É INADMISSÍVEL que numa altura destas, afectada por uma profunda crise económica, com desastrosos reflexos no desemprego, alguém fique excluído das preocupações do Governo, alinhado nas filas do Centro de Emprego da sua zona, à espera de uma nova oportunidade, contando os cêntimos e vendo-se impossibilitado de fazer face às despesas do dia-a-dia. Nesta conformidade, e no seguimento do que aconteceu a Luís Amado, que foi reforçar a élite dirigente do Banif, a Caixa Geral de Depósitos (CGD), talvez aconselhada pela troika e pelo “gabinete sombra” do bloco central, prepara-se para propor Teixeira dos Santos, antigo ministro das Finanças de José Sócrates, para administrador não executivo da PT, pois é sabido que o pior que pode acontecer à estabilidade do sistema, é andar por aí um ex-ministro desempregado. Tal como diz a sabedoria popular, cá se fazem, cá se pagam…
sexta-feira, março 23, 2012
Submissos Sim, Resignados Não!
É INADMISSÍVEL que numa altura destas, afectada por uma profunda crise económica, com desastrosos reflexos no desemprego, alguém fique excluído das preocupações do Governo, alinhado nas filas do Centro de Emprego da sua zona, à espera de uma nova oportunidade, contando os cêntimos e vendo-se impossibilitado de fazer face às despesas do dia-a-dia. Nesta conformidade, e no seguimento do que aconteceu a Luís Amado, que foi reforçar a élite dirigente do Banif, a Caixa Geral de Depósitos (CGD), talvez aconselhada pela troika e pelo “gabinete sombra” do bloco central, prepara-se para propor Teixeira dos Santos, antigo ministro das Finanças de José Sócrates, para administrador não executivo da PT, pois é sabido que o pior que pode acontecer à estabilidade do sistema, é andar por aí um ex-ministro desempregado. Tal como diz a sabedoria popular, cá se fazem, cá se pagam…
As Cavalgaduras
ONTEM, dia de greve geral e de múltiplas manifestações de descontentamento por todo o país, alguns pacíficos elementos da PSP foram selváticamente agredidos por bárbaros manifestantes na zona do Chiado, os quais tiveram que ripostar em legítima defesa. Na imagem, como se pode ver, o jornalista José Sena Goulão da agência Lusa e Patrícia Melo Moreira, a agressiva fotojornalista da agência France Press, são cívica e respeitosamente postos na ordem, pelos simpáticos agentes, com o objectivo de ser reposta a ordem pública e a competente legalidade democrática.
quinta-feira, março 22, 2012
quarta-feira, março 21, 2012
O "bom" Caminho
ESTAMOS no bom caminho, dizia o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho em 29 de Fevereiro de 2012, aquando de uma visita a Roma, onde se encontrou com o seu homólogo Mário Monti;
O número de desempregados inscritos no final de Fevereiro de 2012 (segundo dados do IEFP, que tem os seus critérios muito selectivos, e faz grandes arejamentos das suas bases de dados) aumentou 16,6% em relação ao ano passado. Já as ofertas de emprego caíram 37,2%, dizem as notícias do jornal PÚBLICO de 21 de Março de 2012.
O número de desempregados inscritos no final de Fevereiro de 2012 (segundo dados do IEFP, que tem os seus critérios muito selectivos, e faz grandes arejamentos das suas bases de dados) aumentou 16,6% em relação ao ano passado. Já as ofertas de emprego caíram 37,2%, dizem as notícias do jornal PÚBLICO de 21 de Março de 2012.
domingo, março 18, 2012
Ser e Parecer
O ECONOMISTA António Borges foi vice-presidente da Goldman Sachs, o banco norte-americano que aprecia desempenhos, gerando notação financeira e "aconselhando" governos (caso da Grécia, a quem ajudou a esconder o seu astronómico défice), ao mesmo tempo que acarinha as famílias mais ricas do mundo. O mesmo senhor é agora consultor da Parpública, a empresa que gere o processo das privatizações e da renegociação das Parcerias Público-Privadas. Agora, vai aceitar as funções de vogal não executivo no conselho de administração do grupo Jerónimo Martins. A acumulação de ambas as funções, levantou dúvidas, e muito bem, quanto à eventualidade de ambos os cargos não serem compatíveis, ou a sua simultaniedade não ser aconselhável, em termos de transparência. Entretanto, o Ministério das Finanças emitiu um comunicado em que diz não existirem "incompatibilidades ou conflitos de interesses", pelo que António Borges pode ficar descansado e ir em paz, com a respectiva benção do ministro Victor Gaspar.
Ora, a questão que se põe, e que pelos motivos óbvios não pode ser imediatamente clarificada, é que nada nos garante que o grupo Jerónimo Martins não venha a ser, no futuro, um potencial candidato às privatizações que estão na calha, e aí, António Borges, como detentor de informação previligiada, pode vir a dar uma ajuda considerável, sem que a coisa se saiba. Assim sendo, não nos queiram fazer passar por parvos, passando certificados de duvidosa garantia. Manda a transparência e algum sentido de ética que, tal como aconteceu com Calpúrnia, a mulher de César, não bastando que fosse séria, também era preciso que o parecesse. Neste caso, a solução é simples: se o Grupo Jerónimo Martins quer António Borges, pois então que o leve, e que se arranje outro que o venha substituir na Parpública. Gente desempregada é o que há mais por aí...
sábado, março 17, 2012
sexta-feira, março 16, 2012
Registo para Memória Futura (62)
«(...) Eu acho que de uma forma ténue começam a aparecer indicadores, nomeadamente, aqueles que refletem o andamento da produção, ou seja o lado da oferta, que nos levam a perceber que o pior já passou (...) goste-se ou não se goste é preciso reconhecer que temos com este Governo um rumo no sentido nacional (...)»
Declarações de Joaquim Pina Moura,ex-membro do PCP, ex-ministro das Finanças e Economia no governo socialista de António Guterres e actualmente presidente da Iberdrola, em entrevista conduzida por João Marcelino, director do Diário de Notícias, e Paulo Baldaia, director da TSF, ao programa Gente que Conta, em 11 de Fevereiro de 2012.
Meu comentário: Antes disto nunca o ouvi dizer que estávamos em apuros ou sem rumo, embora oportunidades não lhe tenham faltado. Viver não custa, já o dizia o senhor Terêncio, revisor da CP na linha da Beira. Não custa nada, dizia ele. Qualquer marmanjo sabe como se faz. Basta dar uma corridinha para chegar a tempo de apanhar o comboio do senhor que se segue…
quarta-feira, março 14, 2012
Afinal Quem é Ele?
O homem que não lia jornais
O homem que nunca tinha dúvidas
O homem que nunca se enganava
O homem que nunca exibiu uma ideia construtiva
O homem que nunca dialogava e quanto a conversas só à bastonada
O homem que do Portugal profundo apenas conhece o Pulo do Lobo
O homem que confundiu o filósofo inglês Thomas More com com o escritor alemão Thomas Mann
O homem que não tem causas, mas tem não sei quantos doutoramentos honoris causa, sendo um deles em literatura…
O homem que dizia "deixem-me trabalhar", e tudo fez para espatifar a economia do país
O homem que faz da política um jogo de tabus
O homem que entrou numas negociatas imobiliárias e abichou uns dinheirinhos do BPN
O homem que deu protecção aos salteadores da arca do tal BPN
O homem que permitiu que fosse montada uma falsa conspiração contra si próprio
O homem que cultivava a chamada magistratura de influência
O homem que se gabava de privilegiar a cooperação institucional
O homem que insiste em não comentar situações da política nacional
O homem que deixou o país ir à falência sem questionar quem o governava
O homem que deixou passar todos os PECs
O homem que aceitou viver num protectorado governado por uma troika
O homem que se intitula provedor do povo
O homem que diz que é muito poupadinho
O homem que sendo economista, não sabe se tem dinheiro para pagar as despesas pessoais
O homem que foge de enfrentar uma manifestação de estudantes
O homem que não querendo parecer, é dos que maior responsabilidade tem no estado em que estamos
O homem que se queixa da deslealdade de Sócrates
O homem que não fazendo o que devia fazer, mais valia estar calado
Digam o que disserem, a História não os absolverá, nem a ele, nem a José Sócrates nem a Pedro Passos Coelho! E já agora também, para que não se fiquem a rir, a Durão Barroso e a Pedro Santana Lopes…
segunda-feira, março 12, 2012
Noite de Cinema - Melancolia
Título: Melancolia
Título Original: Melancholia
Ano: 2011
Realizador: Lars von Trier
Argumento: Lars von Trier
Origem: Dinamarca
Duração: 136 min
Género: Drama
Actores: Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg, Kiefer Sutherland, Alexander Skarsgard, Stellan Skarsgard, Jesper Christensen, Charlotte Rampling, John Hurt, Udo Kier, Brady Corbet
Meu comentário: "Melancolia" de Lars von Trier é um filme que rompe com os cânones do filme-catástrofe, e que neste caso - como em muitos outros - é imprópriamente classificado como de ficção científica ou futurológica, e a catástrofe que lhe serve de invólucro, é um acontecimento fatal e de onde não se regressa. Estamos sós, não nos podemos esconder, não há para onde fugir, são palavras do filme. As grutas mágicas que a imaginação pode produzir, são a única forma de escapar, a derradeira fuga possível.
Tudo se passa dentro da bolha de uma imensa e sumptuosa mansão senhorial, sem contacto visível com o resto do mundo. Há um banal copo-de-água, com gente banal em trajes a rigor, que se estende pela noite dentro, destinado a celebrar um casamento, enlace que falha logo naquela noite. A ganância, as ambições, a vaidade, a riqueza, a posse, os projectos, os prazeres, os amores, as confissões adiadas, os ódios, as tristezas, e até os medos, são tralha que vai sendo remetida para um nicho de vacuidade, até se tornarem matéria insignificante e pulverizada por aquilo que há-de vir. Ou como disse Camões: ó glória de mandar, ó vã cobiça / desta vaidade a quem chamamos Fama! / Ó fraudulento gosto, que se atiça / c'ua aura popular, que honra se chama! Os trechos de Tristão e Isolda, de Wagner, são promonitórios do drama que se adivinha.
Depois tudo se resume a quatro personagens, encapsulados numa paisagem que tem tanto de imponente como de claustrofóbica, a conviverem com a visão da aproximação de um planeta errático que executa uma dança de morte com a Terra, até ao impacto final. Naquele insólito e isolado recanto terráqueo não há vestígios de rádio, nem de tv, nem de jornais, apenas um breve contacto telefónico que nada tem a ver com a ameaça do intruso planeta, mais uma brevíssima passagem pela internet, exibindo o quadro e os riscos daquela cósmica aparição. Os cordões umbilicais que habitualmente ligam o espectador à turbulência, ao pânico generalizado, às multidões em fuga, perante uma catástrofe eminente, estão ausentes, não se vislumbrando notícias e outros terrores. O mundo exterior prima pela ausência.
E o filme acaba, tal como o mundo acaba, como se prevê que tal venha a ser, em colapso total, sem um final feliz nem infeliz, com três pessoas de mãos dadas, protegidas por uma simples e metafórica gruta mágica, construída com a matéria prima que só a imaginação e um simples canivete podem produzir. "Melancolia" de Lars von Trier é um filme de antologia, fruto de uma meticulosa e ousada mágoa, e como tudo o que se exige de uma obra de arte, é um tão simples quanto portentoso objecto de reflexão.
sexta-feira, março 09, 2012
Negócios da China e das Arábias
JÁ TÍNHAMOS o pantagruélico e imparável sorvedouro do BPN, e para juntar ao caso do indevido pagamento de compensações à Lusoponte, pela inexistente não-cobrança das portagens em Agosto de 2011, cabe agora à chinesa Three Gorges e à Omã Oil do arábico sultanato, respectivamente os novos accionistas da EDP e da REN, irem receber 144 milhões de euros, a título de dividendos respeitantes ao ano de 2011, quando afinal apenas adquiriram a sua participação e entraram como novos accionistas em 2012. Tal qual como a pescada, que antes de ser já o era... e o negócio ainda nem sequer está concretizado na totalidade, conforme o garantiu o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho. Terão sido brindes? Fica a pergunta.
Por esta amostra, podem avaliar-se os comportamentos dúplices deste Governo: para o cidadão trabalhador e contribuinte, o tempo é de sacrifícios, de apertar de cinto até ao último furo, custe o que custar, doa a quem doer, ao passo que para os insaciáveis novos e velhos amigos, o tempo é de encher o saco, vale tudo, levam tudo, e o pote do dinheiro continua inesgotável, melhor, sempre cheio para estes, vazio para todos os outros. Por isso, é caso para nos sentirmos tentados a trautear a variação de uma canção infantil, que diz mais ou menos isto: lá vai um, lá vão dois, muitos milhões a voar, uns são meus, outros teus, e todos a vê-los passar…
quinta-feira, março 08, 2012
A Minha Selecção…
PARA compensar a actual realidade portuguesa, recheada de barbaridades e cabotinices, não há nada como fazer, dia sim, dia não, uma deriva pelas subtilezas da ficção. Além das habituais leituras, também tenho revisitado a prateleira dos filmes. Aqui vão alguns títulos que me voltaram a deliciar.
Vinhas da Ira (As) - Grapes of Wrath (The) – Realiz. John Ford - (1940)
Doze Homens em Fúria - 12 Angry Men – Realiz. Sidney Lumet (1957)
Noivos Sangrentos - Badlands – Realiz. Terrence Malick (1973)
Voando Sobre Um Ninho de Cucos - One Flew Over the Cuckoo's Nest – Realiz. Milos Forman (1975)
Dersu Uzala - Realiz. Akira Kurosawa (1975)
Brancas Montanhas da Morte (As) - Jeremiah Johnson – Realiz. Sydney Pollack (1977)
Stalker - Realiz. Andrei Tarkovski (1979)
Portas do Paraíso (As) – Heaven’s Gate – Realiz. Michael Cimino (1980)
Império do Sol (O) - Empire of the Sun – Realiz. Steven Spielberg (1987)
Despojos do Dia (Os) - Remains of the Day (The) – Realiz. James Ivory (1993)
Grande Peixe (O) – (Big Fish) – Realiz. Tim Burton (2003)
Leitor (O) - Reader (The) – Realiz. Stephen Daldry (2008)
Revolutionary Road – Realiz. Sam Mendes (2008)
quarta-feira, março 07, 2012
Notícia Provável - Amanhã Não Há Coisas Para Privatizar
2014 Setembro 16, Terça-Feira - Do nosso correspondente especial em Venda das Raparigas, Inácio Carriço
SEGUNDO um relatório do Instituto Europeu de Estatística, com sede em Bruxelas e tutelado pela Facção Ariete da União Europeia, as privatizações já ocupam o primeiro lugar entre as actividades económicas mais rentáveis de Portugal, embora a matéria-prima corra o risco de começar a faltar. Alguns economistas já avançam mesmo com uma ideia a todos os títulos revolucionária: que se nacionalizem os bens, para depois se voltarem novamente a privatizar, e assim sucessivamente, tal como foi feito em moldes experimentais com o antigo banco BPN. Entretanto, e por agora, para ultrapassar a situação (permitindo que os “mercados” recuperem, e mesmo contra a opinião do Presidente que acha que não se deve abrandar) o primeiro-ministro decidiu dar uma folga à actividade, pelo que amanhã haverá tolerância de ponto no Ministério e não haverá coisas para privatizar.
SEGUNDO um relatório do Instituto Europeu de Estatística, com sede em Bruxelas e tutelado pela Facção Ariete da União Europeia, as privatizações já ocupam o primeiro lugar entre as actividades económicas mais rentáveis de Portugal, embora a matéria-prima corra o risco de começar a faltar. Alguns economistas já avançam mesmo com uma ideia a todos os títulos revolucionária: que se nacionalizem os bens, para depois se voltarem novamente a privatizar, e assim sucessivamente, tal como foi feito em moldes experimentais com o antigo banco BPN. Entretanto, e por agora, para ultrapassar a situação (permitindo que os “mercados” recuperem, e mesmo contra a opinião do Presidente que acha que não se deve abrandar) o primeiro-ministro decidiu dar uma folga à actividade, pelo que amanhã haverá tolerância de ponto no Ministério e não haverá coisas para privatizar.
terça-feira, março 06, 2012
Teatro de Robertos
( Diálogo entre o Quim Roberto e o Roberto Anacleto, enquanto davam milho aos pombos no jardim do Seminário dos Olivais, do qual se junta uma visão do Google Maps)
- O jornal PÚBLICO fez ontem 20 anos e comemorou o aniversário com a oferta grátis da edição do dia, com a adopção de um novo grafismo, obteve a colaboração do filósofo José Gil como director por um dia, e garantiu no editorial que “trabalha não para dar voz ao mínimo obrigatório, mas ao máximo de perspectivas”.
- E depois, tens alguma coisa contra isso?
- Não, não tenho, mas acontece que dois dias antes o PÚBLICO esqueceu-se de noticiar que o Partido Comunista Português tinha celebrado os seus 91 anos de existência, não é...
segunda-feira, março 05, 2012
Teatrices
(Tó Zé e Anselmo à conversa na esquina do Beco dos Surradores com o Poço do Borratém)
- Sabias que a Lusoponte, no ano passado, contra o que era habitual, cobrou portagens na Ponte 25 de Abril durante o mês de Agosto, e recebeu à mesma do Estado 4,4 milhões de euros de compensação por quebra de receitas?
- Sabia e não fico admirado!
- Homessa! E não ficas admirado porquê?
- Claro que não! o Estado não é obrigado a saber tudo o que se passa no país no mês de Agosto, o memorando da "troika" não mandou fazer cortes à Lusoponte, e além disso, seja com portagens abertas ou fechadas, aquela compensação de 4,4 milhões de euros já se pode considerar um direito adquirido...
sábado, março 03, 2012
Um Sábado Bilingue com José-Augusto de Carvalho
NOTAS DE VIAGEM - 4
A mão esquerda de Camões é que me guia.
Poeta e vagamundo,
icei-me ao cesto da gávea.
Além de tanto mar, de tanto céu,
tentei enxergar morenas terras de Espanha
areias de Portugal.
Parti na busca ousada de mim.
Abri estradas molhadas de lágrimas
e vestidas de saudade e de escorbuto.
Entrevi, no manso marulhar, apenas a sedução
da sereia desnudada na brancura de noivar
de mantos de espuma e mito.
Perdido de mim na descoberta do mundo,
já não há morenas terras de Espanha
areias de Portugal.
Além de tanto mar, de tanto céu, só esta lenda de mim...
Poema cedido pelo meu estimado amigo José-Augusto de Carvalho. Viana*Évora*Portugal
NOTAS DE VIAJE - 4
La mano izquierda de Camoens es mi guía.
Poeta y vagabundo,
me icé al cesto de la gavia.
Más allá de tanto mar, de tanto cielo,
intenté divisar morenas tierras de España
arenas de Portugal.
Partí en busca osada de mí.
Abrí rutas mojadas de lágrimas
y vestidas de nostalgia y de escorbuto.
Entreví, en el manso oleaje, apenas la seducción
de la sirena desnuda en la blancura del noviazgo
de mantos de espuma y mito.
Perdido de mí en el descubrimiento del mundo,
ya no hay morenas tierras de España
arenas de Portugal.
Más allá de tanto mar, de tanto cielo, sólo esta leyenda de mí...
(Traducción: Antonio Alfeca)
António Alfeca é um poeta andaluz, a quem devo a honra de me ter traduzido. José-Augusto de Carvalho.
Poeta y vagabundo,
me icé al cesto de la gavia.
Más allá de tanto mar, de tanto cielo,
intenté divisar morenas tierras de España
arenas de Portugal.
Partí en busca osada de mí.
Abrí rutas mojadas de lágrimas
y vestidas de nostalgia y de escorbuto.
Entreví, en el manso oleaje, apenas la seducción
de la sirena desnuda en la blancura del noviazgo
de mantos de espuma y mito.
Perdido de mí en el descubrimiento del mundo,
ya no hay morenas tierras de España
arenas de Portugal.
Más allá de tanto mar, de tanto cielo, sólo esta leyenda de mí...
(Traducción: Antonio Alfeca)
António Alfeca é um poeta andaluz, a quem devo a honra de me ter traduzido. José-Augusto de Carvalho.
sexta-feira, março 02, 2012
Ministro na Sala de Pânico
HÁ CERCA de mês e meio o ministro das Finanças Victor Gaspar, fez-nos engolir um anti-depressivo, garantindo que este ano de 2012 ia marcar um ponto de viragem (positivo, entenda-se) na recuperação económico-financeira do país, logo nas nossas espectativas. Passos Coelho foi pelo mesmo caminho. Acertou o passo e assegurou que os nossos sacrifícios estavam a frutificar. As Parcerias Público-Privadas continuam de óptima saúde. Pudera! Somos nós que agora as suportamos, e no futuro, os nossos filhos, os nossos netos e bisnetos. Veio a troika e deu nota positiva ao programa de austeridade (também conhecido por pacto de agressão contra trabalhadores e reformados), muito embora o representante do FMI tenha admitido que a contracção iria ser maior que o incialmente previsto. Como se pode ver, só boas notícias, com um ou outro senão pelo meio.
Entretanto, a recessão, as falências, os ordenados em atraso e o desemprego (este agora a atingir 14,8%, e com Cavaco Silva a dizer-se assustado, imaginem!), vêm borrar a pintura e colocar em causa, sua excelência a toda poderosa consolidação orçamental. Hoje, o jornal "i" vem dizer-nos que Victor Gaspar entrou em pânico (gostava de o ver nesses propósitos) com a quebra abrupta das receitas da Segurança Social e do IRS, com as contribuições deste último a diminuirem 43,9 milhões em Janeiro de 2012 face a Janeiro de 2011. Ora, se há reduções nos salários, se há cortes e são eliminados subsídios de férias e natal, se desaparecem empresas e se há destruição de emprego, é óbvio que isso se irá reflectir nas receitas do Estado, por via dos impostos. Se somarmos a isto que o Governo destapou a Caixa de Pandora com a celebração do acordo de (des)Concertação Social, que a UGT subscreveu, e agora João Proença, secretário-geral daquela central sindical vem queixar-se dos resultados, isto é, que a taxa de desemprego cresceu para 14,8%, confirmando-se a existência de mais de um milhão e duzentos mil desempregados, e tudo apontando para que esta escalada continue imparável, assim sendo, em que ficamos?
Os cenários são tudo menos optimistas e a melhor maneira de alguém cair em descrédito é abusar das palavras ao ponto de elas perderem sentido, as suas afirmações deixarem de ter significado e as suas promessas esvaziarem-se e falirem. O pior é que, passo a passo, mais com os actos concretos do que com o palavreado oco, levam o país ao engano e arrastam-no para caminhos sem regresso.
quinta-feira, março 01, 2012
O Grande Embuste
LÊEM-SE as transcrições das escutas das conversas telefónicas trocadas entre o suposto engenheiro José Sócrates (à época primeiro-ministro) e Luís Arouca (à época reitor da Universidade Independente, fábrica de licenciaturas a martelo), publicadas pelo jornal CORREIO DA MANHÃ (CM), e chega-se a uma rápida conclusão: que grandes vigaristas!
Inexplicávelmente, para além dos materiais que o CM tem divulgado sobre a tentativa de encobrimento da batota, e do trabalho de investigação levado a cabo por António Balbino Caldeira, autor do blog DO PORTUGAL PROFUNDO, mais ninguém fala nem acrescenta nada de nada. Vai descendo uma cortina de silêncio sobre este assunto.
O Mar dos Sargaços...
O ECONOMISTA Paul Krugman, Prémio Nobel da Economia de 2008 veio até Portugal receber o triplo doutoramento “honoris causa”, concedido pelas Universidades de Lisboa, Nova e Técnica. De há longo tempo a esta parte que Krugman sempre se tem preocupado com o desempenho de Portugal, em termos económicos, e agora, pisada terra lusa, mais um vez não se escusou a tecer algumas considerações, a deixar algumas mensagens, a fazer algumas críticas, a sugerir alguns caminhos. Percebe-se que tenha sido cauteloso, não querendo ir muito fundo nem muito longe, para não ferir susceptibilidades, pois o problema de Portugal, sendo de natureza económica e financeira, é também, e fundamentalmente, de cariz político, e aí Paul Krugman, distancia-se, para não invadir território que não lhe pertence. Porém, não se remeteu ao silêncio. Adianta mesmo que a adesão de Portugal ao euro, foi um erro, melhor, uma armadilha, porque as economias débeis, como a nossa, sempre podiam operar compensações e equilíbrios, socorrendo-se de um instrumento estratégico próprio, a “sua” moeda. Quanto às privatizações disse para termos muito cuidado, não avançarmos de ânimo leve, para no futuro não termos que nos arrepender. No limite, preferiu deixar avisos, sugerindo que não se abuse do brutal e perverso tratamento de choque da austeridade, e dos seus “ajustamentos”, que não são compensatórios. Tapa-se de um lado e destapa-se do outro, o que quer dizer que ainda não estamos no estado comatoso da Grécia, mas estando assegurada a perspectiva de mais recessão, mais desemprego e mais miséria, se não forem tomadas medidas e precauções, lá chegaremos. Em resumo: no fundamental, Krugman fez um diagnóstico credível, não passou receitas, mas deixou recados. Deixou transparecer, para bom entendedor, que o pior cego é aquele que não quer ver, que Portugal está metido numa camisa de onze varas, ou pior, atolado no Mar dos Sargaços, e que quem vai pagar as facturas e ser trucidado pela espiral de assaltos concertados, são aqueles que nós sabemos, isto é, os do costume.
terça-feira, fevereiro 28, 2012
Perguntas Incómodas
«(...) Tiberius Julius Caesar Augustus, imperador romano entre os anos 14 e 37, resumiu a sua teoria das finanças públicas numa frase: “o dever de um bom pastor é tosquiar as suas ovelhas sem as esfolar”. Conhecia este ditado Dr. Vítor Gaspar?»
Último parágrafo do post de José M.Castro Caldas, intitulado "Parar enquanto é tempo", publicado no blog LADRÕES DE BICICLETAS em 27 de Fevereiro de 2012.
segunda-feira, fevereiro 27, 2012
Passos Seguros
O QUE hoje governa a Grécia não é um governo democráticamente eleito; é uma "comissão administrativa", nomeada e coordenada por Angela Merkel, que executa as ordens de uma “troika” constituída por representantes da União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional, e destinada a pôr o povo grego de joelhos e na penúria, ao mesmo tempo que lhe vão apontando, com manifesto desprezo e arrogância, o caminho de saída do euro. E como muita gente já se apercebeu, Portugal vai pelo mesmo caminho, no meio das patacoadas do Governo, com a ajuda da “abstenção violenta” do PS, e dando "passos seguros" rumo ao desastre anunciado.
domingo, fevereiro 26, 2012
Registo para Memória Futura (61)
Duarte Marques, líder da Juventude Social Democrata, em entrevista ao jornal PÚBLICO de 23 de Fevereiro de 2012, afirmou que o combate ao desemprego é uma “questão de fé”.
sábado, fevereiro 25, 2012
Mais Dois Assaltos em Perspectiva
Primeiro caso:
Segundo caso:
Em 3 de Fevereiro dissemos que o Orçamento de Estado de 2012 previa a entrega de mais uma bagatela de 600 milhões de euros ao BPN (contribuição do povo), que se somará aos 3,5 mil milhões já lá enterrados, a fim de continuar a recapitalização daquele buraco insaciável. Avança agora o jornal PÚBLICO com a notícia de que o Governo avalizou (ou vai avalizar) novo empréstimo de 300 milhões de euros ao BPN (de uma prometida tranche de 700 milhões), suportado pela CGD (isto é, pela banca paga pelo povo), a fim de satisfazer as exigências de tesouraria e cumprir o estipulado, aquando da venda do “monstro” ao angolano BIC, dos amigos Mira Amaral e Isabel dos Santos (filha do presidente angolano Eduardo dos Santos), pela "simbólica" quantia de 40 milhões de euros, negócio que continua protegido (vá-se lá saber porquê) por um acordo de confidencialidade.
Os portugueses, se não quiserem retaliar, só têm que voltar a entregar a carteira aos ladrões, levantarem os braços bem alto e esperarem pelo próximo assalto. Depois não se queixem…
In Semanário EXPRESSO de 25 de Fevereiro de 2012
SUA EXCELÊNCIA o défice, coitado, está pelas ruas da amargura! Mal o governo embandeira em arco com o resultado dos assaltos que vai fazendo ao bolso dos contribuintes (aos pobres já não pode tirar mais nada, excepto a vida), para aconchegar o maltratado défice, logo aparece na ribalta deste teatrinho lusitano, mais uma consequência desses assaltos. As grandes sumidades em economia e finanças que nos governam, ainda não aprenderam que quando se corta em salários, subsídios de férias e natal, isso se reflecte nos impostos a colectar, receitas com que o orçamento contava. Depois, os estúpidos reincidem! Para tapar o buraco, inventam mais umas sobretaxas sobre os subsídios de férias e Natal, esquecendo-se que isso implicará retração no consumo, logo quebra acentuada no IVA, e assim sucessivamente , até ao desastre final.
Segundo caso:
Em 3 de Fevereiro dissemos que o Orçamento de Estado de 2012 previa a entrega de mais uma bagatela de 600 milhões de euros ao BPN (contribuição do povo), que se somará aos 3,5 mil milhões já lá enterrados, a fim de continuar a recapitalização daquele buraco insaciável. Avança agora o jornal PÚBLICO com a notícia de que o Governo avalizou (ou vai avalizar) novo empréstimo de 300 milhões de euros ao BPN (de uma prometida tranche de 700 milhões), suportado pela CGD (isto é, pela banca paga pelo povo), a fim de satisfazer as exigências de tesouraria e cumprir o estipulado, aquando da venda do “monstro” ao angolano BIC, dos amigos Mira Amaral e Isabel dos Santos (filha do presidente angolano Eduardo dos Santos), pela "simbólica" quantia de 40 milhões de euros, negócio que continua protegido (vá-se lá saber porquê) por um acordo de confidencialidade.
Os portugueses, se não quiserem retaliar, só têm que voltar a entregar a carteira aos ladrões, levantarem os braços bem alto e esperarem pelo próximo assalto. Depois não se queixem…
Inexplicável e Incompreensível
É TÃO incompreensível a falta de explicações do Presidente da República para justificar o cancelamento da sua visita à Escola António Arroio, como inexplicável é a falta de argumentos do Partido Comunista Português para ter votado contra o projecto de lei do Bloco de Esquerda sobre a adopção por casais do mesmo sexo.
quinta-feira, fevereiro 23, 2012
EuroMistério
«O encontro do Eurogrupo, que arrancou cerca das 16:00 em Bruxelas, menos uma hora em Lisboa, não contou com a presença do operador de imagem da estação de Queluz de Baixo [TVI], suspenso preventivamente pelo serviço de imprensa do Conselho Europeu.
"Estamos de consciência tranquila. Fizemos o nosso trabalho e esperamos que o facto da câmara da TVI não estar na sala ajude o Conselho Europeu a fazer o seu trabalho para combater a recessão económica e o desemprego de 24 milhões de europeus", comentou à agência Lusa Pedro Moreira, correspondente da TVI em Bruxelas.»
Notícia da VISÃO on-line em 20 de Fevereiro de 2012
Democracia, transparência, equidade e outros atributos com que a União Europeia fazia gala em se adornar, estão a ser submergidos por aquilo que se chama política utilitária, ou seja lá o que for. Falta apurar se aquele diálogo travado entre Gaspar e Schäuble não se irá confirmar, acabando o incómodo spot de vídeo por tornar-se numa peça que fez questão de contrariar o espírito “situacionista” a que o jornalismo, infelizmente, se tem vindo a acomodar.
Pagar as Favas
TOMANDO como exemplo o que aconteceu (ou vai acontecer) ao operador de câmara que registou a conversa entre Victor Gaspar e Wolfgang Schäuble, momentos antes do Conselho de Ministros da União Europeia, nem quero imaginar o que irá acontecer ao operador de câmara que teve o “atrevimento” de filmar o marido da presidente da Finlândia, a cometer o venial pecado de "deitar os faróis" para o decote da princesa Maria da Dinamarca, pois nestas alturas há sempre o hábito de voltar a ser o mensageiro (neste caso o operador de câmara, e não o editor da notícia) quem paga as favas.
quarta-feira, fevereiro 22, 2012
Esta Quarta-Feira com Rui Peres Jorge
Transcrição integral do artigo intitulado "A (ir)relevância da eliminação dos feriados" da autoria do jornalista Rui Peres Jorge e publicado no JORNAL DE NEGÓCIOS de 20 Fevereiro 2012.
A (ir)relevância da eliminação dos feriados
«A decisão do Governo de eliminar quatro feriados nacionais em nome da recuperação só não é simplesmente disparatada porque é grave na mensagem política que encerra e nas consequências económicas que poderá ter.
Álvaro Santos Pereira, o ministro que mais tarde ou mais cedo regressará ao Canadá, país onde se trabalham menos horas que em Portugal, reagiu às críticas ripostando que "quando se tenta fazer reformas profundas, alterar comportamentos, é natural que haja reacções". Os argumentos, cristalinos, vieram depois: "quando não há paragem de produção, cria-se mais riqueza e teremos uma economia mais forte. Só isso". Simples, se fosse verdade.
Segundo os últimos dados disponíveis, referentes a 2010, cada trabalhador português gastou 1.714 horas no emprego, um dos valores mais elevados da Europa e na média da OCDE. Vale no entanto a pena olhar para o ranking dos países. Durante a última década, por exemplo, a pujante Grécia manteve-se no "top-5", superando sempre as duas mil horas de trabalho por ano. Já as débeis Holanda, Alemanha e Noruega foram por regra os países onde os cidadãos trabalham menos horas, nunca ultrapassando as 1.500 horas.
Perante estes dados, se fossemos aplicar a leitura simplista do ministro, seríamos forçados a concluir que é até a trabalhar menos que se fortalece uma economia. Mas o mais notável nesta medida não é a sua óbvia irrelevância para o crescimento. É antes a relevância e a gravidade dos sinais políticos e económicos que carrega.
Em plena crise de emprego e procura, o Governo insiste no erro de aumentar o número de horas de trabalho, ao arrepio das boas práticas internacionais (talvez a Alemanha, que fez exactamente o contrário, possa também ser consultada na frente laboral).
Todos os indicadores disponíveis mostram que a capacidade utilizada na economia está em mínimos históricos, o que significa que simplesmente não há procura e muitas empresas estão a meio gás. É por isso que um aumento do número de horas não levará a um aumento da produção. Conduzirá sim a despedimentos da mão-de-obra que ficará em excesso, isto num momento em que mais de um milhão de portugueses já não tem trabalho - e em que as contas públicas bem dispensam mais encargos com apoios sociais.
Trabalhar mais não é só errado como prescrição. É também uma medida enganadora quanto ao diagnóstico. Ao colocar a tónica na extensão (gratuita) das horas trabalhadas, o Governo secundariza os ganhos da produtividade como a variável chave para uma recuperação. E opta por proteger os empregadores em vez de os pressionar - como tão bem faz aos trabalhadores -, arremessando para a obscuridade a urgência das empresas gerirem melhor o tempo e os recursos.
É por tudo isto que os senhores da troika vão naturalmente ignorar a eliminação dos feriados, como aliás fizeram com a proposta de meia hora de trabalho adicional por dia que o Executivo, ingénuo, lhes tentou "vender" como moeda de troca da desvalorização fiscal. A troika deveria contudo ir mais longe, criticando a opção: é que não é tempo para brincar às reformas.»
A (ir)relevância da eliminação dos feriados
«A decisão do Governo de eliminar quatro feriados nacionais em nome da recuperação só não é simplesmente disparatada porque é grave na mensagem política que encerra e nas consequências económicas que poderá ter.
Álvaro Santos Pereira, o ministro que mais tarde ou mais cedo regressará ao Canadá, país onde se trabalham menos horas que em Portugal, reagiu às críticas ripostando que "quando se tenta fazer reformas profundas, alterar comportamentos, é natural que haja reacções". Os argumentos, cristalinos, vieram depois: "quando não há paragem de produção, cria-se mais riqueza e teremos uma economia mais forte. Só isso". Simples, se fosse verdade.
Segundo os últimos dados disponíveis, referentes a 2010, cada trabalhador português gastou 1.714 horas no emprego, um dos valores mais elevados da Europa e na média da OCDE. Vale no entanto a pena olhar para o ranking dos países. Durante a última década, por exemplo, a pujante Grécia manteve-se no "top-5", superando sempre as duas mil horas de trabalho por ano. Já as débeis Holanda, Alemanha e Noruega foram por regra os países onde os cidadãos trabalham menos horas, nunca ultrapassando as 1.500 horas.
Perante estes dados, se fossemos aplicar a leitura simplista do ministro, seríamos forçados a concluir que é até a trabalhar menos que se fortalece uma economia. Mas o mais notável nesta medida não é a sua óbvia irrelevância para o crescimento. É antes a relevância e a gravidade dos sinais políticos e económicos que carrega.
Em plena crise de emprego e procura, o Governo insiste no erro de aumentar o número de horas de trabalho, ao arrepio das boas práticas internacionais (talvez a Alemanha, que fez exactamente o contrário, possa também ser consultada na frente laboral).
Todos os indicadores disponíveis mostram que a capacidade utilizada na economia está em mínimos históricos, o que significa que simplesmente não há procura e muitas empresas estão a meio gás. É por isso que um aumento do número de horas não levará a um aumento da produção. Conduzirá sim a despedimentos da mão-de-obra que ficará em excesso, isto num momento em que mais de um milhão de portugueses já não tem trabalho - e em que as contas públicas bem dispensam mais encargos com apoios sociais.
Trabalhar mais não é só errado como prescrição. É também uma medida enganadora quanto ao diagnóstico. Ao colocar a tónica na extensão (gratuita) das horas trabalhadas, o Governo secundariza os ganhos da produtividade como a variável chave para uma recuperação. E opta por proteger os empregadores em vez de os pressionar - como tão bem faz aos trabalhadores -, arremessando para a obscuridade a urgência das empresas gerirem melhor o tempo e os recursos.
É por tudo isto que os senhores da troika vão naturalmente ignorar a eliminação dos feriados, como aliás fizeram com a proposta de meia hora de trabalho adicional por dia que o Executivo, ingénuo, lhes tentou "vender" como moeda de troca da desvalorização fiscal. A troika deveria contudo ir mais longe, criticando a opção: é que não é tempo para brincar às reformas.»
segunda-feira, fevereiro 20, 2012
O Nosso Agente Infiltrado
SE TEMOS homens com responsabilidades nos serviços de informações portugueses, que se envolvem na passagem de informações a empresas, e que finda a sua comissão de serviço, são depois contratados por essas mesmas empresas, há razões para começar a pensar que os serviços secretos têm outras e nebulosas competências, para além de garantir a segurança do Estado de Direito constitucionalmente estabelecido.
Se também há procuradores que investigam actividades bancárias suspeitas, e que depois pedem uma licença sem vencimento, mudando-se para outra empresa da área financeira, levando consigo toda a experiência e conhecimentos adquiridos, deixa-se de duvidar, para se passar a ter a certeza, de que a lealdade e isenção não são o forte do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP).
Se isto é possível, isto é, haver alguém detentor de informação previligiada, porventura sigilosa, que se passeia entre os territórios de quem espia e é espiado, de quem investiga e é investigado, comportando-se como um autêntico agente infiltrado, sem que ninguém confira a existência de eventuais conflitos de interesses, que garantias e defesas restam ao Estado, para que possa ser considerado um autêntico Estado de Direito?
Se também há procuradores que investigam actividades bancárias suspeitas, e que depois pedem uma licença sem vencimento, mudando-se para outra empresa da área financeira, levando consigo toda a experiência e conhecimentos adquiridos, deixa-se de duvidar, para se passar a ter a certeza, de que a lealdade e isenção não são o forte do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP).
Se isto é possível, isto é, haver alguém detentor de informação previligiada, porventura sigilosa, que se passeia entre os territórios de quem espia e é espiado, de quem investiga e é investigado, comportando-se como um autêntico agente infiltrado, sem que ninguém confira a existência de eventuais conflitos de interesses, que garantias e defesas restam ao Estado, para que possa ser considerado um autêntico Estado de Direito?
sábado, fevereiro 18, 2012
Mau Sinal
SE o Presidente da República foge ao contacto com os cidadãos, ao menor sinal de que vai enfrentar uma manifestação de desagrado, é quase garantido que também nas funções que acumula como Comandante Chefe das Forças Armadas, vai atirar a toalha ao chão, se confrontado com algum hipotético conflito, antes mesmo que seja disparado um tiro. O director da Escola António Arroio, confrontado com a abortagem da visita do Presidente, a poucos metros das instalações, onde os alunos esperavam Cavaco, com as suas reclamações e exigências, diz que "a maior parte dos alunos não se revê neste grupo minúsculo" de manifestantes, e entende que "os protestos são normais nestas idades e neste contexto". A ser assim, não se percebe como uma mera e inofensiva manifestação de folclore juvenil, consegue provocar a deserção de Cavaco Silva.
É por estas e outras que os portugueses cada vez se revêm menos na pessoa deste Presidente da República (e ex-primeiro ministro de triste memória), e também Comandante Chefe das Forças Armadas, salvo seja, que faz meia-volta volver, de rabo entre as pernas, ao menor sinal de uns salpicos de multidão, que não estão dispostos a fazer genuflexões, nem ofertas e provas de bolo-rei.
É por estas e outras que os portugueses cada vez se revêm menos na pessoa deste Presidente da República (e ex-primeiro ministro de triste memória), e também Comandante Chefe das Forças Armadas, salvo seja, que faz meia-volta volver, de rabo entre as pernas, ao menor sinal de uns salpicos de multidão, que não estão dispostos a fazer genuflexões, nem ofertas e provas de bolo-rei.
quinta-feira, fevereiro 16, 2012
Portugueses Para o Exílio, Já!
O DEPUTADO João Almeida do CDS, está exuberante com o seu protagonismo. Usa as instalações da Assembleia da República para destilar o seu ódio e malhar nos funcionários públicos, esses madraços, tecendo algumas considerações a propósito da mobilidade obrigatória a que os funcionários públicos vão ser sujeitos, e da contestação que a medida está a originar. Seguindo o exemplo de outros, como é o caso de Miguel Mestre, Paulo Rangel e Pedro Passos Coelho, que convidaram os jovens e desempregados a seguirem os caminhos da emigração, e de José Pedro Aguiar-Branco a sugerir que quem não se sente bem nas Forças Armadas devia escolher outra profissão, este gaiato desbocado do CDS, dizia eu, aconselha que os funcionários públicos que não se sentem bem com a mobilidade imposta, devem mudar-se para outro emprego.
Não contentes com as acusações de pieguice, mais as outras violências e maus tratos do costume, com a desculpa dos sacrifícios para salvar Portugal, custe o que custar, ainda vêm as repetidas ameaças com o exílio, dentro e fora de portas. De facto, este Governo PSD/CDS-PP não gosta dos portugueses, e tudo faz para nos ver pelas costas. Embora saibamos que a batalha vai ser dura, é bom que não lhes façamos a vontade.
terça-feira, fevereiro 14, 2012
Registo para Memória Futura (60)
O NOSSO (des)Governo, atendendo ao complicado momento de crise e austeridade que o país vive, e sempre tão prazenteiro no aconselhamento dos portugueses, para que deixem de ser piegas, façam sacrifícios, apertem o cinto e adquiram hábitos de poupança, pois gastam acima das nossas possibilidades, decidiu dar o exemplo e implementar uma patriótica medida. Esta consiste, nada mais, nada menos, que na impressão de 100 exemplares do seu Programa de Governo, em versão super luxuosa, cujo custo final foi a módica quantia de 12.000 euros, ficando cada exemplar por 120 euros, que trocados pela moeda antiga corresponde a 24 contos.
Embora saibamos que todos os governantes têm as suas caganças e pancadas (José Sócrates tinha a mania dos fatinhos por medida), pelas minhas contas, ainda pensei que meia dúzida de exemplares iriam ficar à guarda da respeitável Torre do Tombo, para satisfazerem a curiosidade dos futuros historiadores, mas parece que não. O gabinete do ministro Miguel Relvas informou que os exemplares se destinam ao uso exclusivo do Governo, ficando por explicar qual a dependência dos ministérios em que a dita obra ficará, provávelmente, para consulta das visitas, à boa maneira dos velhos códices medievais, ricamente iluminados, o ai jesus dos mosteiros. Quanto ao sítio onde depositar o cardápio, se eles quiserem eu posso avançar com uma sugestão, e não levo nada por isso...
Do Aleixo, Estas Quadras Que Vos Deixo
Acho uma moral ruim
trazer o vulgo enganado:
mandarem fazer assim
e eles fazerem assado.
Sou um dos membros malditos
dessa falsa sociedade
que, baseada nos mitos,
pode roubar à vontade.
Esses por quem não te interessas
produzem quanto consomes:
vivem das tuas promessas
ganhando o pão que tu comes.
Não me dêem mais desgostos
porque sei raciocinar...
Só os burros estão dispostos
a sofrer sem protestar!
Esta mascarada enorme
com que o mundo nos aldraba,
dura enquanto o povo dorme,
quando ele acordar, acaba.
António Aleixo (1899-1949) Poeta popular português
trazer o vulgo enganado:
mandarem fazer assim
e eles fazerem assado.
Sou um dos membros malditos
dessa falsa sociedade
que, baseada nos mitos,
pode roubar à vontade.
Esses por quem não te interessas
produzem quanto consomes:
vivem das tuas promessas
ganhando o pão que tu comes.
Não me dêem mais desgostos
porque sei raciocinar...
Só os burros estão dispostos
a sofrer sem protestar!
Esta mascarada enorme
com que o mundo nos aldraba,
dura enquanto o povo dorme,
quando ele acordar, acaba.
António Aleixo (1899-1949) Poeta popular português
segunda-feira, fevereiro 13, 2012
Sabujice
O JORNALISMO lambotista, servil e manipulador do JORNAL DE NOTÍCIAS, publicou no passado Sábado, na sua versão on-line, um vídeo com uma vista aérea do Terreiro do Paço, aliás do Povo, obtido umas horas antes do início da manifestação, com uma legenda que dizia mais ou menos isto: A CGTP conseguiu encher meia casa...
sexta-feira, fevereiro 10, 2012
Como se Mete Uma Cunha
- Como sabe, nós fizemos progressos, temos sido submissos e cumpridores, até nos excedemos nas medidas, e que tal pensarem em mais qualquer coisinha?
- Ora bem, o dinheiro está caro, há o caso da Grécia, bem, depois logo veremos, veremos...
- Ah, obrigadinho, obrigadinho!
Tradução livre do diálogo travado entre o ministro das Finanças português Victor “cunha” Gaspar e Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças da Alemanha, durante o Conselho de Ministros da União Europeia.
quinta-feira, fevereiro 09, 2012
Isto Cheira-me a Golpe do James Bond…
SE como concluiu a Presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves (1), o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho não é obrigado a ir ao Parlamento responder a perguntas dos deputados sobre o que se passa nos serviços secretos portugueses, entidade por si tutelada, é porque das três, uma: ou o primeiro-ministro não existe como tal (há quem diga que o verdadeiro primeiro-ministro é o senhor Ricardo Salgado do BES), ou os serviços secretos portugueses não prestam contas nem recebem ordens de ninguém, ou então, ironia das ironias, pura e simplesmente não existem, e andamos todos (mais uma vez) a ser enganados.
(1) Na sequência do pedido potestativo do PCP para ouvir o primeiro-ministro sobre as secretas
quarta-feira, fevereiro 08, 2012
Sabem o que é "oposição construtiva"?
SABEM o que é uma "oposição construtiva"? Se não sabem, António José Seguro explica o que é. Diz que discorda de muitas das medidas da troika que o "outro PS" (o de José Sócrates) assinou, e das malfeitorias que o Governo tem vindo a implementar por conta própria, mas temos que ter paciência. Acrescenta que os compromissos inicialmente assumidos com a assinatura do memorando da troika, já foram largamente ultrapassados, mas como são compromissos, têm que ser respeitados e cumpridos, caso contrário a nossa credibilidade e honradez ficam postas em causa. Só falta fazer coro com Pedro Passos Coelho, dizendo que os sacrifícios são para levar para a frente, custe o que custar. Para mitigar vai dizendo que está a fazer uma coisa a que chama "oposição construtiva, responsável e honesta", isto é, vai contestando aqui e ali, não levanta a voz, faz queixinhas e vai-se lamentando aos jornalistas nos Passos Perdidos, aparentemente confortável, sempre a enrolar os problemas, e não passa daí. Parece que quer ganhar tempo, dar “passos seguros”, mas não se sabe muito bem para quê. Será que o caso dramático da Grécia, à beira do desastre final, não funciona como advertência, não o incomoda, nem desperta o socialista que era suposto haver em si? Ora, no ponto em que estamos, a questão já não é honrar compromissos, mas ser, sim ou não, uma muleta do Governo que, no fim de contas, até não precisa dela, a não ser para continuar a avalizar as políticas de confisco e depauperamento que estão a ser levadas a cabo.
terça-feira, fevereiro 07, 2012
Barbaridades Ortográficas
NO DOMINGO passado, durante a transmissão televisiva, pela SIC, do jogo de futebol Benfica-Marítimo, a dada altura, em rodapé informativo, surgiu a seguinte barbaridade novi-ortográfica: 19.594 espetadores. Estamos a falar de quê?
domingo, fevereiro 05, 2012
(Des)acordo Ortográfico
VASCO Graça Moura pode ter defeitos, a par de outras tantas virtudes, ser apontado como tendo ajudado a engrossar a lista dos "boys" do PSD, mas há uma coisa de que não pode ser acusado: incoerência. Chegou à presidência do Centro Cultural de Belém e contrariando as instruções dadas a todas as instituições tuteladas pelo Governo, em Setembro de 2011, ordenou aos serviços do CCB para não aplicarem o novo Acordo Ortográfico, de que ele é um dos mais acérrimos opositores, embora a razão invocada seja o facto de Angola e Moçambique ainda não o terem ratificado. A atitude da Graça Moura, não só destoa do habitual lambotismo e seguidismo da rapaziada que pulula por aí, como é bemvinda para a saúde linguística, que precisa de bons contributos, e não ser desvalorizada com aberrações. Assim as resistências e discordâncias fossem extensivas a outras áreas da (des)governação.
sexta-feira, fevereiro 03, 2012
Saldos, Promoções e Vendas ao Desbarato
DEPOIS de 21,35% da EDP terem sido entregues à chinesa Three Gorges, foi a vez de 25% da Rede Eléctrica Nacional (REN) passar para a mãos dos chineses da China State Grid, e mais 15% para os árabes da Omã Oil. Vamos ver quais as novidades que nos trazem as próximas facturas de energia, com um toque MADE IN PRC, porque para já, e feitas as contas, não sobra nada para acender a ansiada e prometida luz ao fundo do túnel.
O Orçamento de Estado de 2012 prevê a entrega de mais uma bagatela de 600 milhões de euros ao BPN, que se somará aos 3,5 mil milhões já lá enterrados, a fim de continuar a recapitalização deste poço sem fundo. Recorde-se que o BPN foi vendido ao angolano BIC de Mira Amaral e de Isabel dos Santos, pela módica quantia de 40 milhões de euros, um verdadeiro preço para amigos. O saldo da operação é calamitosamente negativo, e quem pagou e vai continuar a pagar tudo isto, continua a ser o respeitável contribuinte português.
Assim vai o andamento das privatizações em Portugal, que como se vê, são autênticos negócios da China, sobretudo quando o que está em causa são activos estratégicos, de que normalmente ninguém abre a mão. Entre saldos, promoções e vendas ao desbarato, o ambiente é mais de liquidação total do que de tentativa de recuperação económica. No entanto, os tratantes que têm por hábito governar Portugal, orgulham-se de serem muito atrevidos e inovadores neste tipo de transações. Faz-me lembrar a história daquele barco que já meio naufragado, por excesso de carga nos porões, a única coisa de que o comandante se lembrou para o aliviar do peso, foi mandar atirar os salva-vidas pela borda fora.
quinta-feira, fevereiro 02, 2012
Quem Não Está Bem, Mude-se!
DEPOIS do secretário de Estado da Juventude e Desportos, Miguel Mestre, do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e do eurodeputado Paulo Rangel terem sugerido que os jovens deviam escolher o caminho da emigração, caso tivessem dificuldade em encontrar trabalho em Portugal, chegou a vez do ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, de acusar os membros das associações profissionais das forças armadas de andarem a fazer política, num meio onde a política não tem lugar. E disse ainda mais: “Ninguém é obrigado a ficar (...) se não sentem vocação, estão no sítio errado. Se não sentem, antes de protestar precisam de mudar de carreira. Sem drama, sem ressentimento. Deixem o que é militar aos militares, o que é das associações às associações, o que é da política à política". Um dia destes, eu que já estou reformado, ainda ouvirei algum ministro dizer que este país não é para velhos, que acabou o dinheiro para reformas, e quem não está bem, mude-se. Isto leva-me a concluir que os nossos governantes não gostam de nós, acham-nos uns empecilhos, uns ingratos, em resumo, uma grande maçada. Por este andar e com este ritmo, qualquer dia, e caso os portugueses não encontrem soluções para contornar estes comoventes apelos, o país ainda acaba por ficar às moscas.
Voltemos ao ministro Aguiar-Branco. Ter ou não ter vocação para ser membro das forças armadas, estar ou não estar na profissão certa, e aconselhar à desmobilização, já é um passo mais à frente, bastante mais ousado, do que a situação de falta de emprego a que se referiram os três cavalheiros inicialmente citados. Na minha opinião, o ministro Aguiar-Branco foi bastante mais longe. Quer higienizar - segundo o seu modelo e à sua maneira - as Forças Armadas, e para isso não faz nada por menos: convida os militares insatisfeitos a demitirem-se, fazendo a agulha para outra carreira, como se isso fosse uma decisão banalíssima, sobretudo quando se escolheu a carreira das armas. Eu se fosse militar de carreira, acharia cómica esta ministerial arrogância. Ora o ministro, além de pouco sensível, quer-me parecer que foi parar ao ministério errado. Na tropa também se faz direita volver, mas o sentido não é exactamente o que o ministro pensa. E quando se manda destroçar, isso não significa ir à vida, assim, sem mais nem menos, e de bico calado. Era bom que os militares lhe dessem umas explicações sobre esta matéria.
quarta-feira, fevereiro 01, 2012
segunda-feira, janeiro 30, 2012
Europa Sob Sequestro
«Governo alemão confirma: Berlim quer ocupar Atenas e talvez Lisboa
O número dois do governo alemão defendeu ontem que se os gregos não cumprirem os objectivos, então terá de ser imposta de fora uma liderança, a partir da União Europeia. Na véspera da cimeira europeia, Philipp Roesler tornou-se no primeiro membro do governo alemão a assumir a paternidade da ideia segundo a qual a troco de um segundo programa da troika, um comissário europeu do orçamento seria investido de funções governativas em Atenas, retirando ao governo legítimo funções essenciais.
(...)
O governo grego ficou em estado de choque com a ameaça da próxima ocupação. O ministro grego das Finanças pediu à Alemanha para não acordar fantasmas antigos – a Grécia esteve ocupada pelas tropas nazis durante a II Guerra. “Quem põe um povo perante o dilema de escolher entre assistência económica e dignidade nacional está a ignorar algumas lições básicas da História”, disse Venizelos, lembrando “que a integração europeia se baseia na paridade institucional dos estados-membros e no respeito da sua identidade nacional e dignidade”. “Este princípio fundamental aplica--se integralmente aos países que passam por períodos de crise e têm necessidade de assistência dos seus parceiros para o benefício de toda a Europa e zona euro em particular”.
(...)
Segundo a Reuters, esta tentativa alemã de governar Atenas pode ser estendida a outros países, como Portugal. Uma fonte do governo alemão disse à agência que esta proposta não se destina apenas à Grécia, mas a outros países da zona euro em dificuldades que recebem ajuda financeira e não são capazes de atingir os objectivos que acordaram.
(...)»
Excertos da notícia publicada no jornal "i" de 30 de Janeiro de 2012, da jornalista Ana Sá Lopes. O título do post é de minha autoria.
Meu comentário: Esta notícia vem na sequência dos dois posts anteriores, A NOITE PASSADA... e NEM DE PROPÓSITO! E confirma que estamos sob a ameaça de um “Anschluss” de novo tipo, reeditando a anexação político-militar da Áustria por parte da Alemanha Nazi em 1938, operação que foi levada a cabo com o assentimento e silêncio comprometedor da maioria dos países europeus. O desenvolvimento da História sabemos qual foi, porém, há muita gente que parece tê-lo esquecido.
sábado, janeiro 28, 2012
Nem de propósito!
Nem de propósito! A encaixar-se no espírito do meu post de 26 de Janeiro, com o título A NOITE PASSADA…, passo a transcrever o post de 27 de Janeiro, de José M. Castro Caldas, no blog LADRÕES DE BICICLETAS, e que diz o seguinte:
«Digam-me que não é verdade por favor
O Financial Times de hoje diz ter tido acesso a um documento do governo alemão distribuído a ministros das finanças da eurozona em que se propõe, ou exige, que a Grécia ceda a soberania sobre questões orçamentais a um “comissário orçamental” nomeado pelos ministros das finanças da UE. Sem isto não haveria novo empréstimo da troika nem renegociação da dívida.
Pior ainda: Atenas seria forçada a adoptar uma lei obrigando o estado Grego, para todo o sempre, a dar prioridade ao serviço da dívida relativamente a todas as outras obrigações e necessidades.
Citação literal do dito documento: “Dado o cumprimento decepcionante até agora, a Grécia tem de aceitar deslocar a soberania orçamental para o nível europeu durante algum tempo”.
Digam-me que não é verdade. Que a Europa ainda não chegou a este ponto. Porque se chegou, é o fim da linha.»
«Digam-me que não é verdade por favor
O Financial Times de hoje diz ter tido acesso a um documento do governo alemão distribuído a ministros das finanças da eurozona em que se propõe, ou exige, que a Grécia ceda a soberania sobre questões orçamentais a um “comissário orçamental” nomeado pelos ministros das finanças da UE. Sem isto não haveria novo empréstimo da troika nem renegociação da dívida.
Pior ainda: Atenas seria forçada a adoptar uma lei obrigando o estado Grego, para todo o sempre, a dar prioridade ao serviço da dívida relativamente a todas as outras obrigações e necessidades.
Citação literal do dito documento: “Dado o cumprimento decepcionante até agora, a Grécia tem de aceitar deslocar a soberania orçamental para o nível europeu durante algum tempo”.
Digam-me que não é verdade. Que a Europa ainda não chegou a este ponto. Porque se chegou, é o fim da linha.»
quinta-feira, janeiro 26, 2012
A Noite Passada…
A NOITE passada, assediado pela espertina, tive sonhos acordados. Começei a desbobinar memórias e leituras antigas, a recombinar factos, a tecer hipóteses, a congeminar conspirações, e como não consigo estar deitado de olhos abertos a esquadrinhar no escuro, confrontado com tanta inspiração, levantei-me e sentei-me ao teclado a escrevinhar. E concluí que 73 anos depois de Adolf Hitler ter decidido fazer avançar as suas divisões, para conquistar a Europa, disposto a colocá-la sob o jugo do III Reich, coisa que não conseguiu concretizar, por ser um campónio alucinado, convencido que ao jogar em todos os tabuleiros, a sorte e os deuses se vergariam à sua vontade, a história se estava a repetir, embora sob outras formas.
A Alemanha de Angela Merkel, voz tonitruante de uma Europa que ( diz ela) quer ser potência no concerto mundial, faz nova investida, e não precisa de recorrer aos métodos antigos, grande derramador de sangue, consumidor de recursos e de êxito não comprovado. Desta vez, 73 anos depois da investida do tio Adolfo, sem precisar da orientação doutrinária do "Mein Kampf", sem o blitzkrieg das divisões Panzer, sem esquadrões de SS, sem Gestapo, sem campos de concentração, sem câmaras de gás, tudo muito mais democrático, semeado de beijinhos e de cimeiras, para manter os espíritos calmos e serenos, uma mulher de perfil ariano, dá ordens, põe e dispõe, faz ultimatos, apostada em tomar conta, de vez, desta ingénua e fugidia Europa.
Passo a passo, sob a batuta de Angela e Sarkozy, o seu “compagnon de route” de circunstância, todos os países da Europa cairão no logro, esmifrando os défices, austeritando-se, empobrecendo-se, até se tornarem simples protectorados, governados por tantas troikas quantas as necessárias, telecomandadas pela inflexível Angela, expandindo-se como hera asfixiante, tudo abafando, tudo mirrando à sua volta, até que volte a despontar aquela insepulta ideia do Reich dos Mil Anos.
As noites de insónia produzem disto: recordações, alucinações e sei lá mais o quê. Mais umas quantas ideias loucas, sem eira nem beira, que me deixam a pensar que sou, entre atrevido e insone, um fazedor de histórias improváveis.
Entretanto, com o despontar da manhã, e já depois de ter garatujado este delírio, leio nas notícias que Christine Lagarde, a presidente em exercício do FMI, discursando perante o Conselho Alemão de Relações Externas, em Berlim, declarou que era necessário os políticos fazerem o que tem que ser feito, para evitarem na zona euro, uma situação semelhante àquela que se verificou nos anos 30 do século passado, isto é, decidirem se querem apenas salvar um país ou uma região, ou se querem salvar o mundo. O que é que ela quererá dizer com isto?
A Alemanha de Angela Merkel, voz tonitruante de uma Europa que ( diz ela) quer ser potência no concerto mundial, faz nova investida, e não precisa de recorrer aos métodos antigos, grande derramador de sangue, consumidor de recursos e de êxito não comprovado. Desta vez, 73 anos depois da investida do tio Adolfo, sem precisar da orientação doutrinária do "Mein Kampf", sem o blitzkrieg das divisões Panzer, sem esquadrões de SS, sem Gestapo, sem campos de concentração, sem câmaras de gás, tudo muito mais democrático, semeado de beijinhos e de cimeiras, para manter os espíritos calmos e serenos, uma mulher de perfil ariano, dá ordens, põe e dispõe, faz ultimatos, apostada em tomar conta, de vez, desta ingénua e fugidia Europa.
Passo a passo, sob a batuta de Angela e Sarkozy, o seu “compagnon de route” de circunstância, todos os países da Europa cairão no logro, esmifrando os défices, austeritando-se, empobrecendo-se, até se tornarem simples protectorados, governados por tantas troikas quantas as necessárias, telecomandadas pela inflexível Angela, expandindo-se como hera asfixiante, tudo abafando, tudo mirrando à sua volta, até que volte a despontar aquela insepulta ideia do Reich dos Mil Anos.
As noites de insónia produzem disto: recordações, alucinações e sei lá mais o quê. Mais umas quantas ideias loucas, sem eira nem beira, que me deixam a pensar que sou, entre atrevido e insone, um fazedor de histórias improváveis.
Entretanto, com o despontar da manhã, e já depois de ter garatujado este delírio, leio nas notícias que Christine Lagarde, a presidente em exercício do FMI, discursando perante o Conselho Alemão de Relações Externas, em Berlim, declarou que era necessário os políticos fazerem o que tem que ser feito, para evitarem na zona euro, uma situação semelhante àquela que se verificou nos anos 30 do século passado, isto é, decidirem se querem apenas salvar um país ou uma região, ou se querem salvar o mundo. O que é que ela quererá dizer com isto?
Gostava de Voltar a Ouvir o Paulo Rangel
RECORDO que em plena Assembleia da República, no dia 25 de Abril de 2008, a meio do consulado de José Sócrates, que já ia com três anos de manipulação mediática, ouvi Paulo Rangel, deputado do PSD, pronunciar as seguintes palavras:
“Nunca como hoje se sentiu este ambiente de condicionamento de liberdade, do ponto de vista dos valores processuais, da liberdade de opinião e de expressão, vivemos aqui e agora num tempo de verdadeira claustrofobia constitucional, de verdadeira claustrofobia democrática".
Agora, quando o partido de Paulo Rangel (PSD) está no governo, e embora tenham passado apenas seis meses sobre esta “nova” experiência, gostava de o voltar a ouvir ripostar com ideias semelhantes, contra o condicionamento da opinião pública que está a ser levado a cabo pela RDP e RTP, no sentido de calar vozes incómodas, que criticam as opções governativas e os seus exercícios manipuladores.
O “situacionismo”, expressão que significa alinhamento, concordância, contenção, aprovação ou neutralidade, face ao que o governo faz ou não faz, face ao que o governo acha bem ou não acha, tornou-se um “estado de alma” da comunicação social em geral, e da RTP e RDP em particular. Dou um exemplo: a assobiadela a Cavaco Silva em Guimarães, na sequência das suas polémicas declarações sobre as reformas, só começou a aparecer nos jornais e telejornais muitas horas depois de ter acontecido. É mais do que certo ter havido reuniões e discussões, a propósito deste assunto, entre as sumidades que fazem a respectiva assessoria de comunicação social ao Governo e à Presidência da República. É mais do que certo que foram pesados os prós e os contras de divulgar o acontecimento ou abafá-lo, este último como sinal evidente da existência de ingerência nos meios de comunicação social. O resultado está à vista: só mais de 24 horas depois da pateada, foi deixado passar cá para fora o som e as imagens da ocorrência. Como não somos imbecis, percebemos que andaram a tentar controlar os danos.
Do cancelamento de programas radiofónicos, como forma enviesada de censura, até à obtenção ilegal da lista de mensagens e contactos telefónicos do jornalista Nuno Simas, levada a cabo pelo Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), tudo converge para adensar o clima de intolerância e cerceamento das liberdades que se vive no país. Sobre este assunto, gostava de ouvir o que Paulo Rangel tem agora a dizer. Enquanto tal não acontece, lembremos que a liberdade trará "no ventre, a marca das idades e a inquietude dos pássaros libertos", como tão bem o soube expressar o poeta cabo-verdiano Manuel Lopes (1907-2005), no seu “Soneto à Liberdade”, tomado de empréstimo ao blog THE SOUND OF SILENCE.
quarta-feira, janeiro 25, 2012
Petróleo e Diamantes de Sangue
SOBRE as louvaminhices que o Governo português se presta a fazer às elites angolanas, endinheiradas à custa da corrupção e da exploração desenfreada das riquezas naturais do seu país, e que por isso mesmo, continuam a manter o povo angolano nos patamares da pobreza, leia-se este artigo da autoria de Bruno Simão, com o título "Duques, Relvas e Cenas Tristes", e publicado em 24 de Janeiro de 2012 no blog A ESSÊNCIA DA PÓLVORA.
Vai sendo altura de desnudar o longo polvo de interesses que as élites angolanas traficam com as elites portuguesas, bem como as coberturas e facilidades que os poderes lhes dispensam. Os javardos e moços de fretes das administrações e direcções de programas da RDP e da RTP, lá vão fazendo o seu trabalhinho, escrevendo guiões, montando cenários e satisfazendo encomendas com fictícios “prós e contras”, ao mesmo tempo que vão tapando a boca de quem não tem papas na língua, como foi o caso de Raquel Freire e Pedro Rosa Mendes. Com isso vão ajudando a esfaquear esta democracia, provávelmente com a inefável desculpa das vantagens que nos trazem as compras faraónicas que essas elites vêm cá fazer, a coberto de uma suposta diplomacia económica, a que o petróleo e os diamantes de sangue não serão estranhos.
segunda-feira, janeiro 23, 2012
Carta Aberta a Sua Excelência
OH SENHOR professor doutor Aníbal Cavaco Silva:
Na minha opinião, a missão de um Chefe de Estado não é compatível com a demagógica exibição das suas finanças pessoais e exercícios de poupança, ao querer emparceirar, abusivamente, com a miséria que grassa pelo país, e que também tem a sua assinatura. A sua missão é fazer tudo para mudar a sorte dos portugueses, e não andar a queixar-se de que também é uma vítima da crise. Se não tem dinheiro para fazer face às despesas lá de casa, encha-se de brio, resigne da sua função, inscreva-se no Centro de Emprego mais próximo, candidate-se ao fundo de desemprego, responda a anúncios, envie curriculuns, pegue na marmita e vá trabalhar, para dar o exemplo. Há muita gente por aí que passa a vida a dizer que os portugueses o que não querem é trabalhar, omitindo que todos os dias fecham empresas por muitas e variadas razões, que todos os dias há mais despedimentos porque as empresas não têm encomendas, porque o patrão acha que cinco podem fazer o trabalho de dez, e agora até por menos salário, ou porque o patrão nunca soube (nem quer saber) o que é boa gestão, estímulos, inovação ou competitividade, coisas que têm mais a ver com a forma e competência como gere a empresa e o seu negócio, do que com a capacidade laboral dos seus trabalhadores.
OH SENHOR professor doutor Aníbal Cavaco Silva:
É imperdoável que um emérito professor de economia como Vossa Insuficiência, venha agora dizer-nos que está "nas lonas", isto é, falido, sem capacidade financeira para enfrentar as despesas domèsticas do dia-a-dia, quando o problema foi não ter sabido fazer contas (hábito português que começa na primária e acaba a atingir gestores, economistas, fiscalistas, contabilistas e por aí fora), e achar que ao prescindir do vencimento de Presidente da República e optando pelas reformas (situação que poderá sempre ser invertida, caso Vexa. sinta que escolheu mal) ia dar um espectacular exemplo ao país, e usar isso como incentivo para que aceitássemos o empobrecimento generalizado e todas as malfeitorias afins, sem tugir nem mugir.
OH SENHOR professor doutor Aníbal Cavaco Silva:
Já devia saber que ficámos fartos das mentirolas e do marketing político de José Sócrates. Não venha agora Vexa. querer substitui-lo com o choradinho demagógico da sua queda na penúria, porque embora não sendo muito exigentes, já sabemos o que a casa gasta e contra isso estamos vacinados. Porém, tenha cuidado, porque a paciência também se esgota, e como diz o ditado, tantas vezes vai o cântaro à fonte, até que um dia deixa lá a asa. Tenha vergonha com aquilo que diz (podemos ter brandos costumes, mas não somos parvos nem estúpidos), faça as malas, deixe Belém, vá procurar emprego, e que a sorte e os amigos lhe sorriam.
Na minha opinião, a missão de um Chefe de Estado não é compatível com a demagógica exibição das suas finanças pessoais e exercícios de poupança, ao querer emparceirar, abusivamente, com a miséria que grassa pelo país, e que também tem a sua assinatura. A sua missão é fazer tudo para mudar a sorte dos portugueses, e não andar a queixar-se de que também é uma vítima da crise. Se não tem dinheiro para fazer face às despesas lá de casa, encha-se de brio, resigne da sua função, inscreva-se no Centro de Emprego mais próximo, candidate-se ao fundo de desemprego, responda a anúncios, envie curriculuns, pegue na marmita e vá trabalhar, para dar o exemplo. Há muita gente por aí que passa a vida a dizer que os portugueses o que não querem é trabalhar, omitindo que todos os dias fecham empresas por muitas e variadas razões, que todos os dias há mais despedimentos porque as empresas não têm encomendas, porque o patrão acha que cinco podem fazer o trabalho de dez, e agora até por menos salário, ou porque o patrão nunca soube (nem quer saber) o que é boa gestão, estímulos, inovação ou competitividade, coisas que têm mais a ver com a forma e competência como gere a empresa e o seu negócio, do que com a capacidade laboral dos seus trabalhadores.
OH SENHOR professor doutor Aníbal Cavaco Silva:
É imperdoável que um emérito professor de economia como Vossa Insuficiência, venha agora dizer-nos que está "nas lonas", isto é, falido, sem capacidade financeira para enfrentar as despesas domèsticas do dia-a-dia, quando o problema foi não ter sabido fazer contas (hábito português que começa na primária e acaba a atingir gestores, economistas, fiscalistas, contabilistas e por aí fora), e achar que ao prescindir do vencimento de Presidente da República e optando pelas reformas (situação que poderá sempre ser invertida, caso Vexa. sinta que escolheu mal) ia dar um espectacular exemplo ao país, e usar isso como incentivo para que aceitássemos o empobrecimento generalizado e todas as malfeitorias afins, sem tugir nem mugir.
OH SENHOR professor doutor Aníbal Cavaco Silva:
Já devia saber que ficámos fartos das mentirolas e do marketing político de José Sócrates. Não venha agora Vexa. querer substitui-lo com o choradinho demagógico da sua queda na penúria, porque embora não sendo muito exigentes, já sabemos o que a casa gasta e contra isso estamos vacinados. Porém, tenha cuidado, porque a paciência também se esgota, e como diz o ditado, tantas vezes vai o cântaro à fonte, até que um dia deixa lá a asa. Tenha vergonha com aquilo que diz (podemos ter brandos costumes, mas não somos parvos nem estúpidos), faça as malas, deixe Belém, vá procurar emprego, e que a sorte e os amigos lhe sorriam.
sexta-feira, janeiro 20, 2012
Registo para Memória Futura (58)
«Posso esclarecer que não fui ministra, não fui banqueira e não serei conselheira de energia. Sou apenas licenciada, mestre e doutoranda em direito.»
Declarações no Facebook de Celeste Cardona, ex-ministra da justiça do XV Governo Constitucional (primeiro-ministro José Manuel Durão Barroso), ex-administradora da Caixa Geral de Depósitos e agora nomeada para integrar o Conselho Geral de Supervisão da EDP.
Meu comentário: Os membros do futuro Conselho Geral de Supervisão da EDP têm tendência para reescrever a história das suas vidas. Eduardo Catroga tambem garantiu que nunca foi membro do PSD, muito embora tenha sido públicamente admitido nas hostes laranja em Maio de 2005, e o padrinho tenha sido Marques Mendes.
Por este andar, e se a moda da perda de memória pega, ainda ouviremos João Proença, o patético e desmemoriado secretário-geral da União Geral de Trabalhadores (UGT), assegurar, com veemência, que é mentira que tenha afirmado que foi incentivado, em privado, por altos dirigentes da CGTP e do PCP, a negociar e a assinar o acordo de (des)concertação social, desconhecendo se eles estavam ou não mortinhos por o assinar, e que só não o fizeram para não perderem a face perante a classe trabalhadora. Na mesma ordem de ideias, também o ouviremos garantir que nunca disse que este acordo até protegia os trabalhadores, e igualmente falso que tenha arranjado este guardanapo para se limpar do passo que deu, ele que até nunca foi dirigente sindical, ou coisa parecida.
Declarações no Facebook de Celeste Cardona, ex-ministra da justiça do XV Governo Constitucional (primeiro-ministro José Manuel Durão Barroso), ex-administradora da Caixa Geral de Depósitos e agora nomeada para integrar o Conselho Geral de Supervisão da EDP.
Meu comentário: Os membros do futuro Conselho Geral de Supervisão da EDP têm tendência para reescrever a história das suas vidas. Eduardo Catroga tambem garantiu que nunca foi membro do PSD, muito embora tenha sido públicamente admitido nas hostes laranja em Maio de 2005, e o padrinho tenha sido Marques Mendes.
Por este andar, e se a moda da perda de memória pega, ainda ouviremos João Proença, o patético e desmemoriado secretário-geral da União Geral de Trabalhadores (UGT), assegurar, com veemência, que é mentira que tenha afirmado que foi incentivado, em privado, por altos dirigentes da CGTP e do PCP, a negociar e a assinar o acordo de (des)concertação social, desconhecendo se eles estavam ou não mortinhos por o assinar, e que só não o fizeram para não perderem a face perante a classe trabalhadora. Na mesma ordem de ideias, também o ouviremos garantir que nunca disse que este acordo até protegia os trabalhadores, e igualmente falso que tenha arranjado este guardanapo para se limpar do passo que deu, ele que até nunca foi dirigente sindical, ou coisa parecida.
quarta-feira, janeiro 18, 2012
A Islândia de que Não se Fala
Artigo de Miguel Ángel Sanz Loroño, doutorando e investigador da Universidade de Zaragoza, intitulado “A Islândia é a utopia moderna”, publicado no jornal PÚBLICO (Espanha) em 23 de Dezembo de 2011. Traduzido do castelhano por Maria João Vieira. O título do post é de minha autoria.
AO REJEITAREM, num referendo, o resgate dos seus bancos tóxicos e o pagamento da dívida externa, os cidadãos islandeses mostraram que é possível fugir às leis do capitalismo e tomar o destino nas próprias mãos, escreve um historiador espanhol.
Desde Óscar Wilde que é sabido que um mapa sem a ilha da Utopia é um mapa que não presta. No entanto, que a Islândia tenha passado de menina bonita do capitalismo tardio a projeto de democracia real, sugere-nos que um mapa sem Utopia não só é indigno que o olhemos, como também um engano de uma cartografia defeituosa. O farol de Utopia, quer os mercados queiram quer não, começou a emitir ténues sinais de aviso ao resto da Europa.
A Islândia não é a Utopia. É conhecido que não pode haver reinos de liberdade no império da necessidade do capitalismo tardio. Mas é sim o reconhecimento de uma ausência dramática. A Islândia é a prova de que o capital não detém toda a verdade sobre o mundo, mesmo quando aspira a controlar todos os mapas de que dele dispomos.
Com a sua decisão de travar a marcha trágica dos mercados, a Islândia abriu um precedente que pode ameaçar partir a espinha dorsal do capitalismo tardio. Por agora, esta pequena ilha, que está aquilo que se dizia ser impossível por ser irreal, não parece desaparecer no caos, apesar de estar desaparecida no silêncio noticioso. Quanta informação temos sobre a Islândia e quanta temos sobre a Grécia? Porque é que a Islândia está fora dos meios que nos deviam contar o que acontece no mundo?
Uma Constituição redigida por assembleias de cidadãos
Até agora, tem sido património do poder definir o que é real e o que não é, o que pode pensar-se e fazer-se e o que não pode. Os mapas cognitivos usados para conhecer o nosso mundo sempre tiveram espaços ocultos onde reside a barbárie que sustenta o domínio das elites. Esses pontos obscuros do mundo costumam acompanhar a eliminação do seu oposto, a ilha da Utopia. Como escreveu Walter Benjamin: qualquer documento de cultura é, ao mesmo tempo, um documento de barbárie.
Estas elites, ajudadas por teólogos e economistas, têm vindo a definir o que é real e o que não é. O que é realista, de acordo com esta definição da realidade, e o que não o é e, portanto, é uma aberração do pensamento que não deve ser tida em consideração. Ou seja, o que se deve fazer e pensar e o que não se deve. Mas fizeram-no de acordo com o fundamento do poder e da sua violência: o terrível conceito da necessidade. É preciso fazer sacrifícios, dizem com ar compungido. Ou o ajuste, ou a catástrofe inimaginável. O capitalismo tardio expôs a sua lógica de um modo perversamente hegeliano: todo o real é necessariamente racional e vice-versa.
Em janeiro de 2009, o povo islandês revoltou-se contra a arbitrariedade desta lógica. As manifestações pacíficas das multidões provocaram a queda do executivo conservador de Geir Haarde. O governo coube então a uma esquerda em minoria no Parlamento que convocou eleições para abril de 2009. A Aliança Social-democrata da primeira-ministra, Jóhanna Sigurðardóttir, e o Movimento Esquerda Verde renovaram a sua coligação governamental com maioria absoluta.
No outono de 2009, por iniciativa popular, começou a redação de uma nova Constituição através de um processo de assembleias de cidadãos. Em 2010, o governo propôs a criação de um conselho nacional constituinte com membros eleitos ao acaso. Dois referendos (o segundo em abril de 2011) negaram o resgate aos bancos e o pagamento da dívida externa. E, em setembro de 2011, o antigo primeiro-ministro, Geeir Haarde, foi julgado pela sua responsabilidade na crise.
Qualquer mapa da Europa devia ter o ponto de fuga na Islândia
Esquecer que o mundo não é uma tragédia grega, em que a roda do destino ou do capital gira sem prestar atenção a razões humanas, é negar a realidade. É óbvio que essa roda é movida por seres humanos. Tudo aquilo que pudermos imaginar como possível é tão real como aquilo que os mercados nos dizem ser a realidade. A possibilidade e a imaginação, recuperadas na Islândia, mostram-nos que são tão certas como a necessidade pantagruélica do capitalismo. Só temos de responder a esse chamamento para descobrir o logro em que nos pretendem fazer acreditar. Não há outra alternativa, clamam. Por acaso, algum dos que nos anunciam sacrifícios se deu ao trabalho de rever o seu mapa do mundo?
A Islândia demonstrou que a nossa cartografia tem mais coisas do que aquelas que nos dizem. Que é possível dominar, e aí reside o princípio da liberdade, a necessidade. A Islândia, no entanto, não é um modelo. É uma das possibilidades do diferente. A tentativa da multidão islandesa de construir o futuro com as suas decisões e com a sua imaginação mostra-nos a realidade de uma alternativa.
Porque a possibilidade da diferença proclamada pela multidão é tão real como a necessidade do mesmo que o capital exige. Na Islândia decidiram não deixar que o amanhã seja ditado pela roda trágica da necessidade. Continuaremos nós a deixar que o real seja definido pelo capital? Continuaremos a entregar o futuro, a possibilidade e a imaginação aos bancos, às empresas e aos governos que dizem fazer tudo aquilo que realmente pode ser feito?
Todos os mapas da Europa deviam ter a Islândia como sua saída de emergência. Esse mapa deve construir-se com a certeza de que o possível estão tão dentro do real como o necessário. A necessidade é apenas mais uma possibilidade do real. Há alternativa. A Islândia recorda-no-lo ao proclamar que a imaginação é parte da razão. É a multidão que definirá o que é o real e o realista usando a possibilidade da diferença. Deste modo, não acalentaremos consolo de sonhadores, mas baseemo-nos sim numa parte da realidade que o mapa do capital quer apagar completamente. A existência de Utopia daí depende. E com ela, o próprio conceito de uma vida digna de ser vivida.
Meu comentário: Recusando alinhar na cortina de silêncio que os principais meios de comunicação europeus (e também nacionais) fazem sobre o que se passa na Islândia, sabe-se que a par da suspensão do pagamento da sua dívida soberana e da recusa em salvar os bancos, decisão que foi referendada pela população em Março de 2010, está em curso a redacção de uma nova Constituição, as contas públicas de 2011 serão encerradas com um crescimento de 2,1%, situação que já se vai reflectindo no recuo do desemprego, estando previsto para 2012 um crescimento de 1,5%, cifra que supera o triplo dos países da zona euro. Tudo isto num país que estava falido, mas que não baixou os braços. Limitou-se a não abrir a porta ao FMI e aos bancos estrangeiros e a escolher outro caminho, que não o da austeridade desenfreada, a perda de soberania e um empobrecimento generalizado, sem fim à vista. Ao mesmo tempo que recupera pelos seus próprios meios, estão em vias de serem punidos os artífices e responsáveis pela crise financeira que se inciou em 2008, e que depois levou o país à bancarrota em 2009. Compare-se com o que se passa cá: é pedido o arresto dos bens e contas de bancárias de Oliveira e Costa, ex-presidente do BPN, e Tribunais e Magistrados não se entendem. Enquanto uns são favoráveis ao arresto, outros negam a pretensão.
Percebe-se bem porque razão existe um esforço generalizado para que o caso da Islândia seja afastado dos noticiários, e nada debatido. A forma como Islândia enfrentou o seu problema, pode tornar-se objecto de estudo e reflexão, iluminar outros caminhos, reacender esperanças, e acabar por contaminar outros países.
segunda-feira, janeiro 16, 2012
Tão Certo como Dois e Dois serem Quatro
NA SEQUÊNCIA da descida de rating de Portugal de BBB- para BB (e mais oito países da União Europeia), levado a cabo pela Standard & Poor's, na passada sexta-feira, a reacção do governo de Pedro Passos Coelho, entre outras considerações, é que tal decisão é infundada, por não reflectir adequadamente as realidades nacionais, apontando como factor positivo o facto de Portugal ter vindo a cumprir o acordado no memorando assinado com a 'troika'. Renegociar a dívida, reconhecer que somos uns pelintras, que estamos nas lonas, que horror, era o que faltava!
Ora o governo já devia saber que não vale a pena fazer o papel de “calimero”, com queixinhas e choradinhos, dizendo que é uma grande injustiça ser equiparado a lixo. Quem anda a reboque dos insaciáveis mercados financeiros e das agências de rating, sabe os riscos que corre e aquilo que infalivelmente o espera.
O pior é que quem paga são sempre os mesmos…
Ora o governo já devia saber que não vale a pena fazer o papel de “calimero”, com queixinhas e choradinhos, dizendo que é uma grande injustiça ser equiparado a lixo. Quem anda a reboque dos insaciáveis mercados financeiros e das agências de rating, sabe os riscos que corre e aquilo que infalivelmente o espera.
O pior é que quem paga são sempre os mesmos…
domingo, janeiro 15, 2012
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