataques de Israel às populações civis, da mesma forma que se disponibilizou para enfrentar as forças do ditador Muamar Khadafi, que massacram o seu próprio povo.
Será que o petróleo líbio tem alguma coisa a ver com este invulgar frenesim humanitário?

A Cimeira do Governo Sombra

ONTEM de manhã, estava a tomar o pequeno-almoço quando o anão Serapião apareceu de repente, sem avisar, em cima da mesa, a aspirar o aroma das torradas acabadas de fazer.
- Como que é que entraste? Perguntei eu.
- Entrei ontem, dentro do saco das compras da tua mulher, respondeu ele.
- E dormiste onde?
- Atrás da máquina de lavar a louça. Esteve um belo borralho toda a noite…
- Pois é, entra-se por aqui dentro e já nem se diz, nem água vai, nem água vem…
- Precisava de descansar, e já não sou nenhum garoto…
- Pois é, já não és nenhum garoto mas estás sujo, cheiras mal, por onde andaste Serapião?
- Nem imaginas! Mas olha tenho aqui uma coisa que te interessa…
- O que é, não me digas que voltaste a espiar o “animal feroz”?
- Nada disso. É muito melhor!
- Não me venhas com conversa fiada…
- Nem pensar! Assisti ao conselho de ministros do governo sombra.
- Qual governo sombra, o do PSD?
- Nada disso. Aninhei-me num cantinho da pasta do Ricardo do BES e assisti à cimeira dos banqueiros, que toma decisões mais importantes que as do próprio governo.
- Homessa! E onde é que eles se reúnem?
- É na casa do Ricardo.
- E quem é que faz a ligação com o governo, propriamente dito?
- É sempre o Salgado…
- Quem é que lá apareceu?
- Ora, os do costume, o Fernando, o Ricardo, o Ferreira e os outros dois.
- Sabes qual foi o motivo da cimeira?
- Sei, continuam a dizer que eles é que estão à rasca e que os accionistas não querem saber de crises...
- Têm alguns planos?
- Têm! Vão avançar com o plano B. Vão tirar o tapete ao engenhóquio e vão-se voltar para o Pedro “rabbit”.
- Olha lá, oh Serapião, queres uma torradinha com manteiga ou com marmelada?
- Nada, de manhã nunca como nada, mas dava-me jeito um cafezinho pingado… sem açúcar…
Bocejou, sentou-se de pernas cruzadas ao lado do açucareiro e foi bebendo o café às colheres, ao mesmo tempo que eu aguardava, na expectativa, mais alguma informação. Limpou os bigodes com a manga do casaco e continuou:
- Os gajos ficaram muito zangados com a implementação daquela coisa das taxas especiais a aplicar sobre o passivo de todas as instituições financeiras. Se a coisa tivesse ficado só no papel, sem a porcaria da portaria regulamentadora, isto é, em águas de bacalhau, ainda se continham, mas agora assim… Além disso, eles já não sabem onde é que o gajo vai arranjar mais dinheiro para os bancos se recapitalizarem…
- E achas que isso é o motivo para tirar o apoio ao Sócrates? Perguntei eu.
- Claro que sim, oh meu, são muitos milhões! Então não vês que eles apenas o ampararam enquanto ele lhes foi fazendo os fretes e deixando empochar. Agora, que pisou o risco, vão descartá-lo e está na altura de fazer a agulha. Eles são os primeiros a dizer que não têm amigos, apenas interesses… e o “menino de ouro” está acabado, não vai adiantar muito mais…
- Isso é que eles fazem com todos, retorqui eu.
- Pois, mas há outra coisa! Eles também não confiam em chantagistas… percebeste?
- Claro que percebo.
- Entretanto, também falaram no outro...
- Qual outro?
- O dos robalos, que passa a vida a tirar cera dos ouvidos e macacos do nariz. Dizem eles que não podem voltar a apostar em cavalos coxos…
- E ficaram por aí?
- Não! Quase no fim da reunião fizeram um telefonema. O Faria é que falou em nome de todos, falou muito baixinho, não percebi se era raspanete ou outra coisa qualquer, mas parece-me que do outro lado estava o Teixeira dos Bancos...
- Estiveste aquelas horas todas sem comer?
- Qual quê, depois deles saírem trinquei um croquete que eles deixaram ficar...
- E como é que saíste da reunião?
- Não saí, deixei-me ficar.
- Não percebo…
- Meti-me dentro do cesto dos papéis da sala de reuniões, esperei que viesse a empregada da limpeza despejá-lo, e hoje de manhã fiz a viagem calmamente, no camião do lixo, até aos arredores. Como vês as últimas 48 horas foram passadas no meio dos lixos. E se queres saber, não notei diferença nenhuma…

sexta-feira, março 18, 2011

No Meio é que está a Virtude

Não vai ser em 2008 como o Governo queria, nem em 2011 como o Eurostat pretendia. De qualquer modo, os portugueses devem começar a contar com o respectivo peditório (a única coisa que o(s) Governo(s) sabe(m) fazer com eficácia) que há-de aparecer por aí, mascarado de qualquer coisa parecida com um PEC.

«O registo nas contas públicas de 2010 das perdas suportadas pelo Estado português com o BPN é, neste momento, o desfecho mais provável das discussões entre o Eurostat e as autoridades portuguesas sobre o modelo contabilístico a seguir nesta matéria. O défice desse ano fica assim ameaçado por um agravamento que pode ir até aos 2000 milhões de euros, o valor aproximado das imparidades do BPN.
(...)
Tudo parece indicar, apurou o PÚBLICO, que o modelo adoptado pelo Eurostat conduza a um registo das imparidades calculadas para o BPN nas contas públicas de 2010
(...)
O défice para 2010, que o Governo apontou para 7,3 por cento, mas que mais recentemente deu indicações de poder chegar aos 6,9 por cento, pode sair fortemente prejudicado. Os cerca de 2000 milhões de euros em causa correspondem a 1,1 por cento do PIB
.»

Excertos da notícia do jornal PÚBLICO de 17 de Março de 2011

quinta-feira, março 17, 2011

Registo para Memória Futura (35)

«O Tribunal da Relação de Guimarães considerou prescritos dois dos três crimes pelos quais foi condenada a antiga presidente da Câmara de Felgueiras, Fátima Felgueiras, no âmbito do processo 'Saco Azul'

Jornal CORREIO DA MANHÃ de 14 de Março de 2011

Meu comentário: Fátima Felgueiras, ex-fugida à justiça e a contas com a mesma desde 2003, está exultante, vendo as acusações que havia contra ela, caírem umas, prescreverem outras. Pode ir em paz e está perdoada, porque nesta terra o crime compensa, os processos só pecam por serem uma maçada, pois até as custas judiciais dos membros de cargos públicos, são pagas pelo erário público. A justiça portuguesa, contaminada pela má influência do poder político, bem pode limpar as mãos à parede com o lindo serviço que tem andado a prestar.

quarta-feira, março 16, 2011

Regresso ao Passado

Cavaco Silva, numa cerimónia de homenagem aos antigos combatentes, não se conseguiu conter, e decidiu fazer um regresso ao passado em grande estilo, dizendo que «importa que os jovens deste tempo se empenhem em missões e causas essenciais ao futuro do país com a mesma coragem, o mesmo desprendimento e a mesma determinação com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na guerra do Ultramar». Indiferente a feridas ainda não cicatrizadas, e não contente em projectar sobre a actual geração, o patético saudosismo de um passado ainda não totalmente apaziguado, acrescentou ainda que são merecedores do nosso profundo respeito os militares de etnia africana que de forma valorosa lutaram ao lado dos portugueses.Há dias em que os membros da classe política, para não poluírem o ambiente, já que não é possível retê-los em casa, deviam evitar abrir a boca.

Buraco Negro (4)

«A procuradora Maria Correia Fernandes, casada com o ministro da Justiça, Alberto Martins, recebeu em 2010 a quantia de 72 mil euros [para pagamento de um suplemento remuneratório por acumulação de funções]. O pagamento foi feito pelo ministério contra a opinião da hierarquia do Ministério Público que afirmou que a magistrada não tinha direito a tal verba. A decisão foi tomada pelo antigo secretário de Estado João Correia depois de o seu antecessor, Conde Rodrigues, ter indeferido o pagamento.»

DIÁRIO DE NOTÍCIAS on-line de 15 de Março de 2011

terça-feira, março 15, 2011

Sai Mais um Anti-PEC para o Buraco Número Seis

OS CAMPOS de golfe deverão voltar a ser tributados à taxa reduzida de IVA, de seis por cento, em vez dos 23 por cento que estavam a ser aplicados desde o início do ano, no quadro do Orçamento do Estado (OE) para 2011.
Esta decisão de não penalizar o sector do golfe com a taxa máxima de 23 por cento promete gerar polémica, uma vez que surge no preciso momento em que novas medidas de austeridade são anunciadas tanto para este ano como para 2012 e 2013, afectando, sobretudo, os pensionistas, serviços de saúde e prestações sociais, medidas que, na opinião de José Sócrates, “não são para cobrir qualquer buraco orçamental, mas sim para garantir aos parceiros europeus que o objectivo do défice de 4,6 por cento será atingido”.

segunda-feira, março 14, 2011

Guardiães do Respeitinho

«Quanto mais corrupto é o Estado, mais numerosas são as suas leis»
Publius (Gaius) Cornelius Tacitus - (55 - 120 d.C.) Historiador romano, orador, questor, pretor ( em 88), cônsul (em 97), procônsul da Ásia (aproximadamente em 110-113)

OS GUARDIÃES da justiça portuguesa, estão-se a preparar, com pompa e circunstância, para fazer um lindo enterro ao processo do caso Freeport. A machada final tem a ver com a decisão sobre o processo disciplinar levantado pelo Procurador Geral da República Pinto Monteiro, contra os procuradores Paes Faria e Vitor Magalhães, por aqueles terem incluído no despacho final de acusação as 27 perguntas que deveriam ter sido colocadas a José Sócrates e ao ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, as quais acabaram por não ser feitas, por falta de tempo útil. Fala-se em 4 meses de suspensão de funções, com perda de vencimento e tempo de reforma, e eles garantem que nem sequer aceitam uma mera advertência. O respeitinho é muito bonito e continua a ser uma das matrizes da nossa justiça. Por isso, já se ouve o suspiro de alívio do engenheiro-faz-de-conta e também primeiro-ministro José Sócrates.

domingo, março 13, 2011

Três Estilos Diferentes

ISABEL Alçada, a ministra da educação, socorrendo-se do seu habitual estilo coloquial, chegou à brilhante e magistral conclusão de que "é natural que as pessoas que não têm emprego se sintam inseguras". O lendário senhor de La Palisse não diria melhor. Por isso, nada me admirava que, mais dia, menos dia, aparecesse por aí um novo livro da série "Uma Aventura", que bem pode ter por título "Uma Aventura com Jovens à Rasca", pois os cinco que protagonizam as aventuras, já crescidinhos e com óptimos currículos, não conseguem entrar no mercado de trabalho.
.
Por sua vez, o engenheiro-faz-de-conta José Sócrates, que também é primeiro-ministro, disse compreender que os jovens da “Geração à Rasca” se manifestem e exprimam a sua frustração, mas garantiu que este Governo está a defender os seus interesses, adoptando "políticas de modernidade" e "para o futuro". Antes disso, tinha afirmado que está “confortável” com estas novas medidas de austeridade que quer aplicar. O mais mentiroso dos mentirosos, não poderia ser mais objectivo e clarividente.
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Já o sinistro ideólogo Augusto Santos Silva, que acumula com as funções de ministro da defesa, pouco preocupado com as pessoas, mas muito preocupado com as ideias, acusou todos aqueles que não apoiarem as medidas de austeridade do Governo - que até têm (diz ele) a compreensão e a colaboração activa do conjunto dos portugueses - de não merecerem a confiança das pessoas, por estarem a desertar a meio de um esforço nacional. Este ministro, quando agita o dedo indicador, é temível, logo os portugueses têm que ter muito cuidado com as suas opções, pois em tempo de guerra contra o terrorismo, a crise internacional e os mercados, a deserção pode muito bem ser punível com tribunal marcial, senão mesmo com o pelotão de fuzilamento.

sábado, março 12, 2011

Um Dia Muito Diferente

AS MANIFESTAÇÕES da “Geração à Rasca” presentearam-nos hoje com um dia muito diferente. Anteciparam os Primeiros de Maio de 2011, festa do trabalho mas também de luta pelo trabalho, e deixaram Sócrates com as orelhas a escaldar. Ele que se cuide.

Registo para Memória Futura (34)

«(…) Zeca Afonso (…) não foi um homem de liberdade (…)»

In crónica “Estou à Rasca”, da autoria do jornalista Miguel Sousa Tavares, publicada no semanário EXPRESSO de 12 de Março de 2011.

sexta-feira, março 11, 2011

O Anão Serapião

HOJE de manhã, estava eu sentado à mesa, a pôr em ordem alguns papéis, e o meu anãozinho Serapião veio fazer-me uma visita. Com o atrevimento habitual, saltou-me aqui para o ombro esquerdo, e sem cerimónias perguntou-me:
- Então, ainda andas de candeias às avessas com o Sócrates?
- Já não o trato há muito tempo por Sócrates. A minha preferência agora vai para outros atributos, como engenheiro incompleto, engenheiro-faz-de-conta, engenhóquio, pantomineiro, enfim, o que calha… respondi eu, a espreitar a sua figura patusca pelo canto do olho.
- A propósito, estou a ver-te mais corado, mas também mais branco e mais gordo!
- É da idade e do muito trabalho que tenho, respondeu ele, sentando-se no ombro, traçando a perna e agarrando-se à gola da minha camisa.
- Trabalho da treta, à moda do nosso engenheiro, não?
- Não, o meu trabalho é de outro tipo. Graças ao meu reduzido tamanho, tem mais a ver com coscuvilhice. É como se fossem escutas sem telefone. Posso entrar onde quiser, deixar-me ficar quieto como se fosse um bibelot, e o resto é canja…
- Não me digas que já andaste a espiar o nosso primeiro! Diz-me lá então se é verdade que o engenhóquio ficou assim com muito cabelo branco porque trabalha muito, sobretudo a ensaiar as suas aparições e os discursos por esse país fora.
- Ah, tu ainda acreditas nisso? É falso! Ele fez um pacto, não vou dizer com quem, para não ferir susceptibilidades, mas nesse pacto ficou lavrado que a outra parte o deixava governar, mas sempre que ele dissesse uma mentira, aparecia-lhe mais um cabelo branco. Estás a ver, não estás?
- Se estou! Os poucos cabelos brancos que ele tinha há seis anos atrás, e os que tem agora, dá bem uma ideia dos barretes que ele tem andado a enfiar por aí…
- Se fossem só barretes…
- O quê, para lá das que se sabem, há mais alguma caldeirada?
- Há, mas agora não posso adiantar mais nada. Está no segredo dos deuses, de tal forma que nem o Presidente da República sabe.
- Não me digas? Vá lá, diz lá! Eh pá, sempre fomos amigos, oh Serapião…
- Com essa da amizade é que me deitaste abaixo…
- Vá lá Serapião, é uma vez sem exemplo. Estou em pulgas…
- É aquela coisa do PEC IV…

quinta-feira, março 10, 2011

Tome Nota

Muito embora mudar o futuro esteja, fundamentalmente, nas mãos dos mais “novos”, este protesto também é para os mais “velhos”, que devem solidarizar-se, e dar uma ajuda.

terça-feira, março 08, 2011

O Fulano não gosta que lhe estraguem as festas

Sócrates passa 365 dias do ano em corsos e carnavaladas, mas na verdadeira quadra, sente-se na obrigação de ir mais longe, e brincar com coisas sérias. Em Viseu, ao ser interrompido na sua prédica, antes de uma jantarada, por elementos que se diziam pertencer ao movimento "Geração à Rasca", e que apenas queriam falar sobre os seus problemas, apesar de terem pago o jantar, foram corridos da sala - parece que com alguma brutalidade - enquanto o engenheiro-faz-de-conta gracejava, dizendo que "estamos no Carnaval e a verdade é que no Carnaval ninguém leva a mal".
A um sonso deste calibre, não se lhe deve deixar os movimentos livres. Deixo uma sugestão: da próxima vez, se o fulano não quiser conversar, atirem-lhe com sapatos ou chinelos, os mais velhos e mais sujos que tiverem lá em casa! Certamente que ele não vai levar a mal…

NOTA – Esta sugestão não é para levar a sério, trata-se apenas de uma fantasia minha. As tentativas de diálogo nunca devem começar nem acabar com tareia. Além disso, se tal sucedesse, o “engenhóquio” teria um pretexto para se vitimizar, utilizando o acontecimento a seu favor.

Como Manipular Estatísticas

NO FORMULÁRIO do CENSOS 2011, quem trabalha a recibos verdes mas tem um local fixo dentro de uma empresa, subordinação hierárquica e um trabalho definido, deve assinalar a opção trabalhador por conta de outrem. Resultado: NÃO HÁ FALSOS RECIBOS VERDES EM PORTUGAL, o que é uma pura vigarice.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) diz que a “coisa” está de acordo com as recomendações internacionais, e que “lá dentro”, esta questão foi objecto de amplo debate, estão a ver não estão? É preciso muito cuidado com esta gente que recheia os institutos públicos, onde são cozinhadas estas pérolas de excelência, em conluio com os mandarins do governo. Espero que este assunto não morra aqui.

segunda-feira, março 07, 2011

Registo para Memória Futura (33)

Na altura (Abril de 2009) houve quem lhe chamasse o novo hino nacional.
Outros disseram que tinha renascido a canção de intervenção,
Porque o “que faz falta é avisar a malta”.
Alguns garantiram que dava protagonismo ao “engenheiro”,
Outros que era um grito de revolta.
Para mim, nem precisava de música,
Bastava a letra para sabermos
Qual o estado da nação.

SEM EIRA NEM BEIRA

Anda tudo do avesso
Nesta rua que atravesso
Dão milhões a quem os tem
Aos outros um passou-bem

Não consigo perceber
Quem é que nos quer tramar
Enganar / Despedir
E ainda se ficam a rir
Eu quero acreditar
Que esta merda vai mudar
E espero vir a ter
Uma vida bem melhor

Mas se eu nada fizer
Isto nunca vai mudar
Conseguir / Encontrar
Mais força para lutar…

(Refrão)
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a comer

É difícil ser honesto
É difícil de engolir
Quem não tem nada vai preso
Quem tem muito fica a rir
Ainda espero ver alguém
Assumir que já andou
A roubar / A enganar
o povo que acreditou

Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar…

(Refrão)
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a foder

Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Mas eu sou um homem honesto
Só errei na profissão

Letra e música da banda “Xutos e Pontapés” em Abril de 2009. Curiosamente, ou talvez não, as estações de rádio fizeram-se desentendidas e, quase unanimemente, não divulgaram a canção, argumentando que a letra continha excessos de linguagem. Portanto, faça-se justiça, voltando a pô-la no ar.

Entretanto, um ano e nove meses depois…

QUE PARVA QUE EU SOU!

Sou da geração sem remuneração
E não me incomoda esta condição
Que parva que eu sou
Porque isto está mal e vai continuar
Já é uma sorte eu poder estagiar
Que parva que eu sou
E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar

Sou da geração "casinha dos pais"
Se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou
Filhos, maridos, estou sempre a adiar
E ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou
E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar

Sou da geração "vou queixar-me pra quê?"
Há alguém bem pior do que eu na TV
Que parva que eu sou
Sou da geração "eu já não posso mais!"
Que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou
E fico a pensar,
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar

Canção apresentada pelo Grupo Os Deolinda, nos Coliseus do Porto e de Lisboa, em Janeiro de 2011. Música e letra: Pedro da Silva Martins.

E já agora, dois meses depois…

A LUTA É ALEGRIA

Por vezes dás contigo desanimado
Por vezes dás contigo a desconfiar
Por vezes dás contigo sobressaltado
Por vezes dás contigo a desesperar

De noite ou de dia, a luta é alegria
E o povo avança é na rua a gritar

De pouco vale o cinto sempre apertado
De pouco vale andar a lamuriar
De pouco vale o ar sempre carregado
De pouco vale a raiva para te ajudar

De noite ou de dia, a luta é alegria
E o povo avança é na rua a gritar

E tráz o pão e tráz o queijo e tráz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino
E tráz o pão e tráz o queijo e tráz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino
Vem celebrar esta situação e vamos cantar contra a reacção

Não falta quem te avise toma cuidado
Não falta quem te queira manter calado
Não falta quem te deixe ressabiado
Não falta quem te venda o próprio ar

De noite ou de dia, a luta é alegria
E o povo avança é na rua a gritar

E tráz o pão e tráz o queijo e tráz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino
E tráz o pão e tráz o queijo e tráz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino
Vem celebrar esta situação e vamos cantar contra a reacção

A luta continua quando o povo sai à rua!

A canção tem letra de Nuno (Jel) e música de Vasco Duarte (Falâncio), foi interpretada pelos Homens da Luta, venceu o concurso do Festival da Eurovisão 2011 em 5 de Março de 2011, e vai representar Portugal em Dusseldorf, na Alemanha.

sábado, março 05, 2011

Deriva - VIII

Vi as águas os cabos vi as ilhas
E o longo baloiçar dos coqueirais
Vi lagunas azuis como safiras
Rápidas aves furtivos animais
Vi prodígios espantos maravilhas
Vi homens nus bailando nos areais
E ouvi o fundo som de suas falas
Que já nenhum de nós entendeu mais
Vi ferros e vi setas e vi lanças
Oiro também à flor das ondas finas
E o diverso fulgor de outros metais
Vi pérolas e conchas e corais
Desertos fontes trémulas campinas
Vi o rosto de Eurydice das neblinas
Vi o frescor das coisas naturais
Só do Preste João não vi sinais

As ordens que levava não cumpri
E assim contando tudo quanto vi
Não sei se tudo errei ou descobri

Sophia de Mello Breyner Andresen – Navegações – 1982

quinta-feira, março 03, 2011

Buraco Negro (3)

"Estão três mil milhões [de Euros] disponíveis para fazer face à necessidade de recapitalização dos bancos (...) se for necessário usá-los, serão usados e devemos ver isto sem qualquer tipo de complexo".

Declaração de Carlos Costa Pina, secretário de Estado do Tesouro, em entrevista ao Etv (Económico TV), no mesmo dia em que se fala que está em estudo a hipótese de os funcionários públicos virem a receber o Subsídio de Natal em Títulos do Tesouro, solução que poderá muito bem ter a ver com as “medidas mais profundas” que a chanceler Ângela Merkel pediu a Sócrates para implementar.

Registo para Memória Futura (32)

«A austeridade estaria paga em 2011 caso se combatesse eficazmente a fraude e evasão fiscais. Em 2009, segundo o gabinete de estudos da CGTP, as receitas fiscais perdidas e as contribuições sociais por pagar seriam de 9900 milhões de euros, um pouco menos do pacote aprovado para reduzir o défice orçamental.(…)»

Excerto do jornal PÚBLICO de 1 de Março de 2011

quarta-feira, março 02, 2011

Buraco Negro (2)

«O actual Governo [do engenhoso] José Sócrates já criou 42 grupos de trabalho, 20 comissões, dois conselhos, dois grupos consultivos, uma coordenação nacional, um observatório e uma estrutura de missão desde que tomou posse no final de 2009. A pesquisa efectuada pelo PÚBLICO nos despachos publicados em Diário da República permitiu concluir que há grupos de trabalho que se sobrepõem a comissões, e comissões que se justapõem a outras e à actividade que deveria ser realizada por organismos e entidades já existentes na Administração Pública. (...)»
.
Excerto de notícia do jornal PÚBLICO de 28 de Fevereiro 2011

terça-feira, março 01, 2011

Ai, a Credibilidade!

Sócrates, o primeiro-ministro-arquitecto-engenheiro incompleto, volta a insistir que é preciso trazer o défice para os quatro vírgula qualquer coisa, para que o país ganhe credibilidade. Como é evidente, não são apenas os números que dão credibilidade ao país, mas sim a idoneidade de quem os conjuga e manipula. Para compor o coro, seguem-se as ameaças do ministro-barítono Teixeira dos Bancos, a prometer mais uns quantos apertos nos tratos de polé (austeridade) à população, para agradar aos “mercados” (leia-se, quem costuma emprestar-nos capital), porque senão não conseguimos atravessar o Rubicão. Em “português técnico” isto traduz-se em mais uns quantos cortes no cabaz das compras, no papel higiénico, na ida ao dentista e outros excessos, a que os mal habituados e abastados portugueses se costumam entregar, logo já não vale a pena dizer que não sabemos onde isto vai parar, porque a verdade é que já lá estamos. Quando a austeridade passa a ser a mãe da credibilidade, não é preciso gastar mais latim; a solução passa por mudar de governo, não de país.

segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Cinema a Granel

NA NOITE do passado Sábado, dia 26 de Fevereiro, a RTP2 exibiu o filme “Viúva Rica Solteira Não Fica”, de 2006, da autoria de José Fonseca e Costa, embora o termo mais correcto fosse, despejou o filme a granel para dentro de nossas casas, demonstrando, mais uma vez, o miserabilismo, a falta de profissionalismo e o desprezo que lhe merecem, não só os espectadores, mas também o autor da obra cinematográfica.
Conta-se que, há uns anos atrás, devido ao facto de um projeccionista mais apressado de uma sala de espectáculos, ter amputado a projecção dos créditos finais do filme “A Laranja Mecânica” de Stanley Kubrick, alguém garantiu que esse projeccionista, por esse atrevimento, mais tarde ou mais cedo, iria ter notícias de Kubrick, o qual não tolerava nem deixava passar em branco tais leviandades. Acontece que para a RTP2, pelo vistos, estes e outros “pormenores” também são descartáveis, com a agravante, de que a sala de espectáculos de uma estação televisiva é bem maior, em termos de espectadores, do que qualquer outro espaço tradicional, onde se exiba cinema. Não basta pedir desculpa “devido aos problemas de ordem técnica”, para depois de ser retomada a exibição, se verificar que foi pior a emenda que o soneto.Tenho quase a certeza que José Fonseca e Costa, caso tenha conhecimento do que sucedeu à exibição da sua obra, não deixará de lavrar o seu protesto, pondo aquela gente em sentido, e exigindo uma nova e competente exibição, bem como o respectivo pedido de desculpas, extensivo ao público, o qual merece todo o respeito.

domingo, fevereiro 27, 2011

A Sabida e Proeminente Trindade

Sócrates “o animal feroz”, Pinto Monteiro “a rainha de inglaterra”, e Noronha do Nascimento “o exterminador implacável”, são a mais exuberante troupe de funâmbulos que andam por aí, a semear a desejada confusão, para que o processo Face Oculta, vagueando entre sucatices, fretes, corruptelas e atentados contra o estado de direito, vá ficando em águas de bacalhau, antes de ser definitivamente torrado e comido com batatinhas a murro.

Resumidamente, vamos por partes:

1) O Procurador-Geral da República, senhor Pinto Monteiro, numa entrevista que concedeu ao jornal DIÁRIO DE NOTÍCIAS, manifestou-se convicto de que “há escutas ilegais em Portugal”, tendo alertado os políticos para o facto de não ter “nenhum meio” nem “nenhum poder” para controlar isso, isto é, volta a lamentar-se de que continua a ter os mesmos poderes que a Rainha de Inglaterra;

2) O primeiro-ministro, engenheiro incompleto José Sócrates, questionado na Assembleia da República sobre aquelas declarações de Pinto Monteiro, declarou não ter conhecimento de nenhuma escuta ilegal, tendo adiantado que como já foi vítima de escutas ilegais (o que é mentira), seria o primeiro a agir para que elas não existissem;

3) O lider parlamentar do PSD não ficou satisfeito com estas declarações contraditórias, e quer ouvir o Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro no Parlamento, em sessão à porta fechada, sobre o assunto das tais escutas ilegais;

4) Entretanto, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, senhor Noronha do Nascimento, anda a fazer braço de ferro e a tecer ameaças com processos disciplinares, com o juiz Carlos Alexandre, a propósito das escutas residuais do processo Face Oculta, em que intervieram José Sócrates e Armando Vara, tendo determinado, como se detivesse os poderes de um Exterminador Implacável, que aquelas fossem imediatamente destruídas, caso contrário o caldo vai-se entornar. Questionado sobre estes exuberantes poderes que detém, queixou-se de que foram os deputados que aprovaram uma lei que lhe dá tais poderes, sobre as escutas feitas a figuras com altos cargos do Estado, rematando com uma declaração lapidar: “Quando Inês é morta nada a pode ressuscitar”. Só faltou acrescentar: - E que culpa tenho eu de estar vivo?
.
Conclusão: Baralhando as cartas, redistribuindo jogo, insinuando coisas, escorropichando aqui, entortando ali, obstruindo acolá, esta inacreditável, sabida e proeminente trindade, continua a vociferar e a reclamar, dizendo que isto é que é o autêntico "estado de direito", com separação de poderes e tudo, onde se faz muito e de tudo, pelas habituais linhas tortas, que estão à vista de todos...

sábado, fevereiro 26, 2011

Buraco Negro

DEFINIÇÃO - Quando uma estrela super massiva esgota o seu combustível, o seu núcleo sofre um violento processo de contracção e concentração, até ficar reduzido a uma fracção de seu tamanho original. Quando isso acontece, naquela região do espaço cósmico, gera-se um campo gravitacional tão forte que começa a sugar toda a matéria que encontra à sua volta, de tal modo que nem mesmo a luz se consegue libertar, daí ter sido atribuído ao fenómeno o nome de Buraco Negro.

Há muitos e variados tipos de Buracos Negros. O último que foi descoberto chama-se Lusitânia:

«O Governo concedeu, em 2009, utilidade pública à Lusitânia, uma associação de municípios e desenvolvimento regional, que gastou mais de 25 milhões em fundos comunitários, públicos e municipais mas que não apresenta contas há cinco anos. A associação existe desde 2002 e vai agora ser extinta. Na prática criou sites na Internet que não funcionam (...)»
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Excerto da notícia publicada pelo DIÁRIO DE NOTÍCIAS de 26 de Janeiro 2011

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Instante

Deixai-me limpo
O ar dos quartos
E liso
O branco das paredes
Deixai-me com as coisas
Fundadas no silêncio

Poema de Sophia de Mello Breyner Andresen

domingo, fevereiro 20, 2011

Sócrates e o Manual de Sobrevivência


O “entertainer” Sócrates corre o país a oferecer jantares à “sociedade civil”, isto é, anda a fazer trabalho de manutenção sobre os seus apoiantes, agora que estão à porta as eleições internas no PS, e como qualquer pedregulho que se preze, anda por aí a lançar primeiros calhaus nas obras por fazer, e a inventar outras inaugurações para ter oportunidade de estrear os seus fatinhos, com um colete salva-vidas por baixo, a exercitar a voz e as conversas da treta, porque quer sobreviver a todo o custo. Quando não é a fazer política de direita, é a fazer governação-espectáculo, e pelo caminho vai ajudando a afundar a linha do Tua, mais um episódio do naufrágio a que está a sujeitar o país. Continua delirantemente optimista, e um dos seus próceres, o senhor Ricardo Salgado, presidente do BES, para o ajudar a colorir a farsa, até se permite mandar calar o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, aconselhando-o a ter mais "cuidado e moderação" com o que diz, quando aquele afirma que estamos, de facto, em recessão económica. Entretanto, Passos Coelho adverte, pacatamente, que para já não vai deitar abaixo o governo, que lhe vai dar mais uma oportunidade, que ele tem que entrar nos eixos, porque senão o caldo está entornado. É isto que Sócrates quer ouvir; mais uma voltinha, mais uma viagem, mais um balão de oxigénio, e de peito feito, palavra fácil e pé ligeiro, enfrenta a borrasca, multiplica-se em digressões por esse país fora, todos os dias a pôr o conta-quilómetros a zeros, todos os dias com um novo cenário por trás, indiferente e insensível ao desemprego que vai alastrando, à pobreza que vai grassando e ao desesperos da “geração à rasca”, ao passo que quanto a governar, nada! Pudera! O governo é apenas Sócrates, em versão “one man show” (os ministros só servem para compor a assistência), o qual continua a calcinar tudo à sua volta e a folhear alegremente o manual de sobrevivência, perante a passividade geral. Até o empresário Alexandre Soares dos Santos já diz que Sócrates passa a vida despreocupado, a brincar às escondidas com a calamitosa realidade do país, e a experimentar truques em vez de governar. Já o comendador Joe Berardo, puxa pelos galões e diz que a democracia está podre e admite que a solução possa estar num novo género de ditadura, uma ditadurazinha daquelas mais moles, pois claro… Entretanto, toda a gente continua na expectactiva, a ver onde é que isto vai parar, ou quando é que Sócrates fica encurralado, sem ter para onde fugir.

sábado, fevereiro 19, 2011

À VARA LARGA

ARMANDO Vara parece que andou a experimentar algumas receitas de robalos que lhe deram a volta à tripa, ficou incomodado, coitado, e como tinha pressa para apanhar um avião, foi a um Centro de Saúde de Alvalade, em Lisboa, passou à frente de toda a gente, entrou pelo gabinete da médica e exigiu que esta lhe passasse, de imediato, um atestado médico. Parece que a médica, ainda pestanejou, reagiu à falta de respeito pelos outros doentes, mas acabou por lhe fazer a vontade. Sabe-se lá o que lhe poderia acontecer se não o fizesse… Já estou como diz o camarada Sócrates: não basta ser rico para ser bem-educado…

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Livros que Ando a Ler

“A INQUISIÇÃO - O Reino do Medo”, de Toby Green
Editorial Presença

«(…) A Inquisição, como todas as instituições, uma vez obtido o poder não lhe agradaria perdê-lo. Por isso, poderia fingir horror perante casos de corrupção e suborno, mas os casos eram, em si mesmos, provas do poder da instituição, algo que era apreciado. O poder era demasiado agradável para ser sacrificado no altar da moralidade. Em vez de castigar severamente os malfeitores da casa, era frequente a Inquisição nomeá-los para outra terra, como aconteceu com (M…). Não havia lugar para sentimentos de vergonha; havia uma pequena inconveniência, pois, de facto, a moralidade estava na base de tudo o que a instituição fazia.»

«(…) como é que o inquisidores podiam saber se as informações que sabiam eram exactas? A resposta devia ser que confiavam na capacidade de os aldeões se vigiarem mutuamente, no conhecimento que tinham dos pormenores íntimos sobre os antepassados distantes dos vizinhos ou que, pelo menos, quisessem dar a ideia de que os conheciam. A Península Ibérica tornou-se um ninho de espiões. (…) são vigiados no trabalho e na maneira como vivem com tanta atenção que, se prevaricarem, mesmo que seja no mais insignificante rito cristão, são acusados de heresia e punidos (…) »

Estes são dois excertos do livro “A INQUISIÇÃO - O Reino do Medo”, de Toby Green, publicado pela Editorial Presença, onde é feita uma pormenorizada abordagem da Inquisição Espanhola e Portuguesa, entre a sua instituição, no século XV, e a sua extinção no início do século XIX, e onde se conclui que através do seu prolongado exercício, podemos encontrar a génese de muitos dos instrumentos de dominação que o poder secular tem adoptado. Os medos e recalcamentos de ambas as sociedades, esculpidos por mais de três séculos de tutela da Igreja e dos seus braços purificadores e castradores, a Inquisição e o Santo Ofício, também acabaram por facilitar o caminho às ditaduras de Salazar e Francisco Franco, e replicar muitos dos métodos inquisitoriais a que as polícias políticas PVDE/PIDE/DGS portuguesas e a Brigada Político-Social espanhola recorriam para alimentar de combustível humano os abomináveis Tribunais Plenários portugueses e o Tribunal de Ordem Pública espanhol, entidades repressivas que viviam à custa de um imenso exército secreto de informadores, gente vulgar que era recrutada entre as hostes de simpatizantes dos regimes, e que quantas vezes não eram mais do que o nosso simpático vizinho do lado, familiar, confidente ou colega de trabalho. A Santa Inquisição perseguia, prendia, torturava, garrotava, queimava tudo o que passava pelas mãos, desde judeus, mouros, cristãos-novos, mouriscos, cristãos-velhos menos ortodoxos, intelectuais, as ideias do Reanascimento e do Iluminismo, e os livros, ai os livros, sobretudo os livros, essa praga que se insinuava nos espíritos, a conversar em voz baixinha, espalhando obras do diabo, heresias e outras ideias que inquietavam as gentes. Os regimes, com a lição aprendida, perseguiam e perseguem oposicionistas, sindicalistas, comunistas, e quanto à censura, passavam e passam tudo a pente fino, livros, jornais e até programas de rádio, televisão e cinema. Neste capítulo, a herdeira da Real Mesa Censória do Santo Ofício, foi a Comissão de Censura e Exame Prévio do Estado Novo. Perseguir, aprisionar, ocultar as ideias e instilar o medo e o terror, são as principais funções de todas as instituições repressivas, pertençam elas aos guardiães da fés ou aos regimes políticos.
Quanto ao mal endémico da corrupção, ao nível do aparelho de estado, se quisermos ficar a pensar no assunto, basta que no texto do primeiro excerto, se substitua a palavra Inquisição pela palavra Governo, e teremos transpostas para a actualidade, copiadas a papel químico, as práticas daquela odiosa instituição, que acabaram por ganhar raízes, entre muitos dos (maus) usos e costumes dos povos ibéricos. E ficamos por aqui.
“A INQUISIÇÃO - O Reino do Medo”, de Toby Green, é um livro para se ler, reler e não só.

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Vital Moreira enganou-se!


EM 11 de Fevereiro, dizia Vital Moreira no blog CAUSA NOSSA que « (...) a iniciativa bloquista [moção de censura] tem como consequência inevitável um agravamento da pressão dos mercados financeiros sobre o País. A perspectiva de queda do Governo e de abertura de uma crise politica só pode fazer subir os custos da dívida soberana nacional.»
Ora acontece que o espectro da crise política já se dissipou, depois de o PSD e do CDS-PP terem divulgado a sua intenção de não votarem favorávelmente a moção de censura. No entanto, segundo nos diz o jornal PÚBLICO de 16 de Fevereiro, a «pressão dos mercados da dívida sobre Portugal nunca esteve tão elevada na véspera de uma nova emissão. As taxas de juro das Obrigações do Tesouro (OT) a cinco anos dispararam ontem acima dos sete por cento, o recorde desde a criação do euro e, inclusive, desde 1996. Nas outras maturidades mais reduzidas - dois e três anos - os juros dispararam, num só dia, mais de um ponto percentual. E a dívida a dez anos quase tocou nos 7,5 por cento, acumulando oito dias consecutivos de subida. (...) Para Filipe Silva, isto é um sinal de alarme: "O mais preocupante é que há quem não queira comprar dívida portuguesa mesmo a render sete por cento".»
Por aqui se prova que a chantagem com a "pressão dos mercados" já não pode ser a desculpa do costume, tanto para o governo como para o seu adepto e candidato a pitonisa Vital Moreira, para que as oposições tomem as iniciativas políticas que entendam necessárias para contestarem e/ou apearem este governo.

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Discursos

O MINISTRO dos Negócios Estrangeiros da Índia, SM Krishna, durante a reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, leu durante três minutos, por engano, o discurso (em inglês) do ministro português Luís Amado, o qual o tinha antecedido como orador, tendo deixado esquecidas sobre a mesa as folhas do discurso. Foi outro diplomata indiano que se apercebeu da troca, e interrompeu o ministro que não tinha dado pelo equívoco.
Vá lá, teve sorte! Olhem se era um discurso do Sócrates, em inglês técnico, sobre as Novas Oportunidades…

domingo, fevereiro 13, 2011

Moções e Monções

É CERTO que há uns dias atrás, aqui neste post do blog A ESSÊNCIA DA PÓLVORA, eu tinha pedido - sem me dirigir a ninguém em especial - para que, a propósito de moções de censura, trabalhassem, discutissem, ponderassem, analizassem em profundidade, mas que se despachassem, sem se precipitarem, porque a situação já passava das marcas. Mas afinal, o meu pedido não resultou. Embora ainda não se conheça a sua fundamentação (se é que a fundamentação tem interesse determinante), a moção do Bloco de Esquerda, tem tudo para se tornar um perfeito paradoxo. Tanto pode ser uma coisa como o seu contrário, e os seus dirigentes, que deviam ser comedidos nas palavras, continuam a multiplicar-se em declarações, estarrecedoras umas, e patéticas outras, ao passo que a direita, à distância de um mês, mesmo sem fundamentação, já passou a bola, que anda por aí a saltitar, e ninguém a quer agarrar. Assim não!
Primeiro foi o apoio à candidatura bífida de Manuel Alegre às eleições presidenciais, agora esta moção de censura. Duas infantilidades em tão pouco tempo, é demais. A direita respira aliviada e Sócrates agradece. Assim não!

sábado, fevereiro 12, 2011

Suas Ineficiências…

PERANTE a Comissão Parlamentar de Inquérito aos acontecimentos ocorridos com o número de eleitor, no dia das eleições presidenciais, o ministro da Administração Interna Rui Pereira, e a sua secretária de Estado Dalila Araújo, manifestaram-se de consciência tranquila, sacudiram a água do capote e desresponsabilizaram-se do que aconteceu, lançando as culpas para a Direcção Geral da Administração Interna (DGAI) e o seu director, Paulo Machado, que entretanto já se demitiu. Para amaciar o ambiente, o ministro, com ar emproado e professoral, veio sugerir a extinção do número de eleitor, por se ter tornado uma redundância extravagante, substituindo-o pelo de cidadão.
O deputado comunista António Filipe disse, e muito a propósito, que "o país não é governado por directores-gerais. O director-geral responde perante a tutela, mas é a tutela que responde perante os cidadãos. O que se passou não é só do foro administrativo, mas é também responsabilidade política. Não é o DGAI que presta contas ao país quando há problemas desta natureza".
Conclusão: O ministro devia ter feito as malas, mas não, a coisa, para ele, não exige tanto. A negligência, a incompetência, a não assunção de responsabilidades, e ao colocarem-se na defensiva, não hesitando em manchar a reputação de terceiros, estas continuam a ser algumas das imagens de marca que caracterizam este (des)governo, bem como os elementos nada recomendáveis que o compõem.

Façamos uma Viagem

ACONSELHO vivamente uma visita a este post do blog RUIN'ARTE, e, já agora, porque não visitá-lo com frequência, pois contém valiosos registos para memória futura. Também tem um link permanente na minha rubrica DEBAIXO D'OLHO.

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Registo para Memória Futura (31)

« (...) O PS abdicou da defesa dos trabalhadores e dos mais desfavorecidos. Trocou a sua matriz socialista pela adesão às teses neoliberais. Demonstra-se incapaz de questionar o poder do capital financeiro enquanto dono e árbitro do desenvolvimento económico. É dominado internamente por uma liderança autoritária que seca tudo à sua volta, que distribui lugares e se alimenta de promiscuidades. O PS acabou por se instalar no espaço do centro, tornando o país mais pobre, política e socialmente. (...) »

Declarações de Ana Benavente, Militante do PS e ex-secretária de estado da Educação do governo de António Guterres, em entrevista publicada na Revista Lusófona da Educação.

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

TMN e DIÁRIO DE NOTÍCIAS Lavam Mais Branco

A TMN destruiu o lote de dados relativos ao tráfego telefónico ocorrido com os vários arguidos do processo Face Oculta, argumentando razões de "ordem técnica", quando a legislação (Lei 32/2008) obrigava a operadora a guardar os registos durante 12 meses. Deste modo, e de forma muito oportuna, deixaram de existir informações sobre a hora, data e local das chamadas efectuadas e recebidas pelos arguidos, as quais eram essenciais para as autoridades judiciárias que estão a investigar o processo.
Na mesma ordem de ideias, demitiu-se no passado mês de Janeiro, o jornalista David Dinis, editor de Política do jornal DIÁRIO DE NOTÍCIAS, em litígio com o director do diário, João Marcelino, o qual vetou a publicação de uma notícia relatando a oportuna destruição, por parte da TMN, dos registos de tráfego telefónico atrás referidos.
Com ajudas e facilidades deste tipo, não admira que Armando Vara, um dos arguidos do processo, tenha afirmado, à saída da primeira audiência do Tribunal, que considera "absurda" a acusação de que cometeu três crimes de tráfico de influências, e estar convencido que vai sair do processo.

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

A Visita do Batráquio

ONTEM à noite, pelas 21h 30m, constatei que andava um batráquio a deambular na passarela, à volta da minha moradia. Esforcei-me para arranjar uma dama que se dispusesse a beijocá-lo, na esperança que ele estivesse enfeitiçado, e depois se transformasse num príncipe casadoiro. Em vão; aqui pela zona de Bucelas, já não há donzelas como nos contos de fadas de outros tempos. Apenas sapos sem eira nem beira. a saltapoçar desnorteados, e todos os dias, à hora dos telejornais, o bruxo-trapaceiro-jogger-engenheiro-incompleto a coaxar-nos a música do costume e algumas histórias de encantar. Desta vez, disse ele que o estado (isto é, o erário público) vai financiar as exportações, o que significa que os estrangeiros vão comprar os nossos produtos mais baratos, e à nossa custa. Ora toma!

terça-feira, fevereiro 08, 2011

Que Parvos Que Eles São!

AS DECLARAÇÕES do sempre impagável comentador Vitalino Canas, são de uma comicidade escandalosa, quando diz que "o PCP sempre se manifestou disponível para censurar governos do PS e sempre esteve disponível para derrubar governos do PS mesmo que isso tenha como hipotética consequência um regresso das forças de direita ao Governo".
Já o engenheiro incompleto, a cavalgar a mesma onda, também dá um ar da sua graça, quando diz que este é um tempo para cerrar fileiras à volta dos governos, para enfrentar as dificuldades, e não para discutir questões de poder ou crises. Coitados, que parvos que eles são!
Ora o problema está exactamente aí: não se pode falar de um regresso das forças de direita ao Governo, quando elas já lá estão, bem vivinhas da costa, com provas dadas, tanto em intenções como em resultados, por obra e graça do PS (partido Sócrates), uma amálgama que se diz socialista por fora, mas que por dentro, quase nada a distingue de uma direita genuína, de tal forma que já não melindra perguntar: o que é que a direita pode fazer, que o PS já não tenha feito?

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Sophia em Pessoa

Fernando Pessoa

Teu canto justo que desdenha as sombras
Limpo de vida viúvo de pessoa
Teu corajoso ousar não ser ninguém
Tua navegação com bússola e sem astros
No mar indefinido
Teu exacto conhecimento impossessivo

Criaram teu poema arquitectura
E és semelhante a um deus de quatro rostos
E és semelhante a um deus de muitos nomes
Cariátide de ausência isento de destinos
Invocando a presença já perdida
E dizendo sobre a fuga dos caminhos
Que foste como as ervas não colhidas

Poema “Fernando Pessoa” de Sophia de Mello Breyner Andresen – Livro Sexto
Nota – o título do post é de minha autoria

domingo, fevereiro 06, 2011

As Más Companhias

AINDA há pouco tempo eu ouvia incensar e tecer grandes elogios aos regimes do Magreb (Marrocos, Líbia, Tunísia, Argélia, Egipto) com quem Portugal estava a incentivar proveitosas relações económicas. Então e agora, em que é que ficamos? Para já, o Partido Nacional Democrático (NDP) que apoia Hosni Mubarak é membro da Internacional Socialista, e a Internacional Socialista é membro de quê?

sábado, fevereiro 05, 2011

Outra Pergunta de Algibeira

NÓS SABEMOS que ele tem que falar com alguém, que tem direito a andar preocupado, mas se o Presidente da República, como ele diz e a Constituição confirma, não governa, gostava de saber (embora suspeite que tem a ver com a tal "magistratura activa") porque razão andou a receber nos dias 3 e 4 de Fevereiro, e em audiências separadas, os presidentes das Associações Patronais (Confederação da Indústria Portuguesa, a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, a Confederação dos Agricultores de Portugal, a Confederação Portuguesa de Construção e Imobiliário e a Confederação do Turismo Português), para "as ouvir sobre a competitividade da economia portuguesa"?
Que o governo tivesse tomada tal iniciativa, para os habituais salamaleques e beija-mão, ainda se percebe, agora ele! Entretanto, consultados os jornais on-line, e tirando o caso do Carlos Castro e do Renato Seabra, que é acompanhado e espremido até à exaustão, não consegui discernir nada sobre o assunto.

NOTA - Curiosamente, e embora se perceba porquê, até agora, na agenda da Presidência da República, não está previsto nenhum encontro com as Associações Sindicais.
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ADENDA - Depois de uma consulta ao site da CGTP-IN, encontrei a seguinte informação, que passo a transcrever:
"Por solicitação do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva uma delegação da CGTP-IN conduzida pelo seu secretário-geral, Manuel Carvalho da Silva será recebida amanhã, 3 de Fevereiro, pelas 11:30 horas, na sua residência oficial, no Palácio de Belém, cujo o tema central a debater será o emprego. A CGTP-IN manifesta a sua disponibilidade para, no final, encontrar-se com os órgãos de comunicação social, o que antecipadamente se agradece."
Na verdade, ou é defeito meu, ou continuo a não consiguir encontrar os ecos desta reunião, nos sites dos principais orgãos de comunicação. Na pior das hipóteses, no fim da audiência, ninguém lá estava para saber novidades.

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

O Estado da (ence)Nação

O MINISTRO dos assuntos parlamentares Jorge Lacão, um dos serviçais do engenheiro incompleto, lançou mais uma manobra de diversão, para entreter os cidadãos com uma polémica artificial, em que a reforma do sistema eleitoral e a redução do número de deputados de 230 para 180, seriam uma solução muito boa, para reduzir os custos e encargos com a República.
A imaginação e criatividade dos políticos de gabinete, é uma matéria de estudo para explorar no futuro, sobretudo quando se trata de inventar casos e causas para distrair o povo das questões essenciais que assolam o país e a sua governação. Estou em crer que existe (ou está em construção) um catálogo de iniciativas destinadas a encenar o “estado democrático”. Como já devem ter reparado, quando sobe a tensão do ambiente político, e para o descongestionar, é costume ser o tema da regionalização, que retorna à ribalta da “discussão pública”, ao passo que agora coube a vez à velha questão da redução de deputados, com a variante de existir um simulacro de divergência pontual entre o o governo e o grupo parlamentar do PS (partido Sócrates), destinado a excitar os espíritos e dar alguma credibilidade à iniciativa. Assim vai o Estado da (ence)Nação!

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Pergunta de Algibeira

NÓS SABEMOS que ele tem que falar com alguém, que tem direito a andar preocupado, mas se o Presidente da República, como ele diz e a Constituição confirma, não governa, porque razão anda a receber, para mais em separado, os presidentes dos conselhos de administração dos quatro principais bancos portugueses (Caixa Geral de Depósitos, Banco Espírito Santo, Banco Português de Investimento e Banco Comercial Português), para se “inteirar da situação do sistema bancário português e da concessão de crédito à economia”? O governo, para as habituais genuflexões, ainda se percebe, agora ele!

terça-feira, fevereiro 01, 2011

O Secreto Candidato e o Falso Adversário

O PS (partido Sócrates) deixou anteontem uma mensagem ao país, na sequência da reunião da sua Comissão Nacional, ao afirmar que com a reeleição de Cavaco Silva os portugueses escolheram a estabilidade política ao nível do Governo e das instituições cimeiras do país (leia-se Presidência da República), e isso, para mim, tem uma leitura e significado: Cavaco Silva sempre foi o secreto candidato em que o PS apostou, e Manuel Alegre não passou de um falso candidato, ou melhor, uma manobra de diversão, muito bem trabalhada, destinada a pulverizar a votação nos restantes candidatos, concentrando a votação de grande fatia do PS, de todo o PSD e CDS, no homem de Boliqueime. Não nos devemos esquecer que minutos depois de Alegre falar para as televisões, Sócrates acrescentou umas loas mal embrulhadas, que não aqueceram nem arrefeceram, para logo a seguir abandonar abruptamente o Hotel Altis, sem mais comentários e sem se despedir. Na verdade, o frete estava despachado e o seu secreto objectivo consumado.
Sem falar na manchete do semanário SOL que dava como certo que 80% do eleitorado PS não tinha votado em Manuel Alegre, dividindo as suas preferências entre Cavaco Silva e Fernando Nobre, o único estudo que existe sobre a transferência de votos partidários neste eleição presidencial, e a serem verdadeiros os seus fundamentos e conclusões, mais a ajuda das prováveis abstenções, motivadas pelo caos à volta do número de eleitor, não deixa dúvidas de que a armadilha resultou em pleno, e Sócrates não está de costas voltadas para Cavaco, antes pelo contrário. Além disso, os casos BPN e quinta da Coelha, ao deixarem Cavaco fragilizado e receoso, não lhe dão grande fôlego para se pôr a falar grosso, porque em política, os telhados de vidro são o diabo, e com eles também se faz muita chantagem.

segunda-feira, janeiro 31, 2011

O Paraíso das Fundações

OS VALORES que se seguem, fazem parte da folha salarial (da responsabilidade da Câmara Municipal) dos administradores, vogais e consoantes da Fundação Cidade de Guimarães, criada para a Capital da Cultura 2012:

- Cristina Azevedo - Presidente do Conselho de Administração: 14.300 € (2 860 contos) mensais + Carro + Telemóvel + 500 € por reunião;
- Carla Morais - Administradora Executiva: 12.500 € (2 500 contos) mensais + Carro + Telemóvel + 300 € por reunião;
- João B. Serra - Administrador Executivo: 12.500 € mensais + Carro + Telemóvel + 300 € por reunião;
- Manuel Alves Monteiro - Vogal Executivo 2.000 € (400 contos) mensais + 300 € por reunião

Todos os 15 componentes do Conselho Geral, de entre os quais se destacam Jorge Sampaio, Adriano Moreira, Diogo Freitas do Amaral e Eduardo Lourenço, recebem 300 € por reunião, à excepção do Presidente (Jorge Sampaio) que recebe 500 €. Aspecto curioso é que os Administradores têm vencimentos pornográficos, que excedem o que ganham o Presidente da República e o Primeiro-Ministro, numa região, como a do Vale do Ave, onde o desemprego ronda os 15 %.

Em resumo: 1,3 milhões de Euros por ano, em salários. Como a Fundação se vai manter em funções até finais de 2015, as despesas com pessoal deverão ser de quase 8 milhões de Euros. Mesmo em situação de crise, Portugal continua a ser um paraíso na Terra, onde as fundações, quantas vezes inoperacionais e perfeitamente desnecessárias, se continuam a reproduzir como cogumelos, concedendo os habituais “tachos” e mordomias, aos desvalidos do costume.

NOTA – Esta informação foi recebida por e-mail, e confirmei-a com notícia saída no jornal PÚBLICO

domingo, janeiro 30, 2011

Registo para Memória Futura (30)

«O BES [Banco Espírito Santo, liderado por Ricardo Salgado] aumentou para 10,03 por cento a sua posição na Portugal Telecom (PT), o que lhe deverá permitir receber, livre de impostos, 117 milhões de euros associados à distribuição de parte dos dividendos da telecomunicadora programados para este ano e referentes aos resultados do ano passado. Se os 10,03 por cento que o BES passa a deter na PT estiverem todos sob o controlo da mesma empresa, então, o Estado deixará de receber de impostos cerca de 34 milhões de euros.»

Excerto da notícia publicada pelo jornal PÚBLICO de 29 de Janeiro de 2011

sábado, janeiro 29, 2011

Registo para Memória Futura (29)

"Nunca pensei ouvir um responsável do PS dizer o que disse sobre os direitos dos trabalhadores", afirmou o comunista Jerónimo de Sousa ao confrontar José Sócrates, na Assembleia da República, com a sua decisão de facilitar os despedimentos, através da redução dos valores das indemnizações por despedimento, como sendo uma medida destinada a satisfazer a necessidade dos jovens entrarem no mercado de trabalho.

sexta-feira, janeiro 28, 2011

As Persistentes Anomalias

ESTIVE a assistir à sessão de hoje de manhã, na Assembleia de República (através do canal por cabo, ARtv, que não chega a toda a população), do debate quinzenal, e a ideia com que fiquei é que aquela câmara é o espelho do país, o qual está a tornar-se uma perfeita anomalia, governada por um governo anómalo e minoritário, confrontado com uma oposição que, sendo maioritária, para não variar, é também uma anomalia. Com isto, quero dizer que toda a gente diz mal do governo, contesta as suas medidas, mas ninguém lhe dá o empurrão que ele merece. Ou seja, a oposição persiste em “dar corda” a um primeiro-ministro insolente, grosseiro, genuínamente mentiroso, tergiversador, vago nas suas asserções, um verdadeiro criativo de retórica vazia, enfim, uma fraude, que é a cúpula de um governo anti-social e anti-nacional, com uma vitalidade agora renovada pela prometida “colaboração institucional” da Presidência da Republica. Percebe-se que a correlação de forças não é a apropriada, e que em política não se operam milagres, mas também já dá a impressão que toda a oposição se tornou incapaz de dispensar aquela quinzenal encenação. Com o país mergulhado numa crise persistente, até quando irá durar esta aberração?

quarta-feira, janeiro 26, 2011

Sua Ineficiência…

… o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, pediu desculpa na Assembleia da República pela inoperância dos serviços de apoio ao acto eleitoral de Domingo passado, em resultado da falta de Número de Eleitor no Cartão do Cidadão, e diz que vai apurar responsabilidades e tomar medidas. Sempre quero ver quais, pois na minha opinião, se falamos de responsabilidades, ele é o principal responsável, ao passo que todos os outros são meros candidatos a bodes espiatórios, e quanto a soluções, o ideal era recolher todos os Cartões e mandá-los substituir por coisa que prove ser eficaz. Já agora era bom que se viesse a ter uma ideia de quantos eleitores desistiram de votar, em resultado desta incúria burocrática.

terça-feira, janeiro 25, 2011

Sobre as Presidenciais (1)

AS CONSIDERAÇÕES que tinha prometido fazer sobre as eleições presidenciais, estão publicadas aqui, no blog A ESSÊNCIA DA PÓLVORA, onde também colaboro.

Sobre as Eleições SIMPLEX

PARA RESOLVER o problema gerado com os novos Cartões do Cidadão, o Número de Eleitor, as Listas de Eleitores, e a grande abstenção, deixo aqui duas sugestões: acabem com as Listas de Eleitores e o Número de Eleitor e passem a usar o processo de molhar o dedo na tinta indelével que só sai passadas duas semanas, para evitar votações em duplicado, triplicado, e por aí fora. Para colmatar o problema da grande abstenção, adoptem assembleias e urnas itinerantes, que vão porta-a-porta dos eleitores. Parecem soluções terceiro-mundistas, mas a verdade é que assim não enganamos ninguém com choques tecnológicos, pois o processo é SIMPLEX, infalível e cada um pode votar onde lhe der mais jeito. Além disso, evita-se incomodar o ministro da Administração Interna, Silva Pereira, com idas ao Parlamento, para dar explicações sobre o mau funcionamento do sistema informático de apoio.

segunda-feira, janeiro 24, 2011

Sobre a CORAGEM

José Sócrates diz que é corajoso, mas isso não passa de bazófia. Corajoso, corajoso, é o deputado madeirense José Manuel Coelho, que já deu sobejas provas disso. Podemos não perfilhar as suas ideias políticas (que aliás não expressou), considerá-lo doidivanas, excessivo, outras vezes ingénuo, estarmos desabituados dos seus métodos, mas o que é verdade é que todos os dias, na Madeira, faz questão de enfrentar o soba Alberto João Jardim e os seus afilhados, e nos últimos meses atreveu-se a ir para a frente com uma candidatura à Presidência da República, chamando os bois pelos nomes, e mesmo com meios insignificantes, ninguém o calou (e ainda bem!). Gostava de saber se há mais como ele, e onde.

São bem expressivos os resultados eleitorais da R.A. da Madeira

Cavaco Silva - 44,01% - 52.168 Votos
José Manuel Coelho - 39,01% - 46.247
Manuel Alegre - 7,68% - 9.105
Fernando Nobre - 6,48% - 7.687
Francisco Lopes - 1,98% - 2.346
Defensor Moura - 0,83% - 986

Sobre as Presidenciais

(Clicar na imagem para aumentar)
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ESTAS ELEIÇÕES para a Presidência da República, como se esperava, não trouxeram grandes novidades, excepto o desencanto dos que passaram ao lado das assembleias sem exercer o direito de voto, o qual está a avolumar-se, tornando-se um sério concorrente nesta democracia de meia-idade (vai fazer 37 anos). Neste acto eleitoral, a abstenção, se tivesse nome de gente, já teria dado ordem de despejo a Cavaco Silva, do Palácio de Belém. No entanto, como a abstenção não é candidato, os adeptos do “mísero professor” (é ele próprio que assim se classifica) estão contentes (e Sócrates também), e pelos vistos, vão continuar a ter o que merecem. Os que não estão contentes e entendem que mereciam outra coisa, vão ter que esperar, mas o mais importante é que vão ter que encontrar soluções, para superar a trágica falsidade em que a nossa democracia se está a transformar.
Prometo voltar a falar sobre este assunto, mas por agora, vejamos os resultados e meditemos.

domingo, janeiro 23, 2011

Registo Para Memória Futura (28)

ULTRAPASSADA a primeira década do novel Século XXI, em Portugal, milhares de eleitores viram-se impossibilitados de votar, dado que o já não tão novel Cartão do Cidadão, concebido por incompetentes e irresponsáveis, nas oficinas SIMPLEX do engenheiro incompleto, continua a não disponibilizar, de forma directamente legível e funcional, o respectivo Número de Eleitor, essencial para que o cidadão possa exercer o seu voto, direito que a Constituição da República Portuguesa lhe confere.

A Estrábica Afirmação

Pedro Silva Pereira, o ministro que tem por missão contextualizar o desmedido optimismo do seu "chefe" José Sócrates, disse ontem que "a última década foi tudo menos uma década perdida", e quem disser isso só pode ser por ter visão míope. Ora, quer-me parecer que só eles, os governantes, conseguem ver um notável progresso, onde todos os outros vêm estagnação, quando não mesmo retrocesso, sobretudo nas áreas mais sensíveis. E os resultados estão bem à vista!
É claro que aquela estrábica afirmação do ministro Pedro Silva Pereira, só podia ser feita num local e numa ocasião com características especiais, como foi o caso da inauguração do Parque Eólico Terra Fria, em Montalegre, a 1.200 metros de altitude. É sabido como naquelas paragens a rarefacção do ar tem tendência para provocar vertigens, delírios, e nalguns casos, perda de consciência.

sábado, janeiro 22, 2011

História de Cinco Meninos, Um Velho e Um Burro

CERTA VEZ, cinco meninos foram dar um passeio ao campo, e por 100 € (cada um avançou com 20 €), compraram o burro de um velho camponês.

O HOMEM combinou entregar-lhes o animal no dia seguinte.
Mas, quando eles voltaram para levar o burro, o camponês disse-lhes, muito consternado:
- Sinto muito, amigos, mas tenho uma má notícia. O burro morreu.
- Então devolva-nos o nosso dinheiro!
- Não posso, gastei-o todo com o veterinário para tentar salvar o bicho.
- De qualquer forma, queremos o burro.
- E para que o querem? O que vão fazer com ele?!...
- Vamos rifá-lo.
- Estão loucos?! Como vão rifar um burro morto?...
- Obviamente, não vamos dizer a ninguém que ele está morto.

UM MÊS depois, o camponês encontrou-se novamente com os cinco pirralhos e perguntou-lhes:
- E então, o que é que fizeram ao burro?
- Como lhe dissemos, rifámo-lo. Vendemos 500 rifas a 2 € cada e arrecadámos 1.000 €.
- Muito bem! Com que então foi um lucro de 180 € para cada um. E ninguém se queixou?!
- Só o vencedor. Mas a esse devolvemos os 2 €, e pronto!
- Vocês têm futuro, meninos! Um lucro líquido final de 179,60 € para cada um, com um investimento inicial de 20 €, é um espanto.

QUARENTA anos mais tarde, os cinco meninos cresceram, e vamos encontrá-los assim:
- O primeiro menino foi Secretário de Estado de um governo do PROFESSOR e depois inventou uma máquina chamada BPN, especializada em fazer desaparecer muito dinheiro;
- O segundo menino estudou para advogado, foi Presidente de um CLUBE DE FUTEBOL, está exilado em Inglaterra, já tentou vender o Big Ben à rainha, e tem agora um pedido de extradição à perna;
- O terceiro menino gosta de fumar charutos havanos, seguiu a carreira de AUTARCA e tem um sobrinho na Suiça que se tornou milionário a guiar um taxi;
- O quarto menino tornou-se um SUCATEIRO de renome, e ficou conhecido por oferecer prendas a toda a gente e caixas de robalos a banqueiros;
- O quinto e último menino diz que é um animal feroz, chefia um partido político, é primeiro-ministro e tem a mania que é ENGENHEIRO…

Nota – Adaptação, revista e aumentada, de uma história não assinada, recebida por e-mail.

sexta-feira, janeiro 21, 2011

Sondagens

(Clique na imagem para aumentar)
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EMBORA saibamos que as sondagens valem o que valem, estou com alguma curiosidade em ver qual delas se aproxima da realidade que despontará na noite do próximo Domingo, mesmo considerando que o caso da Marktest (uma empresa que ao socorrer-se de um conceito “ad hoc” que desrespeita o peso eleitoral das regiões do país) é um escandaloso caso de manifesta intenção de manipular a opinião pública, e que isso deveria ter consequências, neste país onde tanta coisa se continua a fazer na total impunidade.
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ADENDA em 2011-JAN-24 - A sondagem da INTERCAMPUS foi a que mais se aproximou dos resultados finais da votação dos candidatos Cavaco Silva, Francisco Lopes e José Manuel Coelho.

quinta-feira, janeiro 20, 2011

Esta Coisa de Eleições é Uma Maçada!

O candidato Cavaco Silva só vai a votos porque tem mesmo que ser, e entretanto, percebe-se que já não consegue arranjar assunto para tentar arrastar o eleitorado. Cada vez que abre a boca (excluindo as vezes que não responde a perguntas), ou entra bolo-rei ou sai asneira, ou então, talvez ansioso por tirar umas férias no seu retiro da Coelha, e querendo despachar a eleição e ver-se reeleito já no Domingo, desculpa-se com alarvidades deste tipo:

«Os custos [com a campanha para a 2.ª volta] seriam muito elevados para o país e seriam sentidos pelas empresas, pelas famílias, pelos trabalhadores, desde logo, pela via da contenção do crédito e pela subida das taxas de juro»

Este candidato, de facto, é uma autêntica calamidade, isto para não lhe chamar outra coisa.

quarta-feira, janeiro 19, 2011

Questões Legítimas e Pertinentes

A deputada socialista Ana Gomes escreveu no blog CAUSA NOSSA que estava indignada com o facto de ter enunciado num programa da ANTENA UM, algumas questões legítimas e pertinentes, a que o candidato Cavaco Silva tinha obrigação de responder, mas para as quais, até hoje, não obteve resposta. Eu cá, não sou de intrigas, mas penso que não há grande motivo para indignação, na medida em que Cavaco Silva ao não responder às tais perguntas legítimas e pertinentes, a que ele tinha obrigação de responder, e porque os maus hábitos aprendem-se depressa, não fez mais do que seguir a mesma regra adoptada pelo primeiro-ministro José Sócrates. Pelas minhas contas, em seis anos de governo, podemos somar largas centenas, muito perto do milhar, as perguntas legítimas e pertinentes, a que José Sócrates tinha obrigação de responder, sobretudo por terem a ver com a governação, que lhe foram feitas no hemiciclo da Assembleia da República, e a que ele nunca se dignou dar qualquer resposta. Com este exemplo prático, saído das suas próprias fileiras, custa-me a perceber a perplexidade de Ana Gomes.

O País em Saldo

O HOMEM, inicialmente, dizia que a venda da dívida pública não era para ali chamada, que a sua “tournée” pelas arábias, tinha apenas por objectivo incentivar as exportações, depois que ia promover oportunidades de investimento e mais não sei quantas trapalhadas. Agora, José Sócrates, primeiro-ministro português, diz que foi a Abu Dhabi "vender" o plano de privatizações. Notem que já não é a privatização A ou a privatização B; vende-se o plano completo, com o que resta do sector estratégico nacional, ou como diria a dona Teresinha do lugar da fruta, leve freguesa, leve, é pr’acabar, olhe que à dúzia é mais barato...

terça-feira, janeiro 18, 2011

O "emir" anda pelo Abu Dhabi

EMBORA, como garante José Sócrates, Portugal não tenha o propósito de vender dívida pública ao desbarato, pois continuará a financiar-se nos habituais e traiçoeiros mercados especuladores, o "emir" Teixeira dos Santos foi dar uma "saltada" até ao emirato do Abu Dhabi, e confirmou que tem intenção de levar a cabo um negócio das arábias, vendendo dívida pública portuguesa, e de caminho, arranjando compradores para algumas das privatizações que estão na calha. A contradição entre aquilo que o primeiro-ministro garante e aquilo que os seus ministros afirmam, é mais aparente que real. Alguns analistas e comentadores atrevem-se mesmo a dizer que tudo não passará de problemas de comunicação, pois o "emir" dos Santos exprime-se em genuíno “inglês da city”, ao passo que o engenheiro incompleto continua a treinar no seu “inglês técnico”, embora sem muito sucesso.

segunda-feira, janeiro 17, 2011

domingo, janeiro 16, 2011

Peçam o Livro de Reclamações

HÁ COISAS que não se fazem, sobretudo quando o que se pretende alterar, vai implicar mudanças na forma como nos encaramos ao espelho, como enfrentamos a vida, como justificamos os nossos hábitos, porque razão temos certas crenças e adoptamos certos paradigmas, não só nós como muitos milhões de outras pessoas. Pessoalmente não tenho muito de que me queixar, bem vistas as coisas, até vou sobreviver, mas outros há que vão ter sérias dificuldades em se adaptarem, se conseguirem, claro está.
Ora o problema tem a ver com a bombástica conclusão a que chegaram alguns astrónomos norte-americanos, e que em poucas palavras, diz o seguinte: o calendário do Zodíaco, já não é o que era, como nos tempos recuados das civilizações mesopotâmicas, quando foram enunciados os princípios básicos da astrologia, coisa que até agora se manteve quase inalterada, satisfazendo o ego de muitos milhões de pessoas, que não dão um passo sem consultarem o seu horóscopo. Assim, de uma forma simples e escorreita, quer isto dizer que no mapa astral, os signos mudaram de casa, melhor, recuaram uma casa, por obra e graça dos desvios provocados pelo eixo de rotação da Terra, que com o correr dos séculos e dos milénios, vai continuando a esforçar-se, por se manter relativamente estável, e cumprir a sua obrigação de ser a nossa jangada celeste. Dizia eu que, pessoalmente, até nem tenho grandes razões de queixa, pois se todos os Peixes vão passar a ser Aquários, a coisa até se compõe. Já viram um peixe conseguir sobreviver fora do seu elemento? E que tal um Leão ser despromovido para Caranguejo, um Touro ficar Carneiro ou uma Balança tornar-se Virgem? Não, nestes casos a coisa complica-se, e de que maneira! Um autêntico quebra-cabeças, podem crer! Vai haver muita gente a quedar-se incapaz de arriscar um passo, para lá das quatro paredes, ao contrário de outros se sentirão renascidos, libertos dos antigos predicados e senhores de novo carácter, como se estivessem possuidores de um diploma do Novas Oportunidades. Nas sete quintas vão ficar os Serpentários (é um décimo terceiro signo que nasce) cujos nativos não irão apropriar-se das virtudes e defeitos alheios, ou pelo menos, é isso que consta. No entanto, como atrás disse, e repito, há coisas que não se fazem! E ainda há quem diga que o homem não evoluiu nada, desde os tempos da barbárie… Só isto vai criar mais perturbação no dia-a-dia e imaginário das pessoas, do que a revolução provocada pela teoria heliocêntrica, a qual veio pôr a Terra a girar à volta do Sol, e não o contrário, contrariando a papal impertinência que defendia acerrimamente o geocentrismo, que embora falso, era fonte da paz interior e do equilíbrio emocional da Humanidade. Algumas revoluções têm sempre o inconveniente de desarrumarem as ideias das pessoas, deixarem meio mundo à deriva, e por vezes, sem qualquer razão de peso. Já viram a quantidade de livros que vão ter que ser reescritos? Imagino as dores de cabeça que a Maya e o professor Karamba vão sofrer para voltarem a traçar as cartas astrológicas, compondo e articulando os nossos queridos horóscopos semanais com os desígnios das itinerantes constelações?
Penso que Sócrates, homem prático, corajoso e decidido, como não há igual, e atendendo a que as nossas carências estão a ser sustentadas pela China, não devia ficar indiferente nem alhear-se desta questão, e já devia ter mandado publicar uma portaria a banir este Zodíaco babilónico, obsoleto, peganhento e malcheiroso, das nossas práticas quiromânticas, e a adoptar o eficiente Zodíaco chinês, onde imperam os Ratos, os Coelhos, os Macacos e os Porcos que, se bem que também milenar, é mais adequado aos tempos que correm. Além de estar em conformidade com as exigências dos mercados, e de uma astrologia "socialista, moderna, moderada, popular e simplex", como "soi dizer-se", é muito mais compatível com os nossos desígnios civilizadores, os atributos do nosso “estado social” e o software do computador “magalhães”. E quem não gostar, que peça o livro de reclamações!