sábado, junho 21, 2008

Outro Choque

O
Depois do choque das civilizações, do choque petrolífero e do choque tecnológico, chegou a vez de ficarmos em estado de choque. E porquê? O texto que se segue esclarece a questão. Os portugueses podem deixar de andar preocupados, pois foi descoberta uma nova e aliciante competência, com graduação universitária, que mete relvados, tacos e bolas.

UNIVERSIDADE DO ALGARVE
Serviços Académicos
Deliberação n.º 705/2008

Ao abrigo do disposto na alínea e) do artigo 17.º, dos Estatutos da Universidade do Algarve, homologados pelo despacho n.º 31/ME/89, de 8 de Março, com as alterações constantes do Despacho Normativo n.º 2/2001, de 11 de Dezembro de 2000, publicado no Diário da República de 12 de Janeiro de 2001, nomeadamente nos artigos 8.º e 17.º, o Senado, através da Secção de Ensino Universitário e Ensino Politécnico, em reunião do dia 13 de Novembro de 2006, decidiu o constante no articulado que se segue:


Criação
1 — A Universidade do Algarve, através da Faculdade de Engenharia de Recursos Naturais, da Faculdade de Economia e da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo confere o grau de mestre em Gestão e Manutenção de Campos de Golfe e ministra o ciclo de estudos a ele conducente.

2 — O grau de mestre em Gestão e Manutenção de Campos de Golfe,
é conferido nas seguintes áreas de especialização:

Gestão;
Manutenção.


Objectivos do curso
O curso de mestrado em Gestão e Manutenção de Campos de Golfe pretende proporcionar à sociedade civil profissionais habilitados, científica e tecnicamente, na gestão e na manutenção de campos de golfe.
...
Para quem estiver interessado, o texto integral da deliberação foi publicado no Diário da República, 2.ª série — N.º 51 — de 12 de Março de 2008

quinta-feira, junho 19, 2008

Cinema para Entreter

C
Título Português: Eu Sou a Lenda
Título Original: I Am Legend
Origem e Data: EUA - 2007
Realizador: Francis Lawrence
Duração: 101 minutos
Actores principais: Will Smith - Alice Braga
C
Baseado numa história escrita em 1954 por Richard Matheson, este filme trazia uma auréola elaborada a partir da mística que anda colada às ideias do Apocalipse. Afinal, não passa de mais um produto que se situa entre o género de antecipação e terror “zombie”, para ser consumido à mistura com pipocas estaladiças.
Estamos na cidade de New York, 3 anos após o súbito colapso da civilização, em consequência do aparecimento de um mortífero surto epidémico, à escala planetária, resultante de uma mal avaliada solução científica de combate ao cancro, que provoca a quase total eliminação da raça humana. De dia a cidade é uma floresta de betão que se vai desmantelando, invadida por plantas infestantes e animais selvagens, enquanto que à noite se transforma numa câmara de horrores, habitada por seres humanos mutantes, que têm horror à luz e subsistem através da prática do canibalismo. Naquela grande urbe, apenas um homem, portador de uma singular imunidade, sobreviveu à hecatombe, na companhia da sua cadela. É um cientista militar que, dia após dia, cercado pela solidão, tenta manter a sanidade mental, insistindo em continuar a pesquisar um antídoto para a epidemia, ao mesmo tempo que através da rádio tenta contactar outros possíveis sobreviventes da tragédia.
O filme está pontilhado de algumas flagrantes incoerências. É muito pouco provável que 3 anos depois de tão radical colapso da humanidade, bem como de todos os dispositivos que suportavam a civilização tecnológica, continuasse a haver energia eléctrica para alimentar toda uma vasta linha de equipamentos, que vão desde o frigorífico até ao leitor de DVD, os computadores continuassem a funcionar normalmente e sem sobressaltos, houvessem ainda medicamentos dentro dos prazos de validade, e a água, bombeada a preceito, corresse nas canalizações como se nada tivesse acontecido. Isto para não falar de episódios de caça aos veados em plena 5.ª Avenida, com o protagonista a fazer perseguições às manadas de cervídeos, ao volante de um reluzente e imaculado desportivo, altamente roncador e bem afinado.
No meio destes improváveis cenários e contradições, move-se um convincente Will Smith (fazendo equipa com uma actriz de quatro patas, a inesquecível cadela Samantha), o qual fica com a grande responsabilidade de dar alguma consistência e credibilidade à história. O actor tenta salvar o filme com um desempenho solitário, altamente concentrado, onde tem lugar de destaque aquela válvula de escape que são - por ausência de interlocutores humanos - aqueles diálogos tão trágicos e vazios quanto inconclusivos, entre o homem e o seu companheiro canino, sempre atento aos solilóquios do dono. Estes são momentos invulgarmente bem conseguidos, porque mobilizam e sintonizam todos os nossos sentidos e sentimentos, não chegando, contudo, para elevar o nível do filme, tudo porque a realização não teve grande engenho e arte para explorar os efeitos e a angústia daquela atmosfera apocalíptica, e a assustadora solidão urbana de uma Manhattan arruinada, armadilhada e deserta. Apesar do tema ser prometedor, a realização de Francis Lawrence acabou por dispersar-se e escolher o caminho fácil do catastrofismo planetário, embrulhado na vertigem dos efeitos especiais, e deixando por explorar outros caminhos que o tema insinuava.
Parece que o filme tem outros finais alternativos, mas o que é exibido na edição portuguesa de DVD, tem tanto de previsível como de banal, adensando ainda mais a desilusão, e fazendo dele, no seu conjunto, uma obra algo inconsistente, quase a roçar o medíocre.

quarta-feira, junho 18, 2008

Ranço Salazarista

R
O texto que aqui se reproduz é da autoria do jornalista Baptista-Bastos. Para ler e reflectir.

“Cada vez mais nos afastamos uns dos outros. Trespassamo-nos sem nos ver. Caminhamos nas ruas com a apática indiferença de sequer sabermos quem somos. Nem interessados estamos em o saber. Os dias deixaram de ser a aventura do imprevisto e a magia do improviso para se transformarem na amarga rotina do viver português e do existir em Portugal.

Deixámos cair a cultura da revolta. Não falamos de nós. Enredamo-nos na futilidade das coisas inúteis, como se fossem o atordoamento ou o sedativo das nossas dores. E as nossas dores não são, apenas, d'alma: são, também, dores físicas.

Lemos os jornais e não acreditamos. Lemos, é como quem diz - os que lêem. As televisões são a vergonha do pensamento. Os comentadores tocam pela mesma pauta e sopram a mesma música. Há longos anos que a análise dos nossos problemas está entregue a pessoas que não suscitam inquietação em quem os ouve. Uma anestesia geral parece ter sido adicionada ao corpo da nação.

Um amigo meu, professor em Lille, envia-me um email. Há muitos anos, deixou Portugal. Esteve, agora, por aqui. Lança-me um apelo veemente e dorido: 'Que se passa com a nossa terra? Parece um país morto. A garra portuguesa foi aparada ou cortada por uma clique, espalhada por todos os sectores da vida nacional e que de tudo tomou conta. Indignem-se em massa, como dizia o Soares.'

Nunca é de mais repetir o drama que se abateu sobre a maioria. Enquanto dois milhões de miúdos vivem na miséria, os bancos obtiveram lucros de 7,9 milhões por dia. Há qualquer coisa de podre e de inquietantemente injusto nestes números. Dir-se-á que não há relação de causa e efeito. Há, claro que há. Qualquer economista sério encontrará associações entre os abismos da pobreza e da fome e os cumes ostensivos das riquezas adquiridas muitas vezes não se sabe como.

Prepara-se (preparam os 'socialistas modernos' de Sócrates) a privatização de quase tudo, especialmente da saúde, o mais rendível. E o primeiro-ministro, naquela despudorada 'entrevista' à SIC, declama que está a defender o SNS! O desemprego atinge picos elevadíssimos. Sócrates diz exactamente o contrário. A mentira constitui, hoje, um desporto particularmente requintado. É impossível ver qualquer membro deste Governo sem ser assaltado por uma repugnância visceral. O carácter desta gente é inexistente. Nenhum deles vai aos jornais, às Televisões e às Rádios falar verdade, contar a evidência. E a evidência é a fome, a miséria, a tristeza do nosso amargo viver; os nossos velhos a morrer nos jardins, com reformas de não chegam para comer quanto mais para adquirir remédios; os nossos jovens a tentar a sorte no estrangeiro, ou a desafiar a morte nas drogas; a iliteracia, a ignorância, o túnel negro sem fim.

Diz-se que, nas próximas eleições, este agrupamento voltará a ganhar. Diz-se que a alternativa é pior. Diz-se que estamos desgraçados. Diz um general que recebe pressões constantes para encabeçar um movimento de indignação. Diz-se que, um dia destes, rebenta uma explosão social com imprevisíveis consequências. Diz a SEDES, com alguns anos de atraso, como, aliás, é seu timbre, que a crise é muito má. Diz-se, diz-se.

Bem gostaríamos de saber o que dizem Mário Soares, António Arnaut, Manuel Alegre, Ana Gomes, Ferro Rodrigues (não sei quem mais, porque socialistas, socialistas, poucos há) acerca deste descalabro. Não é só dizer: é fazer, é agir. O facto, meramente circunstancial, de este PS ter conquistado a maioria absoluta não legitima as atrocidades governamentais, que sobem em escalada. O paliativo da substituição do sinistro Correia de Campos pela dr.ª Ana Jorge não passa de isso mesmo: paliativo. Apenas para toldar os olhos de quem ainda deseja ver, porque há outros que não vêem porque não querem.

A aceitação acrítica das decisões governamentais está coligada com a cumplicidade. Quando Vieira da Silva expõe um ar compungido, perante os relatórios internacionais sobre a miséria portuguesa, alguém lhe devia dizer para ter vergonha. Não se resolve este magno problema com a distribuição de umas migalhas, que possuem sempre o aspecto da caridadezinha fascista. Um socialista a sério jamais procedia daquele modo. E há soluções adequadas. O acréscimo do desemprego está na base deste atroz retrocesso.

Vivemos num país que já nada tem a ver com o País de Abril. Aliás, penso, seriamente, que pouco tem a ver com a democracia. O quero, posso e mando de José Sócrates, o estilo hirto e autoritário, moldado em Cavaco, significa que nem tudo foi extirpado do que de pior existe nos políticos portugueses. Há um ranço salazarista nesta gente. E, com a passagem dos dias, cada vez mais se me acentua a ideia de que a saída só reside na cultura da revolta.”

terça-feira, junho 17, 2008

Tão Ladrão é o que vai à Horta...

T
Até agora, a Electricidade de Portugal (EDP) assumia a totalidade das dívidas incobráveis dos seus consumidores incumpridores, o que era justo, já que todas as explorações têm sempre os seus riscos, e há que contar com isso. Para enfrentar os caloteiros, a EDP continua a ter à sua disposição meios para regularizar tais situações, que vão desde o habitual corte de energia até ao recurso aos tribunais. No entanto, por cá, não é esse o entendimento da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), que acha que tais dívidas, porque são um “custo do sistema” (?), têm que ser partilhadas, não só pela EDP, mas também pelos consumidores que civilizada e responsavelmente, pagam as suas contas a tempo e horas. Em resumo: a partir do próximo ano, se ninguém travar esta pretensão, nós, os que disciplinada e atempadamente cumprimos as nossas obrigações, relativamente aos nossos consumos e facturação, teremos também que contribuir para compensar as perdas da EDP, que passa a ganhar em todos os tabuleiros, sem grande esforço nem empenhamento. Moral da história: até na conta da energia, o crime compensa, já que o justo vai pagar pelo pecador. Isto não é apenas um peditório, mas sim um autêntico esbulho.
Se tal medida for para a frente, lá volta a ter razão o provérbio, quando diz que tão ladrão é o que vai à horta, como o que fica à porta, neste caso com os papéis a serem partilhados entre a todo-poderosa EDP e a sua apaniguada ERSE. São dois gatunos que se completam. Enquanto um vai roubando o outro vai dando cobertura.

Marx Nunca Teve Tanta Razão

M
“À direita não lhe interessa as ideias, porque pode governar sem elas; à esquerda deviam interessar-lhe as ideias, porque não tem outra maneira de governar senão com elas. Parece um jogo de palavras, uma espécie de trava-línguas, mas não é. Sem ideias, a esquerda vai-se estiolando. E mais agora, quando a pretensa salvação da esquerda é a aproximação ao centro. Mas a aproximação ao centro é a aproximação à direita. Todos querem ser centro. O mundo não tem ideias novas sobre este assunto porque vivemos um processo de laminagem em que vamos perdendo espessura. Isso contribui para o domínio implacável do capital. Parece que estou a repetir a cartilha marxista, mas Marx nunca teve tanta razão como hoje. O que dizia está a realizar-se. Digamos que ele se antecipou e não seria má ideia voltar a lê-lo e a discuti-lo para ver o que está ultrapassado no seu trabalho e dar uma vida nova às suas ideias.”
M
Extracto da entrevista de José Saramago aos jornalistas Maria José Oliveira do jornal PÚBLICO e Paulo Magalhães da RENASCENÇA.

Protecção Social

P
Depois de ter preenchido 11 formulários, ter apresentado comprovativos de pensões, contas bancárias e declarações com vencimentos dos filhos, um cidadão idoso que requereu o Complemente Solidário para Idosos, foi informado que tem direito a receber a quantia de 1 EURO mensal, mas aquela apenas será disponibilizada quando atingir o cúmulo de 5 EUROS.
O caso foi divulgado pelo deputado Bernardino Soares, líder parlamentar do PCP.
Assim vai o Sistema de Protecção Social de Cidadania, destinado a acorrer à penúria de 80 mil idosos, que não têm onde se amparar para sobreviver com dignidade.

domingo, junho 15, 2008

O Monstro Morreu!

O
O tal “plano B”, que nas palavras do “camarada Veiga” (nome de código de Durão Barroso nos seus tempos de maoísta) não existia, caso o referendo irlandês desse para o torto, está a tomar forma, mas não passa despercebido. Quando em 2005 a França e a Holanda rejeitaram em referendo a Constituição Europeia (primeira versão do agora Tratado de Lisboa), os euro-meliantes coadjuvados pelos seus euro-burocratas, correram a considerar as consequências da rejeição como um problema da comunidade europeia, no seu conjunto, para a qual havia que encontrar solução. Disso resultou o actual o documento travestido, que furtiva e manhosamente perderia o epíteto de constituição, passando a ostentar o bem mais comestível sobrenome de tratado (de Lisboa), muito embora o produto fosse indigestível.
Agora, com os irlandeses a recusarem o tratado, os euro-tratantes, desdobrando-se em exercícios de contorcionismo semântico (que alguma imprensa corrobora), começaram a sacudir a água do capote, situando o problema criado fora do contexto comunitário europeu, e transferindo, por inteiro, a responsabilidade do impasse para a Irlanda, ao ponto de já ser equacionada a sua saída negociada da união europeia. Até o nosso imperdível presidente Cavaco Silva, num assomo de ridículo e pacóvio intervencionismo, veio debitar para a opinião pública, uma presidencial e intolerável sentença, em que disse que “cabia agora ao governo irlandês encontrar e levar a cabo uma solução para o problema criado”. Coitado, nestas alturas, mais valia pô-lo a mastigar uma presidencial fatia de bolo-rei!
Só por isto se vê que a Irlanda, para já, não está a ser tratada em pé de igualdade com a França e a Holanda. Quanto a este abominável tratado constitucional, senhores euro-adeptos de políticas furtivas, com vários pesos e muitas medidas, desenganem-se! O monstro que geraram está morto, bem morto, e apenas falta sepultá-lo em campa rasa.

sábado, junho 14, 2008

Uma Pergunta Simples

U
Se os 18 países que já ratificaram o “celebrado” Tratado de Lisboa, por via parlamentar, tivessem escolhido, tal como a Irlanda, a via referendária, quantas mais rejeições teriam sido já contabilizadas?

Nos 120 Anos

A
A
Nos 120 anos e 1 dia do nascimento de Fernando Pessoa, deixo aqui, por empréstimo do jornal PÚBLICO, um poema inédito de um dos heterónimos do poeta, Alberto Caeiro, na versão proposta por Richard Zenith, tradutor, editor e organizador das obras do poeta.
A
Gosto do céu porque não creio que ele seja infinito.
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito, não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa algures e algures acaba
E que longe e atrás disso há absolutamente nada.
Creio que o tempo tem um princípio e terá um fim,
E que antes e depois disso não havia tempo.
Por que há-de ser isto falso? Falso é falar de infinitos
Como se soubéssemos o que são de os podermos entender.
Não: tudo é uma quantidade de cousas.
Tudo é definido, tudo é limitado, tudo é cousas.

sexta-feira, junho 13, 2008

O Caldo Entornou-se!

O
Com um “NÃO” ao Tratado Reformador da União Europeia, a Irlanda deixou que se entornasse a beberragem que os burocratas e euro-tratantes andaram a cozinhar, como forma de introduzirem no espaço europeu, uma coisa que em tempos, gente sem carácter, tentou fazer passar por Constituição.
O “porreiro, pá!” do Pinto de Sousa, também conhecido por José Sócrates, abraçado ao “cherne”, também conhecido por Durão Barroso, na selagem do tal tratado durante a cimeira de Lisboa, vai ficar para os anais como uma grande basófia, a selar um compromisso, traiçoeiramente lavrado nas costas dos europeus. Além disso, vai esborratar, ainda mais, o currículo do “nosso” primeiro, que à sua conta já tinha um imbróglio com a sua suposta licenciatura em engenharia. Venha ou não a aparecer um tão astuto quanto incoerente plano B para rodear este obstáculo, se aqueles dois queriam entrar para a História pela porta da frente, contornando os povos e a democracia, resta-lhes agora a porta das traseiras, para sorrateiramente baterem em retirada. Ou como diria a avó Bernarda, “cá se fazem, cá se pagam!”

quinta-feira, junho 12, 2008

Bem-haja, Professor!

B
A maioria não conheço, alguns conheço assim-assim, outros apenas de nome, mas há um que conheci bem, nos anos cinquenta do século passado. Trata-se do Professor Doutor Urbano Augusto Tavares Rodrigues, meu antigo professor de Português, na secção de Alvalade do Liceu Camões, emérito escritor e anti-fascista. Merece-a e fica-lhe bem a Ordem de Sant’iago da Espada, condecoração que recebeu no passado dia 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Bem-haja, Professor!

quarta-feira, junho 11, 2008

Um Exemplo

APela excelência e humildade com que cumpre a sua missão, a A.M.I. bem podia ter sido agraciada no Dia de Portugal, na pessoa do seu fundador, Doutor Fernando Nobre, com uma condecoração, honrando assim o espírito humanista, solidário, generoso e universalista do Povo Português. A A.M.I. começou a dar assistência médica internacional, em locais de guerra, tensão e conflituosidade, e por força do sinal dos tempos, já está a dar assistência a portugueses, refugiados no seu próprio país.

terça-feira, junho 10, 2008

Notícias da Banca

N
Enviado pelo meu amigo ASL, recebi um e-mail com o seguinte texto que, pela sua oportunidade, passo a divulgar:
N
"A Caixa Geral de Depósitos (CGD) está a enviar aos seus clientes mais modestos uma circular que deveria fazer corar de vergonha os administradores - principescamente pagos - daquela instituição bancária.
A carta da CGD começa, como mandam as boas regras de marketing, por reafirmar o empenho do Banco em oferecer aos seus clientes as melhores condições de preço qualidade em toda a gama de prestação de serviços, incluindo no que respeita a despesas de manutenção nas contas à ordem.
As palavras de circunstância não chegam sequer a suscitar qualquer tipo de ilusões, dado que após novo parágrafo sobre racionalização e eficiência da gestão de contas, o estimado/a cliente é confrontado com a informação de que, para continuar a usufruir da isenção da comissão de despesas de manutenção, terá de ter em cada trimestre um saldo médio superior a EUR1000, ter crédito de vencimento ou ter aplicações financeiras associadas à respectiva conta.
Ora sucede que muitas contas da CGD, designadamente de pensionistas e reformados, são abertas por imposição legal.
É o caso de um reformado por invalidez e quase septuagenário, que sobrevive com uma pensão de EUR243,45 - que para ter direito ao piedoso subsídio diário de EUR 7,57 (sete euros e cinquenta e sete cêntimos!) foi forçado a abrir conta na CGD por determinação expressa da Segurança Social para receber a reforma.
Como se compreende, casos como este - e muitos são os portugueses que vivem abaixo ou no limiar da pobreza - não podem, de todo, preencher os requisitos impostos pela CGD e tão pouco dar-se ao luxo de pagar despesas de manutenção de uma conta que foram constrangidos a abrir para acolher a sua miséria.
O mais escandaloso é que seja justamente uma instituição bancária que ano após ano apresenta lucros fabulosos e que aposenta os seus administradores, mesmo quando efémeros, com «obscenas» pensões (para citar Bagão Félix), a vir exigir a quem mal consegue sobreviver que contribua para engordar os seus lautos proventos.
É sem dúvida uma situação ridícula e vergonhosa, como lhe chama o nosso leitor, mas as palavras sabem a pouco quando se trata de denunciar tamanha indignidade.
Esta é a face brutal do capitalismo selvagem que nos servem sob a capa da democracia, em que até a esmola paga taxa.
Sem respeito pela dignidade humana e sem qualquer resquício de decência, com o único objectivo de acumular mais e mais lucros, eis os administradores de sucesso.
Medita e divulga... Mas divulga mesmo por favor...
Cidadania é fazê-lo, é demonstrar esta pouca-vergonha que nos atira para o miserabilismo social. "
N
Como diria o outro meu amigo FMF, "sorte, sorte, teve o Ali Bábá, que só teve que lidar com 40 ladrões..."

Notícias da “Raça”

N
Nas comemorações do dia 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, o Presidente da República Haníbal Cavaco Silva, fez-se deslocar, no local das comemorações, num pitoresco veículo, que bem pode ficar para a História com o nome de HANIMÓVEL, em homenagem à imaginativa “raça” portuguesa, de que Sua Excelência é um exímio exemplar.

Estamos bem entregues!

E
Extracto de uma entrevista concedida ao Diário de Notícias em 8 de Junho de 2008 por Jaime Silva, suposto ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas.

Jaime Silva: Com toda a franqueza tenho de dizer que, quer na agricultura quer nas pescas, Portugal não tem de ser auto-suficiente em tudo.
O
Jornalista: Não era mais seguro que o fosse?
O
Jaime Silva: Seguro em que termos? Estamos num quadro global e comunitário onde não vai faltar a comida para os portugueses. Temos é de produzir melhor que os outros, com mais valor acrescentado, para depois, com esse dinheiro, importarmos aquilo que os outros produzem mais barato que nós.
O
Jornalista: No caso do peixe até onde pretende ir?
O
Jaime Silva: No caso do peixe nós temos a particularidade de o bacalhau constituir a maioria dos 2/3 de peixe que importamos. Porque temos o bom hábito de gostar de bacalhau. Como se trata de um peixe que só se dá em mares mais ao Norte do hemisfério, nós nunca produziremos bacalhau. Temos de ir para a aquacultura.

Meu comentário: Estamos bem entregues!

sábado, junho 07, 2008

A Voar é Que a Gente se Entende

A
O ministro (?) da economia Manuel Pinho deslocou-se ao Luxemburgo para participar numa reunião que ele próprio tinha pedido, com carácter de urgência, para serem discutidas as consequências da actual crise petrolífera, e encontrados os respectivos remédios. Como pessoa que se preza e não olha a despesas, escolheu o transporte mais económico e amigo do ambiente que tinha à disposição: nada mais, nada menos, que o recato privado do Falcon da Força Aérea.
Curiosamente, esse mesmo ministro Manuel Pinho, ao chegar ao seu destino constatou que afinal não podia assistir à reunião que ele próprio havia convocado, devido a imperativas exigências da sua agenda governativa, pelo que regressou a Lisboa, escolhendo, uma vez mais, o transporte mais económico e amigo do ambiente: o infatigável jacto Falcon da Força Aérea.
Assim, mesmo antes de começar o debate do polémico tema dos petróleos, já Manuel Pinho, sempre atarefadíssimo e atento às necessidades do país, estava de volta, sem ter desmanchado as malas. Consta que deixou a sua equipa com instruções para acompanhar a tal reunião dos outros ministros da União Europeia, que apesar de privados da presença do seu mentor, se manifestaram dispostos a enfrentar as consequências do aumento de preços dos produtos petrolíferos. Na verdade e bem vistas as coisas, tal reunião era coisa bem menos importante, se comparada com um suposto encontro que o ministróide veio a ter com um empresário estrangeiro, bem como a participação num jantar de trabalho com o primeiro-ministro Pinto de Sousa, também conhecido por José Sócrates.
Moral da história: Embora alguns portugueses continuem confiantes e sensibilizados com tanta eficácia e iniciativa, cá para mim, este governo, este ministro da economia e a sua agenda de compromissos, mais o vai-vem do Falcon, fazem tanta falta à governação do país, como um surto de doença da língua azul.

O estado a que chegámos…

O
“… este é o estado a que chegámos”, foi a expressão que teria sido dita pelo Capitão Salgueiro Maia, como justificação para a marcha desencadeada sobre Lisboa, na madrugada de 25 de Abril de 1974, com o objectivo de derrubar o regime totalitário.
Agora, como complemento daquilo que alguma comunicação social tem difundido, leiam o que se segue, da autoria do cidadão José Neves:
O
«A Câmara Municipal de Lisboa e os seus vereadores Marco Perestrello e José Sá Fernandes acharam por bem alugar a Praça das Flores, durante 17 dias, a uma marca de automóveis, a Skoda. Durante estes 17 dias, a Skoda realizará várias festas nocturnas de lançamento internacional de um seu novo modelo automóvel, ocupando ininterruptamente a praça. As pessoas - transeuntes, população do bairro, turistas - não poderão ter acesso à praça entre as 17h e a 01h, período durante o qual decorre a festa privada da Skoda. Uma parte de estrada está vedada e o jardim está todo ele vedado, com gradeamento disfarçado de arbustos. Existem uns seguranças privados à 'porta' (?!?) do jardim e muita polícia. Existiram já confrontos entre as polícias e os habitantes, com dois destes a serem levados para a esquadra. As festas sucessivas fazem barulho sucessivo, noite após noite. O comércio local (excepto os restaurantes e cafés mais finos que estão instalados na praça e que estão abertos apenas para os convidados-skoda) está a ser prejudicado, segundo os próprios. MAS, mais importante, há um sentimento de revolta pela privatização do espaço público que está em curso (ou, como dizia um vizinho, 'quem tem o pilim é quem manda aqui nos joaquim'). Os moradores e os comerciantes, entre a revolta e o conformismo, estão a pensar organizar algumas coisas de que darei conta assim que tiver mais informação.»
E-mail do cidadão José Neves, que o blog O TEMPO DAS CEREJAS de Víctor Dias divulgou, e que eu acho oportuno reproduzir.
O
Agora digo eu:
“… este é o estado a que chegámos”, foi a expressão que teria sido dita pelo Capitão Salgueiro Maia, como justificação para a marcha desencadeada sobre Lisboa, na madrugada de 25 de Abril de 1974, com o objectivo de derrubar o regime totalitário.
Hoje não se põe a questão de derrube do regime, mas se este é “o estado a que chegámos”, impõe-se despertar aquela frase, para cortar o caminho a estas atitudes de tipo fascizante, que são a “cedência” de um espaço público à iniciativa privada, barrando-o a quem tem direito a ele, contando antecipadamente com o nosso medo e silencioso consentimento, produto de uma herança que vem das práticas da “santa” inquisição e dos esbirros e torcionários do velho Estado Novo. Os “seguranças privados” desta “nova ordem”, com a prestimosa ajuda do “braço armado” da “nova” polícia de “segurança pública”, estão-se a encarregar de acordar os fantasmas de um passado, que era suposto estar enterrado e esquecido.

Quem diria!

Q
Eu não queria acreditar, mas afinal, sempre é verdade: os iates de recreio também beneficiam de GASÓLEO VERDE, como se fossem esforçados e autênticos instrumentos de trabalho, a contribuírem para o desenvolvimento da economia nacional. Senão, vejamos o que sobre o assunto diz a Portaria n.º 117-A/2008 de 8 de Fevereiro, concebida pelos Ministérios das Finanças e da Administração Pública e da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, actualmente geridos por uma clique supostamente socialista:

CAPÍTULO II
Isenção do ISP (imposto sobre petróleo) para utilização na navegação comercial
C
28.º As isenções do ISP previstas nas alíneas c) e h) do n.º 1 do artigo 71.º do CIEC abrangem as utilizações em embarcações que, para efeitos da presente portaria, se designam por navegação comercial.
C
29.º Enquadram-se na disposição prevista no número anterior as embarcações efectivamente utilizadas nas seguintes actividades:
C
a) Navegação marítima costeira;
b) Navegação interior;
c) Pesca;
d) Navegação marítimo-turística;
e) Operações de dragagem em portos e vias navegáveis, com excepção dos equipamentos utilizados na extracção de areias para fins comerciais.
C
30.º Os abastecimentos de gasóleo colorido e marcado para as embarcações referidas no número anterior são registados mediante a utilização obrigatória do cartão de microcircuito emitido para o efeito, sendo todos os abastecimentos controlados pela Brigada Fiscal da Guarda Nacional Republicana, através da utilização de um cartão de microcircuito, emitido sob a responsabilidade daquela corporação.

Moral da história: à custa do “gasóleo verde” o governo introduziu em Portugal uma pitoresca inovação que podemos apelidar de cruzeiros “low cost”.

quinta-feira, junho 05, 2008

Coragem!

C
Por agora foram mais 200.000 a dar a cara e a voz (na manifestação da CGTP/Intersindical, contra o agravamento do Código de Trabalho), mas espero que em 2009 a coragem se volte a manifestar à boca das urnas, a fim de acabar com as pérfidas maiorias absolutas de falsos socialistas.

quinta-feira, maio 15, 2008

Vou Deixar de Fumar!

V
O primeiro-ministro Pinto de Sousa, também conhecido por José Sócrates, mais uma vez, quis fazer de nós estúpidos retintos. Na sua viagem aérea para a Venezuela, ele mais o seu ministro (?) da economia Manuel Pinho, fumaram sempre que lhes apeteceu, ignorando alguma indignação da comitiva e atropelando todas as leis e regulamentos do país. À chegada, ostentando atitude de ingénuo, afirmou que desconhecia que era proibido fumar nos aviões, como se aqueles não fossem espaços públicos e fechados, e a lei proibitiva não tivesse a chancela do seu próprio governo.
Para rematar veio dizer que pedia desculpa pelo sucedido, acrescentando a promessa de que vai deixar de fumar. Preparem-se portugueses! Provavelmente vem aí mais uma promessa para não cumprir…